QUANTO VALE O SHOW? O PAPEL DA PROFISSIONALIZAÇÃO E DO TALENTO NO RENDIMENTO DE TRABALHADORES CULTURAIS

Autores

  • Sandro Eduardo Monsueto Universidade Federal de Goiás
  • Marizélia Ribeiro de Souza Universidade Federal de Goiás

Resumo

Este artigo tem como objetivo analisar o papel da profissionalização e do talento no mercado de trabalho em cultura no Brasil, usando os dados do Censo 2010. Para capturar o efeito desses dois elementos, são denominados de profissionais da cultura aqueles indivíduos com curso superior em áreas que exigem a realização de exames de habilidades específicas em seus processos seletivos. Estes indivíduos, por hipótese, possuem habilidades natas, entendidas como talento, ao mesmo tempo em que se profissionalizam em cursos na área de cultura. Os resultados mostram que os trabalhadores do setor que se profissionalizam são capazes de atingir remunerações mais altas que a média do mercado de trabalho tradicional, se destacando entre a mão de obra cultural. Ao mesmo tempo, ao decompor a diferença entre fatores explicados e não explicados, o segundo elemento pode ser entendido como uma proxy do talento, que contribui para a formação de maiores remunerações.

Palavras-chave: Economia cultural, talento, profissionalização

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Sandro Eduardo Monsueto, Universidade Federal de Goiás

Doutor em Economia pela Universidad Autónoma de Madrid. Docente da FACE/Universidade Federal de Goiás nos Programas de Pós-Graduação em Administração e em Economia – Goiânia (GO).

Marizélia Ribeiro de Souza, Universidade Federal de Goiás

Mestra em Administração pelo PPGADM/FACE/Universidade Federal de Goiás. Docente da Faculdade Araguaia – Goiânia (GO).

Referências

ALPER, N. O.; WASSALL, G. H. Artists’ Careers and Their Labor Markets. In: NORTH-HOLLAND (Ed.). Handbook of the Economics of Art and Culture. Amsterdã: Elsevier, 2006. v. 1p. 813–864.

ARRUDA, C. L. R. Profissão: Artista – Formação para a arte e sua relação com o ensino superior no Brasil. In: SEGNINI, L. R. P.; BULLONI, M. N. (Eds.). Trabalho artístico e técnico na indústria cultural. São Paulo: Itaú Cultural, 2016. p. 177–194.

BARCELLOS, A. P. A economia criativa catarinense: uma análise do trabalho criativo em Santa Catarina. Revista de Extensão e Iniciação, n. 105, p. 69–87, 2015.

BARTH, M.; PINHEIRO, C. M. P. A vida do criativo de Novo Hamburgo/RS: Um Estudo Baseado em Talento, Tolerância e Tecnologia. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, v. 14, n. 2, p. 114–126, 19 jul. 2016.

BAUMOL, W. J. (WILLIAM J.; BOWEN, W. G. (WILLIAM G. Performing arts – the economic dilemma/ : a study of problems common to theater, opera, music and dance. Massachussets: Twentieth Century Fund, 1966.

BECKER, G. S. Human capital: a theoretical and empirical analysis, with special reference to education. 2. ed. New York: Columbia University, 1975.

BECKER, H. S. Mundos da Arte. 1. ed. Lisboa: Livros Horizonte, 2010.

BENDASSOLLI, P. F.; WOOD JR., T. O Paradoxo de Mozart: carreiras nas indústrias criativas. Organizações & Sociedade, v. 17, n. 53, p. 259–277, 2010.

BENHAMOU, F. A economia da cultura. Cotia: Ateliê Editorial, 2007.

BORGES, V. A arte como profissão e trabalho: Pierre-Michel Menger e a sociologia das artes. Revista Crítica de Ciências Sociais, v. 67, p. 129–134, 2003.

___. Artistas, organizações e mercados de trabalho artísticos: do teatro para os outros mundos da arte. In: VILLAVERDE, M.; WALL, K.; ABOIM, S. E SILVA, F. C. (Ed.). Itinerários: A investigação nos 25 Anos do ICS. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 2008. p. 523–538.

BORJAS, G. Labour economics. 4. ed. New York: McGraw-Hill, 2008.

CASACUBERTA, C.; GANDELMAN, N. Multiple job holding: the artist’s labour supply approach. Applied Economics, v. 44, n. 3, p. 323–337, jan. 2012.

CEGOV, C. DE E. I. SOBRE G.-. Relatório Workshop I - Atlas Econômico da Cultura Brasileira. Porto Alegre: CEGOV/UFRGS, 2016.

