https://doi.org/10.46551/issn2179-6807v30n1p87-112
Vol. 30, n. 1, jan/jun, 2024
ISSN: 2179-6807 (online)
REINO E TERRITÓRIO: TEMPLO DE SALOMÃO E AS TECNOLOGIAS DE
OCUPAÇÃO URBANA DA IGREJA UNIVERSAL
Jacqueline Moraes Teixeira1
Recebido em: 04/09/2024
Aprovado em: 18/09/2024
Resumo: Este artigo descreve a Igreja Universal, sua performance de ocupação urbana, suas
estratégias de visibilidade e de materialidade do sagrado por meio de suas pedagogias gestoras
de população e por suas estratégias de ocupação dos espaços urbanos, algo que resulta, no
ano de 2014, na construção do Templo de Salomão. A hipótese geral que orienta esta reflexão
é de que, ao contrário do que comumente se imagina, religiões não produzem religiosos,
igrejas não produzem fiéis. E sim, de que constituem máquinas de produção incessante de
corpos civis ao incitar determinadas pedagogias eróticas, bem como a regulação da afetividade
e das relações de gênero e do sexo. Esta abordagem abre margem para se possa pensar, e este
é o principal objeto deste trabalho, a intersecção entre processos de subjetivação, poder
pastoral e esfera política.
Palavras-chave: Igreja Universal. Poder Pastoral. Templo Salomão. Sujeitos Políticos.
Assembleia.
KINGDOM AND TERRITORY: SOLOMON'S TEMPLE AND THE TECHNOLOGIES OF URBAN
OCCUPATION OF THE UNIVERSAL CHURCH
Abstract: This article describes the Universal Church, its performance of urban occupation, its
strategies of visibility and materiality of the sacred through its population management
pedagogies and its strategies of occupation of urban spaces, something that results, in 2014, in
the construction of the Temple of Solomon. The general hypothesis that guides this reflection is
that, contrary to what is commonly imagined, religions do not produce religious, churches do
not produce believers. Rather, they constitute machines for the incessant production of civil
bodies by inciting certain erotic pedagogies, as well as the regulation of affectivity and gender
and sex relations. This approach opens the door to thinking, and this is the main object of this
work, the intersection between processes of subjectivation, pastoral power and the political
sphere.
Keywords: Universal Church. Pastoral Power. Solomon Temple. Political Subjects. Assembly.
1Professora Adjunta do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília (UnB) e do Programa de
Pós-Graduação em Sociologia (PPGSOL UnB). Atua também como Professora Colaboradora no
Programa de Pós Graduação em Educação (USP) e como pesquisadora do CEBRAP. ORCID iD:
https://orcid.org/0000-0001-9884-353X. E-mail: jamoteka@gmail.com
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REINO Y TERRITORIO: EL TEMPLO DE SALOMÓN Y LAS TECNOLOGÍAS DE OCUPACIÓN URBANA
DE LA IGLESIA UNIVERSAL
Resumen: Este artículo describe la Iglesia Universal, su performance de ocupación urbana, sus
estrategias de visibilidad y materialidad de lo sagrado a través de sus pedagogías de gestión
poblacional y sus estrategias de ocupación de espacios urbanos, algo que resulta, en 2014, en
la construcción del Templo de Salomón. La hipótesis general que guía esta reflexión es que,
contrariamente a lo que comúnmente se imagina, las religiones no producen religiosos, las
iglesias no producen creyentes. Más bien, constituyen máquinas para la producción incesante
de cuerpos civiles incitando a ciertas pedagogías eróticas, así como a la regulación de la
afectividad y las relaciones de género y sexo. Este enfoque abre la puerta al pensamiento, y
este es el objeto principal de este trabajo, la intersección entre los procesos de subjetivación, el
poder pastoral y la esfera política.
Palabras clave: Iglesia Universal. Poder pastoral. Templo de Salomón. Sujeitos Políticos.
Asemblea.
INTRODUÇÃO
No presente texto, não se pretende pensar a IURD, ou mesmo as religiões, a
partir de uma chave conceitual ontológica que associe as práticas de seus
frequentadores a uma concepção teleológica ou cosmológica de mundo, fixando
escolhas, identidades e processos de reconhecimento a um conjunto de dogmas
teológicos. Mas sim, pensar organizações religiosas enquanto tecnologias produtoras
de modelagens de sujeitos, bem como, de sentidos para concepções de direitos e vida
civil, tão em disputa na arena pública nacional (Asad, 2008; Giumbelli, 2002, Montero,
2012).
O primeiro movimento analítico nesse sentido consiste em conceber igrejas
enquanto tecnologias agenciadoras de condutas que produzem indivíduos por meio da
elaboração e do aprimoramento contínuo das técnicas de assembleia. Para tanto,
tornou-se imprescindível etnografar algumas dessas formas de assembleia,
ponderando sobre as modelagens e a materialidade que engendram tanto um sujeito
da prosperidade, quanto um espaço legítimo para sua atuação. Outro exercício
analítico foi formular, a partir do diálogo com alguns referenciais teóricos, como Asad
(2003), Foucault (2014) e Butler (2015), às seguintes indagações: De que maneira a
igreja se torna uma gramática de operação para modelagens individuais, governo das
condutas e narrativas públicas de si? Como as conhecidas técnicas religiosas de
anunciação de si, tais como confissão e testemunho, são ressignificadas ao serem foco
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de novas linguagens de mídia? E como a igreja, na qualidade de tecnologia agenciadora
de condutas e produtora de sujeitos, também é produzida enquanto sujeito na disputa
pela fala legítima no debate público acerca dos direitos sexuais e de gênero?
A hipótese geral que orienta esta reflexão é de que, ao contrário do que
comumente se imagina, religiões não produzem religiosos, igrejas não produzem fiéis.
E sim, de que constituem máquinas de produção incessante de corpos civis ao incitar
determinadas pedagogias eróticas, bem como a regulação da afetividade e das
relações de gênero e do sexo. Esta abordagem abre margem para se possa pensar, e
este é o principal objeto deste trabalho, a intersecção entre processos de subjetivação,
poder pastoral e esfera política.
