Novas estratégias para velhas práticas: monoculturas de eucalipto, certificação florestal e consequências para comunidades locais
Palavras-chave:
Monocultura. Certificação Florestal. Mecanismos de Desenvolvimento Limpo. Comunidades Locais. Degradação Socioambiental.Resumo
Este artigo objetiva analisar os efeitos para as comunidades locais da implementação de monoculturas de eucalipto em duas situações de expansão dessas plantações, a saber: em área não certificada e em área de plantio de eucalipto com certificação ambiental. A consolidação da percepção sobre a escassez de recursos naturais, bem como das conseqüências ambientais da industrialização e do crescimento econômico baseado no uso intensivo de combustíveis fósseis, produziram um quadro normativo-institucional com vistas à regulação das práticas ambientais na direção da mitigação dos efeitos de tais práticas. Os Mecanismos de Desenvolvimento Limpo (MDL), os processos de Certificação Ambiental de empreendimentos, e o Mercado de Carbono são figuras centrais desse processo. Todavia, a polissemia e as controvérsias em torno desse campo normativo-institucional das certificações florestais têm suscitado dúvidas quanto aos seus objetivos e conseqüências práticas. Os resultados apresentados nesse artigo revelam diversas estratégias de atuação utilizadas pelo setor monocultor de eucalipto que ao contrário da responsabilidade social e preservação ambiental proposta pelos próprios órgãos certificadores ao fornecer os selos verdes, não tem cumprido com as premissas de sustentabilidade ambiental e social. Para tanto, foi realizada pesquisa comparativa em duas comunidades rurais circundadas por monocultura de eucaliptos certificadas e não certificadas nos municípios de Felixlândia/MG e Guaraciama/MG.
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