A FILOSOFIA DO ABSURDO EM ALBERT CAMUS E CLARICE LISPECTOR
DOI:
10.46551/2448-30952023v27n212Palavras-chave:
absurdo, existencialismo, literatura, filosofia, linguagemResumo
O artigo pretende investigar o aparecimento da filosofia do absurdo no ensaio O mito de Sísifo, de Albert Camus e no romance A paixão segundo GH, de Clarice Lispector. Segundo a filosofia do absurdo, a consciência tem clamor por explicações, quer a coesão entre as representações e o mundo, mas não consegue encontrar uma resposta satisfatória para os seus questionamentos mais profundos. Nesse contexto, trata-se de pensar a ruptura do eu com uma imagem una de si e o caminho que se delineia para a reconstrução dessa unidade ou para sua impossibilidade. Em Camus, o divórcio com o mundo toma forma no sentimento de absurdo, que se constitui o ponto de partida para a investigação do autor. Em Clarice, ocorre um estranhamento com a realidade e a narrativa volta-se para o esforço da personagem em reconhecer a sua desorganização interna. Além de encontrarmos em ambos os escritores uma reflexão sobre uma consciência que se defronta com o desconhecido e com a impossibilidade identitária, é importante salientar que essa questão exigirá, tanto para Lispector quanto para Camus, um pensamento que ultrapasse os limites da linguagem conceitual. Ao indagar acerca de um princípio unificador ou um sentido para a vida humana, Albert Camus coloca em evidência um conflito que subjaz à condição existencial do sujeito. A prosa poética de Clarice Lispector também problematiza esse conflito, mas o faz essencialmente no plano estético, com as especificidades oriundas de sua literatura. Assim, procuraremos observar o modo pelo qual essa experiência é por eles problematizada e quais os caminhos eleitos para sua expressão. Durante o processo, foi necessário avaliar as metáforas, imagens e relações estabelecidas pelos autores, fazendo um percurso sobre a filosofia do absurdo no registro ensaístico e literário. Nesse contexto, o intuito não é solucionar o problema apresentado, mas dilatar o movimento que o engendra no interior dos textos eleitos, demonstrando que tanto a literatura quanto a filosofia possibilitam adensar novos olhares sobre o tema.
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Referências
CAMUS, Albert. O mito de Sísifo. Tradução de Ari Roitman e Paulina Watch. Rio de Janeiro. Ed. Record, 2017.
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