ETHICS IN BRAZIL AND LIBERATION THEOLOGY
DOI:
10.46551/2448-30952024v28n113Abstract
A ética teológica é distinta da ética filosófica principalmente porque o seu fundamento teórico está associado ao núcleo da pessoa de Jesus de Nazaré. Por essa razão, ela exige um conhecimento de cunho judaico e semítico, e não, somente grego, seja ele na retórica ou na antropologia. Logo, somente os autores que corroboram a perspectiva antropológica que leva em
consideração o conceito de alteridade relacional, em lugar de privilegiar o conceito de ser e de identidade, podem ter lugar aqui. O primado semítico não é ontológico, e sim ético, porque compreende o ser humano, antes de tudo, como um ser relacional. Foi a partir da leitura da história do povo de Deus, de uma hermenêutica intersubjetiva, que foi possível, para esse povo, compreender quem era Deus. Essa compreensão dinâmica continua até os dias atuais. Além disso, esse primado
ético-relacional diz respeito ao entendimento que o povo de Israel teve do que quer dizer “transcendência”. O povo de Deus percebeu que os eventos mais significativos e importantes da vida humana só acontecem desde a vivência da temporalidade histórica, e não, por meio do processo de abstração, conforme pensa a filosofia. Foi um esforço teórico da teologia, a inserção do conceito de transcendência horizontal/temporal no pensamento do século XX. Sendo assim, por meio deste artigo,
pretendemos pensar a ética teológica do Brasil, na atualidade. A ética é pensada a partir dos problemas políticos, sociais e econômicos que o país se nos apresenta. Por essa razão, relembramos o papel da Teologia da Libertação, um pensamento político-intelectual que foi gestado no seio da América Latina e do Brasil, um pensamento peculiar e próprio dessas paragens. Nesse sentido, apresentaremos algumas questões éticas principais da atualidade, tais como: o conceito de solidariedade e
vulnerabilidade, a ética das emoções, e também a bioética. Contudo, nenhum desses temas será tratado sem a devida fundamentação filosófica.
Downloads
References
ANJOS, M. F dos. Argumento moral e aborto. São Paulo: Loyola, 1976.
ANJOS, M. F dos. “Bioética a partir do Terceiro Mundo”. In: Temas Latinoamericanos de Ética. Vol 3. Aparecida: Santuário, 1988, p. 215.
AZPITARTE, E. L. Hacia uma nueva visión de la ética cristiana. Bilbao: Sal Terrae, 2003.
CALIPARI, M. “Conciencia y discernimiento moral”. Vida y Ética, año 8, n. 2, p. 11-22, diciembre 2007.
CARVALHO, H. R. de. “Estilo profético de vida: de senhores da fé a servidores da alegria”. In: TRASFERETTI, J. A.; MILLEN, M. I. de C.; ZACHARIAS, R. Formação: desafios morais. São Paulo: Paulus, 2018, p. 11-32.
CASTILLO, J. M. El discernimiento cristiano: por uma consciência crítica. Salamanca: Ediciones Sigueme, 1984, p. 127-150, p. 130-131.
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. São Paulo: Vozes; Loyola, 1999.
CAZAROTTO, J. L. “A ritualística e as afeições humanas: o papel das emoções nas relações, lembranças e falas”. In: ABREU, E. H.; ZACHARIAS, R. (Orgs.) Teologia da Criação e marcos do magistério de Bento XVI: por uma autêntica maturidade eclesial. São Paulo: Paulus: Unisal, 2011, p. 189 – 215.
COELHO, M. M. “Confidencialidade e transparência: a responsabilidade e o compromisso com a verdade”. In: TRASFERETTI, J. A.; MILLEN, M. I. de C.; ZACHARIAS, R. Formação: desafios morais. São Paulo: Paulus, 2018, p. 49 – 79.
GALLIAN, D. M. C. “A cultura contemporânea na clínica de Bento XVI: as patologias da modernidade e a terapêutica da humanização”. In: ABREU, E. H.; ZACHARIAS, R. (Orgs.) Teologia da Criação e marcos do magistério de Bento XVI: por uma autêntica maturidade eclesial. São Paulo: Paulus; Unisal, 2011, p.120-137.
JÚNIOR, S. A. B. “A vida espiritual: do acompanhamento ao discernimento à qualidade da relação”. In: TRASFERETTI, J. A.; MILLEN, M. I. de C.; ZACHARIAS, R. Formação:desafios morais. São Paulo: Paulus, 2018, p. 81- 96.
KANT, I. A fundamentação da Metafísica dos Costumes. Lisboa: Edições 70, 1995.
LEMOINE, L.; GAZIAUX, E.; MÜLLER, D. (Dir.). “Conscience”. In: Dictionnaire Encyclopedique d’éthique chrétienne. Paris: Cerf, 2013, p. 643-668.
MIRANDA, M. de F. “Maturidade eclesial”. In: ABREU, E. H.; ZACHARIAS, R. (Orgs.) Teologia da Criação e marcos do magistério de Bento XVI: por uma autêntica maturidade eclesial. São Paulo: Paulus; Unisal, 2011, p. 216-252.
PESSINI, L. Exigências para uma bioética inclusiva. In: MILLEN, M. I. de C.; ZACHARIAS, R. O imperativo ético da misericórdia. Aparecida: Santuário, 2016, p. 199 – 219.
RICOEUR, P. Si mesmo como um outro. Campinas: Papirus, 1999.
QUANTIN, J-L. El rigorismo cristiano. Madrid: Biblioteca Autores Cristianos, 2006.
VALADIER, P. “Éloge de la conscience”. Trento al Vaticano II: 1. Crisis de la razón y rigorismo moral em Barroco (s. XVII). Madrid: Editorial El Perpetuo Socorro, 2014.
ZACHARIAS, R. “A difícil e fascinante arte de ensinar Teologia Moral”. In: PESSINI, L; ZACHARIAS, R. Teologia Moral: fundamentos, Desafios, Perspectivas. Aparecida: Santuário, 2015, p. 299-328.
ZACHARIAS, R. “Formação intelectual: A urgência de superar a douta ignorância”. In: TRASFERETTI, J. A.; MILLEN, M. I. de C.; ZACHARIAS, R. Formação: desafios morais. São Paulo: Paulus, 2018, p. 97-121.
Downloads
Published
How to Cite
Issue
Section
License
Copyright (c) 2024 Revista Poiesis
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.