Popper, Strauss e o Suposto Totalitarismo de Platão
Palavras-chave:
L. Strauss. K. Popper. Platão-Irônico. Platão-Totalitário.Resumo
Este trabalho trata do suposto totalitarismo na República de Platão, mais especificamente, da acusação de Karl Popper, em Sociedade Aberta e seus Inimigos, de que o programa político de Platão – oposto à mudança social, à liberdade individual, à justiça isonômica e ao esclarecimento – é francamente totalitário. Discutimos esta tese de Popper à luz da intepretação que apresenta Leo Strauss da República rejeitando qualquer totalitarismo no projeto político da República platônica. Desenvolvendo uma hermenêutica que se poderia chamar de ‘irônico-dissimulatória’ e ‘dramático-cômica’, Strauss advoga que a realização do Estado perfeito idealizado na República é, ao mesmo tempo, indesejado e impossível, uma vez que sua existência requer a abstração do eros e a coincidência entre o poder político e a filosofia. Nosso argumento é que a análise de Strauss dos conceitos de justiça e do paralelismo entre indivíduo e sociedade da República se mostrou mais acurada que a de Popper.
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Referências
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