ARTIGO ORIGINAL

A PERSPECTIVA DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA PARA AS AULAS NO CONTEXTO DA PANDEMIA DE COVID-19

THE PHYSICAL EDUCATION TEACHER'S PERSPECTIVE FOR LESSONS IN THE CONTEXT OF THE PANDEMIC OF COVID-19

LA PERSPECTIVA DEL PROFESOR DE EDUCACIÓN FÍSICA PARA LAS LECCIONES EN EL CONTEXTO DE LA PANDEMIA DE COVID-19

Douglas Alencar Vieira1, Louise Santos da Costa2, Ângelo Negrão2, Roseane Monteiro-Santos2

 

 

Data de Submissão: 01/10/2020 Data de Publicação:05/01/2021

Como citar: VIEIRA, D. A., et al. a perspectiva do professor de educação física para as aulas no contexto da pandemia de covid-19Revista Eletrônica Nacional de Educação Física, v. 11, n. 16, jan. 2021. https://doi.org/10.46551/rn2020111600043

 

RESUMO

Este estudo objetivou analisar a perspectiva do professor de Educação Física escolar para as aulas durante e após a pandemia da COVID-19. Teve como objetivos específicos: investigar a visão dos professores sobre a mudança da didática das aulas pós-pandemia; e discutir as possibilidades acerca das aulas remotas da Educação Física na Educação Básica.  A metodologia utilizada foi a pesquisa de campo, quanti-qualitativa e para a coleta das informações utilizou-se um questionário. Nos resultados, foi traçado um perfil dos 131 participantes; bem como seus anseios sobre a didática abordada nas aulas como atividades práticas, enfoque na saúde, discussão de aspectos políticos, uso de tecnologias; a possiblidade das aulas remotas na Educação Básica se tornarem viável; e os problemas esperados pelos educadores assim que as atividades escolares forem reestabelecidas. Conclui-se que os professores deverão utilizar todas as competências abordadas nas aulas de Educação Física, para que no primeiro momento de retorno a rotina escolar, essas competências sejam vistas como ferramentas importantes no seu plano de aula, buscando enriquecer o conteúdo e preservar a saúde de seus alunos.

Palavras-chave: Educação Física Escolar. COVID-19. Ensino Remoto.

 

ABSTRACT

The aim of this research was to analyze the Physical Education teacher`s perspective for the return of classes during and after the COVID-19 pandemic. Specific objectives were: to investigate teacher`s views about the change on didactic classes; and discuss possibilities for distance classes in Physical education and Basic education. It was conducted a field research type, quanti-qualitative and a questionnaire was applied to data collection. The 131 participants profile are presented in the results just as their concerns about didactic activities and practical classes focused on health, discussion of political aspects, and use of technologies; the possibility of distance learning in Basic Education becoming viable; towards issues expected by educators as soon as school activities are reestablished. It is concluded that teachers should use all the skills covered in Physical Education classes. Since in the first moment of returning to school routine, they would be an important tool to their lesson plan, which seeks to enrich the content and preserve the student health.

Keywords: School Physical Education. COVID-19. Remote Teaching.

RESUMEN

Este estudio tuvo como objetivo analizar la perspectiva del profesor de Educación Física escolar para las clases durante y después de la pandemia de COVID-19. Sus objetivos específicos fueron: investigar la visión de los docentes sobre el cambio en la enseñanza de las clases pospandémicas; y discutir las posibilidades de las clases de Educación Física a distancia en Educación Básica. La metodología utilizada fue la investigación de campo, cuanti-cualitativa y para la recolección de la información se utilizó un cuestionario. En los resultados se trazó un perfil de los 131 participantes; así como sus inquietudes sobre la didáctica abordada en clase como actividades prácticas, foco en salud, discusión de aspectos políticos, uso de tecnologías; la posibilidad de que las clases a distancia de Educación Básica sean viables; y los problemas esperados por los educadores tan pronto como se restablezcan las actividades escolares. Se concluye que los docentes deben utilizar todas las habilidades cubiertas en las clases de Educación Física, para que en el primer momento de regreso a la rutina escolar, estas habilidades sean vistas como herramientas importantes en su plan lectivo, buscando enriquecer el contenido y preservar la salud. de tus alumnos.

Palabras clave: Educación Física Escolar. COVID-19. Enseñanza remota.

 

INTRODUÇÃO

            O surto do Coronavírus (SARS-CoV-2) começou na cidade de Wuhan, na China, e rapidamente se disseminou, tomando proporções inimagináveis, chegando a uma pandemia. Como a transmissão do vírus ocorre, principalmente, pelas gotículas que são expelidas quando falamos, tossimos ou espirramos, dentre as principais medidas abordadas pelas autoridades de saúde para barrar a sua propagação, o distanciamento social foi a mais eficaz, ocasionando na paralisação parcial, e até mesmo integral, das mais diversas atividades, dentre elas, às ligadas a Educação (BARRETO; ROCHA, 2020).

            Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura – UNESCO (2020b), desde que a pandemia começou, centros educacionais foram fechados totalmente ou parcialmente em aproximadamente 100 Estados e em pelo menos 85 países as escolas tiveram suas atividades interrompidas completamente como forma de tentar conter o avanço do novo Coronavírus. A organização aponta ainda que o fechamento dessas unidades escolares afetou a rotina de1,7 bilhões de alunos no mundo todo (UNESCO, 2020a).

            Um dos maiores desafios a partir de então, perpassa sobre as possibilidades e os cuidados que deverão ser tomados quando as aulas recomeçarem, principalmente no período imediato após o fim da pandemia. Segundo o movimento Todos Pela Educação (2020) o retorno das atividades presenciais nas escolas terá que ser feito respeitando uma série de cuidados para garantir a saúde de todos que estão envolvidos no contexto escolar, além de traçar estratégias para vencer as consequências negativas provocadas pela pandemia na aprendizagem dos alunos.

            Nesse contexto, em relação às aulas de Educação Física, essas medidas de precaução, como distanciamento entre os estudantes, por exemplo, geram inquietações quanto ao desenvolvimento de algumas etapas do ensino deste componente curricular, como as atividades práticas, que, às vezes, necessitam de contato físico. Logo, algumas indagações são pertinentes, como: A metodologia utilizada nas aulas de Educação Física deve ser revista? Quais medidas protetivas poderão ser adotadas nas atividades práticas? E, quais as possibilidades das aulas de Educação Física no atual cenário e no mundo pós-pandemia de COVID-19?

            Tais questionamentos justificam a necessidade desta investigação e possibilitam uma reflexão acerca da didática utilizada pelo professor, bem como sobre as possíveis modificações que poderão ser realizadas no sistema de Educação brasileiro.

            Assim, esta pesquisa objetivou analisar a perspectiva do professor de Educação Física escolar para as aulas durante e após a pandemia da COVID-19. Teve como objetivos específicos: investigar a visão dos Professores sobre a mudança das didáticas das aulas pós-pandemia; e discutir as possibilidades acerca das aulas remotas da Educação Física na Educação Básica.

            Como método de coleta de dados foi utilizado um questionário virtual e fechado que traçou o perfil dos professores que participaram do estudo e averiguou suas expectativas para os rumos da Educação Física (e da Educação brasileira), a curto e em longo prazo, após o retorno das atividades escolares presenciais. Ao todo foram obtidas 131 respostas de profissionais de diversas cidades, das cinco regiões do Brasil.

 

A PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS

            O novo Coronavírus, intitulado SARS-CoV-2 (Severe Acute Respiratory Syndrome Corona Vírus 2, ou Síndrome Respiratória Aguda Grave do Coronavírus 2), causador da doença COVID-19 (Corona Vírus Diseases ou Doença do Coronavírus, enquanto “19” refere-se ao ano de seu surgimento), foi registrado pela primeira vez na cidade de Wuhan, Província de Hubei, na China, em 31 de dezembro de 2019. A doença se espalhou rapidamente por todo o mundo e no dia 11 de março de 2020 a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou o status de Pandemia, provocada pelo vírus (BRASIL, 2020c).

            Os sintomas apresentados pelos indivíduos infectados variam bastante, mas no geral, incluem tosse, febre, coriza, dor de garganta e dificuldade para respirar. Segundo a OMS a maior parte dos indivíduos que contraem a COVID-19 apresentam sintomas leves e podem até mesmo ser assintomáticos, mas, aproximadamente 20% dos infectados precisam de internação hospitalar por complicações provocadas pelo vírus e desses cerca de 5% apresentam necessidade de suporte ventilatório em UTI (BRASIL, 2020c).

            Conforme o Ministério da Saúde, a transmissão ocorre de um sujeito doente para outro através de contato físico próximo, toque do aperto de mão, gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro e por superfícies e objetos contaminados. Como medidas de proteção indica-se lavar as mãos sempre que possível com água e sabão ou utilizar álcool 70% para higienizá-las, cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar, manter distância de outra pessoa e mais uma série de cuidados recomendados pelas autoridades de saúde (BRASIL, 2020c).

            Até o dia 30 de junho, quatro meses após começo da pandemia, de acordo com o Painel COVID-19 do Centro de Ciência e Engenharia de Sistemas da Universidade Johns Hopkins (2020) o mundo já registrava 10.375.897 casos do novo Coronavírus, com 507.373 mortes. No Brasil, no mesmo período, os dados do Ministério da Saúde (2020) já apresentavam 1.368.195 pessoas infectadas pela doença e 58.314 vidas perdidas para a COVID-19.

            De acordo com Diniz et al. (2020) ainda que o número de casos da doença no território brasileiro esteja aumentando, estados e municípios têm adotado com rigor meios de diminuição do contágio, como o isolamento social, fechamento de escolas, do comércio e de atividades não essenciais, proibição de entrada de estrangeiros, bloqueio de fronteiras terrestres e em casos mais extremos o lockdown (em português, bloqueio total ou confinamento obrigatório).

            Tais medidas de contenção buscam frear o avanço da pandemia no Brasil (e no mundo), porém, embora tenham o objetivo de controlar a situação e evitar o colapso no sistema de saúde, principalmente no setor público que já é bastante precário no país, acabam afetando negativamente outras áreas como a Política, Educação e Economia.

