ARTIGO ORIGINAL

FESTIVAL DO MOVIMENTO - UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA CAMPUS GOVERNADOR VALADARES - 2017/2019

 

MOVEMENT FESTIVAL (UNIVERSITY OF JUIZ DE FORA – CAMPUS GOVERNADOR VALADARES, MINAS GERAIS-BRASIL, 2017-2019)

FESTIVAL DEL MOVIMIENTO (UNIVERSIDADE FEDERAL JUIZ DE FORA– CAMPUS GOVERNADOR VALADARES, MINAS GERAIS-BRASIL, 2017-2019)

Bárbara Edir Rodrigues Peres Nunes Descrição: download Descrição: Lattes

Universidade Federal de Juiz de Fora – Campus Governador Valadares - UFJFGV

E-mail: barbaraediir@icloud.com

 

Igor Maciel da Silva Descrição: download Descrição: Lattes

Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG

      E-mail: professorigormaciel@gmail.com

 

Data de Submissão: 04/08/2022 Data de Publicação: 03/05/2023

Como citar: NUNES, B. E. R. P.; SILVA, I. M. FESTIVAL DO MOVIMENTO - UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA CAMPUS GOVERNADOR VALADARES - 2017/2019. Revista Eletrônica Nacional de Educação Física, v. 14, n. 21, jul. 2023. https://doi.org/10.46551/rn2022131900065

 

RESUMO

Este estudo investiga a história do Festival do Movimento, organizado pelo curso de bacharelado em Educação Física da Universidade Federal de Juiz de Fora – Campus Governador Valadares, a partir da percepção dos docentes envolvidos com a sua proposição ao longo de suas seis edições presenciais, de 2017 a 2019. A pesquisa se insere na abordagem qualitativa e teve como amostra os 4 docentes que se envolveram na proposição do evento. Para a coleta de dados foi utilizado um questionário semiestruturado e os dados foram analisados através da Análise de Conteúdo. A partir das respostas foi possível compreender como se deu a instauração e a trajetória do Festival do Movimento, examinar os avanços, permanências e dificuldades encontradas pelos docentes para a realização dele, e demarcar os sentidos pedagógicos de uma avaliação curricular nesse formato.

Palavras-chave: Festival. Atividades rítmicas. Formação universitária.

 

ABSTRACT

This study investigates the history of the Movement Festival, organized by the Bachelor’s Degree in Physical Education at the Federal University of Juiz de Fora – Campus Governador Valadares, Minas Gerais - Brasil, based on the perception of the professors involved with its proposition throughout its six face-to-face editions, from 2017 to 2019. The research is part of the qualitative approach and had as a sample the 4 professors who were involved in the proposal of the event. For data collection, a semi-structured questionnaire was used and the data were analyzed through Content Analysis. Based on the answers, it was possible to understand how the Movement Festival was established and trajectory, to examine the advances, continuities and difficulties encountered by teachers in carrying it out, and to demarcate the pedagogical meanings of a curricular evaluation in this format.

Keywords: Festival. Rhythmic activities. University education.

 

RESUMEN

Este estudio investiga la história del Festival do Movimento, organizado por la Licenciatura en Educación Física de la Universidad Federal de Juiz de Fora – Campus Governador Valadares, a partir de la percepción de los profesores involucrados con su propuesta a lo largo de sus seis presenciales. -ediciones presenciales, de 2017 a 2019. La investigación se enmarca en el enfoque cualitativo y tuvo como muestra a los 4 profesores que intervinieron en la propuesta del evento. Para la recolección de datos, se utilizó un cuestionario semiestructurado y los datos fueron analizados a través del Análisis de Contenido. A partir de las respuestas, fue posible comprender cómo se constituyó y la trayectoria del Festival do Movimento, examinar los avances, continuidades y dificultades encontradas por los docentes en su realización, y delimitar los significados pedagógicos de una evaluación curricular en este formato.

Palabras clave: Festival. Actividades rítmicas. Formación universitaria.

 

 

INTRODUÇÃO

Esta pesquisa investiga a história do Festival do Movimento, do curso de bacharelado em Educação Física da Universidade Federal de Juiz de Fora – Campus Governador Valadares (UFJF-GV), a partir da percepção dos docentes envolvidos com a sua proposição ao longo de suas seis edições presenciais, de 2017 a 2019. Como objetivos específicos, pretende: 1) Explicar a instauração do Festival do Movimento e a trajetória que percorreu até o formato vigente em sua última edição presencial; 2) Examinar os avanços, permanências e dificuldades para a sua realização; 3) Demarcar os sentidos pedagógicos de uma avaliação curricular no formato do Festival do Movimento a fim de apontar a importância do mesmo enquanto atividade avaliativa interdisciplinar.

Originalmente, o Festival do Movimento, doravante F.M., trata-se de uma atividade avaliativa e evento promovido pelo cronograma das disciplinas Fundamentos da Ginástica I (Ginástica de Academia), Fundamentos da Ginástica II (Ginástica Artística), Fundamentos da Ginástica III (Ginástica Rítmica), Dança, e Expressão Rítmica e Corporal, do curso de Bacharelado em Educação Física da UFJF-GV[1]. A estipulação e organização deste Festival por essas disciplinas se justifica pela similaridade encontrada nesses conteúdos. Isso porque as ginásticas, as danças e a expressão rítmica constituem-se de aspectos em comum que transcendem o movimento, que podem ser, por exemplo, a característica de serem apreciadas como manifestação artística, a presença de música, figurino, e a presença de público (CHAVES; OLIVEIRA, 2017). O que se afirma a partir da leitura das ementas disponíveis no Projeto Pedagógico do Curso de Educação Física da instituição, em que a semelhança entre os conteúdos é percebida porque são práticas que priorizam o elemento rítmico através do movimento por intermédio da expressão e criatividade (PROJETO PEDAGÓGICO DO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA, 2014).

