MULHERES NEGRAS E DE BAIXADA QUE PEDALAM: A BICICLETA COMO FACILITADORA PARA O ACESSO À CIDADE EM BELÉM DO PARÁ
DOI:
10.46551/alt0502202301Palavras-chave:
Direito à cidade, Bicicleta, Mulheres, Etnografia da duração, Antropologia urbanaResumo
O artigo em tela objetiva refletir como a bicicleta proporciona o direito à cidade a um grupo de mulheres que incentivam o uso da bicicleta em Belém do Pará. Para isso, foi feito uso dos pressupostos teóricos e metodológicos da etnografia da duração desenvolvida por Ana Luisa Rocha e Cornélia Eckert, trata-se de uma perspectiva que busca compreender as dinâmicas temporais e os processos de transformação em contextos sociais por meio de uma imersão profunda e prolongada no campo de estudo, características da pesquisa antropológica. As mulheres que pedalam conseguem acessar espaços da cidade que antes não eram acessados por ela, seja pela falta de transporte, seja por influência dos discursos violentos da cidade ou até mesmo a falta de dinheiro, assim, a bicicleta surge como a possibilidade delas se apropriarem autonomamente do espaço urbano. Nesse sentido, a mobilidade por bicicleta promove o direito à cidade, a liberdade que a bicicleta proporciona vem a partir da tomada da consciência de opressão, e assim, iniciar a ocupação, participação e a transformação dos espaços públicos, promovendo maior equidade social.
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