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Revista Desenvolvimento Social, vol. 28, n. 2, jul/dez, 2022
PPGDS/Unimontes-MG
afirma que segundo os preceitos da psicologia positiva para ser feliz basta a dedicação
ao programa proposto, trabalhoso por vezes, mas, jamais doloroso. Percebemos que
são práticas de condicionamento, gestão do mental e do emocional. É a lógica neoliberal
nas práticas de vida, o capital humano que fomenta e constrói o homo oeconomicus, faz
deles a sua empresa, seu lugar de investimento e mais ainda constrói a nível da psique
uma captura a fim de um exercício que atua em função destas práticas (FOUCAULT,
2008; HAN, 2020). Então aqui parece haver uma forma de investimento em si necessária
da construção da felicidade, onde a singularidade escapa, o humano esvazia, tais
práticas individualizam condutas. Compreendemos que as experiências individuais são
o caminho para a construção de uma conduta feliz, porém há regras base a todos para
potencializar as suas positividades e capitalizar a felicidade.
São várias as práticas para manter o estado de felicidade, sempre há uma forma
para potencializar, por exemplo, pratique gratidão e o bem vira, mentalize coisas boas
e elas aconteceram, assim tudo é investimento e rendimento. O bem-estar subjetivo é
voltado para uma lógica calculista, é um projeto individual que acontece no aqui e
agora, desde que haja a dedicação individual de cada um para o desenvolvimento desta
atividade (FILHO,2010). Existe aqui uma consideração da vontade que necessita
planejamento e investimento, ao sujeito empresa, uma boa gestão de si e das emoções,
leva a felicidade e ela pode ser acumulada desde bem racionalizada. Tem-se a lógica de
capital e acúmulo de boas emoções, o sujeito acumula boas ações e bons valores, vai
coletar e receber no presente e no futuro, seus lucros, como em um investimento
bancário. A prerrogativa é, invista na emoção positiva e tudo fluíra, como os
investimentos em capital financeiro terá bons lucros, conseguirá acumular e manter a
fluidez de estados positivos que levam a felicidade.
A economia oferece uma analogia conveniente. O capital pode ser definido
como recurso que é retirado da despesa e do investimento no futuro, para
um maior retorno a longo prazo. A ideia do acúmulo de capital foi aplicada a
questões não financeiras: o capital social: o são os recursos que adquirimos
ao interagir com outras pessoas (amigos, parceiros românticos e contatos),
e o capital cultural são as informações e recursos (como museus e livros) que
herdamos e utilizamos para enriquecer nossa vida individual. Existe capital
psicológico? Se existe, como consegui-lo? (SELIGMAN, 2019 p.136).