O F.M. aconteceu de modo presencial em seis edições, de maneira ininterrupta, de 2017 até 2019, sendo que a partir de 2020 ocorrem edições on-line dado o estabelecimento do Ensino Remoto Emergencial, devido a Pandemia de Covid-19. Durante os anos estudados foi organizado por diferentes docentes, houve o estabelecimento de temáticas e apreciação de público diverso, que inclui a comunidade universitária (docentes, discentes, Técnicos Administrativos) e público externo (familiares, comunidade local e imprensa).

A primeira experiência de um festival como atividade avaliativa na UFJF-GV foi no primeiro semestre de 2016, pelo professor da disciplina de Dança, na época, João Claudio Passos da Silva[2]. Trata-se de um Flash Mob, que é uma concentração espontânea que envolve um grupo de pessoas com ações inusitadas, porém previamente combinadas (SILVA; AMARAL, 2016), neste caso, ocorreram intervenções de dança no pátio da Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE), que na época tinha a sua infraestrutura alugada para a UFJF-GV. As apresentações obtiveram sucesso e no semestre seguinte, no intuito de garantir a vivência significativa pelo corpo discente e de envolver mais a comunidade acadêmica, o professor João, ministrando as disciplinas de Expressão Rítmica e Corporal, Dança, Fundamentos da Ginástica II e Fundamentos da Ginástica III, junto a professora Meirele Rodrigues Gonçalves[3], essa última que estava responsável pelo conteúdo de Fundamentos da Ginástica I, fundaram um evento que agregou ginásticas, ritmos e danças, nomeado de Festival do Movimento.

A primeira edição do evento aconteceu em 12 de agosto de 2017, no ginásio poliesportivo da Sociedade Recreativa Filadélfia, um clube social, esportivo e recreativo da cidade de Governador Valadares-MG. Nesse recinto aconteceram todas as outras edições presenciais do F.M.

No primeiro semestre de 2018, o Departamento de Educação Física recebeu a professora Priscila Figueiredo Campos[4], que, assumindo a disciplina de Fundamentos da Ginástica I, optou por dar continuidade ao F.M. como uma avaliação da disciplina. Logo, o contrato do professor João foi encerrado e a professora Clara Mockdece Neves[5] passou a ministrar as disciplinas de Fundamentos da Ginástica I, Fundamentos da Ginástica II e Fundamentos da Ginástica III. A entrada da professora Clara no ano de 2018 dotou o F.M. de outras características; cita-se uma de destaque: certa temática para cada edição era selecionada a partir da indicação de temas pelos graduandos, e, após, era definido pelo corpo docente responsável. Desse modo, os acadêmicos matriculados nas disciplinas supracitadas participavam da composição coreográfica e organização da estrutura prévia do evento, utilizando como elementos principais a criatividade e a autonomia, sendo possibilitado que pensassem nas personagens e músicas relacionadas ao tema definido.

Em 17 de março de 2020, com a Pandemia de Covid-19, houve a suspensão das atividades presenciais de ensino, pesquisa e extensão, e a Universidade Federal de Juiz de Fora estabeleceu o Ensino Remoto Emergencial em setembro de 2020 em todos os seus campi com o objetivo de retomar as atividades acadêmicas. Algumas disciplinas foram suspensas no Campus de Governador Valadares, entre elas, cita-se a de Dança e a de Expressão Rítmica e Corporal. Em outro sentido, as disciplinas de Fundamentos das Ginásticas (I, II e III) foram mantidas e o F.M. também, porém de forma online. O evento continua acontecendo, todavia pelo fato de ter sido promovido somente pelos conteúdos de ginásticas entre os anos de 2020 e 2021, as demais edições não fizeram parte deste estudo pelo motivo da reorganização do formato original do evento – o que ficará a encargo de novas pesquisas.

 

JUSTIFICATIVA

Em diferentes experiências da Educação Física – escolar e formação universitária – os festivais são empregados como uma possibilidade de trabalho interdisciplinar (SOUZA; NETO, 2010) e atividade avaliativa em “um espaço de ampliação do tempo pedagógico” (BRASILEIRO, 2002, p. 11).

A existência de festivais ginásticos é comum desde 1939, com, por exemplo, a organização da Lingiada, que consistia em um evento realizado na cidade de Estocolmo, na Suécia, em homenagem à Per Henrik Ling (1776-1839), fundador do Método Sueco de ginástica (PATRÍCIO; BORTOLETO, 2015). Sobre a organização de festivais ginásticos do tipo na atualidade, existe uma diversidade. A seguir constam alguns exemplos.

Primeiro, a Ginástica Para Todos (GPT), também denominada de Ginástica Geral (GG), trata-se de uma modalidade que agrega ginástica e dança, com a participação de pessoas de todas as idades. Objetiva promover saúde, bem como o aumento da interação social, entre outros objetivos que interessam a uma variedade de instituições e profissionais, tendo como pressuposto a valorização e o respeito às tradições e a cultura de seus praticantes (PATRÍCIO et al., 2016). No Brasil, a GPT intensifica o seu desenvolvimento a partir da década de 1980, onde as universidades têm um papel significativo para a sua expansão através da organização de festivais (BLANCO et al., 2017), em que além de abrigarem a ginástica, também envolvem outras manifestações, como, dança, jogos teatrais e circo através de atividades que incentivam criatividade e liberdade criativa (SOUZA; NETO, 2010).

