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origem ioruba, nos quais os laços de parentesco consanguíneo se
sobrepõem aos de parentesco mítico-religioso formados por meio das
iniciações. Neste sentido, é uma comunidade que rompe a clássica divisão
ocidental entre o sagrado e o profano presente nas religiões monoteístas.
Os orixás habitam o cotidiano das pessoas que habitam aquele espaço
como uma presença constante orientando as mínimas ações do dia a dia".
Além disso, o Ilê Olá, considerando suas instalações em terreno de grandes
proporções, cerca de 5.000 m2, com vegetação densa e presença da represa,
permite a prática do candomblé de forma privilegiada, que muitas vezes não
é possível para muitos terreiros localizados em áreas urbanas. A visita
realizada ao local permitiu perceber uma grande preocupação com os filhos
da casa, na valorização do papel da mulher no cotidiano do terreiro, nos
cuidados com a manutenção das instalações para uso ritualístico, além de
haver forte atuação das lideranças do Ilê Olá na defesa e preservação das
religiões de matriz africana. Deste modo, entendemos que o Ilê Olá Omi Axé
Opô Aràkà apresenta características que justificam sua proteção, sugerindo
abertura de processo.40
Santuário Nacional da Umbanda: Considerando que: A umbanda é uma
religião que, ao longo de sua história, buscou se firmar como brasileira,
trazendo em suas práticas a diversidade cultural paulista, com culto a orixás
e entidades que, reconhecidamente, fazem parte da identidade popular do
Estado como o caboclo, preto-velho, baiano, boiadeiros; o Santuário
Nacional da Umbanda se configura como um espaço de referência para as
práticas umbandistas, sendo historicamente utilizado para este fim desde a
década de 1960, antes mesmo da existência de uma estrutura para tanto;
congrega em seu espaço as práticas de diversos terreiros de umbanda do
Estado de São Paulo em um único espaço; conta com diversas estruturas e
recursos naturais, que permitem a realização de trabalhos religiosos,
oferendas e outros rituais ligados, principalmente, à umbanda; passou por
um longo processo de recuperação ambiental e tem sido objeto de cuidados
por parte de seus usuários; – somos pela abertura do processo de estudo de
tombamento da área do Santuário Nacional da Umbanda.41
Em todos os processos foi proposta uma recomendação comum:
Ressaltamos que no âmbito do ETGC – Escritório Técnico de Gestão
Compartilhada foi criado um grupo de trabalho para discussões sobre
patrimônio imaterial. Além disso, os representantes dos terreiros, em
conjunto com o Departamento de Antropologia da USP, na pessoa do Prof.
Vagner Gonçalves da Silva, e o Fórum para as Culturas Populares
Tradicionais, representada por Pedro Neto, criaram um fórum de discussões
41 Resumo nosso do parecer técnico UPPH n. GEI 637/2018 (Santuário Nacional da Umbanda).
40 Resumo nosso do parecer técnico UPPH n. GEI 593/2018 (Ilê Olá Omi Asé Opo Araka).
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Revista Desenvolvimento Social, vol. 30, n. 1, jan/jun, 2024
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