CONSCIÊNCIA E FENÔMENO EM SARTRE: EM BUSCA DO SER TRANSFENOMENAL
Palavras-chave:
Sartre; consciência; fenômeno; intencionalidade; existênciaResumo
O presente artigo procura articular as noções de consciência e fenômeno no filósofo JeanPaul Sartre, nome de destaque do existencialismo francês. A partir da herança da fenomenologia de
Husserl, Sartre busca se posicionar sobre a controvérsia entre realistas e idealistas acerca da relação
sujeito e objeto e o consequente problema do conhecimento. Às suas costas, Sartre tem as vertentes da
filosofia transcendental (Kant e Husserl), que também se posicionaram sobre a querela. O artigo
percorre textos do “jovem” Sartre e a “Introdução” de O ser e o nada a fim de recuperar a
singularidade da solução sartreana para o problema do conhecimento. Argumento que essa questão se
encontra desde os primeiros textos de Sartre e se confunde com a apropriação feita pelo filósofo da
fenomenologia e, sobretudo, do conceito de intencionalidade da consciência, que ganha contornos
existenciais. Em O ser e o nada, contudo, a questão sofre uma inflexão decisiva porque se apresenta
em seus aspectos ontológicos, ou onto-fenomenológicos, o que aponta para a noção complementar de
transfenomenalidade para caracterizar quer o ser da consciência, quer o ser do fenômeno. Tal
empreitada exige compreender que toda consciência é relação com o mundo, é ser-no-mundo, o que
parece extrapolar os limites originais da fenomenologia em sua relação de continuidade com a
filosofia crítica. Proponho que Sartre redimensiona a questão em termos propriamente existenciais,
irredutíveis à esfera estrita do conhecimento. Para tanto, o filósofo procura uma síntese criativa
oriunda da reelaboração da tradição transcendental, entre o projeto crítico e o projeto fenomenológico.
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Referências
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