           

IMPACTO DA PANDEMIA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

            O surto mundial da COVID-19 trouxe diversos desafios ao âmbito educacional no Brasil. O cenário exigiu imediata reação dos gestores públicos, frente a interromper a propagação do vírus, impactando a realidade humana em suas diferentes dimensões. Para tanto, como afirma o Ministério da Saúde (2020), o isolamento social é uma das maneiras adotadas para evitar a transmissão local do vírus, uma vez que objetiva a separação de pessoas sintomáticas e assintomáticas em investigação clínica.

            Nesse contexto, segundo Arruda (2020) o setor escolar possui grande foco de propagação, pois é um dos ambientes sociais com maiores trocas de contato com indivíduos de faixa etária diferentes, tornando-se um dos espaços de maior probabilidade de contaminação em massa.

            Diante disso, as escolas públicas e privadas da Educação Básica, cumprindo determinação do Ministério da Educação (MEC), suspenderam suas atividades. Porém, a portaria publicada em 17 de março no Diário Oficial da União (nº 343/2020) passou a permitir que as aulas presenciais fossem substituídas por aulas remotas durante o período da pandemia. Além disso, em 1° de abril a medida provisória nº 934/2020 suspendeu a obrigatoriedade de escolas e universidades de atingir 200 dias letivos, mantendo o cumprimento somente da carga horária mínima; a suspensão valerá para o ano letivo afetado pela pandemia. (BRASIL, 2020a).

            A UNESCO (2020a) afirma que aproximadamente 53 milhões de estudantes brasileiros foram afetados pelo fechamento das escolas. Segundo o Todos Pela Educação (2020) frente a uma crise sem precedentes, o funcionamento das unidades escolares será uma missão de enormes proporções para os gestores públicos educacionais. Os esforços devem apresentar articulação política de forma coordenada para que as Secretarias de Educação possam responder adequadamente aos obstáculos que surgirão.

 

O PAPEL DA EDUCAÇÃO FÍSICA NO CONTEXTO DA PANDEMIA

            De acordo com Santana e Costa (2016) a atividade física é muito eficaz para a conservação e melhoria da saúde e na prevenção de diversas enfermidades, influenciando diretamente na longevidade e na qualidade de vida, através dos benefícios fisiológicos, psicológicos e sociais.

            Nesse sentido, Santana e Costa (2016) apresentam a importância do professor de Educação Física escolar exercendo um papel preponderante na qualidade de vida e na saúde dos estudantes por meio da atividade física, desempenhando um papel fundamental no desenvolvimento de aspectos específicos da cultura corporal como ginástica, dança, esporte, lutas, além dos jogos e brincadeiras.

            Logo, analisando a situação das crianças, que foram afetadas com a paralisação das escolas, precisamos entender como os professores de Educação Física devem agir em suas aulas durante a pandemia e após o retorno, buscando adequá-las para minimizar o comprometimento da saúde dos alunos e que o conteúdo proposto seja apreendido de uma forma plausível.

            Considerando o momento atual do surto, para recomendações de volta as atividades físicas em grupo, devem-se observar alguns aspectos, como por exemplo, a influência do isolamento no aumento do sedentarismo. De acordo com Chen et al. (2020), baseando-se nas diretrizes do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos da América, a prática de exercícios físicos regulares em local seguro e doméstico durante a pandemia é um meio fundamental para que os indivíduos se mantenham ativos fisicamente.

            Logo, Raiol et al. (2020) relatam os benefícios da prática regular de exercício físico, uma vez que esta está intimamente ligada a fatores imunológicos, controle de doenças, capacidade funcional e saúde mental, por exemplo, e, portanto, contribuem para que sujeito tenha uma vida saudável, além de apresentar melhora e manutenção da imunidade, ferramenta de grande importância na luta contra o vírus.         

Assim, investigar e analisar as medidas que escolas e professores tomaram durante a pandemia é de grande valia para traçar métodos e enriquecer o leque de possibilidades, visando disseminar para que todos tenham acesso.

 

MATERIAIS E MÉTODOS

Caracterização da pesquisa

            Este é um estudo do tipo pesquisa de campo, que, segundo Prodanov e Freitas (2013), tem como objetivo obter dados e/ou conhecimentos sobre o problema investigado, consistindo na observação dos fenômenos e fatos na forma como ocorrem, coletando informações acerca dos mesmos e registrando as variáveis que são mais relevantes para analisá-las posteriormente. O trabalho ainda se caracteriza como descritivo, pois os resultados são apenas registrados e descritos pelo pesquisador, sem interferência, e, geralmente, envolve ferramentas padrões para coleta dos materiais, como o questionário.

            A pesquisa é de caráter quanti-qualitativo. Um estudo qualitativo apresenta a interpretação dos dados obtidos e a atribuição de significados a eles como processo básico. Já uma análise quantitativa leva em consideração tudo que pode ser quantificado através de técnicas e recursos da estatística, podendo, assim, transformar opiniões e informações em números, para posteriormente fazer uma boa classificação e análise dos resultados (PRODANOV; FREITAS, 2013).

