DIALÉTICA E HERMENÊUTICA: A POESIA ENTRE A NEGATIVIDADE E A POSITIVIDADE
DOI:
10.46551/2448-30952024v28n101Palavras-chave:
Gadamer. Hermenêutica Filosófica. Dialética. Poesia. LinguagemResumo
Este artigo realiza uma reflexão sobre a palavra poética a partir do paradigma da Hermenêutica Filosófica de Gadamer. Em específico, analisa-se a dimensão dialética da experiência poética, a qual é exposta em dois momentos: a da sua negatividade e a da sua positividade. A primeira é exemplificada a partir da interpretação de alguns trechos do poeta Paul Celan. A segunda é realizada a partir de uma leitura dos diálogos Fedro e Banquete de Platão. De fato, uma das tarefas fundamentais da Hermenêutica Filosófica é realizar uma nova ontologia da linguagem, na qual desponta a poesia como fenômeno paradigmático. Em geral, a linguagem é considerada por Gadamer como um modo de aparição dos entes, mas que pode (e normalmente está) obstruída por uma sedimentação dos sentidos na cotidianidade. Nesse contexto, a palavra poética aparece como uma forma de desobstrução da capacidade criadora da linguagem. É o caso, inclusive, da chamada poesia hermética, como a de Paul Celan. Por conta do seu fechamento e estranhamento diante da fala cotidiana, ela, nessa negatividade inicial, abre a linguagem para uma dimensão mais fundamental: trazer o inaudito (mesmo o abominável) à palavra. A partir disso, é necessário agora considerar o que é esse “trazer à palavra” poética. Levando em consideração a apropriação compreensiva de Gadamer, o conceito de “belo”, extraído particularmente dos diálogos Fedro e Banquete de Platão, terá um papel decisivo ao articular “ser” e “aparecer” de maneira positiva. Nesse sentido, a função “erótica” da palavra poética desponta, na medida em que ela nos lança em uma indigência criadora.
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