ARTIGO ORIGINAL
MOTIVAÇÕES INTRÍNSECAS E EXTRÍNSECAS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA REMOTA
INTRINSIC AND EXTRINSIC MOTIVATIONS IN REMOTE PHYSICAL EDUCATION CLASSES
MOTIVACIONES INTRÍNSECAS Y EXTRÍNSECAS EN LAS CLASES DE EDUCACIÓN FÍSICA A DISTANCIA
Antônio Nides De Oliveira Nunes
E-mail: antonionides@gmail.com
Centro de Educação a Distância da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes, (CEAD/Unimontes), Montes Claros (MG), Brasil.
E-mail: wellington.soares@unimontes.br
Centro de Educação a Distância da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes, (CEAD/Unimontes), Montes Claros (MG), Brasil
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Vivianne Margareth Chaves Pereira Reis
Centro de Educação a Distância da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes, (CEAD/Unimontes), Montes Claros (MG), Brasil.
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Data de Submissão: 01/06/2022 Data de Publicação:30/07/2022
Como citar: NUNES A. N. O., et al. Motivações intrínsecas e extrínsecas nas aulas de educação física remota. Revista Eletrônica Nacional de Educação Física, Edição Especial. v. 5, n. 5, jul. 2022.
RESUMO
O objetivo do presente estudo foi avaliar as motivações intrínsecas e extrínsecas nas aulas de educação física remota durante o isolamento social pela pandemia Covid-19em alunos do ensino fundamental II. Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal e caráter quantitativo, realizado com alunos matriculados no ensino fundamental II de escolas públicas do norte de Minas Gerais. A coleta de dados foi realizada através do Google Forms. Participaram do estudo 286 alunos, com média de idade de 12,97 anos DP±1,30, sendo 60,5% (n=173) do sexo feminino e 39,5% (n=113) masculino. Ao avaliar a motivação intrínseca e extrínseca observou-se que as meninas são menos motivadas para a participação das aulas de Educação Física remotas, quando comparada aos meninos. Os comportamentos de motivação intrínsecas: não consegue realizar bem as atividades (p=0,000), tem vergonha de ligar a câmera para participar das aulas (p=0,054), as aulas exercitam pouco o corpo (p=0,013) e não há tempo para praticar tudo o que gostaria (p=0,000). E as motivações extrínsecas: o professor não incentiva a participação (p=0,039), os colegas não participam (p=0,002) e não tem os materiais necessários para a aula (p=0,008) apresentaram diferenças significativas. Os resultados deste estudo nos permitem afirmar que um número elevado de alunos de ambos os gêneros se encontrava desmotivados. No entanto, os meninos estavam mais motivados intrínseca e extrinsecamente em relação as meninas. Com isso, destaca-se a importância da atuação do professor como principal agente de motivação durante períodos de aulas remotas.
Palavras-chave: Motivação. Educação Física. Aulas Remotas. Adolescentes. Pandemia.
ABSTRACT
The objective of the present study was to evaluate social isolation due to the Covid-19pandemic in elementary school students in remote physical education classes. This is a descriptive, cross-sectional, quantitative study carried out with students enrolled in elementary school II in public schools in the north of Minas Gerais. Data collection was performed through Google Forms. A total of 286 students participated in the study, with a mean age of 12.97 years, SD±1.30, of which 60.5% (n=173) were female and 39.5% (n=113) were male. When evaluating intrinsic and extrinsic motivation, it was observed that girls are less motivated to participate in remote Physical Education classes, when compared to boys. Intrinsic motivation behaviors: unable to perform activities well (p=0.000), ashamed to turn on the camera to participate in classes (p=0.054), classes exercise the body little (p=0.013) and there is no time to practice everything you would like (p=0.000). And the extrinsic motivations: the teacher does not encourage participation (p=0.039), colleagues do not participate (p=0.002) and do not have the materials needed for the class (p=0.008) showed significant differences. The results of this study allow us to affirm that a high number of students of both genders were unmotivated. However, boys were more intrinsically and extrinsically motivated than girls. With this, the importance of the teacher's role as the main outstanding agent during classes is highlighted.
