A SUBJETIVIDADE COMO OUTRO NO MESMO SEGUNDO LEVINAS: A OBRIGAÇÃO DE OCUPAR-SE DE OUTREM ANTES DE PERSISTIR NO PRÓPRIO SER
DOI:
10.46551/2448-30952023v27n205Palabras clave:
Ética, Levinas, Ontologia, Rosto, SubjetividadeResumen
O objetivo do presente artigo é investigar a noção de sujeito em Emmanuel Levinas, relacionando-a com o problema da alteridade, concepção que ocupa um lugar central em sua perspectiva filosófica. O filósofo lituano-francês questiona o primado que o Eu alcançou na filosofia, criticando o papel soberano atribuído à ontologia no transcurso histórico ocidental. Tal matriz de pensamento, vinculada ao âmbito do conhecimento, promoveu uma redução do Outro aos domínios do Mesmo, subtraindo e ignorando o espaço à alteridade. O caminho trilhado por Levinas na análise do sujeito tem como ponto de partida uma concepção de “ser” atípica, ajuizando-o como entrelaçado ao mal e como detentor de um caráter excessivo, configurando, portanto, um cenário que demanda uma evasão. No percurso de fuga da ontologia, Levinas analisou fenomenologicamente vivências cotidianas concretas e elaborou a intrigante noção do Il y a, ou seja, a presença do irremissível existir despersonalizado. O emergir do existente foi pensado – em sua condição primária – através da hipóstase, quando o existente passa a se relacionar com o existir. No entanto, a ruptura definitiva com o Il y a e a constituição integral do sujeito têm seu lugar no encontro com Outrem, na proximidade do rosto, com a subjetividade sendo pensada como hospitalidade, como o “um-para-o-outro”, conforme prescrição contida no rosto do próximo, sob a forma de mandamento de responsabilidade, infinita e intransferível, por tudo e por todos. A epifania do rosto instaura a precedência absoluta de Outrem, nos remetendo a um domínio mais antigo que o da ontologia, o da esfera ética pré-originária, âmbito no qual a subjetividade, rompendo com a ideia de sujeito como uma essência, se apresenta como substituição em prol do outro homem.
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