Como segundo exemplo, a Gymnaestrada – evento organizado pela Federação Internacional de Ginástica (FIG) desde 1953 – é considerado o maior e mais importante evento de GPT a nível mundial (PATRÍCIO; BORTOLETO; CARBINATTO, 2016). De acordo com os estudos de Ayoub (2003) citado por Maroun (2015, p. 43), “a Gymnaestrada promove uma grande rede de troca de saberes e experiências entre as mais variadas nações, culturas e ginastas, primando pela não exclusão e pela não competitividade”.

Já o Festival de Ginástica Universitária (FGU), realizado em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, apresenta características similares ao F.M, como o fato de ser uma atividade curricular avaliativa voltada para graduandos em Educação Física. A primeira edição do FGU foi estruturada em junho de 2019, a partir da ação de docentes de Instituições de Ensino Superior (IES) e a Federação de Ginástica de Mato Grosso do Sul (FGMS). Eles organizaram um evento envolvendo as disciplinas de ginásticas dos cursos de Educação Física (bacharelado e licenciatura) da cidade de Campo Grande, e a comunidade acadêmica enquanto público, contando com 140 participantes, oito apresentações e quatro Instituições de Ensino Superior (BACIOTTI et al., 2019).

Todos esses eventos, em especial o FGU, tem em comum a divulgação das modalidades ginásticas com caráter formativo por meio da apreciação e entretenimento. Tais características fazem com que festivais do tipo tenham relevância tanto no campo das ginásticas como para a formação humana, visando harmonia entre os participantes e contribuindo para promoção da saúde e bem-estar físico, social, intelectual e psicológico (BACCIOTTI et al., 2019), e também possibilitando conhecimento, lazer, socialização e acesso à outras manifestações da cultura ao público externo.

Nesse sentido, analisar a história do Festival do Movimento da UFJF-GV é de suma importância pelos seguintes motivos: 1) Produzir a história e a memória do evento. 2) Favorecer a constância deste evento no curso de bacharelado em Educação Física da UFJF-GV, como forma de agregar positivamente na formação acadêmica e social dos participantes. 3) Divulgar formas avaliativas exitosas para os conteúdos de ginásticas, dança e expressão rítmica, a fim de inspirar outras instituições.

Este artigo também apresenta um aspecto pouco explorado nas pesquisas consultadas: a construção da narrativa a partir das pessoas que organizaram o evento, já que a maioria dos estudos encontrados apresentam festivais ginásticos na perspectiva dos alunos/atletas participantes, podendo acrescentar para a memória do trabalho docente da UFJF-GV. O que é notório por alguns motivos: 1) Constam poucos registros das seis edições do F.M., o que inviabiliza algumas investigações. 2) Entender a formatação do F.M. a partir dos seus organizadores é uma forma de averiguar se essa avaliação conquista os objetivos pedagógicos estabelecidos, o que envolve a formação discente de modo direto.

 

METODOLOGIA

A pesquisa é de abordagem qualitativa – esse tipo de estudo “privilegia a análise de microprocessos, através do estudo das ações sociais individuais e grupais, realizando um exame intensivo dos dados, e caracterizada pela heterodoxia no momento da análise”, ou seja, é uma metodologia de caráter exploratório que envolve o ser humano, suas relações, o contexto onde a investigação ocorre e demais detalhes envolvidos, sem desprezar fatores como interação, emoção e individualidade nas análises dos dados (MARTINS, 2004, p. 291).

A fim de responder os objetivos propostos, foi empregado um questionário semiestruturado online com dezesseis questões. Conforme as orientações de Boni e Quaresma (2005), o uso de questionários é entendido como fator positivo devido ao alcance que tal técnica possui. Em outras palavras, não é necessário a presença da pesquisadora para que as pessoas entrevistadas respondam às questões, além disso, obtêm-se respostas rápidas e precisas.

A amostra foi composta pelos quatro docentes responsáveis pela promoção do F.M. de modo presencial, entre 2017 e 2019, nomeadamente: João Cláudio Passos da Silva, Meirele Rodrigues Gonçalves, Priscila Figueiredo Campos, Clara Mockdece Neves. A pesquisa foi autorizada por meio da avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora (CAAE: 45450621.4.0000.5147/28 de maio de 2021), e os entrevistados autorizaram a divulgação de seus nomes via Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), disponibilizado junto ao questionário organizado na plataforma Google Forms. Tal ferramenta facilitou o recrutamento dos participantes e a coleta de dados online, iniciada em 7 de junho de 2021 e finalizada em 11 de junho de 2021.

Para a análise dos dados adotou-se a Análise de Conteúdo: técnica metodológica decorrente de mensagens escritas ou transcritas (SOUZA et al., 2010), em que nesta pesquisa foram utilizadas as respostas dos docentes. Para tanto, conforme as orientações de Bardin (2011), em um primeiro momento foi feita a codificação, seleção e categorização dos dados, agrupando os elementos em comum, os quais foram reconhecidos após a leitura primeira das respostas, de modo que as mesmas sejam interpretadas segundo os objetivos da pesquisa. Para a identificação de similaridade nas respostas foi feita a cópia delas para um documento no formato word, e as respostas equivalentes foram taxadas da mesma cor. Assim, as cores que apareciam em mais de uma resposta foram selecionadas para serem apresentadas nos resultados.

 

RESULTADOS E DISCUSSÕES DOS RESULTADOS

No gráfico a seguir, consta o perfil dos participantes em relação ao sexo.

