Interseccionalidade e sua pluralidade conceitual: Um quadro comparativo entre autoras

Intersectionality and its conceptual plurality: A comparative chart between authors

Autores

DOI:

10.46551/issn2179-6807v29n2p58-77

Palavras-chave:

Interseccionalidade, Conceitos, Quadro comparativo, Pesquisa bibliográfica

Resumo

A interseccionalidade é uma ferramenta teórico-metodológica formulada por mulheres negras a fim de compreender as múltiplas formas de opressão e desigualdade. A perspectiva interseccional tem sido amplamente utilizada na área das ciências humanas em discussões sobre justiça social e igualdade de direitos. Deste modo, o objetivo deste artigo é apresentar um quadro conceitual comparativo de teorias e conceitos de interseccionalidade para uma melhor compreensão dos compromissos epistemológicos e políticos de cada uma delas, colaborando para a construção do conhecimento. Trata-se de uma pesquisa de caráter bibliográfico, em que foram selecionados textos das autoras: Mary Garcia Castro, Lélia Gonzalez, Kimberlé Crenshaw, Adriana Piscitelli, Maria Lugones, Danièle Kergoat e Carla Akotirene. A partir destas teorias, apresentamos uma sistematização das contribuições de cada uma, tanto das categorias que antecederam a construção do conceito de interseccionalidade, quanto as contribuições mais recentes que adotaram essa terminologia. Nossa análise mostrou que o conceito de interseccionalidade é polissêmico e se insere em um campo teórico híbrido delimitado a partir de diferentes compromissos políticos e epistemológicos. Por fim, concluímos que é fundamental considerar as relações étnico-raciais como intrínsecas ao conceito de interseccionalidade, pois foi criado por mulheres negras a fim de reparar opressões, entre elas, o racismo. 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maylla Monnik Rodrigues de Sousa Chaveiro, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

 Doutora pelo Programa Interdisciplinar em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).  Mestra e Graduada em Psicologia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Psicóloga clínica, docente e pesquisadora nas áreas de relações étnico-raciais, interseccionalidade e políticas públicas. Email: maylla.chaveiro@gmail.com. ORCID iD: https://orcid.org/0000-0001-7581-105X

Referências

AKOTIRENE, Carla. Ferramenta anticolonial poderosa: os 30 anos de interseccionalidade. Carta Capital, 19 set. 2019. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/opiniao/ferramenta-anticolonial-poderosa-os-30-anos-de-interseccionalidade/. Acesso em: 20 dez. 2019.

AKOTIRENE, Carla. O que é interseccionalidade? Entrevista concedida a Geledés, Instituto da Mulher Negra. Geledés, 08 set. 2018. Disponível em: https://www.geledes.org.br/o-que-e-interseccionalidade/. Acesso em: 10 abr. 2019.

AKOTIRENE, Carla. O que é interseccionalidade? Belo Horizonte: Letramento, Justificando, 2018.

ASANTE, Molefi. Afrocentricidade: Notas sobre uma posição disciplinar. In: NASCIMENTO, Elisa Larkin (org.). Afrocentricidade: uma abordagem epistemológica inovadora. São Paulo: Selo Negro, 2009. p. 93-110.

BANDEIRA, Lourdes Maria; ALMEIDA, Tânia Mara de Campos. A transversalidade de gênero nas políticas públicas. Revista do Ceam, v. 2, n. 1, jan./ jun. 2013.

BENTO, Cida. O pacto da branquitude. Companhia das Letras, 2022.

CARNEIRO, Sueli. “Sobrevivente, testemunha e porta-voz”. CULT, São Paulo, n. 223, p. 12-20, maio 2017. (Entrevista concedida à Bianca Santana)

CASTRO, Mary Garcia. Alquimia de categorias sociais na produção dos sujeitos políticos. Gênero, Raça e Geração entre Líderes do Sindicato de Trabalhadores Domésticos em Salvador. Revista Estudos Feministas, v. 10, p. 57-74, 1992.

