Não existe ciência aplicada na democracia
algumas considerações a respeito de quem as universidades pensam que são
DOI:
10.46551/issn.2527-2551v19n133-169Palavras-chave:
democracia, caatinga, universidade, quilomboResumo
A partir de uma série de provocações institucionais transcorridas durante o ano de 2020 em uma universidade federal na caatinga, o presente artigo busca refletir sobre a constituição da noção de ciência aplicada como uma forma específica de manutenção de esquemas classificatórios e administrativos de tipo Grande Divisor. Desta forma, visamos descrever algumas práticas de pesquisa e extensão universitárias que se beneficiam bastante desta divisão, compreendendo-a como, na produção da pesquisa científica, ela é efetivamente um marcador contra-democrático e componente formal de instituições coloniais. Buscamos assim olhar com desconfiança para o atavismo institucional que sugere que os diversos sistemas universitários seriam produtores de democracia quando parte significativa de sua liturgia institucional opera na obstrução da participação direta da parte das populações atingidas diretamente por projetos que considerados estratégicos. O artigo compreende, por fim, que a ecologia política compreendida radicalmente permite que possamos estender processos descritivos de forma a potencializar as relações de aliança e, por conseguinte, de inimizade necessárias para a defesa dos territórios de caatinga em contexto de ataques permanentes à sua autonomia e liberdade.