participei na minha vida e não foram poucas esta foi uma oportunidade
inesquecível pela criatividade da proposta e novas sugestões de
desdobramentos. No final, na melhor tradição democrática, a proposta foi
votada e aprovada pelo Comitê Nacionalista das Rocas. No mesmo dia levei
a decisão ao Prefeito. Ele aprovou a ideia. E dois dias depois, com os
marceneiros da Prefeitura, José Ribamar à frente, e a ajuda dos pescadores
do Canto do Mangue, começou a ser erguido o primeiro Acampamento
Escolar. Em fevereiro de 1961, de microfone à mão, acompanhado do Grupo
de Trabalho de Educação Popular da SME, caminhando pelas areias das
Rocas, Djalma Maranhão convocava o povo das Rocas para a matrícula nos
Acampamentos Escolares. Estava nas ruas a luta pela erradicação do
analfabetismo em Natal que, pouco depois, veio se chamar Campanha “De
Pé no Chão Também se Aprende a Ler.” (ARAÚJO, 2015, p.246).
Conforme pode ser lido na citação acima, a Campanha “De Pés no Chão também
se aprender a ler” vai ser possível e vai ser articulada a partir dos movimentos populares,
os Comitês Nacionalistas ou Comitês de Rua. Eram 240 comitês organizados em Natal,
isso em 1960, com calendários de convenções dos comitês, por bairros. Dos comitês
saíam “as listagens dos problemas-soluções”. (GÓES, 2005). Moacyr de Góes menciona
que em setembro de 1960 delegações do interior do Rio Grande do Norte, e mais de
200 comitês, participaram da I Convenção Estadual do Movimento Nacionalista. Da
Convenção emergiu uma relação de prioridades, e a primeira delas era justamente a
erradicação do analfabetismo, que se tornou compromisso, inclusive constando no
programa de governo, do depois prefeito Djalma Maranhão.
A partir daí, com Moacyr de Góes já Secretário de Educação, no mandato de
Djalma Maranhão, criou-se o Grupo de Trabalho de Educação Popular, para, também,
dialogar com os comitês nacionalistas e pensar a questão da erradicação do
analfabetismo. Nesse movimento, em 1961, há a realização do curso de treinamento
para monitores, que habilitou, aproximadamente, 200 pessoas. Ainda em 1961,
desenvolve-se o I Seminário de Estudos dos Problemas de Educação e Cultura do
município de Natal, visando, entre outras ações, a erradicação do analfabetismo, tendo
participado decisivamente desse processo Margarida de Jesus Cortez.
Também em 1961 Moacyr de Góes é convocado pelo Comitê Nacionalista das
Rocas, conforme o relato acima, e em 1962 – um ano depois da experiência no MCP, e
um ano antes de Angicos - se realiza uma etapa de experimentação do “método” do
educador Paulo Freire, “nos treinamentos dos ‘animadores - alfabetizadores’ para os