Keywords: Motivation. Physical education. Remote Classes. Teenagers. Pandemic.
RESUMEN
El presente estudio tuvo como objetivo evaluar las motivaciones intrínsecas y extrínsecas en las clases de educación física a distancia durante el aislamiento social por la pandemia del Covid-19en estudiantes de primaria II. Se trata de un estudio descriptivo, transversal, cuantitativo, realizado con alumnos matriculados en la enseñanza básica II de escuelas públicas del norte de Minas Gerais. Una recogida de datos realizada a través de formularios de Google. Participaron en el estudio un total de 286 estudiantes, con una edad media de 12,97 años, DE±1,30, 60,5% (n=173) mujeres y 39,5% (n=113) hombres. Al evaluar la motivación intrínseca y extrínseca, se observó que las niñas están menos motivadas para participar en clases de Educación Física a distancia, en comparación con los niños. Comportamientos de motivación intrínseca: incapaz de realizar bien las actividades (p=0,000), vergüenza de encender la cámara para participar en las clases (p=0,054), las clases ejercitan poco el cuerpo (p=0,013) y no hay tiempo para practicar todo lo que se necesita. quisiera (p=0.000). Y las motivaciones extrínsecas: el docente no fomenta la participación (p=0,039), los compañeros no participan (p=0,002) y no cuenta con los materiales necesarios para la clase (p=0,008) mostraron diferencias significativas. Los resultados de este estudio permiten afirmar que un alto número de estudiantes de ambos sexos se encuentran desmotivados. Sin embargo, los niños estaban más motivados intrínseca y extrínsecamente que las niñas. Con ello, se destaca la importancia del rol del docente como principal agente motivador durante los periodos de clases a distancia.
Palavras-chave: Motivación. Educación Física. Aulas Remotas. Adolescentes. Pandemia.
INTRODUÇÃO
Mais de 98% da população mundial de estudantes foi afetada pelo fechamento das escolas devido à pandemia da Covid-19 (UNESCO, 2020). Por consequência, a educação escolar sofreu profundas modificações. Em especial, criou-se uma dependência por recursos tecnológicos capazes de viabilizar o ensino nesse período (CUNHA; SILVA; SILVA, 2020). Onde instituiu-se, na maioria das escolas públicas e privadas do Brasil, o Ensino Remoto Emergencial.
Dentre as disciplinas curriculares, a Educação Física (EF) sofreu de forma singular os efeitos da pandemia, principalmente por ser uma disciplina de caráter “teórico e prático”. E segundo Skowronski (2021) durante o período de aulas remotas, as dificuldades em realizar atividades práticas são bem significativas. Limitou-se o uso de espaços e equipamentos escolares, redimensionando a dinâmica dos momentos e atividades coletivas, bem como o contato socioafetivo entre alunos, professores e demais colaboradores educacionais.
A EF no ambiente escolar promove o desenvolvimento integral do aluno. Sendo importante no processo de socialização, no entendimento das emoções, na criatividade, na autonomia (OLIVEIRA et al., 2020). Ela melhora a aptidão física, equilíbrio, aprimoramento de habilidades motoras, esquema corporal, estrutura espacial e outros elementos ligados à saúde física (GÓIS et al., 2021).
Entre as demais disciplinas da educação básica, a EF é a que mais atrai os alunos, pois é o momento em que eles podem ter uma integração social com os demais, a interagir e respeitar os colegas e as regras mais de perto. É no ensino médio que os alunos vão aprimorar as suas capacidades motoras, para assim poderem levar todo conhecimento adquirido para toda a vida.
Existem aspectos internos e externos que envolvem a prática do desporto. Muitos dos adolescentes deixam claros o seu interesse em realizar as aulas de EF, por entusiasmo pessoal, por prazer, participando de todas as modalidades coletivas e até mesmo individuais. Outros somente para alcançar notas/conceitos, ou por fazer parte do currículo da escola, entre outros fatores externos (MARZINEK, 2004).