Points scored

Gráfico 1 – Perfil dos participantes (sexo)       

                                        Fonte: Próprio autor


 

A maior parte dos docentes envolvidos com a organização do F.M. são do sexo feminino. Sem querer generalizar e sim, provocar a reflexão, a ausência de professores do sexo masculino ministrando aulas de Ginásticas e Dança dentro dos cursos de Educação Física é algo que pode ser explicado por meio da análise da formação docente e, por conseguinte, da identidade acadêmica dos mesmos. Estudos indicam que a dança e a ginástica, por mais que sejam manifestações corporais que fazem parte da Educação Física, possuem um ensino limitado durante a graduação (PEREIRA; HUNGER, 2009). Isso acontece porque muitas das vezes os alunos de graduação, principalmente do sexo masculino e heterossexuais, não sentem tanto interesse por estes conteúdos e do mesmo modo, podem não ser motivados para tal participação, fazendo com que eles não se dediquem a conhecer e realizar pós-graduações voltadas às atividades rítmicas após a formação inicial da graduação. Além disso, outro fator que limita o ensino desse tipo de conteúdo para homens é o preconceito ou resistência por parte dos próprios alunos e até mesmo dos pais ou professores (PEREIRA; HUNGER, 2009).

Contudo, felizmente existem exceções, dado que a partir do currículo do professor João, observa-se que o desinteresse por atividades rítmicas é algo fora de sua realidade, já que o docente possui pós-graduação no curso de Dança Educacional, especialização em Dança e Consciência Corporal, além de ser bailarino e coreógrafo com diversos trabalhos relacionados a experimentação e conhecimento do movimento, atuando principalmente nas seguintes áreas: Dança, Ginástica e Ritmos. Portanto, a formação deste professor nas áreas anteriormente citadas, pode servir de inspiração para os discentes. O envolvimento discente em todas as experiências ofertadas pelo curso de Educação Física, sendo elas rítmicas ou não, é extremamente importante, não apenas para a formação, mas também para a ampliação do mercado de trabalho docente.


 

O gráfico a seguir demonstra o perfil dos participantes da pesquisa.

Points scored

Gráfico 2 – Perfil dos participantes (cargo que ocupa/ocupou na UFJF-GV)     

                 Fonte: Próprio autor

 

Dentre os integrantes da amostra constam dois professores substitutos (Priscila e João) e duas professoras efetivas (Meirele e Clara). No quadro abaixo podemos observar os professores que se envolveram na proposição de cada uma das edições do F.M.

 

Quadro 1 Professores envolvidos com a proposição do F.M. de acordo com cada edição

Edição

2017/1

2017/2

2018/1

2018/2

2019/1

2019/2

Organizadores

João

Meirele

João

Priscila

Priscila

Clara

Priscila

Clara

Priscila

Clara

Priscila

Clara

      Fonte: Próprio autor

Nota-se que todas as edições do F.M. contaram com a participação de dois docentes, o que demonstra uma característica comum do Campo cênico que o F.M se insere: o trabalho em equipe. Na edição em que o evento foi estabelecido (2017/1), Meirele ministrou a disciplina de Fundamentos da Ginástica I, enquanto João foi o responsável pelas outras quatro disciplinas envolvidas no festival. Já na segunda edição do F.M. (2017/2), Priscila ministrou as disciplinas de Fundamentos da Ginástica II, Dança e Expressão Rítmica e Corporal, enquanto Clara ministrou as disciplinas de Fundamentos da Ginástica I e Fundamentos da Ginástica III. De 2018/1 até a última edição presencial do F.M. em 2019/2, Priscila ministrou as disciplinas de Dança e Expressão Rítmica e Corporal, enquanto Clara ministrou as disciplinas de Fundamentos da Ginástica I, II e III.

A respeito da seguinte pergunta: “Na sua opinião, qual a importância de existir uma atividade avaliativa interdisciplinar no formato do F.M.?”, as unidades de análises mais evidenciadas nas respostas dos entrevistados foram: a aplicação dos conteúdos aprendidos em aula na prática; formação dos alunos; diálogo com a comunidade externa; trabalho em equipe. Especificamente sobre a primeira unidade – a aplicação dos conteúdos aprendidos em aula prática – destaca-se a importância dessa reflexão, haja vista que nos cursos de Educação Física a carga horária curricular prática muitas vezes é mais valorizada pelo corpo discente do que a teoria. O que não significa que as pessoas envolvidas se apossam das atividades práticas de modo integral. Em outro sentido, em oportunidades como a do F.M., em que foi incentivada a criação a partir das práticas, entende-se que isso coopera com a produção de sentido individual e coletivo sobre o conteúdo, não sendo somente a prática pela prática.

As repetições relacionadas à importância de existir uma atividade avaliativa interdisciplinar no formato do F.M. a partir da fala dos docentes estão apresentadas no Gráfico 3.

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Gráfico 3 – Importância de existir uma atividade avaliativa interdisciplinar no formato do F.M.

Fonte: Próprio autor

 

Os resultados indicaram que o F.M. possibilitou que os discentes demonstrassem através da prática, todo o aprendizado adquirido ao longo do semestre, já que eles precisaram criar coreografias características das modalidades envolvidas no evento. O que é destacado como importante para a formação dos mesmos pois aproxima os discentes da realidade da atuação profissional, além de possibilitar a vivência em todos os processos que envolvem a construção de um festival: trabalho em equipe, composição coreográfica, figurino, cenário etc.

