ARTIGO ORIGINAL

 

RITMOS E MOVIMENTOS: A PRESENÇA DA DANÇA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

 

RHYTHMS AND MOVEMENTS: THE PRESENCE OF DANCE IN THE EARLY YEARS OF ELEMENTARY SCHOOL

 

RITMOS Y MOVIMIENTOS: LA PRESENCIA DE LA DANZA EM LOS PRIMEROS AÑOS DE ESCUELA PRIMARIA

 

Fabiula Mayara Lopes de SouzaDescrição: download Descrição: Lattes

Universidade Estadual de Montes Claros, Januária (MG), Brasil

E-mail: fabywllaz@gmail.com

 

Daniel Venâncio de Oliveira Amaral Descrição: download Descrição: Lattes

Universidade Estadual de Montes Claros, Januária (MG), Brasil

E-mail: dvoamaral@gmail.com

 

Data de Submissão: 05/12/2023 - Data de Publicação: 14/08/2024

Como citar: SOUZA, F. M. L.; AMARAL, D. V. O. Ritmos e movimentos: a presença da dança nos anos iniciais do ensino fundamental. Revista Eletrônica Nacional de Educação Física - RENEF, v. 15, n. 24, dez. 2024. https://doi.org/10.46551/rn2024152300095

 

RESUMO

A dança é considerada uma das manifestações artísticas mais antigas do mundo. Na escola, as aulas de Educação Física configuram-se como uma oportunidade ímpar para os alunos vivenciarem “giros”, “passos” e “performances”, o que proporciona, consequentemente, inúmeros benefícios aos educandos, a exemplo do desenvolvimento de suas potencialidades motoras, cognitivas e afetivas. Tomando como objeto de estudo 4 escolas públicas estaduais, situadas na sede citadina de Januária, Norte mineiro, este estudo descreve e interpreta a presença da dança no Ensino Fundamental I. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de corte transversal, cujas informações foram substanciadas por um questionário aberto, produzido pelos autores, tendo como público referência 8 professores de Educação Física. Em linhas gerais, o estudo revela que a dança, talvez mais do que se supunha, mostra-se presente, com alguma intensidade, nas aulas de Educação Física. A totalidade dos professores disseram utilizar o Currículo Referência de Minas Gerais como baliza norteadora das aulas, sendo apontados, de forma ambivalente, facilidades e dificuldades para sua efetivação. Por fim, os professores fizeram propostas de possibilidades para um melhor domínio e desenvolvimento da dança nas aulas, a exemplo do aperfeiçoamento dos professores por meio de cursos especializados.  

Palavras-chaves: Dança. Escola. Educação Física. Januária, MG.

 

ABSTRACT

Dance is considered one of the oldest artistic manifestations in the world. At school, Physical Education classes are a unique opportunity for students to experience “turns”, “steps” and “performances”, which consequently provides countless benefits to students, such as the development of their motor potential, cognitive and affective. Taking as object of study 4 state public schools, located in the city of Januária, North of Minas Gerais, this study describes and interprets the presence of dances in Elementary School I. It is a qualitative, cross-sectional research, whose information was substantiated by na open questionnaire, produced by the authors, with the reference audience being 8 Physical Education teachers. In general terms, the study reveals that dance, perhaps more than expected, is present, with some intensity, in Physical Education classes. All teachers said they used the Minas Gerais Reference Curriculum as a guiding guide for classes, with the facilities and difficulties for its implementation being ambivalently pointed out. Finally, the teachers proposed possibilities for better mastery and development of dance in classes, such as the improvement of teachers through specialized courses.

Keywords: Dance. School. Physical Education. Januária, MG.

 

RESUMEN

La danza es considerada uma de las manifestaciones artísticas más antiguas del mundo. Na escola, as aulas de Educação Física configuram-se como uma oportunidade ímpar para os alunos vivenciarem “giros”, “passos” e “Performances”, o que proporciona, em consecuencia, inúmeros benefícios aos educandos, a exemplo do desenvolvimento de sus potencialidades motoras, cognitivos y afetivos. Tomando como objeto de estudio 4 escolas públicas estaduais, situadas na sede citadina de Januária, Norte minero, esse estudo descreve e interpreta a presença das danças no Ensino Fundamental I. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de corte transversal, cujas informações foram substanciadas por um cuestionario abierto, producido por pelos autores, tendo como público referencia 8 profesores de Educación Física. Em linhas gerais, o estudio revela que a dança, talvez mais do que se supunha, mostra-se presente, com alguma intensidade, nas aulas de Educação Física. La totalidade dos profesores disseram utilizar el Plano de Estudios de Minas Gerais como baliza norteadora das aulas, sendo apontados, de forma ambivalente, facilidades y dificultades para su efetivação. Por fin, los profesores hicieron propuestas de posibilidades para um mejor dominio y desarrollo de la danza em las aulas, a ejemplo del perfeccionamiento de dos profesores por medio de cursos especializados.

Palavras-chaves: Danza. Escuela. Educación Física. Januária, MG.

