ENTRE DISPÊNDIO IMPRODUTIVO E ECOLOGIA: A ATUALIDADE DE GEORGES BATAILLE
Palavras-chave:
Georges Bataille, Dispêndio, Dádiva, Marcel Mauss, Heterologia.Resumo
Esse trabalho teve como objetivo constituir uma leitura crítica a respeito do dispêndio improdutivo na obra de Georges Bataille a partir da sua perspectiva da heterologia e como ela funcionaria como fundamento das sociedades arcaicas estudadas e teorizadas por Marcel Mauss. Desse modo, estaremos envoltos em como essa antifilosofia batailleana atravessa sua obra de forma a dar sustentação para suas teses em direção ao que o autor compreende minimamente por heterogêneo. A partir disso, percebemos que a leitura de Bataille a respeito da dádiva de Marcel Mauss é passível de crítica, nos possibilitando um tensionamento da perspectiva do autor francês uma vez que não existe uma dádiva unilateral e sem retorno, bem como de que o pensador em consideração não levou em consideração questões relativas ao acúmulo de energia que o ser humano foi capaz de sustentar no decorrer da história da civilização no período em que o mesmo teorizou o excesso como fundamento das nossas sociedades capitalistas. Além disso, apresentamos nossas críticas como forma de sustentar a ideia de que não apenas o autor de História do olho leu de forma problemática a antropologia mausseana, mas também que a teoria econômica demonstrada em A noção de dispêndio e A parte maldita é baseada em uma leitura antropológica apressada. Por fim, resumiremos nossas críticas como forma de não apenas ilustrar os tensionamentos e problemas no interior da obra de Bataille como forma de apresentar uma possível ética com consequências socioeconômicas, existenciais e ecológicas, mas também de ressaltar como podemos efetuar uma releitura do autor para o contexto atual da nossa civilização.
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