A motivação intrínseca (MI) que diz respeito aos fatores internos do indivíduo, e a motivação extrínseca (ME), é relacionada aos fatores externos. Ambas são amplamente conhecidas e abordadas nas produções relacionadas ao comportamento motivado (FOLLE; TEIXEIRA, 2012; KOBAL, 1996). O progresso de uma situação a motivada para a ME e para a MI ocorre a partir do suporte às três necessidades psicológicas básicas a autonomia, competência e pertencimento/envolvimento.
No contexto de ensino remoto, o suporte à autonomia provido pelo professor envolve considerar a perspectiva dos estudantes como, conhecimentos prévios, dificuldades estruturais, relacionadas ao contexto, e de aprendizagem, permitir escolhas acerca dos objetivos e meios de aprendizagem, evitar linguagem controladora e tentar reduzir a demanda e estresse dos alunos (CHIU, 2021). Fatores externos ao contexto da turma, como a família, a comunidade, acesso à internet e a cultura influenciam na motivação (ESPINOSA, 2021).
Mediante ao contexto apresentado, a lacuna deste estudo encontra-se pautada na preocupação existente acerca da motivação para as aulas de Educação Física Remota (EFR). Neste sentido, o presente trabalho justifica-se pela importância de compreender quais comportamentos de motivação os indivíduos estão experimentando para participar das aulas de EF dos anos finais do ensino fundamental. Com isso, o objetivo do presente estudo foi avaliar as motivações intrínsecas e extrínsecas nas aulas de educação física remota durante o isolamento social pela pandemia Covid-19 em alunos do ensino fundamental II.
MATERIAIS E METODOS
Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal e caráter quantitativo, desenvolvido como parte do projeto de pesquisa “Impacto da pandemia de Covid-19 no comportamento, estilo de vida, e na motivação de alunos do ensino fundamental II”. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Montes Claros-Minas Gerais sob parecer de número 5.105.614/2021.
A população alvo deste estudo foi composta por alunos matriculados no ensino fundamental II de escolas públicas do norte de Minas Gerais. O processo de seleção foi realizado por conveniência de forma não probabilística e intencional, e os alunos que atenderam aos pré-requisitos de participação foram selecionados de acordo com os critérios de inclusão: alunos regularmente matriculados, que não possuíam nenhum transtorno mental ou alimentar diagnosticado, que possuam acesso à internet, e que concordarem em participar voluntariamente da pesquisa. Foram excluídos do estudo alunos que deixaram os formulários em branco e não finalizaram o formulário.
Diante do quadro de pandemia, a coleta de dados foi realizada no formato virtual, para evitar o contato físico entre os pesquisadores e participantes. Inicialmente, foi enviada para as direções de secretarias municipais e escolas estaduais, via e-mail, uma carta de apresentação do estudo solicitando autorização para realização da pesquisa, e convidando-as a colaborarem com o estudo através do envio de um link para pais e adolescentes das respectivas comunidades escolares.
A direção e/ou professores das escolas que aceitaram colaborar com estudo, enviaram um link via @Whatsapp aos pais e/ou responsáveis contendo um termo de consentimento livre e esclarecido, com explicações sobre o estudo, contatos para esclarecimentos sobre a pesquisa, e a solicitação de consentimento de participação do menor sob a sua responsabilidade. Para autorizar ou não a participação do menor, os pais registraram o seu consentimento através de um software online pelo Google Forms.
Após a autorização dos pais, o aluno recebeu um termo de assentimento livre e esclarecido online, onde registrou seu consentimento em participar do estudo de forma voluntária. Feito isso, poderiam iniciar o preenchimento de um questionário estruturado e autoaplicável dividido em módulos temáticos. As respostas dos participantes são anônimas e confidenciais, além disso, os participantes poderiam interromper a participação no estudo e sair do questionário em qualquer estágio antes do processo de envio, onde suas respostas não seriam salvas. Ao final do processo de análise dos dados, os dados da pesquisa foram excluídos da plataforma do Google Forms.
