O RIO ESTÁ CHAMANDO PARA A FRONTEIRA DA HISTÓRIA: EM BUSCA DA ALTERIDADE
DOI:
10.46551/2448-30952023v27n209Palavras-chave:
Alteridade, Exterioridade, SustentabilidadeResumo
Começamos esta pesquisa defendendo a hipótese de que a insurgência de novas práticas de alteridade têm correspondido a uma nova questão socioambiental para as ciências humanas. O objetivo é avançar com esse debate rumo a uma conceptualização intercultural de sustentabilidade com ênfase numa questão fundamental: pensar o tempo histórico a partir de práticas de alteridade significa considerar que tipo de abordagem teórica e metodológica do tempo presente? O objetivo específico visa situar, então, uma leitura sobre as variações do conceito de sustentabilidade num território epistêmico progressista em face dos avanços dos regimes de totalidades do sistema-mundo moderno. Com base em procedimentos bibliográficos, duas discussões norteiam este estudo: (i) os fundamentos de uma epistemologia da exterioridade para uma filosofia da alteridade; (ii) a questão da mudança social, o tempo presente e os direitos humanos. Este artigo é um ensaio fenomenológico dos processos de libertação que correm desde o Sul Global com ênfase nos debates de comunidades sustentáveis, cujas raízes históricas de grupos humanos têm sido até agora desconsideradas, produzindo uma modalidade política de sofrimento psicológico derivado de impactos e injustiças ambientais e violações de direitos humanos. Concluímos que as práticas contemporâneas de alteridade fazem referência a uma resistência de solidariedade que conecta fundamentos filosóficos e éticos acerca da experiência do sofrimento psíquico causado por processos de transformação do mundo que correm sob os signos do extrativismo e progresso, com novas graduações de conflitos entre valores socioambientais e direitos humanos. Enfatizamos ainda que os desastres ambientais e os danos irreparáveis aos limiares de biodiversidade do planeta têm acionado as relações tensas de rupturas e descontinuidades entre História e Natureza dadas às novas opções de pensarmos a direção histórica do Mundo.
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