Na medida em que deixam em cada homem a sombra da opressão que o
esmaga. Expulsar esta sombra pela conscientização é uma das fundamentais
tarefas de uma educação realmente libertadora e por isso respeitadora do
homem como pessoa. (p.37)
Os esclarecimentos prestados por Paulo Freire também deixam claro os motivos
de sua perseguição e de seu exílio, motivos que revitalizaremos adiante.
Além dos textos preliminares acima mencionados, a Educação como Prática de
Liberdade conta, ainda, com quatro capítulos, A Sociedade Brasileira em Transição,
Sociedade Fechada e Inexperiência Democrática, Educação versus Massificação,
Educação e Conscientização, compõe o texto o Apêndice já mencionado.
A Educação como Prática da Liberdade, pode ser considerado o texto germinal
para toda a produção Freiriana, não obstante ocupar boas páginas com a descrição do
método que o fez conhecido por alfabetizar, em 45 dias, 300 trabalhadores e
trabalhadoras, em uma das regiões com o menor Índice de Desenvolvimento Humano
do país, o conteúdo da obra vai além da prática pedagógica, evidencia que a educação
é um ato político e de emancipação humana.
Mas o desafio era hercúleo, uma vez que pelos idos de 1963, o país contava com
aproximadamente 4.000.000 crianças em idade escolar, sem escola, e com
aproximadamente 16.000.000 analfabetos, a partir da faixa etária de 14 anos.
Então, como chegar a estes sujeitos, desprovidos, não apenas do ato de ler e
escrever, mas com o jarro cheio de desesperança.
Pelo texto, transitam temas que aquecem os debates, ainda hoje, nas
universidades, em cursos de graduação e pós-graduação.
A preocupação com o ser social e do estar com o mundo permeiam a produção
da educação como prática da liberdade.
As relações que o homem trava no mundo com o mundo (pessoais,
impessoais, corpóreas e incorpóreas) apresentam uma ordem tal de
características que as distinguem totalmente dos puros contatos, típicos da
outra esfera animal. Entendemos que, para o homem, o mundo é uma
realidade objetiva, independente dele, possível de ser conhecida. É
fundamental, contudo, partirmos de que o homem, ser de relações e não só
de contatos, não apenas está no mundo, mas com o mundo. Estar com o