O formulário foi composto por questões referentes ao perfil sociodemográfico e motivação para prática de atividade física. Para caracterizar o perfil sociodemográfico foram coletadas informações referentes a idade, sexo, turma, turno, tipo de escola (Estadual; Municipal), localização da escola (zona urbana; zona rural) e cidade em que residem.
Para determinar a motivação para as aulas de EFR foi utilizado um questionário elaborado por Kobal (1996) que propõe à identificação de MI e ME em aulas de EF, adaptado pelos pesquisadores para o contexto de aulas remotas. O questionário é composto por três questões 8 com 32 afirmações no total, sendo 16 referentes à MI e 16 ME. Cada afirmação foi respondida em uma escala de tipo de likert, com as seguintes categorias: 1- Concordo muito, 2- Concordo, 3- Estou em dúvida, 4- Discordo, 5- Discordo muito. Para fins de análise dos dados, neste estudo as respostas foram caracterizadas em três categorias: Concordo. Em dúvida e discorda.
Para a análise dos dados foi utilizado o programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) for Windows versão 25.0. Inicialmente, foi realizada uma análise descritiva, com distribuição de frequências das variáveis do estudo. Em seguida foram realizadas análises bivariadas, buscando-se associações entre os comportamentos de motivação intrínsecas e extrínsecas e o sexo, com uso do teste Qui-quadrado de Pearson. O nível de significância adotado foi p ≤0,05.
RESULTADOS
Participaram do estudo 286 alunos, com média de idade de 12,97 anos DP±1,30, sendo 60,5% (n=173) do sexo feminino e 39,5% (n=113) masculino. Os alunos eram regularmente matriculados no sexto (23,4%), sétimo (24,1%), oitavo (26,2%) e nono ano (26,2%), de escolas estaduais (79,4%) e municipais (20,6%), localizadas na zona urbana (78,3%) e rural (21,7%) de 23 cidades do norte de Minas Gerais.
As tabelas 1 e 2 apresentam os comportamentos de MI e ME por sexo, em que os alunos estão experimentando para participar das aulas de EFR. Destaca-se que em todos os itens de MI e ME as meninas são menos motivadas para a participação das aulas de EFR, quando comparada aos meninos. Observou-se uma diferença significativa nos comportamentos de MI entre os sexos, nos itens: não consegue realizar bem as atividades (p=0,000), tem vergonha de ligar a câmera para participar das aulas (p=0,054), as aulas exercitam pouco o corpo (p=0,013) e não há tempo para praticar tudo o que gostaria (p=0,000) (Tabela 1). Enquanto as motivações extrínsecas: o professor não incentiva a participação (p=0,039), os colegas não participam (p=0,002) e não tem os materiais necessários para a aula (p=0,008) (Tabela 2).
DISCUSSÃO
Este estudo buscou avaliar as MI e ME nas aulas de EFR durante o isolamento social pela pandemia Covid-19 em alunos do ensino fundamental II. A motivação é um dos principais componentes para a participação das pessoas em atividades físicas e esportes (SALEHIAN et al., 2022), e durante a pandemia alguns alunos acabaram direcionando a desmotivação para a EF escolar, enquanto os motivos verdadeiros foram as consequências da Covid-19, como por exemplo o ensino a distância, as aulas online, práticas de atividades físicas em casa de forma individual, entre outros (BARBOSA, 2021).
No ensino remoto as aulas de EF que antes aconteciam na quadra, promovendo a socialização, a integração, e o compartilhamento de experiências foram significativamente alterados (COELHO; XAVIER; MARQUES, 2020). Estudo realizado por Barbosa (2021) revelou que 25,87% dos alunos não se sentiam motivados pelas aulas de EF escolar a praticarem atividades físicas durante a pandemia da Covid-19, e 53,2% se sentiram motivados de alguma forma, mas o contexto pandêmico inviabilizava a prática.
