O “AMBIENTAL”, “O SOCIAL” E A DESSOCIALIZAÇÃO DO MEIO AMBIENTE NA ATUAÇÂO DOS ÓRGÃOS AMBIENTAIS ESTATAIS DE MINAS GERAIS
Abstract
O objetivo deste trabalho é compreender a cultura organizacional, as representações de
natureza e os significados d’“o ambiental” que mais se destacam na atuação de
profissionais de órgãos do Sistema Estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais
(SISEMA/MG) e como essa atuação se insere num contexto mais amplo de conflitos sobre
o mundo natural. Foram realizadas e analisadas, em 2011, entrevistas em profundidade
semiestruturadas mistas, combinando histórias de vida e entrevistas temáticas, com oito
analistas ambientais funcionários efetivos desses órgãos. Conclui-se que, com as reformas
recentes de descentralização na estrutura do SISEMA, nas disputas por uma definição
legítima do mundo social e natural (nos termos de Bourdieu), foi reforçada em seus órgãos
uma cultura ou visão naturalizadora, uma “dessocialização” do meio ambiente se
estabelecendo como diretriz governamental, com a identificação d’“o ambiental” com uma
dimensão exclusivamente físico-biótica, levando a um efeito de reforço da especialidade
técnica como capital específico do campo ambiental e de invisibilização ou deslegitimação
da dimensão humana e social - consubstanciada nas pessoas afetadas por empreendimentos
de desenvolvimento - nos processos de ocupação do espaço e do território. Apontamos, ao
final, para a limitação das lutas que se atenham ao âmbito institucional, destacando, ao
contrário, as formas cotidianas de resistência
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