A respeito do diálogo com a comunidade externa, isso se explica pelo fato de o F.M. ser um evento no qual o público é caracterizado principalmente por familiares, colegas de outros períodos e cursos, sócios da Sociedade Recreativa Filadélfia entre outros. A presença de público é importante porque incentiva a apresentação dos discentes, o que toca no aspecto motivação; contribui para a valorização do evento pela comunidade envolvida, possibilitando conhecimento, lazer, socialização, acesso a outras manifestações culturais; divulga o que é produzido na universidade pública por meios mais acessíveis.

O F.M. também permite que os discentes desenvolvam o trabalho em equipe, visto que as construções coreográficas são feitas em conjunto com os grupos de cada conteúdo, desenvolvendo atividades colaborativas. As tarefas realizadas em conjunto são importantes pelo fato de que o trabalho em equipe se faz presente na atuação profissional não só da Educação Física em si, mas em diversas áreas.

No que tange às dificuldades encontradas na organização do evento, foi possível identificar as seguintes unidades de análise: falta de recursos; apoio institucional insuficiente; pouca adesão dos alunos.

A maior das dificuldades encontradas na organização do evento foi a falta de recursos – tanto financeiro quanto de infraestrutura. A respeito da infraestrutura, a UFJF-GV é um Campus que não tem prédio próprio, por isso, a sua infraestrutura é alugada. Portanto, o F.M. ocorre em um desses espaços, respectivamente, na quadra de esportes da Sociedade Recreativa Filadélfia, clube onde a UFJF-GV não tem exclusividade de espaço. Por esse motivo, por exemplo, já aconteceu de em uma das edições ocorrerem outros eventos concomitantes dentro do clube, o que acabou interferindo na execução do Festival por conta de ruídos externos.

 

As repetições relacionadas às dificuldades encontradas na organização do evento são apresentadas no Gráfico 4.

Points scored

Gráfico 4 – Dificuldades encontradas na organização do evento         

                  Fonte: Próprio autor

 

A respeito de outra questão demonstrada no Gráfico 4, existiu a falta de verba/patrocínio para o curso de Educação Física e para a UFJF-GV, o que impediu que o F.M. contasse com equipamentos de qualidade como, por exemplo: som, iluminação, palco, tatames suficientes para preencher um palco, etc. Além disso, por ser evidenciado pouco envolvimento do Departamento de Educação Física e do seu corpo docente, o apoio institucional acabou sendo insuficiente, com exceção do setor de comunicação, o qual, de acordo com a professora Meirele, “[...] prestava apoio adequado e de qualidade, especialmente relacionado ao marketing e divulgação”.

Outra dificuldade relatada por outras duas docentes, nomeadamente, Meirele e Priscila, foi a pouca adesão dos discentes. Por ser uma atividade avaliativa, muitos alunos acabavam questionando o caráter obrigatório e demonstravam insatisfação em participar, e existe também a questão do constrangimento entre os alunos que se consideravam não-rítmicos que geralmente participavam apenas por nota nas disciplinas, mas com insatisfação.

Outro aspecto reconhecido é que parte das dificuldades apresentadas poderia ser resolvida caso o Campus tivesse recursos necessários, o que se confirma nas respostas da professora Clara, para quem: “se tivéssemos uma verba para a realização do evento, poderíamos contratar alguns serviços essenciais”. Em relação a outra dificuldade, à falta de participação dos alunos, os professores envolvidos poderiam tê-los incentivados, apresentando as contribuições do Festival na formação discente e para a comunidade externa, o que se nota a partir da fala de Meirele: “acredito ser este o maior desafio docente: inspirar/sensibilizar/motivar os alunos; despertar interesse na lógica da formação pessoal e acadêmica”.

A partir da pergunta “quais as contribuições geradas pelo F.M., para o trabalho docente, formação discente e Universidade?”, foi possível identificar nas respostas dos entrevistados os seguintes elementos em comum: aplicação dos conhecimentos adquiridos e a possibilidade de vivências. As repetições relacionadas a essa questão são apresentadas a seguir.

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Gráfico 5 Contribuições geradas pelo F.M.   

                                   Fonte: Próprio autor

 

O F.M. é uma oportunidade para o corpo discente colocar em prática os conteúdos aprendidos durante o semestre pelas disciplinas envolvidas com o evento, já que o festival é praticamente “o produto final” desenvolvido com total autonomia dos alunos. Esse processo de desenvolver autonomia, que faz parte da aplicação dos conhecimentos adquiridos, é extremamente importante, pois prepara o indivíduo para o mercado de trabalho, contribuindo assim para a sua atuação profissional.

Além disso, o Festival possibilita vivências, não somente para os alunos e para a comunidade que presencia o F.M., mas também para os docentes, que passam a reconhecer a importância de se promover eventos culturais como uma possibilidade de intervenção profissional que vai além das salas de aula, passando a considerar o aluno como o principal protagonista do processo, o que é evidenciado pela professora Meirele: “[...] novas metodologias de ensino-aprendizagem-avaliação que rompem o modelo tradicional de aula centrada no professor e de forma expositiva, prova”.

Percebe-se então que as contribuições geradas pelo F.M., para o trabalho docente, formação discente e Universidade, são diversas, e isso colabora cada vez mais para o fortalecimento do curso de Educação Física e da UFJF-GV perante a comunidade, a partir dessa experiência de lazer, gratuita e de qualidade que é o F.M.

