O LUGAR DO SUJEITO NA DESCONSTRUÇAO DERRIDIANA
Palavras-chave:
Sujeito; desconstrução; ser humano; différanceResumo
O termo “desconstrução” nasceu em um momento da filosofia francesa no qual as
discussões sobre o sujeito eram norteadas por uma situação de hegemonia centralista. A
questão primordial sobre qual lugar deve ocupar um indivíduo para ser sujeito quase sempre
desemboca na finalidade do ser humano sendo, portanto, uma questão posta sobre várias
vertentes de pensamento como a antropologia, a psicologia, a ética e a linguagem. Em
outubro de 1968, em um colóquio internacional cujo tema era “Filosofia e Antropologia”,
Derrida inicia sua conferência com três epígrafes nas quais cita Kant, Sartre e Foucault para
abrir a intenção de uma fala sobre “os fins do homem”, deixando claro a ambiguidade da
palavra “fim” como finalidade e como término. Mais de duas décadas depois, em entrevista a
Jean-Luc Nancy publicada em “Points de Suspension”, sob o título “Il faut bien manger ou le
calcul du sujet”, Derrida em certo momento diz: “Le sujet est une fable” (DERRIDA, 1992, p.
279). Duas premissas da discussão contemporânea instigaram essa conclusão: 1) a questão
“quem vem após o sujeito?” e 2) a discussão sobre a “liquidação do sujeito”. Assim, como já
existe uma opinião expressa na primeira premissa, pois nesta se denota a pressuposição sobre
a existência de um sujeito ou qualquer coisa nomeada de sujeito, verifica-se que certas
opiniões difundidas fortemente na França se dividem quanto ao diagnóstico de liquidação do
sujeito. O debate permanece em aberto, pois longe de ser apenas um problema levantado
pelos intelectuais franceses de uma época, assistimos hoje a um crescimento político e uma
efervescência popular na qual a questão sobre o lugar do sujeito no mundo torna-se urgente.