seres humanos deva ser dada no sentido de diminuir as razões objetivas para a
desesperança que nos imobiliza. (FREIRE,1996, p.38).
Paulo Reglus Neves Freire, um dos mais importantes educadores do século XX e
o Patrono da Educação Brasileira, nasceu na cidade de Recife, no nordeste do país, em
setembro de 1921. Portanto, nesse ano de 2021, celebramos o centenário do seu
nascimento. E nos mais diversos lugares mundo afora, educadoras(res), estudantes,
movimentos sociais, pesquisadores e pesquisadoras festejaram os cem anos da vida
desse homem, que através de uma teoria própria do conhecimento, pensou a educação
como instrumento de transformação social.
Celebrar Freire é se opor a um projeto desumanizante, é celebrar uma causa, um
projeto de mundo mais humano. Celebrar o Centenário do Patrono da Educação
Brasileira é “esperançar um mundo diferente”. Esperança, que para ele não é simples
espera, é verbo, é ação, é fazer cotidianamente para construir um mundo de mais
justiça, solidariedade, amor. Esperançar tem a ver com nossas opções e horizontes, com
a escolha de nosso projeto de mundo, e com nossa atuação perspicaz e coerentemente
dirigida por esse projeto.
Celebrar Freire não é “copiá-lo”, é reinventá-lo, como ele mesmo propunha. E é
com o sentimento de afeto, ousadia, coragem e a certeza de que o conhecimento pode
e deve ser libertador, que organizamos esse dossiê junto à Revista de Desenvolvimento
Social (RDS), vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social
(PPGDS), da Universidade Estadual de Montes Claros.
O dossiê intitulado “Paulo Freire e o esperançar de um mundo diferente” reúne
escritos de naturezas distintas, de autoras e autores de diversos lugares e instituições,
todos interligados na perspectiva de suscitar reflexões e debates que permitam o
esperançar de um mundo diferente.
De início, o dossiê traz uma fecunda entrevista com Ângela Bizz Antunes, Diretora
Pedagógica do Instituto Paulo Freire (IPF), e que nos fala, entre outros temas, do
processo de constituição do IPF, das principais ações e dos desafios centrais vividos pelo
Instituto agora. As memórias trazidas por Ângela, sua sensibilidade e coragem, sua
aposta nesse espaço tão importante que é o IPF, nos fortalece na certeza de que o
mundo pode ser melhor amanhã.