 

Coleta dos dados

            Para a coleta das informações foi utilizado um questionário desenvolvido pelos autores da pesquisa em questão. Para Gil (2008) essa técnica de investigação é constituída por um grupo de questões submetidas às pessoas com o objetivo de adquirir dados acerca de seus conhecimentos, expectativas, interesses sentimentos, valores, etc. Na construção de um questionário, os anseios da pesquisa devem ser traduzidos, pelos próprios pesquisadores, em questões específicas, uma vez que as respostas obtidas é que proporcionarão os dados necessários para a construção do trabalho.

            O questionário foi desenvolvido e disponibilizado através da plataforma online Google Formulário® e teve a divulgação feita por meio de um aplicativo de mensagens instantâneas. O link de acesso para os professores responderem às perguntas se manteve ativo por três semanas (13/05/2020 à 02/06/2020) e, após esse período, a página não permitia mais o envio de respostas.  O questionário foi dividido em três partes:

    • Triagem: Questionava se o indivíduo era professor de Educação Física e se desejava participar da pesquisa, assim, somente se respondesse sim, em ambas as perguntas, poderia seguir a diante com o restante das questões;

    • Perfil: identificava os participantes, com indagações sobre nome (não era obrigatório se identificar) sexo, idade, tempo e grau de formação, cidade em que mora, etapa da Educação Básica em que leciona e se trabalha em escola pública e/ou privada (ou está desempregado);

    • Investigação: composta por 9 questões de múltipla escolha e 2 discursivas, investigou as expectativas do professor para os rumos da Educação Física (e da Educação brasileira), a curto e em longo prazo, após o retorno das atividades escolares. As perguntas versavam sobre a didática abordada nas aulas (atividades práticas, enfoque na saúde, discussão de aspectos políticos, uso de tecnologias), acerca da possiblidade de aulas remotas na Educação Básica se tornarem uma possibilidade viável (levando em consideração as dificuldades do professor e do sistema educacional brasileiro) e a respeito dos problemas esperados pelos educadores assim que as atividades nas escolas serem reestabelecidas. 

            Traçando dois eixos temáticos das perguntas realizadas na parte III do questionário, o primeiro abrangia as questões 1 a 5, que abordavam aspectos que poderiam ser desenvolvidos após o fim da pandemia, ligados diretamente à didática das aulas presenciais. O segundo eixo, da pergunta 6 a 11, abordava o assunto das aulas remotas e da visão do professor quanto a esse quesito, observando a possibilidade de aplicar medidas referentes a esse assunto ainda no momento da pandemia do novo Coronavírus. 

            Como critério de inclusão na pesquisa o sujeito tinha que obrigatoriamente ser professor de Educação Física escolar e estar ou já ter atuado na área. Como critérios de exclusão, eram retirados da pesquisa educadores que não se encaixavam nos requisitos acima. 

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Perfil dos participantes

            Ao todo foram obtidas 131 respostas, dessas, 51,15% foram de pessoas do sexo feminino e 48,85% masculino. Foram recebidos retornos de professores das cinco regiões do Brasil (Imagem 1), sendo: 51 do Norte (PA=49, RO=1, TO=1); 34 do Sudeste (ES=1, MG=5, RJ=14, SP=14); 31 do Nordeste (AL=3, BA=2, CE=5, MA=2, PB=7, PE=8, PI=1, RN=3); 11 do Sul (PR=4, RS=4, SC=3); 3 do Centro-Oeste (3: GO=1, MT=2); e 1 não informou a cidade onde reside.

 

Imagem 1: Respostas por região

Fonte: próprios pesquisadores

 

            O Gráfico 1 apresenta a idade dos Professores que participaram da pesquisa. A média foi de 37 anos, a menor foi de 21 e a maior foi 62 anos:

 

Gráfico 1: Idade dos participantes

Fonte: próprios pesquisadores

Legenda: X= não informado

 

            Com relação ao tempo de formação, a média obtida foi de 10,6 anos, com professores que possuem desde 2 meses até 39 anos de formados. Referente à titulação máxima (Gráfico 2), 25,95% são graduados, 64,12% especializados, 9,17% mestres e somente 0,76% possui doutorado. Sobre a área de atuação (Gráfico 3), 64,12% dos que responderam ao questionário trabalham em escola pública, 9,17% atuam somente em instituição privada, 16,02% lecionam em escola púbica e privada e 10,69% indivíduos estão desempregados

 

Gráfico 2: Titulação                                                 Gráfico 3: Área de atuação

Fonte: próprios pesquisadores                                  Fonte: próprios pesquisadores

 

            Acerca da etapa de ensino (Gráfico 4), 15,27% professores não lecionam em nenhuma das fases da Educação Básica. Dos que atuam em apenas uma fase, 3,82% são do Ensino Infantil, 10,69% Fundamental I, 11,45% Fundamental II e 5,34% do Ensino Médio. Juntos, os educadores que trabalham em duas etapas de ensino são 25,19% e em três são 23,66%. E por fim, os que aplicam suas aulas do Infantil ao Médio são 4,58%.

Gráfico 4: Etapa da Educação Básica

Fonte: próprios pesquisadores

Legenda: EI=Ens. Infantil, EF-I=Ens. Fundamental I, EF-II= Ens. Fundamental II, EM= Ensino Médio, TE= Todas as Etapas, NE=Nenhuma das Etapas.