Para introduzir a proposta analítica que sugere pensar a igreja como uma
tecnologia produtora de sujeitos por meio do treino e da elaboração contínua das
técnicas de ajuntamento, governo das condutas e narrativas públicas de si –, torna-se
imprescindível situar o conceito de religião, tendo como ponto de partida a concepção
de “religião pública” (Montero, 2016).
Conceber a religião como, ao mesmo tempo, constituída e constituidora do
público na medida em que agencia tecnologias de visibilidade e reconhecimento de
sua ação no mundo, permite recolocar em novos termos a questão da função social da
religião. De modo que sua materialidade deixe de ser vista como, exclusivamente, da
ordem do religioso para ser compreendida como uma instância cuja finalidade e
produto é sempre fruto de um processo que envolve disputas e negociações.
Partindo do argumento de que igreja e sujeitos são efeitos de um mesmo
arranjo de práticas que maturam técnicas de governo e gestão de população,
desenvolvo organizando os acontecimentos em dois momentos, no primeiro discorro
sobre a gestão espacial da IURD, sua linguagem de ocupação urbana e a arquitetura
dos templos. No segundo momento falo sobre as campanhas para a construção do
Templo de Salomão e a ideia de nação universal; discorro sobre o ano de 2014, a
comemoração do trigésimo sétimo aniversário da IURD, a inauguração do Templo de
Salomão; a presença da igreja na arena pública enquanto “linguagem não religiosa”,
algo que certamente aciona discursos e produz lugares de poder que extrapolam o
espaço institucional, o que permite pensar a intersecção entre processos de
subjetivação, poder pastoral e a arena política.
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IGREJA UNIVERSAL COMO TECNOLOGIAS DE OCUPAÇÃO URBANA
A fundação da Igreja Universal se deu por meio de um arranjo familiar, Romildo
Ribeiro Soares, casado com Elcy, irmã mais velha de Edir Macedo, que era
missionário e havia sido ordenado pastor na Igreja Vida Nova, convidou Macedo para
juntos abrirem uma igreja. Em seu curto período de existência a igreja recebeu dois
nomes Cruzada do Caminho Eterno eIgreja da Benção. Apenas em 1977 começam as
reuniões da IURD, que ocorriam num coreto da praça central do bairro do Meyer. Três
anos após a fundação da IURD, os cunhados se separam, a discordância se deu por
conta de pensamentos divergentes acerca dos projetos de expansão da igreja, R.R.
Soares acreditava que para expandir era importante abrir um local para reuniões na
cidade de São Paulo, Macedo, por sua vez acreditava que desde o início a IURD tinha
que se colocar como um projeto transnacional, e abrir um ponto de reuniões na cidade
de Nova Iorque, nos Estados Unidos. Após a separação entre ambos, R.R. Soares se
mudou para a cidade de São Paulo onde fundou, em 1980 a igreja (Igreja Internacional
da Graça de Deus IIGD) (Tavolaro & Macedo, 2013)2.
Divergências em relação a proposta religiosa e aos métodos evangelistas da
IURD não ocorreram apenas entre os sujeitos que trabalharam para sua fundação, mas
também em outras instâncias, o reconhecimento público da IURD enquanto igreja
sempre se deu por meio de agenciamentos e pela disputa pelo reconhecimento
público da sua atuação enquanto religião. Na segunda metade da década de 1980, a
IURD ganhou certa evidência com a transmissão de seus cultos via rádio e televisão,
além da realização de ritos públicos em estádios de futebol, em 1987 ocorreu uma das
primeiras concentrações promovidas pela igreja em um estádio de futebol (Maracanã,
Rio de Janeiro). Anos depois, em 1992, um evento semelhante reuniu no mesmo local
cerca de 230 mil pessoas. Desde então, noticiários de grandes emissoras de televisão e
da mídia impressa passaram a publicar matérias sobre a IURD, explorando, sobretudo,
seu método de arrecadação de dinheiro (Gomes, 2004; Almeida, 2009).
Em 1990 foi ao ar pela (extinta) Rede Manchete o Programa Documento
Especial, que exibiu uma série intitulada Seitas evangélicas: Igreja Universal. O
2Mariano (1999), Gomes (2004) e Scheliga (2010) trazem informações mais detalhadas sobre o histórico
de fundação da IURD.
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programa mostrou em quatro capítulos imagens dos cultos, entrevistas com fiéis, com
pastores, etc. Foi a primeira vez que uma emissora de televisão exibiu uma série de
programas sobre uma instituição religiosa classificada como evangélica. A série deu
ainda mais visibilidade às práticas da IURD, colocando Macedo como suspeito em uma
investigação sobre práticas ilícitas de curandeirismo e charlatanismo, Macedo foi
indiciado pelo crime de charlatanismo em 1992, ano em que teve sua prisão decretada.
Outro exemplo que posso citar a esse respeito é uma reportagem exibida pela Rede
Globo em 1995 que mostra os bispos da IURD carregando e dividindo sacos de dinheiro
(Teixeira, 2014).3
Em 1995 ocorreu um dos eventos certamente mais citados sobre a IURD,
conhecido como chute na santa” o evento emergiu devido a ão de um bispo
durante as vésperas de se comemorar o dia de Nossa Senhora Aparecida, tocou uma
réplica da santa com um dos pés, durante a transmissão ao vivo de um dos programas
televisivos da IURD de maior audiência na época, Despertar da Fé (Mariano, 1999);
Almeida, 2009 e Scheliga; 2010).
Outro episódio que marcou a trajetória da IURD a projetando novamente no
cenário nacional como uma associação perigosa, de função religiosa duvidosa, foi a
compra da Rede Record, em 1989. Para dar seguimento às negociações de compra com
Sílvio Santos e a família Machado de Carvalho, donos da emissora na época, Macedo
usou dois representantes que não revelaram quem era o “misterioso empresário”
interessado em comprar uma emissora afundada em dívidas. As negociações ficaram
sob a responsabilidade de Demerval Gonçalves (que continuou em cargo executivo na
Record até sua morte, em 2017) e Laprovita Vieira (que era pastor e tinha sido
deputado federal), Edir Macedo que vivia em Nova Iorque, trabalhando na implantação
de dois templos da IURD, se revelou como comprador da emissora, no momento da
assinatura do contrato de compra, segundo ele, agiu dessa forma por acreditar que os
proprietários da emissora não negociaram com ele (Tavolaro & Macedo, 2013).