CHAVEIRO, Maylla M. R. de S. Cabelos Crespos em Movimento(s): Infância e Relações Étnico-Raciais. Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas. Florianópolis, 2020.

CRENSHAW, Kimberlé Williams. Demarginalizing the intersection of race and sex; a black feminist critique of discrimination doctrine, feminist theory and antiracist politics. University of Chicago Legal Forum, Chicago, p. 139-167, 1989.

CRENSHAW, Kimberlé Williams. Documento para encontro de especialistas em Aspectos da Discriminação Racial relativos ao Gênero. Revista de Estudos Feministas, Florianópolis, v. 10, n. 1, p. 171-188, 2002.

COLLINS, Patricia Hill; BILGE, Sirma. Intersectionality. Cambridge: Polity Press, 2016.

COLLINS, Patricia Hill. Se perdeu na tradução? Feminismo negro, interseccionalidade e política emancipatória. Parágrafo, São Paulo, v. 5, n. 1, p. 6-17, 2017.

DAVIS, Angela. Mujeres, raza y clase. Madrid: Akal, 2005.

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.

GONZALEZ, Lélia. A categoria político-cultural de amefricanidade. Tempo Brasileiro, Rio de Janeiro, n. 92/93, p. 69-82, jan./jun. 1988b.

GONZALEZ, Lélia. Por um feminismo afro-latino-americano. Caderno de formação política do Círculo Palmarino, Batalhas de ideias, n. 1, p. 12-20, 1988.

hooks, bell. “Mulheres negras: moldando a teoria feminista”. Revista Brasileira de Ciência Política, Brasília, v. 1, n. 16, p. 193-210, jan./abr. 2015.

KERGOAT, Danièle. Dinâmica e consubstancialidade das relações de gênero. Novos Estudos Cebrap, Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, São Paulo, n. 86, p. 93-103, 2010.

KYRILLOS, Gabriela M. Uma análise crítica sobre os antecedentes da interseccionalidade. Revista Estudos Feministas, v. 28, p. e56509, 2020.

LUGONES, María. Colonialidad y género. Tabula Rasa, Bogotá, Colômbia, n. 9, p. 73-101, jul./ dez. 2008.

LUGONES, María. Rumo a um feminismo descolonial. Estudos Feministas, Florianópolis, v. 22, n. 3, set./ dez. 2014.

SAFFIOTI, Heleieth Iara Bongiovani. Rearticulando gênero e classe social. In: OLVEIRA, A.; BRUSCINI, C. (Orgs.). Uma questão de gênero. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos; São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 1992. p. 183-215.

SCHUCMAN, Lia. Vainer. Entre o “encardido”, o “branco” e o “branquíssimo”: raça, hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana. Tese de doutorado, Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, 2012.

QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, Edgardo (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: CLACSO, 2005. p. 227-278.

SMIET, Katrine. Post/secular truths: Sojourner Truth and the intersections of gender, race and religion. European Journal of Women's Studies, v. 22, n. 1, p. 7-21, 2015.

TRUTH, Sojourner. Ain’t I a Woman? Fordham University, 1851. Disponível em: http://www.fordham.edu/halsall/mod/ sojtruth_woman.htm. Acesso em: 12 dez. 2019.

VASCONCELOS, Vania Maria Ferreira de. No colo das iabás: raça e gênero em escritoras afro-brasileiras contemporâneas. 2014. Tese (Doutorado em Literatura) – Universidade de Brasília, Brasília, 2014.

Downloads

Publicado

2023-12-21

Como Citar

RODRIGUES DE SOUSA CHAVEIRO, M. M. Interseccionalidade e sua pluralidade conceitual: Um quadro comparativo entre autoras: Intersectionality and its conceptual plurality: A comparative chart between authors. Revista Desenvolvimento Social, [S. l.], v. 29, n. 2, p. 58–77, 2023. DOI: 10.46551/issn2179-6807v29n2p58-77. Disponível em: https://www.periodicos.unimontes.br/index.php/rds/article/view/7121. Acesso em: 21 nov. 2024.