OCUPAR, PRODUZIR E RESISTIR: UM BREVE ESTUDO SOBRE A PROPOSTA PEDAGÓGICA DO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA (MST) EM COMPARAÇÃO COM A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC)
DOI:
10.46551/259498102021021Palavras-chave:
MST. Educação do Campo. BNCC. Educação IntegralResumo
A finalidade deste artigo é apresentar a proposta pedagógica em assentamentos e acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em comparação com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) na modalidade de Educação do Campo. Além de utilizarmos as diretrizes e considerarmos as dificuldades da Educação do Campo, também destacaremos as particularidades de uma proposta pedagógica voltada à formação de educadores e educandos do Movimento. Surgido no início de 1984, o MST tornou-se o principal movimento social do país, seja em âmbito urbano ou rural, sendo o setor responsável pela educação considerado como prioritário. Com o objetivo principal de garantir o direito à terra, o MST reconhece que a educação do campesinato é essencial para a continuidade de sua luta. Observando a trajetória histórica e a formação dos educadores que atuam em acampamentos e assentamentos, apontaremos as necessidades e singularidades
da Educação do Campo em um movimento rural que se encontra às margens do sistema institucionalizado. Com isso, pretendemos demonstrar que a educação no MST transpassa a disputa entre Movimento e Estado, colocando-se em situação de primazia para a formação integral dos sujeitos e a superação do ensino restrito a competências.
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