A compra da Record certamente simbolizou uma importante estratégia de
expansão da igreja ao estabelecer um espaço legítimo para sua atuação midiática,
abrindo margem para Edir Macedo como um empresário na disputa por visibilidade.
3Ver www.youtube.com/watch?v=7merR5hTNoY e www.youtube.com/watch?v=ao9oPyLkBy4.
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Esse processo produziu mudanças importantes que fundamentaram algumas das
políticas de ação da IURD na arena pública. Para se ter uma ideia, na primeira década
deste século era possível encontrar sob o registro de propriedade da IURD ou de
pessoas físicas associadas à igreja 62 emissoras de rádio, além de emissoras de
televisão tais como a Rede Record que reúne outras 63 emissoras das quais 21 são
diretamente ligadas a Igreja Universal. Ainda no cenário da mídia televisiva, em 2008 a
TV Record expandiu-se como canal de TV a cabo inaugurando a Record News, que a
exemplo dos canais fechados dirigidos pelas emissoras Rede Globo e Bandeirantes, tem
nos noticiários seu carro chefe (Antônio, 2012).
Para além das relações no campo da mídia, a compra da Record também
permitiu a produção de novas estratégias de expansão e de ocupação de espaços
urbanos. A primeira delas consistiu num investimento maciço para expandir a igreja na
cidade de São Paulo. Após a compra da Rede Record, Macedo volta para o Brasil com
sua família e fixa residência na cidade de São Paulo, onde abre, numa importante
avenida do bairro de Santo Amaro, o maior espaço para reuniões da IURD na cidade.
Os primeiros pontos de culto da IURD em São Paulo, datam da primeira metade da
década de oitenta, mas foi somente a partir da década de noventa que a liderança mais
importante da igreja passou a residir na cidade, e um processo árduo de formação de
novas lideranças também passou a ocorrer. Esse projeto de expansão se deu
fundamentalmente vinculados a uma política de expansão urbana que se deu por meio
dos eixos geográficos sul e leste da cidade de São Paulo, representadas pelo templo
construído no bairro do Brás e pela Catedral da Fé, que a o ano de 2014 era a
construção mais importante da IURD na cidade.
Ao mesmo tempo em que algumas agências tais como a Rede Globo, entidades
da Igreja Católica, líderes de denominações evangélicas e mesmo alguns órgãos do
próprio Estado produziam laudos e reportagens que contribuíram para a formação de
um imaginário da IURD como seita arquitetada e difundida por um único falsário, seu
fundador, a igreja concentrou-se em se estabelecer como agência proprietária e
agenciadora de espaços públicos, por meio da compra de terrenos bem localizados em
grandes metrópoles e da construção de grandes catedrais (Almeida, 2004).
A década de noventa foi essencial no projeto de expansão da Igreja Universal, e
segundo a própria leitura de Macedo acerca dessa evidência, sua prisão, no ano de
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1992, teria sido um evento desencadeador desse crescimento. Em 1999 a IURD possuía
quatro mil igrejas em todo o país, além de centenas de igrejas e ministérios
consolidados em outros continentes (Tavolaro & Macedo, 2012).
No início da primeira década do século XXI o número de igrejas espalhadas pelo
Brasil havia dobrado. Segundo o censo de 2010, 1,873 milhão de pessoas
frequentam a Igreja Universal assiduamente, algo que representa 0,9% da população
do país. Esses dados foram trabalhados por Tiago (2017), que conseguiu espacializar
esses dados em mapas e gráficos que ajudam a entender a linguagem de expansão que
dialoga com os processos de ocupação e de gentrificação urbana.
Esse primeiro mapa foi construído a partir dos dados do IBGE 2010, por ele é
possível ver a proporção de pessoas declarantes membros da Igreja Universal entre a
população residente em cada município brasileiro.
Mapa 1. Brasil - Porcentagem de fiéis da Igreja Universal por Município4
4Agradeço a Gustavo Aires Tiago pela disponibilização dos mapas e gráficos produzidos por ele em seu
relatório de pesquisa intitulado: A Igreja Universal e seus círculos: Uma análise estrutural da Igreja
Universal do Reino de Deus no Brasil.
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Tiago (2017) fez um trabalho minucioso de catalogação e espacialização dos
templos da Igreja Universal no Brasil e em Portugal (país europeu onde a IURD mais
cresceu), no caso do Brasil é possível entender um pouco os sentidos de uma ocupação
dos espaços urbanos pela quantidade de Sedes Nacionais, Estaduais e Municipais
distribuídas por estado. Como se pode observar a tabela abaixo apresentada, alguns
estados não possuem uma sede nacional, outros possuem mais de uma Sede Estadual,
é possível perceber também que a extensão territorial dos estados não corresponde à
distribuição igualitária de Sedes Municipais.
Gráfico 1. Número de Igrejas Regionais e Comuns por UF
Fonte: IURD 2016. Elaborado por Gustavo Tiago
A tabela permite ressaltar dois resultados que parece interessante ressaltar
para se pensar as estratégias de ocupação urbana, primeiro, é interessante observar a
distribuição da Igreja Universal no Pará que diferentemente de como ocorre na maioria
dos estados nacionais, o número de sedes regionais é expressivamente maior do que o
de igrejas comuns. O Pará é o estado brasileiro com o maior índice de frequentadores
assíduos por templo, o número chega a 658 fiéis por templo. Isso certamente ajuda a
explicar o investimento em Sedes Regionais em detrimento da construção de espaços
menores. Em segundo lugar, a tabela revela que o Estado de São Paulo possui a maior
quantidade de templos, são 950 em todo o estado. Tais templos com infraestrutura
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diferenciada e com extensão cuja capacidade de lotação é superior a templos
encontrados em outras regiões do país, mesmo quando categorizados como Sede
Regional (Tiago, 2017).
Entre os anos de 2008 a 2011, Ronaldo Almeida coordenou uma relevante
pesquisa cujo foco foi pensar a ocupação urbana das religiões na Região Metropolitana
de São Paulo (RMSP), no Centro de Estudos da Metrópole (CEM), dentre os resultados
da pesquisa, cabe destacar a relação percebida entre espaços para reuniões religiosas e
pequenos centros que concentram de equipamentos urbanos. Essa dinâmica de
atuação e ocupação do espaço urbano é utilizada pela IURD na medida em que
organiza sua política de expansão pensando cada uma das suas categorias de templo e
seu potencial enquanto equipamento urbano (Almeida e Montero, 2001 e Almeida,
2009).
