Pessoas surdas na aula de Matemática... E agora? (Análise de uma práxis com materiais didáticos)

Autores

DOI:

10.46551/emd.e202120

Palavras-chave:

Libras, Educação Matemática Inclusiva, Representações Semióticas, Ensino Médio

Resumo

Considerando a inclusão como um paradigma necessário à democratização de espaços, este artigo objetiva apresentar a constituição de uma Sequência de Tarefas relacionada à aprendizagem de números reais, por meio de materiais didáticos, desenvolvida no 1º ano do Ensino Médio de uma escola da comunidade surda. A partir de um estudo de caso, dados do perfil discente, da observação participante e de uma Sequência de Tarefas foram analisados pela ótica qualitativa e semio-cognitiva. Entre os resultados, constata-se que o tangram propiciou maior mobilização de representações fracionárias e apreensões figurais. A calculadora, régua e compasso permitiram explorar representações decimais e construções geométricas, estabelecendo pontos sob a reta numérica. O livro didático desencadeou a necessidade de tradução para a Libras na abordagem das representações em português e linguagem matemática. Conclui-se que tais materiais didáticos contribuíram para a coordenação de representações, tomando como ponto de partida o figural e favorecendo a apreensão conceitual.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BARBOSA, Heloíza. O desenvolvimento cognitivo da criança surda focalizado nas habilidades visual, espacial, jogo simbólico e Matemática. In: QUADROS, Ronice Müller de; STUMPF, Marianne Rossi (Org.). Estudos Surdos IV. Petrópolis: Arara Azul, 2009. p. 407-424.

BIEMBENGUT, Maria Salett. Mapeamento na pesquisa educacional. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2008.

BORGES, Fábio Alexandre; NOGUEIRA, Clélia Maria Ignatius. Um panorama da inclusão de estudantes surdos nas aulas de Matemática. In: NOGUEIRA, Clélia Maria Ignatius. (Org.). Surdez, inclusão e Matemática. Curitiba: CRV, 2013, p. 43-70.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Diário Oficial da União, 5 out. 1988.

BRASIL. Decreto n. 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei n. 10.436 de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais, e o art. 18 da Lei n. 10.098. Brasília: Diário Oficial da União, 22 dez. 2005.

BRASIL. Lei n. 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial da União, 24 abr. 2002.

BRASIL. Lei n. 12.319, de 1 de setembro de 2010. Regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais. Brasília: Diário Oficial da União, 1 set. 2010.

BRASIL. Lei n. 13.146, de 06 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília: Diário Oficial da União, 6 jul. 2015.

BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: Diário Oficial da União, 20 dez. 1996.

BRASIL. Ministério da Educação. Declaração de Salamanca: sobre princípios, políticas e práticas na área das necessidades educativas especiais. Brasília: MEC, 1994.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Base Nacional Comum Curricular: Ensino Médio. Brasília: MEC/SEMT, 2018.

CAPOVILLA, Fernando César; RAPHAEL, Walkiria Duarte. Dicionário enciclopédico ilustrado trilíngue da Língua de Sinais Brasileira. 3. ed. São Paulo: EdUSP, 2008.

COUTINHO, Maria Dolores Martins da Cunha. A constituição de saberes num contexto de educação bilíngue para surdos em aulas de Matemática numa perspectiva de letramento. 2015. 268f. Tese (Doutorado em Educação) — Faculdade de Educação. Universidade Estadual de Campinas. Campinas.

DAMM, Regina Flemming. Registros de Representação. In: MACHADO, Silvia Dias Alcântara. (Org.). Educação Matemática: uma introdução. São Paulo: Educ, 1999, p. 135-154.

DUVAL, Raymond. Abordagem cognitiva de problemas de geometria em termos de congruência. Tradução de Méricles Thadeu Moretti. Revemat, Florianópolis, v. 7, n. 1, p. 118-138, 2012a.

