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Neste diapasão, procura descrever o emaranhamento de sujeitos, teoria e
símbolos religiosos que têm circulado na esfera pública e colocado em diálogos grupos
e indivíduos, tensionado as relações entre os campos religiosos em sua interface com a
política, com a educação e com o patrimônio. Reúnem-se aqui trabalhos que
consideram os contextos brasileiro, cubano e senegalês, a partir de matrizes religiosas
africanas, cristãs e muçulmanas. São trabalhos que observam o fenômeno religioso a
partir das noções de cultura e patrimônio, atuação da juventude, assistência social e
processos educacionais. Ao apresentar este entrecruzamento de pesquisas,
pretende-se, portanto, compor um quadro que nos permita compreender quais são os
temas emergentes e como as pesquisas antropológicas têm analisado o fenômeno
religioso contemporaneamente.
No contexto brasileiro, no artigo intitulado “Reflexões sobre os processos de
tombamento de terreiros em São Paulo”, Vagner Gonçalves da Silva e José Pedro da
Silva Neto abordam a tramitação dos processos de tombamento material e registro
imaterial dos terreiros paulistas no Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico,
Arqueológico e Artístico (Condephaat), incluindo os debates ocorridos no âmbito do
grupo de trabalho “Territórios tradicionais de matriz africana tombados em São Paulo”.
Ao olhar para o contexto senegalês e a presença pública da juventude islâmica,
Mody Ndiogou Faye interessa-se pela atividade religiosa contemporânea sob um
ângulo sociopolítico, fazemos dela a resposta às aspirações estatutárias de uma
categoria de indivíduos que têm dificuldade em se situar, ou até mesmo se inserir, em
um tipo de sociedade com a qual não se identificam. Especificamente, o artigo
“Religion et espace public: regard sur le sens de la visibilité religieuse de la jeunesse au
Sénégal” (Religião e espaço público: um olhar sobre o significado da visibilidade
religiosa da juventude no Senegal) trata de inscrever a experiência religiosa de grupos
minoritários em modos de representação que convidam a repensar o sentido do
engajamento político e religioso.
Voltado para o lado ocidental do Atlântico, Yumei de Isabel Morales Labañino
no seu artigo “Circuitos do axé, circulação e visibilização da Santeria cubana na esfera
pública habanera” toma a cultura material como campo empírico de observação, para
refletir sobre a presença na esfera pública de símbolos da Santería (Regla de Ocha).
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Revista Desenvolvimento Social, vol. 30, n. 1, jan/jun, 2024
PPGDS/Unimontes-MG