A estratégia de expansão por regiões urbanas de grande circulação também
funciona como técnica de visibilidade e de movimento. De movimento por contribuir
para a produção de um fluxo de circulação de pessoas, e de visibilidade por se fixar
enquanto equipamento em pontos muito estratégicos, regiões que são foco de
inúmeras disputas. Esse é o caso da Avenida Celso Garcia, no bairro do Brás,
importante corredor de ligação das regiões central e leste da cidade de São Paulo, que
se tornou alvo de disputas de inúmeras igrejas cristãs para manter ou construir a sede
de suas denominações nessa região, algo que vem sendo chamado de corredor da
fé”5.
Recuperando a noção de “política da prosperidade” e o exercício de se pensar
igreja enquanto uma tecnologia de gestão de população, é possível perceber que a
Igreja Universal sempre se coloca em territórios de economia mista, porém com
intensa circulação de sujeitos precários. Os templos construídos nessas regiões
tornam-se equipamentos de encontro e de apoio, aglutinando o oferecimento de uma
multiplicidade de serviços assistenciais. A quantidade e a natureza dos serviços
oferecidos variam de acordo com o tamanho do espaço, que por sua vez, tem seu
tamanho vinculado à tipologia de templo à qual pertence.
5O processo de gentrificação religiosa no Brás é tratado por João Enicélio em sua dissertação de
mestrado, que pode ser acessada em: http://tede.mackenzie.br/jspui/handle/tede/2460
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Dentro da tipologia de templos construídos pela Igreja Universal na cidade de
São Paulo os Templos Comuns são os produzidos em maior escala, são templos
menores, com capacidade de acomodação de pessoas que pode variar em trezentas e
setecentas, tem um pastor responsável e, dependendo do tamanho pode ter alguns
pastores auxiliares. As Sedes Regionais são templos maiores, com capacidade mínima
para mais de quinhentas pessoas, nas Sedes Regionais, além dos pastores também
um bispo responsável pela igreja local e pelo ajuntamento de igrejas da região. Uma
região com muitos templos de grande porte, costuma receber mais de uma Sede
Regional e, consequentemente, mais de um bispo.
As Sedes Municipais e Estaduais são templos cuja capacidade mínima é de duas
mil pessoas, elas têm muito mais pastores e mais de um bispo na coordenação. Na
cidade de São Paulo também a Sede Nacional, que consiste em mega catedrais com
capacidade mínima para cinco mil pessoas dirigida pelos bispos mais importantes na
hierarquia da Igreja, tal posição é definida pela conjugação do tempo de pertencimento
a IURD e parentesco com corpo eclesiástico fundador da igreja.6
Nos mapas desenvolvidos por Tiago (2017), é possível visualizar a distribuição
dos templos considerando a tipologia, e cruzar com índices de densidade demográfica
e de vulnerabilidade social. No primeiro mapa é possível captar por região os índices
de vulnerabilidade social da cidade de São Paulo. O segundo mapa mostra os templos
da Igreja Universal distribuídos sobre a mesma organização gráfica do mapa anterior,
os círculos concêntricos, representam as regiões onde a IURD concentra o maior
número de templos.
6Cabe ressaltar que a capacidade de frequentadores em cada um dos templos da tipologia aqui
apresentada é um dado de campo, logo, pode haver variações que a pesquisa de campo não deu conta
de abranger.
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Mapa 2. Município de São Paulo em Regiões e Distritos - IPVS 2010 por setor censitário
+
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Mapa 3. de fiéis por Distrito do Município de São Paulo e localização dos templos da IURD por categoria
+
Uma análise espelhada desses mapas ajuda a compreender as estratégias da
Igreja Universal para ocupação dos espaços urbanos na cidade de São Paulo. Primeiro,
é possível perceber que os templos da IURD, independentemente de sua classificação,
são construídos em regiões de alta densidade demográfica, como é o caso dos bairros
de Campo Limpo, Capão Redondo, Jardim Ângela e São Luiz, importantes centros da
zona sul da cidade, com alta densidade populacional e concentrando a maior
quantidade de templos da IURD. Além de concentrar índices elevados de densidade
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populacional, grande número de templos, Jardim Ângela, Capão Redondo e Campo
Limpo, são consideradas áreas mistas de vulnerabilidade social, ou seja, a maior parte
dos Templos se concentram em regiões onde a população possui entre baixo, médio e
alto índice de vulnerabilidade social7.
Ainda na Zona Sul, os bairros do Jabaquara e Cidade Ademar apresentam as
mesmas características, alta densidade demográfica, área mista de vulnerabilidade
social e muitos templos. A mesma concentração de templos ocorre na região do Grajaú
e Cidade Dutra. O bairro de Parelheiros, considerado o de maior extensão geográfica
da região Sul de São Paulo, possui apenas 16 templos da Igreja Universal, dentre eles,
três são Sede Regionais, ou seja, são templos que comportam entre quinhentos e mil
frequentadores. Parelheiros é a região onde se concentra baixo índice populacional e
não apresenta índices mistos de vulnerabilidade social.
Esse mesmo quadro se repete na Zona Leste da cidade de São Paulo, os bairros
Vila Formosa, Aricanduva, Sapopemba e São Lucas aparecem nos mapas como regiões
de alta densidade populacional. Sapopemba e Aricanduva concentram grande parte
dos templos na região, e também são considerados áreas mistas de vulnerabilidade
social. Outra região com uma correlação de grande número de templos, alta
densidade populacional (x > 11.500) e área mista de vulnerabilidade social é a região
de Jaçanã e Vila Medeiros na, Zona Norte da cidade.
As regiões Leste e Sul são as que concentram a maior densidade populacional
da cidade de São Paulo, bem como a maior quantidade de templos, ambas abrigam os
dois maiores templos da Igreja Universal na cidade de São Paulo, que também
funcionam como Sede Nacional, a saber, a Catedral da Fé, na Avenida João Dias no
bairro de Santo Amaro, inaugurado em 1998, e o Templo de Salomão, que também
recebeu o título de Sede Mundial, e que foi inaugurado em julho de 2014.