 

Perceptiva do Professor de Educação Física

            Nesta seção, serão expostos os resultados obtidos na terceira parte do questionário. Na primeira pergunta os professores responderam sobre a probabilidade de haver mudanças na didática das aulas após o término da pandemia de COVID-19, na qual, 12,98% alegaram que essas alterações não aconteceriam e 87,02% acreditavam que, quando as atividades escolares retornarem, será necessário modificar a didática utilizada.

            Com isso, Oliveira e Souza (2020) afirmam que com a volta das aulas os profissionais envolvidos no contexto escolar precisarão juntar esforços para refletir acerca das estratégias utilizadas no processo de ensino e adaptá-las a cada realidade, uma vez que essa será uma saída essencial para atenuar os impactos deixados pela crise do novo Coronavírus. Corroborando, a organização Todos Pela Educação (2020) explica que será necessário reorganizar o calendário escolar, utilizando a didática com foco em ações pedagógicas que permitam que a aprendizagem seja recuperada, ou seja, buscar estratégias que diminuam os déficits provocados e aumentados pelo tempo em que as atividades estiveram paralisadas. 

            Prosseguindo, entendendo que muitos conteúdos da Educação Física exigem contato em sua forma prática e sabendo que o contato é justamente um dos meios mais comuns de disseminação do vírus, os professores foram questionados se no primeiro momento, logo no início do retorno das atividades, a aplicação das aulas práticas será viável. Assim, 61,83% dos participantes se mostravam favoráveis ao desenvolvimento de atividades desse tipo e 38,17% disseram que nesse momento o melhor seria manter apenas as aulas teóricas.

            Entretanto, as autoridades de saúde têm alertado para o planejamento sanitário que deverá ser minunciosamente articulado e cuidadoso para o retorno das aulas, pois, possivelmente, as escolas voltarão a funcionar ainda em um ambiente bastante preocupante em relação à pandemia. Assim, existe um consenso no ponto em que para o retorno escolar ações de distanciamento social e de manutenção de procedimentos de higiene serão essenciais para que não ocorra um crescimento descontrolado de contaminados pelo vírus (TODOS PELA EDUCAÇÃO, 2020).

            Nesse contexto, os professores de Educação Física terão que ficar atentos para as atividades que irão desenvolver, principalmente caso optem pela aplicação de aulas práticas, seguindo rigorosamente as orientações acerca do distanciamento e cuidados higiênicos que devem ser tomados, para assim, fornecer um espaço o mais seguro possível, para o aluno e para o educador, contribuindo para que não ocorra o surgimento e um aumento no número de casos da doença no ambiente escolar.

            Outro ponto observado durante o surto mundial da COVID-19 foi/é o grande consumo da tecnologia. Por isso perguntou-se se os educadores acreditavam numa nova visão sobre a inserção e uso de ferramentas tecnológicas nas aulas de Educação Física escolar. Nas respostas (Gráfico 5) a maioria, 48,85% crê que é muito provável que esse tipo de recurso seja inserido nas aulas, 32,07% razoavelmente provável, 19,08% acreditavam numa probabilidade muito pequena e nenhum dos participantes descartava essa possibilidade.

Razoavel.
provável
Razoavel.
provável

Gráfico 5: Tecnologia nas aulas                               Gráfico 6: Debate político nas aulas   

Fonte: próprios pesquisadores                                 Fonte: próprios pesquisadores

 

            Em concordância com os dados acima, Mendonça (2019), em seu estudo afirma que o uso dessas tecnologias nas aulas de Educação Física é capaz de auxiliar o professor no método de ensino, favorecendo o aprendizado e o acesso a conteúdos que poucos têm oportunidade. Assim, para Boto (2020) o novo Coronavírus está aproximando, finalmente, a escola da tecnologia e os profissionais devem mergulhar no momento que a história os colocou, segundo a autora, são tempos difíceis e tristes, mas que trouxeram uma oportunidade pedagógica, que é avançar e olhar para o futuro.

            Dando prosseguimento, também ficaram visíveis, durante a pandemia, as ações governamentais para frear a propagação do vírus, trazendo efeitos positivos e negativos, ocasionando uma polarização de ideias políticas. Uma vez que um dos diversos objetivos da Educação Física escolar é dar condições para que o indivíduo participe da sociedade de forma crítica, questionou-se sobre a probabilidade de o viés político ter mais espaço para debate nas aulas de Educação Física (Gráfico 6).

            Grande parte dos participantes não acreditava muito na possibilidade desse debate se tornar possível nas aulas. Os que disseram ser pouco provável discutir sobre política na escola, após a pandemia, foram 38,17%, com duas respostas a menos, 36,64% professores afirmaram ser razoavelmente provável. Por fim, 20,61% dos educadores informaram crer numa probabilidade muito grande acerca dessa discussão e apenas 4,58% via a ideia como improvável.

