UMA METAFÍSICA PERMANENTE: SOBRE O MOVIMENTO DA RACIONALIDADE HERMENÊUTICA
Abstract
A metafísica, desde sua origem, vinculou o ser ao Uno (o absoluto, perfeito, simples e isento de toda a mudança). Desta forma, o ser foi subordinado à uma dimensão, ela própria, além do ser. A consequência disto foi a unificação da ordem ontológica com a ordem teológica, dando origem ao que Heidegger chamou de Ontoteologia. Uma vez que esse tipo de teoria foi abandonado, a filosofia em suas vertentes historicistas começa a produzir racionalidade no mundo histórico e social. Partindo desta condição, o presente artigo pretende responder a seguinte questão: como a hermenêutica é capaz de produzir sua racionalidade sem recorrer ao nível ontológico tradicional ou ao nível teológico? Isto é, como o pensamento hermenêutico pode falar com sentido apenas partindo do universo histórico do ser humano? Para responder à questão, iremos explorar a estrutura circular da racionalidade hermenêutica, pois uma vez que perdemos o fundamento que vinculava a razão ao universal de maneira ontológica ou teológica, estamos postos num plano em que o espaço de fundamentação é totalmente histórico e circular. Surge, com isto, um tipo de trabalho metafísico novo, que assume a contingência e a inesgotabilidade de sua própria atividade. É desta forma que a hermenêutica nasce como uma técnica de interpretação de textos e termina se transformando em uma metafísica revisada, uma vez que toda nossa relação com a realidade passa a ser uma relação hermenêutica: o ser mesmo se apresenta a nós já com um caráter hermenêutico.