O AGIR COLETIVO PARA CRIAÇÃO DE OUTRAS FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO E DA VIDA SOCIAL: A ECONOMIA SOLIDÁRIA
Abstract
Resumo:
Nos interstícios das formas mercantis dominantes desenvolvem-se formas alternativas de produção e de intercâmbio, fundadas em uma lógica que atende pela designação genérica de “economia solidária”. São espaços alternativos que, sob diferentes formas, começam a construir relações econômicas fundadas na complementaridade, na solidariedade, no intercâmbio que não obedece às leis de mercado. A presente comunicação tem por objetivo lançar um olhar sobre a realidade em que estão situadas algumas redes de solidariedade observando como as famílias buscam novas formas de trabalho e renda para enfrentar o problema do desemprego e do emprego precário. As redes de colaboração solidária imprimem uma dimensão social na economia e permitem aglutinar diversas estratégias individuais e coletivas que envolvem ações entre amigos, parentes e vizinhos no âmbito comunitário. Assim como o cooperativismo, a economia solidária nasce germinada à contestação social, à contestação de formas capitalistas de organização da produção e do trabalho. O novo associativismo nasce da solidariedade dos
despossuídos e tem suscitado um conjunto heterogêneo de abordagens. (CRUZ & SANTOS, 2011) elencam quatro perspectivas: uma primeira que busca na economia solidária uma função social, como um processo de iniciativas de inclusão social; uma segunda, que enxerga a economia solidária como uma alternativa para o desenvolvimento local em contraposição à mundialização oligopólica do capitalismo; uma terceira, economia solidária como re-edição das ilusões do socialismo
utópico; uma quarta, que vê a economia solidária como uma síntese dialética da resistência social contra os efeitos do neoliberalismo. Neste estudo, a partir de informações fornecidas pelos sujeitos pesquisados procedemos uma análise do contexto social onde se desenvolvem as redes de solidariedade e as diferentes configurações dos sistemas de trabalho
alternativos de sobrevivências. Mais do que uma amostra representativa do universo, esta se constituiu em etapa privilegiada para explorar o objeto, levantar questões e propor orientações metodológicas. Nesse sentido, a intenção residiu em observar as características ou performance dos indivíduos/famílias ou grupos nos seus espaços que aqui denominamos de espaços de atributos dos sujeitos. Com base nesse modelo analítico foram organizadas algumas tabelas contendo as características ou variáveis dentre as quais incluem variáveis como gênero; tipo de iniciativa (individual/familiar/grupo); participação no mercado de trabalho que inclui tipo de produção ou atividade – formal ou informal, distribuição dos trabalhadores/as nas ocupações – categorias ocupacionais. Os dados fornecidos possibilitaram compreender alguns dos fatores, motivos ou razões das quais partem as ações dos sujeitos.
Palavras-chaves: Economia social; Economia Solidária; Empreendedorismo social; redes de solidariedade, Brasil.
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