SUBJETIVIDADES, DADOS E ALVOS DIRECIONADOS: O QUE RESTA À PSICOLOGIA?
DOI:
10.46551/2448-30952024v29n211Resumo
O presente trabalho, fundamentado na Teoria Crítica da Sociedade, discute sobre a tarefa histórica da Psicologia em uma época marcada pela conversão das já danificadas individualidades em dados e em alvos. Soma-se a isso um contexto de crescente militarização da vida e de educação dos sentidos a partir de uma estética e uma lógica da guerra. A sociedade neoliberal contemporânea parece dobrar a aposta em sua ofensiva sobre as condições de vida e sobrevivência, garantindo a
retroalimentação do capital a qualquer custo. Assim, a educação pela dureza e a militarização das subjetividades surgem como formas de vida em um cenário insustentável e inabitável apesar do desenvolvimento técnico material. Essa razão instrumental domina e destrói as possibilidades de experiência real da subjetividade ao reduzi-la a um objeto de valor econômico substituível e os corpos em alvos desumanizados, ajustando os sentidos a uma estética de mais violência e exploração. O
pensamento psicológico e dialético deve denunciar as tensões e contradições imanentes desse poder do estado tecnocrático. Nesse sentido, a proposta é aprofundar as reflexões sobre as contradições do desenvolvimento técnico atual que, ao invés de figurar como promessa de salvação, sequer é capaz de solucionar os problemas que cria e, frequentemente, acelera o agravamento das questões que deveria resolver. Identificar as inconsistências e falhas no interior desse sistema de poder técnico e burocrático é pensar a Psicologia. E pensá-la hoje, em tempos de crise brutal da individualidade requer que se
considere o desenvolvimento que parece nos qualificar mais para a guerra que para a vida.
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