Sedes Nacionais, Estaduais e Regionais concentram os programas assistenciais
mais importantes da Igreja Universal, elas também costumam ficar abertas por muito
mais horas, no caso da Catedral da por exemplo, local onde realizei a maior parte
das pesquisas de campo até meados de 2014, seu funcionamento é entre 6h e 0h, com
horário de funcionamento diferenciado quando eventos durante a madrugada. Os
7Para consultar os princípios classificadores de índices de vulnerabilidade social acessar:
http://produtos.seade.gov.br/produtos/ivj/index.php?tip=map&mapa=2
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templos maiores, acabam distribuindo as atividades e projetos da igreja para outros
prédios próximos à localização do Templo, de modo que, a presença de um grande
templo num espaço vai, aos poucos, fazendo o próprio território da IURD se expandir.
Em Santo Amaro, prédios administrativos que abrigam projetos e empresas
relacionadas à igreja nos arredores da Catedral.
Os projetos assistenciais são ordenados por uma divisão geracional e de gênero.
Em algumas regiões do país projetos voltados para questões étnico-raciais, como é
o caso da Sede Nacional da Bahia, localizada na cidade de Salvador, e de uma Sede
Regional na baixada fluminense, no estado do Rio de Janeiro, tais projetos suscitaram
na criação do Dia Universal do Orgulho Negro, que passou a ser comemorado nessas
duas regiões de igrejas a partir de 2014.
As políticas de ação social e assistência sempre fizeram parte das plataformas
de expansão da Igreja Universal. Ainda na década de oitenta, começou na cidade do
Rio de Janeiro, o Projeto Ler e Escrever, inicialmente o projeto funcionava oferecendo o
antigo curso Mobral com programas de alfabetização e de preparação ou como
equipamento para o oferecimento de supletivos para o Ensino Fundamental e Médio.
Em 1997 o projeto foi implantado na cidade de São Paulo, e mesmo funcionando em
várias Sedes Regionais e até em Templos Comuns, nas Sedes do bairro do Brás e de
Santo Amaro o projeto possui um pequeno prédio com estrutura para seu
funcionamento contínuo, nesses espaços o projeto oferece também cursos de idiomas
e um cursinho pré-vestibular.
Um dos projetos assistenciais mais conhecidos da Igreja Universal foi o Projeto
Nova Canaã, criado em 1999 e coordenado pelo Bispo Marcelo Crivella, sobrinho mais
velho de Edir Macedo e atual prefeito da cidade do Rio de Janeiro. O projeto
funcionava como uma espécie de fazenda ou comunidade comunitária, o projeto existe
até hoje e situa-se na cidade de Irerê, sertão da Bahia.
Em se tratando de projetos com representatividade civil como organização não
governamental, na cidade de São Paulo por exemplo, em 1992 a IURD adquiriu a
Associação Brasileira de Assistência e Desenvolvimento Social (ABADS), antiga
Associação Pestalozzi, que desenvolvia um projeto específico para pessoas com
deficiência, hoje a ABADS existe nas Zonas Leste e Norte da cidade, e seu foco de ação
são projetos de formação musical e profissional para jovens e adolescentes. A segunda
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entidade criada para desenvolver atividades assistenciais foi a Associação de Mulheres
Cristãs (AMC), fundada em 1995 também na cidade de São Paulo, que passou a
oferecer cursos de formação profissional específicos para mulheres. também o
batalhão de voluntários que recebe treinamento para atuar como evangelistas em
hospitais, presídios, na Fundação Casa, em asilos, e em delegacias de mulheres (como
demonstrarei no capítulo seguinte).
A Força Jovem Universal (FJU) é seguramente um dos projetos mais antigos e
com enorme potencial agregador. Criado em 1986, também na cidade do Rio de
Janeiro, o projeto tinha como objetivo inicial recuperar jovens usuários de drogas ou
jovens que tinham cometido algum delito. Com o decorrer dos anos passou a atuar em
inúmeras frentes, desenvolvendo projetos com cursos de artes, programas de
preparação para o ingresso em curso superior, e programas de ensino e incentivo a
práticas esportivas. No Rio de Janeiro e em São Paulo, por exemplo, a FJU abriu
academias para treino de artes marciais, com o intuito de formar atletas, vários dos
atletas formados nos projetos da FJU aparecem nos depoimentos da campanha “Eu
sou a Universal” que também será tratada no capítulo seguinte8. A maioria dos
projetos apresentados acima também existem em outros países, porém recebem
outros nomes.
De fato, nos últimos anos a atuação social da Igreja Universal se voltou para
projetos exclusivamente orientados para questões de gênero e para relações afetivas,
esses projetos rapidamente se transnacionalizaram, não tiveram seus nomes ou marcar
modificados porque desde o início receberam um nome em língua inglesa, trata-se dos
projetos idealizados pelo casal Cardoso: Godllywood,Intellimen eThe Love School (ver
Teixeira, 2012 e 2016). Diferente de como ocorreu em outros projetos importantes nas
políticas de atuação da IURD, esses projetos firmaram sede desde o início na cidade de
São Paulo, e emergiram durante o processo de construção e fundação do Templo de
Salomão, que é um equipamento essencial para gestão de população.
8Para saber mais sobre a Força Jovem Universal é possível consultar a tese de doutorado de Carlos
Andrade Rivas Gutierrez.
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TEMPLO DE SALOMÃO E AS TECNOLOGIAS DE GESTÃO DE POPULAÇÃO
Ao etnografar o processo de construção das grandes catedrais da Igreja
Universal no final dos anos noventa e no início deste século, Gomes (2004) observou o
modo como noções de memória e autenticidade são performatizadas por meio desses
empreendimentos arquitetônicos, constituindo símbolos e uma memória que remete a
consolidação da IURD como religião. Nas campanhas que fomentaram as grandes
construções foi possível acompanhar a circulação constante de um conjunto de
categorias “perseguição, revolta, sacrifício e conquista” nos testemunhos e nos
rituais, configurando o que a autora denomina de circuito da conquista. Na produção
narrativa desse mito de origem, a igreja fundamenta sua identidade, mobilizando os
elementos que lhes servem como sinais de autenticidade e permanência. Neste
movimento de constituição de uma identidade religiosa legítima a narrativa da
conquista, presente no discurso oficial da igreja, foi extremamente relevante e atuou
como princípio norteador para a elaboração e implementação da "era das catedrais"
(Gomes, 2004: 19).
