Dinâmica na produção habitacional urbana pelo estado: reflexões sobre a formação do espaço
DOI :
10.46551/rc24482692202018Mots-clés :
Política pública. Urbanismo y gestion. Vivienda.Résumé
As múltiplas estratégias visando à produção habitacional social e de mercado alteram a estrutura funcional e também social do espaço urbano. As articulações dos promotores imobiliários, o movimento do Estado e a demanda crescente pelas unidades, além de ampliar os negócios imobiliários, mediante espaços para circulação do capital, desperta a necessidade da reflexão sobre os interesses onde se localizam os empreendimentos. Este texto tem como objetivo refletir como o movimento e a produção favorecem a formação de espacialidades no âmbito do Programa Minha Casa Minha Vida/PMCMV. Para fundamentar a análise foram estabelecidos argumentos pela combinação de fontes diversas, sistematizadas de forma a haver o cruzamento das contribuições teóricas, da observação em campo e das informações derivadas dos empreendimentos da Faixa 1 no PMCMV. O recorte territorial, configurado pelas cidades de Guarapuava, Londrina e Ponta Grossa, no Paraná, tem por fundamento a lógica do mercado, acentuando a fragmentação e a segregação socioespacial, resultante da produção de novas espacialidades no contexto da produção de habitações em setores na cidade pouco procurados pelo mercado imobiliário, incentivando, assim, o processo de periferização da produção. Cumpre observar que o artigo tem por finalidade contribuir para a verticalização de estudos sobre as cidades médias e pequenas, permitindo acompanhar e atualizar discussões sobre as políticas públicas setoriais, bem como servir para avaliar a estrutura e a gestão municipal e a função social da cidade.
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