            São inúmeros os motivos que tornam o debate político na escola um desafio um tanto complexo, entretanto, é de responsabilidade do corpo docente encontrar métodos para inserir a política em suas aulas, tendo em vista que a escola é um espaço político e essa discussão é de suma importância no desenvolvimento completo do aluno perante a sociedade. Com isso, de acordo com Silva (2015) é importante que o viés político esteja presente nas escolas, para que possa servir como subsídio na ampliação da visão dos professores e da comunidade escolar sobre o seu papel como agente transformador da realidade e com responsabilidade social.

            Nesse sentido, deve-se entender que a escola detém de um poder gigantesco, porém não deve ser passado para os alunos como uma premissa em longo prazo, mas sim fazê-los compreender sua importância na construção do seu presente com vistas para o futuro, assim, fornecendo-lhes sentido até mesmo na importância de estar na escola, evitando que se sintam perdidos. A política no ambiente escolar deve ser usada com o intuito de ouvir as expectativas, aflições, suas reais buscas, necessidades e dificuldades (SILVA, 2015).

            Por conseguinte, uma questão pertinente é a reflexão que novo Coronavírus trouxe acerca da necessidade de manter hábitos saudáveis e a prática regular de atividade física. De acordo com tal situação, foi indagado se as aulas de Educação Física escolar terão que direcionar maior enfoque sobre a relação atividade física e saúde. Nessa questão, 92,37% responderam que sim e 7,63% que não.

            Nesse sentido, de acordo com Bressan e Medeiros (2014), voltam-se os olhares para a escola, onde as crianças passam grande parte do seu dia e atravessam várias etapas de sua formação como cidadão, assim sendo um local excepcional na promoção de saúde. Em suas análises, Telama et al. (2013) chegaram à conclusão que um estilo de vida fisicamente ativo desde a infância tem mais chances de prevalecer na vida adulta, essas chances são de moderada a alta estabilidade, destaca-se ainda que o estudo visa a prática de atividade física e de esportes com a finalidade de promover a saúde de jovens na escola.

            Outro aspecto protagonista durante o grande surto mundial do Coronavírus foi/é o ensino online, encarado como uma das alternativas para que as práticas educacionais não sejam completamente prejudicadas nesse período. Por isso, foi perguntado se os professores viam uma possibilidade de substituição de aulas presenciais por aulas online na Educação Básica (Gráfico 7). Em seguida, também se indagou sobre o quanto eles se sentiam capacitados para ministrar aulas de Educação Física à distância (Gráfico 8).

Razoavel.
provável
Gráfico 7: Aulas online                                                Gráfico 8: Capacitação

Fonte: próprios pesquisadores                                    Fonte: próprios pesquisadores

 

            Como evidenciado acima, 47,33% dos participantes da pesquisa vêm como pouco provável que as aulas passem a ser aplicadas online e 34,35% achavam essa possibilidade completamente improvável. Um pouco mais confiantes 12,98% professores disseram ser razoavelmente provável e 5,34% afirmaram a situação como muito provável.

            Desse modo, a Educação sempre através do tempo sofreu alterações no seu método e no seu conteúdo, outrora a sociedade não tinha os avanços tecnológicos atuais para contribuir nessa mudança, mesmo sendo de forma forçada pela atual situação mundial. Portanto, é de fácil entendimento a maioria dos professores não olharem de forma positiva para a chegada das aulas online no atual sistema.

            Logo, Boto (2020) vem para corroborar com essa premissa quando afirma são tempos de exceção e para esses tempos, os educadores precisam se reinventar, ser inventivo, passarem por experimentação, ter coragem para se desprender do que era o normal dentro da Educação, a partir disso utilizar as novas estratégias e trazer de forma efetiva a internet para dentro da escola.

            No entanto, a autora também reforça que não se trata da mudança definitiva do ensino presencial e como conhecemos para as práticas virtuais, mas apenas de utilizar, neste momento em especial, recursos que a tecnologia proporciona, pois, o futuro não vai aderir ao ensino remoto (ER), mas que se pode sim utilizar e manusear de forma inteligente os mecanismos da internet para enriquecer as aulas, respeitando sempre o conteúdo, tradições e focando no aprendizado dos alunos (BOTO, 2020).

            Contudo, de acordo com o Gráfico 8, que apresenta os resultados sobre a percepção dos professores acerca de sua capacidade de ministrar aulas de Educação Física a distância, a maioria expressou despreparo para atuar no ensino remoto, na qual 8,40% disseram estar muito pouco e 55,73% pouco capacitados. Entretanto, uma parcela considerável, 31,30% relataram estar muito e 4,58% extremamente capacitados.

            Nesse sentido, um estudo do Instituto Península (2020), dentro do contexto da Educação diante a pandemia da COVID-19, constatou que 90% dos educadores nunca tinham dado aula à distância e 55% não receberam suporte ou treinamento para atuar de maneira não presencial. E ainda, conforme a pesquisa, os profissionais relataram que não utilizaram nenhuma ferramenta pedagógica e que tem criado suas próprias atividades por aplicativos de comunicação, como o WhatsApp.

            Logo, segundo a organização Todos pela Educação (2020) as inovações tecnológicas, as demandas sociais e as novas exigências do mundo moderno, trazem questões centrais do ensino remoto que se refere ao papel do professor, responsável por desempenhar múltiplas funções para as quais não foi preparado. Por isso, os docentes necessitam de constante atualização das metodologias de ensino para conseguir lidar pedagogicamente com os recursos tecnológicos.