DUVAL, Raymond. Registro de representações semióticas de funcionamento cognitivo do pensamento. Tradução de Méricles Thadeu Moretti. Revemat, Florianópolis, v. 7, n. 2, p. 266-297, dez. 2012b.

DUVAL, Raymond. Registros de representações semióticas e funcionamento cognitivo da compreensão em matemática. In: MACHADO, Silvia Dias Alcântara (Org.). Aprendizagem em Matemática: registros de representação semiótica. Campinas: Papirus, 2003, p. 11-33.

DUVAL, Raymond. Semiósis e pensamento humano: registros semióticos e aprendizagens intelectuais. Tradução de Lênio Fernandes Levy e Marisa Rosâni Abreu da Silveira. São Paulo: Livraria da Física, 2009.

DUVAL, Raymond. Ver e ensinar a Matemática de outra forma: entrar no modo matemático de pensar os registros de representação semiótica. Tradução de Marlene Alves Dias. São Paulo: PROEM, 2011.

FRIZZARINI, Silvia Terezinha. Estudo dos registros de representação semiótica: implicações no ensino a aprendizagem da álgebra para alunos surdos fluentes em língua de sinais. 2014. 288f. Tese (Doutorado em Educação para a Ciência e Matemática) — Centro de Ciências Exatas. Universidade Estadual de Maringá. Maringá.

GESSER, Audrei. LIBRAS? Que língua é essa?: crenças e preceitos em torna da língua de sinais e da realidade surda. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.

GIL, Rita Sidmar Alencar. Educação Matemática dos surdos: um estudo das necessidades formativas dos professores que ensinam conceitos matemáticos no contexto de educação de deficientes auditivos em Belém/PA. 2007. 191f. Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências e Matemáticas) — Instituto de Educação Matemática e Científica. Universidade Federal do Pará. Belém.

HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliar para promover: as setas do caminho. Porto Alegre: Mediação, 2017.

JESUS, Thamires Belo de. (Des)construção do pensamento geométrico: uma experiência compartilhada entre professores e uma aluna surda. 2014. 183f. Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências e Matemática) — Instituto Federal do Espírito Santo. Vitória.

KARNOPP, Lodenir Becker; KLEIN, Madalena; LUNARDI-LAZZARIN, Márcia Lise. Relatório final do projeto produções culturais surdas no contexto da educação bilíngue (2014-2018) – CNPq, processo 454906/2014-5. Pelotas; Porto Alegre; Santa Maria: Grupo Interinstitucional de Pesquisa em Educação de Surdos (GIPES), 2018.

LACERDA, Cristina Broglia Feitosa de. Um pouco da história das diferentes abordagens na educação dos surdos. Cadernos CEDES, Campinas, v. 19, n. 46, p. 68-80, set. 1998.

LORENZATO, Sergio. Laboratório de ensino de Matemática e materiais didáticos manipuláveis. In: LORENZATO, Sergio. (Org.). O laboratório de ensino de Matemática na formação de professores. Campinas: Autores Associados, 2006, p. 3-37.

LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.

MUNIZ, Salvador Cardoso Silva; PEIXOTO, Jurema Lindote Botelho; MADRUGA, Zulma Elizabete de Freitas. Desafios na inclusão de surdos na aula de matemática. Revista Cocar, Belém, v. 1, n. 23, p. 215-239, jan./jun. 2018.

PINHEIRO, Fabrício Andrade; MUNIZ, Salvador Cardoso Silva; PEIXOTO, Jurema Lindote Botelho; MADRUGA, Zulma Elizabete de Freitas. Ensino de Matemática para surdos: mapeamento de pesquisas sobre resolução de problemas. Educação Matemática Debate, Montes Claros, v. 4, n. 10, p. 1-23, 2020.

RIBEIRO, Djamila. Lugar de fala. São Paulo: Sueli Carneiro; Pólen, 2019.