Parafraseando a tipologia criada por Gomes, é possível afirmar que na segunda
década do século XXI inaugura-se na Igreja Universal a era dos Templos”, pois um
projeto institucional de construção de outros Templos, mesmo em extensão menor ao
construído em São Paulo. Durante a construção do Templo de Salomão, as categorias
“perseguição, revolta, sacrifício e conquista”- também foram extensamente operadas
durante os quatro anos de campanha e construção, porém, para além dessa dinâmica
comum aos eventos da IURD, durante a construção do Templo de Salomão
mobilizou-se de inúmeras maneiras, a categoria “reconhecimento”. A compra de um
quarteirão no bairro do Brás, bairro central e importante centro de comércio da cidade
de São Paulo, foi uma prova do “reconhecimento” dado por Deus à IURD por
desenvolver sua missão. Alguns grupos de pessoas judias que aos poucos se juntavam
e iam “reconhecendo” o templo construído como um memorial cultural. A população
da cidade de São Paulo precisava “reconhecer o Templo de Salomão como dádiva, um
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espaço de todos, e não um espaço da Igreja Universal, ao mesmo tempo que, quando
olhassem para ele deveriam “reconhecer a identidade da Igreja Universal.9
As campanhas para a construção do templo começaram ainda em 2010, com o
culto de lançamento da pedra fundamental. Com ela também foram lançados
inúmeros desafios para a arrecadação de ofertas em prol da construção. No sistema de
trocas iniciado por conta do templo, houveram doações que receberam em troca uma
réplica do templo, como um “reconhecimento” memorial de sua contribuição, outras
pessoas que fizeram doações maiores tiveram seus nomes talhados no verso da pedra
fundamental, para tornar pública e histórica a participação. Também houve incentivo
para a doação de joias e de ouro em espécie que seriam derretidos e usados no
revestimento do templo.
Em 2012, um novo mutirão de ofertas foi realizado, mas desta vez, a campanha
se estendeu para os demais países com catedrais da Igreja Universal. O texto que
circulou no Brasil nas redes de informação da igreja foi o seguinte:
Mutirão da 10
Deus é representado pelo Seu povo na Terra.
As ofertas exprimem sentimento de fé, louvor e gratidão para com o
Senhor.
Quem disposição ao coração para ofertar?
Quem é capaz de mover milhões de pessoas num espírito, numa
fé e num coração para tornar possível Um Único Sonho?
Certamente, não é o diabo, nem os governos e muito menos
empresários ou mesmo uma única pessoa humana, senão o Próprio
Deus Altíssimo.
O mutirão da fé está lançado.
Quem se achar movido para fazer parte desta Obra, com certeza, é
porque foi tocado pelo Espírito de Deus.
As ofertas em espécie deverão ser depositadas numa das contas:
Bradesco
Agência: 3396-0
C/C: 0240-2
Banco do Brasil
10 https://blogs.universal.org/bispomacedo/2012/07/19/mutirao-da-fe/ (acessado em 2018)
9“Desejamos que todo mundo que passe aqui, seja de ônibus, ou a pé, que seja até de Helicóptero, que
olhe para cá e veja a cidade de São Paulo, porque esse Templo será da cidade de São Paulo, mas que
também olhe e veja a Igreja Universal do Reino de Deus, porque esse Templo é nosso testemunho”
(Trecho do discurso de Edir Macedo no culto de lançamento da pedra fundamental do Templo de
Salomão, em julho de 2010 reproduzido aqui a partir da transcrição da gravação de seu discurso).
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Agência: 3221-2
C/C: 1257-2
As ofertas em ouro, prata ou bronze deverão ser entregues em uma
das Igrejas Universal do Reino de Deus.
Amém.
Enquanto o templo ia sendo construído em tom de mistério na parte de trás
dos gigantes tapumes que mantinham o local das obras distante dos olhares curiosos,
inúmeras outras materialidades de templo foram surgindo. As lojas ao redor, algumas
ligadas à IURD inclusive, passaram a vender souvenirs com o Templo de Salomão
estampado, em camisetas, bonés, bíblias, canecas, canetas, taças, anel, colares, a
mini-arca da aliança, mini-templo, de modo que mesmo em meio aos mistérios por trás
dos tapumes, a imagem do templo era extensamente conhecida.
Todo o projeto arquitetônico do templo foi executado pela Engeiurd11Trata-se
de uma empresa mantida pela igreja que é responsável por todos os planejamentos de
engenharia e construção dos templos. Como uma empresa de engenharia, a Engeiurd
não faz apenas templos, mas produz outros projetos arquitetônicos, porém, a maioria
desses projetos é produzido para a igreja e seus projetos. Em 2015 a empresa foi
responsável pelo projeto arquitetônico do primeiro hospital da Igreja Universal, o
Hospital Moriá12 que foi construído no bairro de Moema, região nobre da cidade de
São Paulo. Além do hospital, a Engeiurd também tem feito projetos de construção de
laboratórios e lugares de atendimento médico para o funcionamento do Grupo Life
Empresarial, um serviço privado de convênios médicos que também é ligado à Igreja
Universal13.
A Engeiurd mantém um formato para cada tipologia de templo e é responsável
pela avaliação de espaços que irão passar por reformas, isso porque templos menores
nunca são construídos, eles se estabelecem em espaços alugados que são adaptados
ao modelo arquitetônico da IURD. No caso dos mega templos, é a empresa quem faz o
projeto de construção, cuida dos processos de licitação e contratação de construtoras.
Dentro da forma arquitetônica que concede identidade visual à igreja, os pilares são a
13 http://www.lifeempresarial.com.br/
12 http://www.hospitalmoriah.com.br/
11 Gustavo Tiago (2017) entrevistou arquitetos que trabalharam na Engiurd, segundo eles: a empresa
seguia os protocolos de uma empresa comum, inclusive em relação aos direitos trabalhistas e a rotina do
local de trabalho.
