Força da floresta, saúde e doença: o uso da flora medicinal pelo povo Parintintin
DOI:
10.46551/rc24482692202114Palavras-chave:
Floresta, Flora medicinal, Povo ParintintinResumo
O artigo busca investigar a relação do povo Parintintin, autodenominado Pykahu, habitante da Terra Indígena Nove de Janeiro, município de Humaitá, Estado do Amazonas, com a floresta e o uso da flora medicinal, a partir dos seus saberes tradicionais, nos processos de cura. O método se ancora no empirismo e nos relatos orais produzidos por esse povo originário. Para tanto, utilizou-se de técnicas como observação participante, história oral, entrevistas semiestruturadas e informais, dentre outras. Para os Parintintin a floresta emana saúde, sendo que dela extraem inúmeras espécies vegetais utilizadas nos processos de cura do corpo e da alma. A estas se somam aquelas plantadas em quintais, além da utilização de fármacos. Desta forma, novos componentes se hibridizam àqueles próprios da cultura local, a partir do diálogo entre os saberes não indígenas (científico e popular) e indígenas, que acabam se transformando e se diversificando, se adaptando, mas também se impondo, de modo a garantir a saúde deste povo.
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