            Desse modo, Churkin (2020) declara que a tendência do Ensino a Distância desconsidera a importância do incentivo docente para uso das tecnologias de informação.  Para o autor, o problema se concentra na estrutura curricular de formação dos professores, no qual deve abordar com maior aprofundamento na competência dos educadores para se trabalhar com o ambiente virtual, criando um perfil profissional preparado e capaz de atuar nessa nova realidade.

            Entretanto, a qualidade da aula que é ofertada em modalidades não presenciais também deve ser discutida. Assim, numa escala de 1 a 5, na qual 1 é impossível e 5 extremamente possível, questionou-se sobre o quanto o educador acredita na possibilidade de desenvolvimento de uma aula de Educação Física escolar a distância que seja eficiente. (Gráfico 9). Os que achavam impossível ou pouco possível somavam 26,72%, professores que viam a ideia como possível eram 48,09% e, juntos, 25,19% acreditavam ser muito ou extremamente possível.

 

Razoavel.
provável

 Gráfico 9: Eficiência da aula a distância                 Gráfico 10: Ensino Remoto na escola pública

 Fonte: próprios pesquisadores                                Fonte: próprios pesquisadores

 

            Ratificando, Churkin (2020) afirma que os docentes que se adaptam as estratégias de comunicação e interação, por meio de diversos materiais didáticos que o ensino remoto oferece, conseguem atuar no processo de aprendizagem dos educandos de forma eficiente. Logo, os docentes podem utilizá-las como auxiliadoras do trabalho pedagógico, com planejamentos, elaboração didática, entre outras ações, possibilitando aos estudantes realizar tarefas pedagógicas em novas perspectivas.

            Entretanto, a realidade em que o estudante está inserido também deve ser levada em consideração. Por isso, Barreto e Rocha (2020), ressaltam que o uso dessas mesmas tecnologias na Educação pode acentuar as diferenças de classes, pois para que as práticas sejam efetivas e democráticas é necessário que todos os alunos tenham acesso.

            Dessa forma, França Filho, Antunes e Couto (2020) expõem que criticar o modelo de Educação a distância, não significa criticar o uso das tecnologias, contudo é necessário entender que o desenvolvimento tecnológico não ocorre de forma homogênea e que o acesso virtual a informações permanece subordinado a quem detém de concentração de capital. Assim, a crítica não se resume ao serviço da tecnologia, mas sim a quem este deve servir, tornando o trabalho docente condutor de formação intelectual com ferramentas que estejam disponíveis a todos.

            Além de analisar a capacitação dos professores e a qualidade da Educação que pode ser ofertada dentro das possibilidades ER, também foi questionado se na rede pública de ensino, observando todas as dificuldades enfrentadas pelos alunos, é possível implantar modelos de aulas remotas (Gráfico 10). Nas respostas, 25,19% professores opinaram como improvável, 48,09% pouco provável, 22,90% razoavelmente provável e 3,82% disseram ser muito provável.

            Nessa perceptiva, Para Filho, Antunes e Couto (2020) a introdução do modelo a distância reduz toda a complexidade da prática social pedagógica. O conjunto de procedimentos com ações específicas a serem cumpridos em qualquer hora ou qualquer espaço, coloca a Educação como uma simples técnica a ser instrumentalizada que se pode replicar. Os mesmos afirmam que o modelo traz em seu discurso a garantia de um ensino personalizado, como se as interações digitais permitissem ampliar a capacidade de contato e solução para cada uma das situações reais de aprendizagem dos educandos.

            Porém, Freitas (2020) aponta que as possibilidades geradas por situações reais de cada indivíduo não são cabíveis em apostilas ou videoaulas. Essas ocasiões aparecem em quaisquer das relações de ensino-aprendizagem e o contato presente com o professor faz com que tais situações sejam compreendidas, analisadas e solucionadas, garantindo uma relação “personalizada” de fato.

            Contudo, Boto (2020) alega que o modelo de ER revela um dado da realidade. Há estudantes de escolas públicas que não possuem acesso à internet, no qual, inviabiliza o uso de recursos tecnológicos, pois se não considerarmos estes alunos desfavorecidos, há um risco de contribuir para uma segregação social.      

            No entanto, à volta à normalidade ainda caminha para um futuro de dúvidas, no âmbito educacional as estratégias não são fáceis, por isso, a penúltima pergunta pediu para os professores dissertarem sobre qual alternativa, além das aulas online, achavam possível de ser implantada como forma alternativa à Educação presencial.

            A maioria 44,17% não soube responder ou não achou viável a utilização de outra ferramenta. Seguindo, 15% apontaram, como alternativa, aulas com número reduzido de alunos. O restante 40,83% divergiu apresentando propostas como aulas ao ar livre, semipresenciais, uso de apostilas e aulas gravadas.