Ao avaliar a MI e ME as meninas foram menos motivadas intrínseca e extrinsecamente para a participação das aulas de EFR, quando comparada aos meninos. Antes da pandemia a desmotivação para a participação nas aulas de EF durante as aulas tradicionais já eram mais predominantes entre as meninas (ALPACA; TEMBE; ALUATINHO, 2021). Pizani et al. (2016) corrobora com seu estudo, onde as meninas foram mais desmotivadas a participar das aulas de EF principalmente em relação à ME.
No que se refere a MI para aulas de EFR observou-se que as meninas relatam estar desmotivas por não conseguir realizar bem as atividades e ter
Tabela 1. Motivação Intrínseca para as aulas de Educação Física remotas durante o período de isolamento social pela pandemia de COVID19.
|
Concorda |
Em dúvida |
Discorda |
p-valor |
|||
|
Feminino |
Masculino |
Feminino |
Masculino |
Feminino |
Masculino |
|
|
n (%) |
n (%) |
n (%) |
n (%) |
n (%) |
n (%) |
|
Participa das aulas de Educação Física remotas porque: |
|
||||||
Gosta de atividades físicas |
113 (60,1) |
75 (39,9) |
39 (66,1) |
20 (33,9) |
21 (53,8) |
18 (46,2) |
0,470 |
As aulas dão prazer |
92 (57,5) |
68 (42,5) |
48 (69,6) |
21 (30,4) |
33 (57,9) |
24 (42,1) |
0,208 |
Gosta de aprender novas habilidades |
132 (60,3) |
87 (39,7) |
24 (64,9) |
13 (35,1) |
17 (56,7) |
13 (43,3 |
0,785 |
Aumenta os conhecimentos sobre esportes e outros conteúdos |
111 (57,2) |
83 (42,8) |
37 (75,5) |
12 (24,5) |
25 (58,1) |
18 (41,9) |
0,061 |
Sente-se saudável com as aulas |
115 (61,2) |
73 (38,8) |
37 (64,9) |
20 (35,1) |
21 (51,2) |
20 (48,8) |
0,372 |
Gosta das aulas de Educação Física remotas quando: |
|
|
|
|
|
|
|
Aprende uma nova habilidade |
126 (61,2) |
80 (38,8) |
31 (70,5) |
13 (29,5) |
16 (44,4) |
20 (55,6) |
0,057 |
Dedica-se ao máximo a atividade |
107 (58,8) |
75 (41,2) |
41 (67,4) |
20 (32,8) |
25 (58,1) |
18 (41,9) |
0,479 |
Compreende os benefícios das atividades propostas |
117 (59,4) |
80 (40,6) |
32 (60,4) |
21 (39,6) |
24 (66,7) |
12 (33,3) |
0,714 |
As atividades dão prazer |
95 (56,5) |
73 (43,5) |
48 (66,7) |
24 (33,3) |
30 (65,2) |
16 (34,8) |
0,263 |
O que aprende faz querer praticar mais |
100 (57,8) |
73 (42,2) |
40 (65,6) |
21 (34,4) |
33 (63,5) |
19 (36,5) |
0,503 |
Movimenta o corpo |
119 (61,7) |
74 (38,3) |
28 (59,6) |
19 (40,4) |
26 (56,5) |
20 (43,5) |
0,807 |
Não gosta das aulas de Educação Física remotas quando: |
|
|
|
|
|
|
|
Não consegue realizar bem as atividades |
90 (74,4) |
31 (25,6) |
33 (61,1) |
21 (38,9) |
50 (45,0) |
61 (55,0) |
0,000* |
Tem vergonha de ligar a câmera para participar das aulas |
120 (65,6) |
63 (34,4) |
22 (55,0) |
18 (45,0) |
31 (49,2) |
32 (50,8) |
0,054* |
Tem que realizar as atividades sozinho (a) |
87 (62,6) |
52 (37,4) |
41 (67,2) |
20 (32,8) |
45 (52,3) |
41 (47,7) |
0,149 |
Exercita pouco o corpo |
79 (66,9) |
39 (33,1) |
44 (66,7) |
22 (33,3) |
50 (49,0) |
52 (51,0) |
0,013* |
Não há tempo para praticar tudo o que gostaria |
89 (70,6) |
37 (29,4) |
43 (67,2) |
21 (32,8) |
41 (42,7) |
55 (57,3) |
0,000* |
Fonte: Próprio autor
Tabela 2. Motivação Extrínseca para as aulas de Educação Física remotas durante o período de isolamento social pela pandemia de COVID19.