CERQUEIRA, D. L. Estratégias para elaboração do Teste de Habilidade Específica em Música. XI Encontro Regional da Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM) Nordeste. Anais...Fortaleza: ABEM, 2012Disponível em: http://abemeducacaomusical.com.br/congressos_realizados_ver.asp?id=61

CORAZZA, R. I. Criatividade, Inovação e Economia da Cultura: abordagens multidisciplinares e ferramentas analíticas. Revista Brasileira de Inovação, v. 12, n. 1, p. 207, 6 fev. 2013.

CUNHA, M. H. Formação do profissional de cultura: desafios e perspectivas. Políticas Culturais em Revista, v. 4, n. 1, 20 ago. 2011.

CUNNINGHAM, S. From Cultural to Creative Industries: Theory, Industry and Policy Implications. Media International Australia incorporating Culture and Policy, v. 102, n. 1, p. 54–65, fev. 2002.

DINIZ, S. C. Análise do consumo de bens e serviços artístico-culturais no Brasil metropolitano. [s.l.] Universidade Federal de Minas Gerais, 2009.

FERREIRA NETO, A. B.; FREGUGLIA, R. DA S.; FAJARDO, B. DE A. G. Diferenciais salariais para o setor cultural e ocupações artísticas no Brasil. Economia Aplicada, v. 16, n. 1, p. 49–76, 2012a.

___. Diferenciais salariais para o setor cultural e ocupações artísticas no Brasil. Economia Aplicada, v. 16, n. 1, p. 49–76, 2012b.

FLACH, L.; ANTONELLO, C. S. Organizações culturais e a aprendizagem baseada em práticas. Cadernos EBAPE.BR, v. 9, n. 1, p. 155–175, 2011.

HECKMAN, J. J. Sample Selection Bias as a Specification Error. Econometrica, v. 47, n. 1, p. 153, jan. 1979.

___. School, skills, and synapses. Economic Inquiry, v. 46, n. 3, p. 289–324, 1 jul. 2008.

HOWKINS, J. The Creative Economy: How People Make Money from Ideas. Penguin: [s.n.].

KELLER, P. F. O Trabalho Imaterial do Estilista: a Produção de Moda e a Produção de Roupa. 31o Encontro Anual da ANPOCS. Anais...Caxambu: ANPOCS, 2007

___. Artesanato: Trabalho, economia e sociedade. In: SEGNINI, L. R. P.; BULLON, M. N. (Eds.). Trabalho artístico e técnico na indústria cultural. São Paulo: Itaú Cultural, 2016. p. 229–245.

MACHADO, A. F.; MENEZES, T.; DINIZ, S. C. Perfil dos consumidores de cinema no Brasil metropolitano. Revista Brasileira de Estudos Regionais e Urbanos, v. 5, n. 1, p. 33–43, 2011.

MACHADO, A. F.; RABELO, A.; MOREIRA, A. G. Specificities of the artistic cultural labor market in Brazilian metropolitan regions between 2002 and 2010. Journal of Cultural Economics, v. 38, n. 3, p. 237–251, 27 ago. 2014.

MARCAL, M. C. C. et al. A experiência do primeiro ano de institucionalização da política pública “economia criativa” em Pernambuco. Políticas Culturais em Revista, v. 7, n. 2, p. 228–248, 21 jan. 2015.

MARKUSEN, A. et al. Defining the Creative Economy: Industry and Occupational Approaches. Economic Development Quarterly, v. 22, n. 1, p. 24–45, 1 fev. 2008.

MENGER, P.-M. Artistic Labor Markets: Contingent Work, Excess Supply and Occupational Risk Management. In: Handbook of the Economics of Art and Culture. Amsterdã: Elsevier, 2006. v. 1p. 765–811.

MINCER, J. Schooling, Experience, and Earnings. Human Behavior & Social Institutions No. 2. National Bureau of Economic Research, Inc. New York , 1974. Disponível em: <https://eric.ed.gov/?id=ED103621>. Acesso em: 6 maio. 2019

NASCIMENTO, L. C. Profissionalismo: expertise e monopólio no mercado de trabalho. Perspectivas Contemporâneas, v. 2, n. 1, p. 105–116, 1 jun. 2007.

NEWBIGIN, J. A economia criativa: um guia introdutório. 1. ed. Londres: British Council, 2010.

OAXACA, R. Male-Female Wage Differentials in Urban Labor Markets. International Economic Review, v. 14, n. 3, p. 693, out. 1973.

OLIVEIRA, P. G. G. et al. Economia criativa e o empreendedorismo no Ceará: um estudo de campo em uma empresa de design. Revista Brasileira de Gestão e Inovação, v. 3, n. 2, p. 110–126, 5 jan. 2016.

