TRÊS VETORES DO NEGATIVO NA TEORIA ESTÉTICA DE THEODOR W. ADORNO: O FEIO, A DISSONÂNCIA E A LINGUAGEM DO SOFRIMENTO
DOI:
10.46551/2448-30952024v29n201Resumo
O objetivo do texto é fazer uma análise de três índices conceituais de negatividade na Teoria estética de Theodor Adorno: o feio, a dissonância e a linguagem do sofrimento. Inicialmente, abordaremos a problemática da autonomia estética perante o negativo em termos gerais e ligado a cada um desses três vetores; ela será examinada em função da lógica interna de constituição do artefato,
considerando a dimensão dialética de seu vínculo com a negatividade do mundo, a saber, o entrelaçamento da responsabilização pela denúncia dessa negatividade e o imperativo de se manter como mera imagem, recusando uma intervenção direta no real. Em seguida, cada um daqueles vetores será analisado a partir de sua conexão com a expressividade estética, particularmente em virtude do
modo como a mediação formal é capaz de assimilar em si os princípios de síntese reinantes na realidade empírica e de elevar a negatividade recalcada pela racionalidade instrumental a uma forma de vocalização sui generis. O feio será abordado em virtude da lógica histórica de sua relação com a beleza, ressaltando-se o quanto a autonomização do feio se conjuga com a autonomização da própria arte. A dissonância será analisada pelo viés de uma expressividade radical, ínsita no caráter ficcional-mimético da arte, momento em que a vida se exprime como dor e a forma artística reflete, de modo refratado, esse núcleo vital. Por fim, a linguagem do sofrimento será vista como aglutinando diversos aspectos levantados ao longo do ensaio, delineando a expressividade da arte como intimamente conectada à denúncia do sofrimento ao mesmo tempo produzido e silenciado pela dominação social.
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