Política agrária e agricultura familiar em Minas Gerais no século XXI: a criação da SEDA
DOI:
10.46551/issn.2527-2551v21n2p.174-202Palavras-chave:
Agricultura Familiar, Minas Gerais, Políticas Públicas.Resumo
Neste artigo, o pano de fundo repousa sobre a questão da terra no estado de Minas Gerais, a partir do estudo das iniciativas levadas a cabo pelo governo mineiro, entre 2015 e 2022, direcionadas para o rural. Nosso objetivo central foi mapear os impactos promovidos pela SEDA de Minas Gerais na realização da reforma agrária, atentando-se para a diversidade de sentidos que essa expressão assume para os diferentes atores que disputam recursos no cenário agrário brasileiro. O trabalho foi desenvolvido a partir de pesquisa documental e bibliográfica em fontes primárias e secundárias e, também, de pesquisa qualitativa por meio da realização de entrevistas com os funcionários da SEDA. Ao fim, procuramos evidenciar, baseadas no estudo aqui descrito, que o aumento da participação de ativistas e militantes representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e dos agricultores familiares no governo Pimentel colaborou para expandir o repertório de ações do Estado. No entanto, a radicalização das disputas no seio do Estado não foi suficiente para romper com o modelo de reforma agrária defendida pelo patronato rural, de caráter capitalista e neoliberal.
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