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marca mais importante. O Templo de Salomão possui muitos pilares, eles circundam
toda sua extensão, e foi por meio do levantamento dos pilares que a imagem do
templo começou a ultrapassar os limites dos tapumes e se mostrar para quem passava
pela Avenida Celso Garcia.
O Terreno que abriga o Templo de Salomão possui 28 mil metros quadrados,
com 74 mil de área construída. Além do local principal, com capacidade para 10 mil
pessoas, nas dependências do Templo se construiu também quatro subsolos com 1.200
vagas de estacionamento, salas de aula e uma creche infantil para comportar cerca
1.300 crianças, 1 memorial que conta a narrativa do Templo de Salomão, na bíblia,
alguns estúdios de tevê e rádio, um auditório, 60 apartamentos para serem usados
como hospedagem, além dos apartamentos residências de Edir Macedo, suas filhas,
filho e neto. Na parte de fora do Templo um jardim com pés de oliveiras que foram
importadas da Palestina, além da entrada de acesso ao prédio do Memorial.
A CENA DO RECONHECIMENTO
A cerimônia de inauguração do templo ocorreu no dia 31 de julho de 2014, o
evento mudou a rotina do bairro do Brás. Os arredores contaram com reforço policial
ostensivo porque algumas autoridades do Governo Federal, Estadual e Municipal
estariam presentes14. Duas horas antes de a cerimônia começar, um tapete vermelho
de aproximadamente 500 metros foi estendido sobre a Avenida Celso Garcia que ficou
parcialmente interditada. O acesso à nave principal e ao jardim do Templo eram
permitidos apenas para pessoas convidadas, os demais participantes, assistiram a tudo
por um telão que foi montado na praça quase em frente ao templo, bem à frente da
Igreja Católica mais antiga da região.
Dentre as autoridades políticas presentes, tais como a presidenta Dilma
Rousseff, o então prefeito da cidade de São Paulo, Fernando Haddad, Geraldo Alckmin,
governador do Estado de São Paulo, além de governadores, deputados e prefeitos de
outros estados e regiões. Dentre os convidados também estavam jornalistas,
14 Dilma Rousseff, presidente da república, e que estava iniciando sua campanha para reeleição esteve
presente, na época o PRB, partido cujo histórico de fundação tem relação com a IURD, ainda tinha
aliança com o governo federal, o último encontro público entre Dilma e Edir Macedo foi em sua
cerimônia de posse, em 01 de janeiro de 2015. Para saber mais sobre o PRB, consultar Gutierrez, 2017.
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empresários, músicos, e muitos artistas da Rede Record, o que participaram da novela
Os Dez Mandamentos15, receberam destaque. Portanto, havia um número muitíssimo
significativo de convidados não frequentadores da igreja, que estavam ali por
ocuparem posições de visibilidade.
Logo que a cerimônia começou, um imenso corredor de pessoas, homens e
mulheres vestidos de branco se colocaram em volta do tapete vermelho, na parte de
dentro do jardim do templo formou-se um imenso corredor de obreiras e obreiros. As
luzes em volta do templo foram apagadas e apenas o tapete permaneceu iluminado,
por ele começou o rito de entrada da Arca da Aliança, que estava sendo carregada por
seis homens igualmente vestidos de branco. Na narrativa bíblica do antigo testamento,
a Arca da Aliança consistia num objeto sagrado totalmente de ouro, feito para guardar
as tábuas dos dez mandamentos, recebidas por Moisés, logo após a saída do Egito.
Uma vez que segundo o relato bíblico as tábuas tinham sido esculpidas pelo próprio
Deus, a Arca também era um espaço que guardava seu poder, logo, não poderia ser
aberta. O primeiro templo construído por Salomão, para abrigar essa arca que foi
destruída juntamente com o templo durante a invasão dos babilônios em 587 a.C.
Às vésperas da inauguração, Renato Cardoso e Cristiane Cardoso, genro e filha
mais velha de Edir Macedo que coordenam os principais projetos voltados para as
temáticas do casamento e família, publicaram em suas páginas pessoais um pequeno
manual de etiqueta orientando sobre que tipo de roupa usar para frequentar o templo.
O texto dizia que mesmo diante da grandiosidade do templo, era preciso tomar alguns
cuidados para não estourar o cartão de crédito comprando roupas para seus
cerimoniais:
“Use e abuse de rendas, femininas e confortáveis, as rendas falam por
si e garantem aquele glamour touch” à produção. As blusas
transparentes, usadas com a segunda peça por baixo, também
propõem um visual contemporâneo.
O combo com a saia mídi deixa a composição para de elegante,
enquanto a combinação com a pantalona a deixa despretensiosa.
O ideal é subir no salto” e postura mais esguia” 16
16 https://blogs.universal.org/cristianecardoso/pt/godllywood-oqueusar-templo/
15 Exibida durante o ano de 2015, a novela teve grande sucesso de audiência, conseguindo muitas vezes
uma audiência superior à da tradicional novela das oito, da Rede Globo.
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Para os homens as recomendações eram camisa social com manga comprida,
calça social, sapatênis ou sapatos, não usar calça jeans, camiseta ou bermuda.
Seguramente as recomendações para as mulheres parecem bem mais complexas e
detalhadas que as recomendações para os homens, porém, a inauguração das
atividades no Templo de Salomão produziu uma mudança bastante significativa no
visual dos homens, principalmente dos bispos, que passaram a adotar um visual com
barba, entre os anos de 2014 e 2015 a grande maioria dos bispos e pastores da IURD
passaram a usar barba.
Outra restrição para o acesso à nave principal do Templo consiste na proibição
do uso de celulares ou bolsas. No subsolo do Templo um imenso guarda volumes
onde os pertences são deixados e retirados ao final dos eventos. Todos os vídeos e
fotografias do interior do espaço são feitos pela equipe de mídia da Igreja, e
transmitidos pela rede de tevê a cabo da Igreja Universal, a Univer17.
As restrições relativas a roupas foram mudando na medida em que os usos do
Templo também foram sendo definidos em parte pelo público que começou a acessar
suas dependências através da participação constante nas palestras de autoajuda. Os
eventos realizados nas dependências do templo recebem o título de reunião ou
palestras. As palestras são realizadas em dois horários por dia, um horário no período
da manhã, e outro horário no período da noite, e seguem a mesma lógica temática dos
cultos da IURD, o público que o espaço principal consegue acomodar em cada um
desses eventos é de até 10 mil pessoas.
