CRÍTICA DE ADORNO À PRIMA PHILOSOPHIA E AO PENSAR A PARTIR DE UM FUNDAMENTO
DOI:
10.46551/2448-30952024v29n203Resumo
O presente artigo examina a crítica de Theodor W. Adorno à prima philosophia, centrandose nas obras Dialética Negativa (1966) e “Metacrítica” (Para a metacrítica da teoria do conhecimento, 1956). A prima philosophia, conceito definido em Aristóteles como a ciência do ser enquanto ser, refere-se em Adorno a qualquer pensamento que eleva um conceito ao estatuto ontológico de princípio primeiro, seja ele natureza ou história. Adorno argumenta que nessa abordagem filosófica se negligencia necessariamente a mediação conceitual, resultando em abstrações conceituais que carecem da mediação na qual elas estão localizadas, seja pela ausência de um polo conceitual ou de outro – do sujeito ou do objeto, nos termos mais habituais. Assim, Adorno identifica a separação entre sujeito e objeto como uma forma de ideologia, em que a fixação de qualquer princípio sem mediação gera antinomias inevitáveis com que essas filosofias mais cedo ou mais tarde terão que lidar. A crítica de Adorno desmantela a lógica de identidade presente nas filosofias primeiras, que uniformiza progressivamente a experiência e suprime as particularidades. Revelam-se as contradições internas dos sistemas que tentam suprimir a materialidade para afirmar sua independência na autarquia do sujeito, isto é, em uma filosofia cuja característica é o primado do conceito, seja ele qual for. Então, contra isso, Adorno propõe em sua “dialética negativa” uma filosofia que não busque a identidade entre pensamento e objeto, mas sim a não-identidade, sob o primado do objeto. Sua filosofia é caracterizada pela “lógica da desagregação”, desmontando as pretensões ontológicas dos conceitos e os sistemas filosóficos em torno deles.
Downloads
Referências
ADORNO, Theodor W. An introduction to dialectics (1958). Tradução de Nicholas Walker. Malden, MA: Polity Press, 2017.
___________________. Dialética Negativa. Tradução de Marco Antonio Casanova. Revisão técnica de Eduardo Soares Neves Silva. 1. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.
___________________. Palavras e Sinais: modelos críticos 2. Tradução de Maria Helena Ruschel. 1. ed. Petrópolis: Vozes, 1995. ___________________. Theodor W. Para a metacrítica da teoria do conhecimento: estudos sobre Husserl e as antinomias fenomenológicas. Tradução de Marco Antonio Casanova. 1. ed. São Paulo: Editora Unesp, 2015.
BUCK-MORSS, Susan. The origin of negative dialectics: Theodor W. Adorno, Walter Benjamin and the Frankfurt Institute. Nova York: The Free Press, 1979.
HABERMAS, Jürgen. O discurso filosófico da modernidade. Tradução de Luiz Sérgio Repa. 1. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
HEGEL, G. W. F. On the Relationship of Skepticism to Philosophy: Exposition of its Different Modifications and Comparison of the Latest Form with the Ancient One. Tradução e notas de H.S. Harris. In: Between Kant and Hegel: Texts in Development of Post-Kantian Idealism. Cambridge: Hackett Publishing Company, 2000.
NEVES SILVA, E. S. Filosofia e Arte em Theodor W. Adorno: a categoria de constelação (tese doutorado). Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006.
ROSE, Gillian. The Melancholy Science: an Introduction to the Thought of Theodor W. Adorno. Londres: Macmillan, 1978.
SCHWEPPENHÄUSER, Gerhard. Theodor W. Adorno: an introduction. Tradução de James Rolleston. Londres: Duke University Press, 2009.
WELLMER, Albrecht. The Persistence of Modernity: essays on aesthetics, ethics and postmodernism. Tradução de David Midgley. Cambridge: Polity Press, 1991.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Revista Poiesis
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.