|
Concorda |
Em dúvida |
Discorda |
p-valor |
|||
|
Feminino |
Masculino |
Feminino |
Masculino |
Feminino |
Masculino |
|
|
n (%) |
n (%) |
n (%) |
n (%) |
n (%) |
n (%) |
|
Participa das aulas de Educação Física remotas porque: |
|
||||||
Faz parte do currículo da escola |
113 (63,1) |
66 (36,9) |
33 (56,9) |
25 (43,1) |
27 (55,1) |
22 (44,9) |
0,489 |
É uma disciplina obrigatória |
101 (63,1) |
59 (36,9) |
39 (62,9) |
23 (37,1) |
33 (51,6) |
31 (48,4) |
0,253 |
O rendimento é melhor que o dos colegas |
31 (54,4) |
26 (45,6) |
54 (62,1) |
33 (37,9) |
88 (62,0) |
54 (38,0) |
0,574 |
Preciso tirar notas boas |
129 (61,1) |
82 (38,9) |
23 (53,5) |
20 (46,5) |
21 (65,6) |
11 (34,4) |
0,529 |
Gosta das aulas de Educação Física remotas quando: |
|
|
|
|
|
|
|
Esquece das outras aulas e se diverte |
88 (64,7) |
48 (35,3) |
38 (63,3) |
22 (36,7) |
47 (52,2) |
43 (47,8) |
0,150 |
O professor passa atividades práticas |
106 (63,1) |
62 (36,9) |
41 (61,3) |
26 (38,8) |
26 (51,0) |
25 (49,0) |
0,298 |
Sente-se integrado ao grupo e interage com os colegas |
84 (62,2) |
51 (37,8) |
47 (63,5) |
27 (36,5) |
42 (54,5) |
35(45,5) |
0,451 |
As opiniões são aceitas |
85 (63,4) |
49 (36,6) |
54 (56,3) |
42 (43,8) |
34 (60,7) |
22 (39,3) |
0,546 |
Sente-se melhor que os colegas |
43 (55,1) |
35 (44,9) |
37 (56,9) |
28 (43,1) |
93 (65,0) |
50 (35,0) |
0,284 |
Não gosta das aulas de Educação Física remotas quando: |
|
|
|
|
|
|
|
Não tem apoio dos pais |
46 (67,6) |
22 (32,4) |
25 (61,0) |
16 (39,0) |
102 (57,6) |
75 (42,4) |
0,355 |
Não simpatiza com o professor (a) |
34 (63,0) |
20 (37,0) |
39 (66,1) |
20 (33,9) |
100 (57,8) |
73 (42,2) |
0,487 |
O professor não incentiva a participação |
55 (72,4) |
21 (27,6) |
23 (60,5) |
15 (39,5) |
95 (55,2) |
77 (44,8) |
0,039* |
Os colegas não participam |
60 (76,9) |
18 (23,1) |
40 (52,6) |
36 (47,4) |
73 (55,3) |
59 (44,7) |
0,002* |
A casa não tem espaço para realizar as atividades |
37 (60,7) |
24 (39,3) |
21 (55,3) |
17 (44,7) |
115 (61,5) |
72 (38,5) |
0,773 |
Não tem boa ou nenhuma conexão à internet |
36 (62,1) |
22 (37,9) |
28 (71,8) |
11 (28,2) |
109 (57,7) |
80 (42,3) |
0,250 |
Não tem os materiais necessários para a aula |
53 (63,1) |
31 (36,9) |
44 (75,9) |
14 (24,1) |
76 (52,8) |
68 (47,2) |
0,008* |
Fonte: Próprio autor
vergonha de ligar a câmera para participar das aulas. Segundo Delboni (2021), abrir a câmera permite uma interação mais efetiva entre o professor e aluno, no entanto, os alunos parecem perceber como invasivo ou como se algumas palavras e/ou gírias no chat bastasse para a comunicação e relação. Neste contexto, professores passaram a dar aulas com um mínimo de interação com os alunos e, paralelamente, multiplicavam-se pelas redes sociais posts, tuítes e memes sobre a “tragédia” do ensino remoto (MÁXIMO, 2021).
