Terrorismo de gênero: estratégia às violências epistêmicas a partir de um debate decolonial global
Gender terrorism: strategy for epistemic violence from a global decolonial debate
Palavras-chave:
História Global, Feminismos subalternos, Estudos Pós-coloniais, Terrorismo de gêneroResumo
O presente artigo objetiva apresentar alguns apontamentos iniciais da noção “terrorismo de gênero” e ação “terrorista”, como possibilidade de abordagem crítica e teórica às investidas colonialistas de produção de narrativas e violências epistêmicas, a partir do campo da História Global, feminismos subalternos e decoloniais. A hipótese que defendo aqui é de que a partir do que consideramos como “abordagens concorrentes” na História Global, segundo Sebastian Conrad (2019), ou seja, a crítica pós-colonial, os feminismos subalternos e os estudos decoloniais constroem opções epistêmicas plurais desde o sul global em detrimento de uma historiografia hegemônica do Norte. Além disso, apresentar uma possibilidade teórico-metodológica diversa, anticolonial e que abra caminhos para a ruptura dos epistemicídios, ou seja, a invisibilidade, apagamento e destruição de saberes locais. O artigo se divide em duas sessões: na primeira apresentamos o estado da arte do debate em História Global e os estudos subalternos, incluindo os feminismos que se inclinam a esta perspectiva. Na segunda sessão, refletimos, a partir da breve revisão bibliográfica, como o campo possibilita perceber e compreender a relevância da ação das terroristas de gênero no tempo presente.
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