            Gomes, Mello, Rodrigues (2020) afirmam que a pandemia do Coronavírus revela uma série de incertezas que podem afetar a capacidade de percepção e reação dos indivíduos. Os autores explicam que a dúvida é um dos maiores desafios para a sociedade, pois, se não há fatos históricos de uma dada situação, não é possível fazer previsões, ou viabilizar possível tomada de decisão. Por isso, cobrar medidas definitivas para o problema, sem fundamento científico, pode aumentar essas inseguranças, assim, não ter informações confiáveis envolvendo ações coordenadas, com a premissa de que se podem superar os desafios em relação à COVID-19, dificulta o pensamento para as ações futuras.

            Todavia, parte dos demais educadores, acreditam que o sistema de ensino presencial pode ser viabilizado se houver uma distribuição logística da quantidade de alunos por aulas. Com isso, observando os países que estão retornando suas atividades aos poucos, algumas recomendações podem ser feitas, como:

 

Maior espaçamento entre carteiras nas salas de aula; realização de aulas ao ar livre; escalonamento dos horários de entrada, saída, recreio e almoço dos alunos para evitar aglomerações; rodízios entre alunos e educadores, para que nem todos estejam presentes na escola ao mesmo tempo; e sinalização de rotas dentro das escolas para que os alunos mantenham distância entre si (TODOS PELA EDUCAÇAO, 2020).

 

            Nessa perspectiva, visto que os critérios devem ser pensados em múltiplos contextos é possível as redes de ensino adaptarem suas condições, conforme as decisões dos órgãos competentes, levando em consideração as dificuldades de cada instituição escolar, sendo capaz de sofrer alterações em conformidade do controle da situação local (TODOS PELA EDUCAÇAO, 2020).

            Por fim, entendendo que a atual situação da crise de saúde se abrangeu para a esfera educacional, é de grande importância tentar compreender quais os receios dos professores após o retorno das atividades, para isso, indagou-se aos participantes qual seria seu maior desafio, enquanto professor de Educação Física, quando as aulas recomeçarem. Nos resultados 30,53% responderam que a dificuldade será em manter o distanciamento recomendado, outros 30,53% têm receios quanto a didática e metodologia de ensino. O restante, 38,94%, dissertaram sobre desafios com material/espaço, readaptação/recomeço, aspectos de saúde e alguns não souberam responder.

            Logo, através das respostas obtidas, é possível afirmar que as dúvidas dos educadores para o período pós-pandemia são diversas e englobam muitos aspectos não somente relacionados aos conteúdos da matéria escolar, se tornando um trabalho para ser dividido e compartilhado com vários profissionais. Corroborando com esse fato, o Todos pela Educação (2020) afirma que os desafios a serem enfrentados só poderão ter êxito a partir da união de várias áreas, especialmente da saúde e da assistência social que juntas realizarão um trabalho intersetorial na tentativa de diminuir os danos emocionais e riscos à saúde de modo geral.

            Ademais, outro ponto a se elencar é sobre os cuidados que deverão ser tomados durante o retorno, que exigirá dos órgãos da Educação diversas iniciativas que prioritariamente vise e assegure o retorno com saúde para todos os alunos, docentes e corpo técnico da escola. Para isso, existem tópicos que devem ser analisados, como, um retorno gradual as aulas, uma reorganização do calendário para que o currículo não seja afetado, uma avaliação diagnóstica dos alunos, o fortalecimento da comunicação entre escola e família para, dessa forma, dar suporte e subsídio aos professores para ajudar a sanar várias dúvidas expostas nessa questão (TODOS PELA EDUCAÇÃO, 2020).

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Baseado nas informações expostas é possível afirmar que os objetivos deste trabalho foram alcançados. O retorno das atividades escolares não será fácil, assim, os anseios e perspectivas dos educadores aqui apresentados deixam explícitos os desafios imensos que serão encarados, principalmente nos próximos meses quando as escolas reabrirem.

            Por isso, os professores deverão continuar utilizando todas as competências abordadas nas aulas de Educação Física, para que no primeiro momento de retorno a rotina escolar, com risco de contaminação ainda muito elevado na sociedade, os profissionais possam utilizar esses procedimentos que busque enriquecer o conteúdo e preservar seus alunos, como ferramenta importante no seu plano de aula.

            Com relação a todas as temáticas aqui abordadas, mas principalmente quanto ao uso da tecnologia nas aulas e o ensino remoto, far-se-á necessário que diálogos mais específicos e aprofundados sejam desenvolvidos, levando em consideração as dimensões gigantescas do Brasil. Portanto, as condições sociais e econômicas em que os alunos brasileiros estão, deverão ser consideradas rigorosamente a partir do ponto em que é feita uma mera cogitação da inserção do ER na Educação Básica.

            Por fim, a perspectiva da amostra estudada de 131 professores do Brasil para as aulas durante e após a pandemia é dúvidas e inquietações acerca de aspectos metodológicos, mas principalmente quanto às medidas de higiene e segurança que deverão ser tomadas. Sobre a possibilidade das aulas remotas, ainda durante a pandemia, conclui-se que é uma medida viável, mas que deve ser discutida com as devidas cautelas. Além disso, como demonstrado na pesquisa, alguns professores tem dificuldade ou despreparo para lidar com tecnologia e ministrar aulas remotas.

 

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