Relatos de que as aulas exercitam pouco o corpo e não há tempo para praticar tudo o que gostaria também foram itens relatados como desmotivantes. Enquanto nas ME, o professor não incentivar a participação do aluno nas aulas, os colegas não participarem e não ter materiais necessários para a aula foram os fatores observados como desmotivantes. Durante o processo de ensino remoto os professores também enfrentaram dificuldades relacionadas a se adaptar ao ambiente virtual e fazer com que as aulas de EF oferecessem algum sentido e significado aos estudantes durante este momento. Lidar com o desinteresse dos alunos na realização das atividades, criar atividades que não dependesse de muitos materiais e espaço físico para que seus alunos pudessem executar as atividades de forma positiva são algumas das dificuldades encontradas (SARAIVA; TRAVERSINI; LOCKMANN, 2020).
A desmotivação dos alunos, consequentemente, desmotiva a atuação do professor, e isso faz com que o ensino remoto não seja visto “com bons olhos”. Portanto, as experiências vividas durante o ensino remoto podem ser muito valiosas e produtivas para pensar em estratégias e possibilidades de tratar a educação nos do ensino fundamental em novos contextos emergenciais (OLIVEIRA; SCHOLZE. 2021).
Estudos mostram que a prática de atividade física de forma intencional pode gerar maior motivação e forte persistência na atividade física apresentando com orientações e feedback autodirigida. Portanto, proporcionar aos alunos o direito para escolher seus exercícios na EFR pode influenciar a sensação de autonomia durante a prática com efeito maior nos componentes psicológicos como a motivação intrínseca (SFANDYAR et al., 2020; SALEHIAN et al., 2022).
Professores de EF relatam que a maior dificuldade encontrada durante as aulas remotas são as atividades propostas aos seus alunos, pois a pouca adesão dos alunos, as dificuldades de manipulação tecnológica e o desleixo familiar dificultaram um melhor resultado do processo (ANDRADE; SILVA; SANTOS JÚNIOR, 2021).
Com a retomada das atividades “normais”, a EF agora constitui uma oportunidade chave para os adolescentes se envolverem em experiências de AF orientada. Além disso, a AF é considerada um elemento vital para combater os problemas de saúde mental associados às restrições impostas pela pandemia (MCCARTAN et al., 2021). À medida que avançamos para além das restrições da pandemia, influenciar o comportamento de AF em prazos mais longos deve ser considerado um objetivo principal da EF.
CONCLUSÃO
Os resultados deste estudo nos permitem afirmar que um número elevado de alunos de ambos os gêneros se encontrava desmotivados para as aulas de EFR. No entanto, os meninos estavam mais motivados intrínseca e extrinsecamente em relação as meninas. Com isso, destaca-se a importância da atuação do professor como principal agente de motivação durante períodos de aulas remotas.
Fatores referentes as dificuldades impostas pelo isolamento social como, não tem os materiais necessários para a aula, ter vergonha de ligar a câmera e a falta de participação dos colegas são os fatores que mais desmotivaram os alunos a participarem das aulas de EFR.
À medida que avançamos para um mundo pós-pandemia, é importante ter em mente os sucessos e as dificuldades dos alunos no ambiente online. Neste contexto, ações e políticas públicas para aulas remotas são indispensáveis, pois ajudará a estruturar e orientar o ensino online para o futuro.
REFERÊNCIAS
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