No que se refere à motivação para a criação do F.M. e a sua permanência, não foi possível identificar similaridades nas respostas. O professor João, principal idealizador do evento, optou por dar continuidade a um processo iniciado ainda na sua graduação, que era a produção de festivais esportivos. Quando se tornou docente em uma instituição privada de ensino superior em Governador Valadares, promoveu durante alguns anos eventos semelhantes ao F.M. naquela instituição e acabou estimulando outros colegas a adotarem a prática de utilizar festivais como instrumento avaliativo. Assim que chegou na UFJF-GV decidiu implementar um evento do tipo que surgiu a partir de uma aula em que os alunos deveriam produzir um evento, na qual o tema da aula era “Produção de Eventos Culturais”, e o nome Festival do Movimento foi sugestão de um dos alunos – fato que protagoniza os discentes desde a sua gênese.

Com o apoio da professora Meirele, que também ministrava uma disciplina que se relaciona com a rítmica e o movimento, logo o Festival se tornou realidade. Em relação à motivação da professora Meirele para a criação do evento, de acordo com a mesma, isso se deu pela característica pessoal de perfil extensionista, e por considerar uma possibilidade de prática de metodologia ativas e inovadoras de ensino-aprendizagem-avaliação, já que o evento atende a essas dimensões.

O momento de permanência e fortalecimento do F.M. é compreendido pela chegada da professora Priscila, que se envolveu na promoção do evento só a partir da terceira edição do Festival, e afirma que só consegue definir o Festival em uma palavra: amor. O que, por conseguinte demonstra a sua relação de afeto com as atividades rítmicas e a celebração do protagonismo discente. Também, a professora Clara, que ao ser inserida na organização do F.M. a partir da sua quarta edição, se sentiu motivada pelos benefícios e características únicas do evento para os alunos e para a comunidade acadêmica e valadarense.

Em relação às informações sobre as percepções docentes a respeito da participação discente no Festival, essas estão apresentadas no Gráfico 6.

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Gráfico 6 – Percepção docente à respeito da participação discente no Festival

                  Fonte: Próprio autor

 

Foi verificado na resposta da pergunta “como você percebeu a participação discente na(s) edição(ões) que organizou?“, que a maior parte dos professores percebe que os alunos participaram parcialmente do F.M. por nota e por motivação intrínseca. Por ser uma atividade avaliativa que compõe o plano de aula dos docentes envolvidos, alguns alunos acabam participando apenas por nota, e ainda que ocasionalmente, como já foi citado anteriormente, alguns discentes ficam insatisfeitos justamente por este motivo. Mas por outro lado, existe outra parcela de alunos que gostam e se sentem motivados em participar do evento.

A próxima questão que se evidencia é a que diz respeito à temática das edições. Foram 4 temas em 6 edições presenciais do F.M., sendo eles os seguintes: Filmes (2018/1), Super-heróis (2018/2), Disney (2019/1) e Halloween (2019/2). O gráfico a seguir mostra a frequência de edições temáticas propostas.

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               Gráfico 7 – Edições temáticas do F.M.

                           Fonte: Próprio autor

 

Apenas duas professoras promoveram edições temáticas: Priscila e Clara, sendo que essa última foi responsável pela inserção desse aspecto no F.M. Clara tem formação no ballet clássico e possui experiência em organizar festivais de dança, todos eles com edições temáticas. Possivelmente, dessa vivência surgiu o interesse em definir um tema para cada edição com o intuito de trazer unidade para as apresentações.

Em cada uma das edições temáticas a escolha se deu de formas diferentes. A primeira edição temática foi de escolha das professoras, já nas duas próximas os alunos puderam dar sugestões de temas, como pode ser verificado na resposta da professora Clara: “[...] foi feita uma consulta aos alunos das turmas com indicações de temas que eles achavam interessantes”. A partir das sugestões discentes, as professoras definiram o tema por acreditar que possibilitariam às turmas mais opções na escolha de seus personagens. Na última edição presencial do F.M, a escolha do tema foi intuitiva pela data que o Festival foi agendado: 31 de outubro – data que, além de trazer uma especificidade do público alvo infantil, assim como todas as outras edições temáticas, de acordo com a Professora Clara, “a associação foi imediata com o dia das bruxas, e por seguir a mesma linha de enfoque no público infantil, nós "compramos" a ideia”.

A partir da questão “você percebeu que alunos do sexo masculino se envolveram de forma diferente no F.M. em relação às meninas, ou o seu contrário, alunas do sexo feminino se envolveram de forma diferente dos meninos?”, constatou-se que os meninos participaram menos, como pode ser observado a partir da frequência das respostas dos entrevistados no Gráfico 8.

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Gráfico 8 – Participação no F.M. de acordo com o gênero      

                        Fonte: Próprio autor

 

Segundo Publio (1998) a prática da ginástica historicamente teve início com os homens, embora ainda exista uma certa barreira no incentivo no que se diz sobre a participação de meninos na ginástica no Brasil. Entretanto, pensar no F.M. como uma possibilidade de um trabalho das práticas corporais rítmicas que unem diversas possibilidades de movimento, pode ser algo inovador no sentido de trabalhar com os alunos de maneira integral (meninos e meninas), promovendo para os meninos experiências marcantes e que sejam ponte para o conhecimento e quebra de preconceitos quanto à relação de que esse tipo de atividade é somente para meninas (SILVA et. al, 2008).

No que diz respeito à rubrica de avaliação do F.M. foi possível identificar nas respostas dos entrevistados os seguintes elementos em comum: produção coreográfica; cumprimento de normas e horários no dia do Festival; adequação à modalidade; participação; caracterização; organização no dia do evento. As similaridades relacionadas às rubricas de avaliação do F.M. conforme a edição que cada docente organizou são apresentadas no Gráfico 9.