POPOVIÆ, M.; RATKOVIC, K. Theoretical and practical research in economic fields. Theoretical and Practical Research in Economic Fields, v. IV, n. 08, p. 203–228, 2013.

PROCOPIUCK, M.; FREDER, S. M. Políticas públicas de fomento à economia criativa: Curitiba e contexto nacional e internacional. Revista Brasileira de Planejamento, v. 2, n. 2, p. 15–29, 2014.

REIS, A. C. F. Transformando a criatividade brasileira em recurso econômico. In: REIS, A. C. F. (Ed.). Economia criativa como estratégia de desenvolvimento: uma visão dos países em desenvolvimento. São Paulo: Garimpo de Soluções e Itaú Cultural, 2008. p. 126–142.

SANTOS, H. H. D. O. Moda e economia criativa: políticas culturais no Brasil contemporâneo. Ciências Sociais Unisinos, v. 50, n. 3, p. 194–205, 30 dez. 2014.

SEGININI, L. R. P. Relações de gênero nas profissões artísticas: comparação Brasil- França. In: COSTA, A. O. et al. (Eds.). Mercado de trabalho e gênero: comparações internacionais. Rio de Janeiro: FGV, 2008. p. 337–354.

___. Música, dança e artes visuais: especificidades do trabalho artístico em discussão. In: SEGNINI, L. R. P.; BULLONI, M. N. (Eds.). Trabalho artístico e técnico na indústria cultural. São Paulo: Itaú Cultural, 2016. p. 59–75.

SEGININI, L.; SOUZA, A. N. Trabalho e Formação no Campo da Cultura: professores, músicos e bailarinos. São Paulo, 2007.

SEMENSATO, C. A. G. Problematizações acerca do conceito “economia criativa” e da sua inserção na sociedade da informação. IV Seminário Internacional de Políticas Culturais. Anais... Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 2013

SERRA, N.; FERNANDEZ, R. S. Economia criativa: da discussão do conceito à formulação de políticas públicas. RAI Revista de Administração e Inovação, v. 11, n. 4, p. 355–372, 1 out. 2014.

SIMIS, A. A política cultural como política pública. In: RUBIM, A. (Ed.). Políticas Culturais no Brasil. Salvador: EDUFBA, 2007. p. 133–155.

SOUZA, G. M. A cultura como direito constitucional: contribuição para um debate teórico metodológico. Revista Cadernos do Ceom, v. 30, n. 46, p. 09, 1 jun. 2017.

SOUZA, M. M. P. DE; CARRIERI, A. DE P. A arte de (sobre) viver coletivamente: estudando a identidade do Grupo Galpão. Revista de Administração, v. 48, n. 1, p. 7–20, 1 jan. 2013.

TERUYA, F. S. Investigações sobre parâmetros para avaliação de altas habilidades em música. Encontro Nacional do Conselho Brasileiro de Superdotação. Anais... Rio de Janeiro: ConBraSD, 2012.

THROSBY, D. A Work-Preference Model of Artist Behaviour. In: Cultural Economics And Cultural Policies. Dordrecht: Springer Netherlands, 1994. p.69–80.

TOLILA, P. Cultura e Economia: problemas, hipóteses. São Paulo: Pistas, 2007.

UNITED NATIONS CONFERENCE ON TRADE AND DEVELOPMENT - UNCTAD. Creative economy report 2010: A Feasible Development Option. Genebra: United Nations, 2010. Disponível em: <https://unctad.org/en/pages/

PublicationArchive.aspx?publicationid=946>. Acesso em: 6 maio. 2019.

VIRGÍNIO, B. S. S. P. Profissões artísticas/ : o executante musical enquanto trabalhador. [s.l.] FEUC, 22 set. 2015.

YUDICE, G. Economia da Cultura no Marco da Proteção e Promoção da Diversidade Cultura. Brasília: Ministério da Cultura do Brasil, 2017. Disponível em: <https://works.bepress.com/george_yudice/4/>. Acesso em: 5 junho. 2019.

Downloads

Publicado

04-04-2021

Como Citar

Monsueto, S. E. ., & Souza, M. R. de . (2021). QUANTO VALE O SHOW? O PAPEL DA PROFISSIONALIZAÇÃO E DO TALENTO NO RENDIMENTO DE TRABALHADORES CULTURAIS. Revista Economia E Políticas Públicas, 5(2), 31–58. Recuperado de https://www.periodicos.unimontes.br/index.php/economiaepoliticaspublicas/article/view/4016

Edição

Seção

Artigos