RIO DE JANEIRO. Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (FENEIS). A educação que nós surdos queremos. Documento elaborado no pré-congresso ao V Congresso Latino-Americano de Educação Bilíngue para Surdos. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1999.

RIO GRANDE DO SUL. Secretaria de Estado da Educação. 8ª Coordenadoria de Educação. Projeto Político Pedagógico da Escola Estadual de Educação Especial Doutor Reinaldo Fernando Cóser. Santa Maria: SEE-RS/CRE 08, 2018.

ROCHA, Fernanda Bittencourt Menezes. Ensinando geometria espacial para alunas surdas de uma escola pública de Belo Horizonte (MG): um estudo fundamentado na perspectiva histórico-cultural. 2014. 199f. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática) — Instituto de Ciências Exatas e Biológicas. Universidade Federal de Ouro Preto. Ouro Preto.

SACKS, Oliver Wolf. Vendo vozes: uma viagem ao mundo dos surdos. Tradução de Laura Teixeira Mota. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.

SALES, Elielson Ribeiro de. A visualização no ensino de matemática: uma experiência com alunos surdos. 2013. 237f. Tese (Doutorado em Educação Matemática) — Instituto de Geociências e Ciências Exatas. Universidade Estadual Paulista. Rio Claro.

SMOLE, Katia Stocco; DINIZ, Maria Ignez. Matemática: Ensino Médio. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

SOARES, Maria Eliana; SALES, Elielson Ribeiro de. Uma reflexão sobre pesquisas em Educação Matemática e Educação de Surdos. Educação Matemática Debate, Montes Claros, v. 2, n. 4, jan./abr. 2018.

SOUZA, Lucas José de. Surdez no contexto da Educação Matemática: um estudo sobre o conjunto dos números reais a partir de registros de representação semiótica e o tangram. 2019. 223f. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática e Ensino de Física) — Centro de Ciências Naturais e Exatas. Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria.

SOUZA, Lucas José de; GUIMARÃES, Tainara da Silva; MARIANI, Rita de Cássia Pistóia. Surdez e Educação Matemática: um mapeamento de trabalhos stricto sensu produzidos no Brasil. In: ESCOLA DE INVERNO DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 6, 2018, Santa Maria. Anais da VI EIEMAT: Desafios e possibilidades na Educação Matemática: para onde estamos caminhando? Santa Maria: UFSM, 2018, p. 1040-1055.

SOUZA, Lucas José de; MARIANI, Rita de Cássia Pistóia. Números reais no contexto de uma comunidade escolar surda: um estudo com ênfase em registros figurais. Ensino da Matemática em Debate, São Paulo, v. 7, n. 1, p. 138-167, 2020.

TEIXEIRA, Beneilde de Fátima Chagas. Geometria perceptiva, arte e informática na educação de surdos nas séries iniciais. 2008. 100f. Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências e Matemáticas) — Instituto de Educação Matemática e Científica. Universidade Federal do Pará. Belém.

VÁSZQUEZ, Adolfo Sanchéz. Filosofía de la praxis. Ciudad de México: siglo veintiuno, 2003.

YIN, Robert. Estudo de caso: planejamento e método. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.

ZANQUETTA, Maria Emilia Melo Tamanini. Uma investigação com alunos surdos do Ensino Fundamental: o cálculo mental em questão. 2015. 260f. Tese (Doutorado em Educação para a Ciência e Matemática) — Centro de Ciências Exatas. Universidade Estadual de Maringá. Maringá.

Downloads

Arquivos adicionais

Publicado

25-08-2021

Como Citar

SOUZA, L. J. de; MARIANI, R. de C. P. Pessoas surdas na aula de Matemática... E agora? (Análise de uma práxis com materiais didáticos). Educação Matemática Debate, Montes Claros, v. 5, n. 11, p. 1–25, 2021. DOI: 10.46551/emd.e202120. Disponível em: https://www.periodicos.unimontes.br/index.php/emd/article/view/4141. Acesso em: 21 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos