A ESPECIFICIDADE DA CANÇÃO NO ROMANCE A NÁUSEA
Palabras clave:
Náusea; contingência; necessidade; canção; arte.Resumen
No romance A Náusea, Jean-Paul Sartre apresenta ao leitor o diário de Antoine Roquentin,
um historiador que vem experimentando um tipo de desconforto existencial que ele chamará de
náusea. Conforme essa náusea vai se intensificando, o personagem vai descobrindo um tipo de
realidade selvagem, o mundo cotidiano vai se desnudando e a existência perdendo seu sentido
habitual. Em meio a essa experiência devastadora, uma canção aparece como um antídoto
momentâneo contra o mal-estar, de modo que sempre que escuta “Some of these days” no gramofone
do bar, Roquentin sente que a náusea desaparece. De fato, ao longo de sua jornada nauseante o
personagem se depara com outras manifestações artísticas, nenhuma delas, porém, é capaz de
proporcionar uma experiência parecida com a da canção. Diante disso, o objetivo deste artigo é
investigar os motivos pelos quais apenas a canção parece capaz de interromper os efeitos da náusea.
Assim, tentaremos, primeiramente, estabelecer uma diferença entre a forma cancional e a realidade
revelada pela náusea, mostrando que enquanto a realidade é regida pela contingência a canção é um
objeto imaginário em que cada elemento ocorre por necessidade. Em seguida, buscaremos comparar a
relação de Roquentin com a canção, com o cinema e com a literatura, a fim de entender aquilo que o
aproxima de uma manifestação artística e que o afasta das outras. De tal maneira, esta reflexão
procurará, por fim, mostrar que a predileção do personagem pela canção é menos por suas
características formais do que pelo contexto no qual ela se apresenta, ou seja, não se trata de uma
especificidade da beleza da canção, mas da maneira como ela se insere na vida de Roquentin.
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Citas
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