Semanalmente, às quinta-feira, aos sábados e aos domingos, os encontros
promovidos no Templo circundam as temáticas de gênero, sexualidade e família. Às
quintas ocorrem as palestras da Terapia do Amor, que a cada semana tratam de um
assunto específico, sua descrição diz que o público alvo são pessoas solteiras e casadas
(ou seja, é para todo mundo). Aos sábados ocorrem, no período da manhã, as palestras
do Intellimen, programa voltado para homens; e no final da tarde, as palestras do
17 Fundada no ano de 2016, a Univer reúne canais a cabo com conteúdo cristão, além de uma seleção de
canais gospel internacionais. Também transmite ao vivo e arquiva todos os eventos que ocorrem no
Templo de Salomão. O slogan da rede de canais é “Univer pra crer, o slogan acaba propondo uma
inversão de uma passagem do novo testamento em que Jesus diz a Tomé, seu discípulo, que não era
preciso ver para crer. https://www.univervideo.com/
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Godllywood auto-ajuda, programa voltado para mulheres. Aos domingos, bem no
finalzinho da tarde ocorre a Palestra para Pais & Filhos. A organização temática
semanal continuidade ao calendário eclesiástico da IURD que, desde o ano de 2011
passou a realizar a Terapia do Amor às quintas e o Culto da Família aos domingos.
As palestras orientadas para questões de gênero, sexualidade e família são
frequentadas semanalmente por um público bastante heterogêneo, não foi possível
realizar nenhum exercício amostral para verificar de fato os locais de origem dos
frequentadores desses eventos, mas seguramente é possível afirmar que uma
participação significativa de pessoas que não foram batizadas ou passaram por
qualquer rito que as reconheça enquanto membros da IURD. A análise da dinâmica
desses eventos no Templo de Salomão permite-nos afirmar que sua função social é de
um local de peregrinação para quem é frequentador assíduo da igreja e um centro de
convenções e formação, para o restante do público.
O Templo de Salomão seria, portanto, um instrumento articulador da “política
da prosperidade”, isso porque se constitui num espaço cuja linguagem de gestão está
orientada para o controle da população, sendo reconhecido enquanto um espaço de
terapias orientadas para o viver bem. Esse agenciamento por intermédio de técnicas de
coaching que buscam reunir o maior número possível de pessoas se distancia do
modelo pastoral mais tradicional que estabelece uma relação mais direta entre o
cuidado sacerdotal e o corpo de fiéis, e que é pensado como gestão de população,
enquanto uma linguagem pedagógica de produção de sujeitos que devem internalizar
as mais variadas técnicas de aparição.
Assim, o Templo de Salomão seria um espaço, não apenas de congregação de
corpos, mas fundamentalmente para a produção de uma assembleia, ou seja, um lugar
onde a população pode ser vista como um corpo. A noção de assembleia aqui
empregada tenta estabelecer conexão com o conceito de assemblage ou assembly
usado por Judith Butler (2015) que, por sua vez, emerge do diálogo com o conceito de
de agencement desenvolvido por Deleuze e Guatarri (1975). Para os autores,
agencement consiste em pensar o modo como algumas materialidades e sentidos da
ação são estabelecidos a partir de produção de tecnologias de reunião de corpos,
trata-se de uma teoria da agência que propõe pensar o que ão de juntar pessoas
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produz enquanto corpo social e corpo individual18. Butler (2015) desenvolve o conceito
de assembly para tentar dar conta de importantes manifestações políticas que reuniu
milhares de pessoas em contextos distintos e em regiões distintas do mundo. Seu
objetivo também é pensar sentidos e materialidades constituídos por tecnologia de
junção de corpos, sugerindo que o olhar analítico para essas grandes manifestações
políticas contemporâneas precisa se distanciar de leituras homogeneizadoras em
relação aos sujeitos que participam, mas considerar que os sujeitos políticos se
constituem nessa cena.
O conceito de assembly de Butler se fundamenta na ideia de aparição, a
assembleia expressa-se enquanto uma tecnologia de ajuntamento de corpos cujo
objetivo é se fazer aparecer, assim, a assembleia consiste numa situação, um
momento, uma cena no qual os corpos se engajam para serem vistos. Os
equipamentos de visibilidade, a saber, as muitas formas de mídia, determinados
espaços urbanos, construções, praças, parques, são fundamentais no exercício de
aparição de corpos e na produção de um sujeito que emerge da ação de sua
performatividade junto ao público (Butler, 2015: 51).
Assembly oferece um rendimento significativo para as proposições gerais deste
trabalho e para os argumentos deste capítulo, isso porque nos permite pensar o
Templo de Salomão e outros espaços voltados para ocupações religiosas como
equipamentos de ajuntamento de corpos, tecnologias produtoras de assembleias. Para
Butler os sujeitos e mesmo a verdade do gênero são efeitos desse processo da
performatividade da assembleia, quando um o corpo-sujeito passa a expressar-se
enquanto materialidade de uma determinada cena de ajuntamento. É do contexto de
produção destes enquanto sujeitos que tratarei no próximo capítulo.
CONCLUSÃO
O presente artigo teve como objetivo compreender a categoria igreja, e as
igrejas neopentecostais, em especial, como tecnologia de governo de população. Para
tentar fundamentar um pouco o modo como tal proposição emergiu de questões
18 Ver mais em Phillips, John. (2006). Agencement/Assemblage. Theory Culture & Society - THEOR CULT
SOC. 23. 108-109. 10.1177/026327640602300219.
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trazidas pela pesquisa de campo na Igreja Universal, passei a desenvolver alguns
princípios de ação do que denominei de “política da prosperidade” uma linguagem
teológica de gestão orientada para a produção de técnicas de controle de conduta e
que sua ação no mundo por meio da concepção de vida. Para dar continuidade ao
objetivo proposto, passei a narrar algumas estratégias de ocupação de espaços
mobilizados pela IURD na construção de seus templos, e, depois, relatei algumas das
estratégias que transformam o Templo de Salomão num espaço da ação performativa
de gestão de população.
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