 

Points scored

                                     Gráfico 9 – Rubricas de avaliação do F.M.

                                   Fonte: Próprio autor

 

Na criação das coreografias para o Festival, a produção coreográfica é um dos itens que compõem a rubrica do evento enquanto atividade avaliativa, e deve estar alinhada com a adequação aos conteúdos de ginásticas, dança e expressão rítmica e corporal. Segundo Gerling (2017), a coreografia vai muito além de apenas desenvolver uma dança, a coreografia expressa ideias de movimentos criativos, posicionando-os como se fosse um quebra cabeça, ela é o processo e o produto da criação. Assim, cada grupo conta com as capacidades de seus integrantes e explora de diversas formas a utilização de elementos mais comuns a uma ou outra modalidade.

Além do processo coreográfico, outros quesitos de avaliação importante, relatado por todos os professores é a participação. Os alunos devem se envolver no processo criativo presente na elaboração das coreografias, nos ensaios do grupo, e principalmente participar no dia do evento. Essa troca de experiências ocorre de forma participativa, já que todos os alunos demonstram o que aprenderam juntos, respeitando suas limitações (AYOUB, 2013). Outra questão significativa para o dia do evento foi o cumprimento de normas: os professores estipularam previamente o horário para que os alunos chegassem ao local da apresentação antes do público, para a finalização de maquiagem, ajustes de figurino, ensaio final da coreografia com o figurino, e também para responder a chamada.

A caracterização ou figurino é uma rubrica que foi relatada somente pelas professoras Clara e Priscila, já que as edições temáticas ocorreram apenas quando o F.M. foi promovido por elas. O intuito da utilização de figurino no F.M. é para que o lúdico se manifeste, algo característico na interpretação de personagens (CARBINATTO et. al, 2016) no Campo cênico que o evento se insere.

Das questões treze e quatorze do questionário, cita-se que: a treze foi relacionada à autorização dos docentes sobre a publicação das informações da pesquisa em trabalhos acadêmicos, como artigo e monografia; a questão quatorze acusou a possibilidade de apresentação dos nomes verdadeiros dos participantes na narrativa, dado a sua característica de dar luz à história e a memória de um evento. Todos os docentes aceitaram a publicação das respostas assim como permitiram citar os seus nomes verdadeiros.

Por fim, a última questão tratou-se de um espaço destinado para que os entrevistados pudessem escrever sobre algum aspecto que o questionário não contemplou e que poderia ser importante para a pesquisa. Destaca-se a fala da professora Meirele, a qual acredita “que o F.M. deva ser curricularizado em nosso curso dado tudo que foi exposto anteriormente [...], pode ser uma excelente atividade curricular de extensão, de caráter integrador e inovador”.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Uma vez aplicado o instrumento de coleta de dados, obtidos os resultados, e realizadas a discussões, fica evidenciado neste artigo que a história do Festival do Movimento demonstra a qualidade do ensino das disciplinas que envolvem atividades rítmicas do curso de bacharelado em Educação Física da UFJF-GV. A partir das respostas do questionário foi possível compreender como se deu a instauração e a trajetória do Festival do Movimento até a sua última edição presencial. Diante dessa história, foi possível examinar os avanços, permanências e dificuldades encontradas pelos docentes para a realização do mesmo.

Para compreender a sua trajetória, destaca-se em três fases os momentos distintos do F.M. ao longo de suas edições, seguindo a sugestão de periodização de Rubio (2010). A primeira fase, é compreendida pelo estabelecimento, ocorre no período de 2017/1 a 2017/2, que é marcado pela fundação do evento, idealizado pelo professor João com o apoio da professora Meirele. A segunda fase se dá pela permanência do F.M, caracterizada pela saída do professor João e pela permanência da professora Priscila, que chegou na UFJF-GV na sua segunda edição (2017/2). A última fase inclui o período de 2018/1 até 2019/2, onde constam as quatro últimas edições presenciais do F.M. e é definida pela chegada da professora Clara que juntamente da professora Priscila realizaram edições temáticas até 2019/2.

Ainda que existam dificuldades na realização do evento, principalmente por falta de recursos, verificou-se que o F.M. trouxe muitas contribuições para os discentes que participam da composição coreográfica e apresentação, e para o público e comunidade valadarense, alcançando até mídia local na edição de 31 de outubro de 2019[6].

A partir deste trabalho, é possível apresentar o papel do F.M. para a sociedade e para a formação discente, incentivando os mesmos a compreenderem a importância de festivais ginásticos, valorizando os conteúdos rítmicos como parte importante da Educação Física, o que consequentemente poderá estimular o ensino-aprendizagem desses conteúdos na graduação. Dessa forma, a dança, as ginásticas e as expressões rítmicas poderão ser mais valorizadas e utilizadas em outras esferas, principalmente no contexto de possibilidades do mercado de trabalho.

Espera-se que este artigo possa incentivar aos professores de Educação Física de distintos contextos a adotarem diferentes ferramentas avaliativas para os conteúdos de ginásticas, dança e expressão rítmica, e que também inspire a constância deste evento no curso de bacharelado em Educação Física da UFJF-GV, como forma de agregar positivamente na formação acadêmica e social dos participantes.

Esta pesquisa apresenta limitações, como, por exemplo, o não acesso aos planos de aula que ficam na secretária do Departamento de Educação Física, que em razão da Pandemia não foi possível analisá-los. Porém, se faz necessário enfatizar os pontos fortes da pesquisa, como o reconhecimento e registro do evento para memória do trabalho docente da UFJF-GV. Destaca-se como perspectivas futuras, que novos trabalhos a partir de outros documentos, objetivos, e sujeitos, possam investigar ainda mais a história do Festival do Movimento.

 

REFERÊNCIAS

AYOUB, E. Ginástica geral e educação física escolar. Campinas, v.3, SP: Unicamp, 2013.

BACCIOTTI, S.; DINIZ, C.; ARGUELHO, R. S.; GASPARETTO, Z. I Festival de Ginástica Universitária em Campo Grande/MS: perfil e percepções dos participantes. Corpoconsciência, Cuiabá-MT, v. 23, n. 3, set./dez. 2019, p. 97-105.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2011.

BLANCO, A. C. Q.; LOPES, P.; BATISTA, M. S.; CARBINATTO, M. V. Composição Coreográfica na Ginástica Para Todos: estudo entre grupos universitários. In: VII CONGRESSO DE GINÁSTICA PARA TODOS, 2017, Goiânia. Anais [...]. Goiânia, 9 a 12 de Novembro, 2017. p. 71 - 72.

BONI, V.; QUARESMA, S. J. Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em Ciências Sociais. Revista Eletrônica dos Pós-Graduandos em Sociologia Política da UFSC, Santa Catarina, v. 2, n. 1, jan./jul. 2005, p. 68-80.

BRASILEIRO, L. T. O conhecimento no currículo escolar: o conteúdo dança em aulas de Educação Física na perspectiva crítica. Movimento, Porto Alegre, v. 8, n. 3, set./dez. 2002, p. 5-18.

CARBINATTO, M. V.; MOREIRA, W. W.; SOUZA, L. A.; CHAVES, A. D.; SIMÕES, R.; EHRENBERG, M. C. Avaliação em Dança: o caso dos festivais universitários da Educação Física. Revista Pro-Posições, São Paulo, v. 27, n. 3, set./dez. 2016, p. 57-80.

CHAVES, E.; OLIVEIRA, C. G. Ginástica Rítmica ou Dança? Universidade do Brasil Anos 40. In: 12º Congreso Argentino y 7º Latino americano de Educación Física y Ciencias, Ensenada, pcia Buenos Aires, 2017. Anais [...], Ensenada, pcia Buenos Aires, 13 a 17 de novembro de 2017, p. 1-16.

GERLING, I. E. Criando apresentações em grupo – os elementos da coreografia. In: BORTOLETO, M. A. C.; PAOLIELLO, E. Ginástica para todos: um encontro com a coletividade. Campinas, SP: Unicamp, 2017.

JÚNIOR, M. B. M. S; MELO, M. S. T; SANTIAGO, M. E. A Análise de conteúdo como forma de tratamento dos dados numa pesquisa qualitativa em educação física escolar. Movimento, Porto Alegre, v. 16, n. 3, jul./set. 2010, p. 31-49.

MAROUN, K. Ginástica Geral e Educação Física Escolar: Uma possibilidade de Intervenção pautada na Diversidade Cultural. Revista Contemporânea de Educação, Rio de Janeiro, v. 10, n. 19, jan./jun. 2015, p. 40-54.

MARTINS, H. H. T. S. Metodologia qualitativa de pesquisa. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 30, n. 2, maio/ago. 2004, p. 289-300.

MOREIRA, W. W.; SIMÕES, R.; PORTO, E. Análise de conteúdos: técnica de elaboração e análise de unidades de significado. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, São Paulo, v. 13, n. 4, 2005, p. 107-114.

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SOUZA, S. G.; NETO, S. V. Festival de Ginástica na Universo: o movimento da práxis na formação acadêmica. In: IV Congresso Centro-Oeste de Ciências do Esporte/ I Congresso Distrital de Ciências do Esporte, 2010, Brasília. Anais [...]. Brasília: CONCOCE/CONDICE, 22 a 25 set. 2010. p. 570-577.

 



[1] O curso de Educação Física da UFJF-GV foi inaugurado em 2014, no Instituto Ciências da Vida que abriga os cursos de Medicina, Farmácia, Nutrição, Odontologia, Fisioterapia e Educação Física. Ainda não existe um Campus sede na cidade de Governador Valadares, por isso, as aulas do curso de Educação Física acontecem em espaços alugados. A princípio, as aulas aconteciam nas dependências da Universidade UNIVALE e atualmente ocorre na UNIPAC e Pitágoras, em que ocorrem aulas teóricas; e na Sociedade Recreativa Filadélfia as aulas práticas.

[2]João Cláudio Passos da Silva, professor de Educação Física formado pela Universidade Presidente Antônio Carlos (2009). Participou do Festival do Movimento ministrando as disciplinas de Dança, Expressão Rítmica e Corporal, Fundamentos da Ginástica I e Fundamentos da Ginástica III.

[3]Meirele Rodrigues Gonçalves, professora de Educação Física formada pela Universidade Federal de Viçosa (2008). Participou do Festival do Movimento ministrando a disciplina de Fundamentos da Ginástica I.

[4]Priscila Figueiredo Campos, professora de Educação Física formada pela Universidade Federal de Viçosa (2006). Participou do Festival do Movimento ministrando as disciplinas de Dança, Expressão Rítmica e Corporal, Fundamentos da Ginástica I e Fundamentos da Ginástica III.

[5]Clara Mockdece Neves, professora de Educação Física formada pela Universidade Federal de Juiz de Fora (2011). Participou do Festival do Movimento ministrando as disciplinas de Fundamentos da Ginástica I, Fundamentos da Ginástica II e Fundamentos da Ginástica III.

[6]Mais informações em: https://globoplay.globo.com/v/8050475/ Acesso em 3 jan. 2022.