 

INTRODUÇÃO

A dança é considerada uma das manifestações artísticas mais antigas do mundo. Sua presença remonta ao período da pré-história, tendo transfigurado, daí em diante, os espectros formativos da expressividade humana (Tavares, 2005). Onde existe dança, existe movimento, e a dança é movimento. Por meio da dança o ser humano pode, com gestualidades corporais, transmitir sentimentos que não poderiam ser vocalizados com palavras. 

O conjunto de estilos inerente à prática da dança pode ser desenvolvido em diferentes espaços públicos e privados, dentre eles o ambiente escolar. Na escola, as aulas de Educação Física configuram-se como uma oportunidade ímpar para os alunos vivenciarem “giros”, “passos” e “performances”, o que proporciona, consequentemente, inúmeros benefícios aos educandos, a exemplo do desenvolvimento de suas potencialidades motoras, cognitivas e afetivas (Ferreira, 2009).

          Tratando mais especificamente dos anos iniciais do Ensino Fundamental (alunos entre 6 e 9 anos), fase considerada a mais importante para fruir atividades físicas e desenvolvimento motor (Costa, 2014), a dança se apresenta como porta aberta para a adoção de um repertório diversificado de ritmos e movimentos.    Reconhecendo sua importância, a Base Nacional Comum Curricular, documento produzido com a intenção de definir as estruturas temáticas a serem desenvolvidas ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica, propõe que a dança seja trabalhada em diálogo com diferentes objetos de conhecimento, incorporando suas múltiplas variáveis expressivas (Brasil, 2018).    

O Currículo Referência de Minas Gerais, documento que foi construído a partir da Base Nacional Comum Curricular, prioriza o ensino por habilidades e competências. Desta forma, a dança está proposta no Currículo de Minas, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, do 1° ao 5° ano, da seguinte forma a serem trabalhadas: 1° ano, dança do contexto comunitário e regional; 2° ano, dança do contexto escolar e regional; 3° ano, danças do Brasil e do mundo, danças de matriz indígena e africana; 4° ano, danças do Brasil e do mundo, danças de matriz indígena e africana; e no 5° ano, danças do Brasil e do mundo, danças de matriz indígena e africana (Minas Gerais, 2018).

Nesses termos, este trabalho busca verificar a presença da dança nos anos iniciais do Ensino Fundamental, e de que forma os professores estão desenvolvendo a prática em suas aulas. Portanto, a presente pesquisa procurou descrever e analisar, entre outras coisas, se a dança está presente nas aulas de Educação Física, o repertório ministrado, possíveis dificuldades, bem como se existe um diálogo do professor com os referenciais curriculares que norteiam a sua atuação no âmbito escolar.

      Visto que a dança é uma prática revestida de múltiplas experiências e significados, a pesquisa se justifica pela inadiável necessidade de aprofundarmos o olhar sobre essa manifestação no ambiente escolar, ampliando o escopo bibliográfico sobre o tema, ao mesmo tempo que esperamos municiar profissionais da educação de subsídios informacionais da sua presença e fruição entre os escolares da rede básica de ensino.

 

MATERIAIS E MÉTODOS

A metodologia utilizada neste estudo foi uma pesquisa de corte transversal, de caráter qualitativa. De acordo com Merriam (1998), a pesquisa qualitativa caracteriza-se pela obtenção de dados descritivos na perspectiva da investigação crítica ou interpretativa, estudando, de uma parte, as relações humanas nos mais diversos ambientes, e de outra, a complexidade de um determinado fenômeno, a fim de decodificar e traduzir o sentido dos fatos e acontecimentos.

O campo de investigação constitui-se de 4 escolas públicas estaduais da cidade de Januária, município localizado no Norte de Minas Gerais. Trata-se uma amostra não probabilística, fazendo parte do estudo 8 professores de Educação Física do Ensino Fundamental I, de ambos os sexos, com idades compreendidas entre 20 e 59 anos e que atuam nas instituições supracitadas. Inicialmente, entramos em contato com as escolas, explicando os objetivos da pesquisa e os caminhos metodológicos, remetendo, no mesmo ensejo, um Termo de Concordância para autorização das direções. Posteriormente, foi entregue para os professores um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), para assinatura, como também o agendamento com os docentes para o preenchimento do questionário.

Adotamos como critério de inclusão da amostra para a pesquisa, docentes graduados em Educação Física e que aceitaram participar de forma voluntária do presente trabalho. Já como critério de exclusão, elencamos as seguintes condicionantes: profissionais que se recusaram assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), ou que não responderam satisfatoriamente o questionário proposto, ou ainda que não estavam presentes no dia da aplicação do questionário previamente agendado.   

O instrumento de coleta de dados constitui-se de um questionário adaptado de Oliveira (2014), que aborda o tema da dança nas aulas de Educação Física nos anos iniciais do Ensino Fundamental. O questionário constitui-se de 7 questões abertas, que buscaram informações a respeito de como as danças são ministradas nas aulas de Educação Física. De forma mais específica, o questionário suscita indagações, em síntese, sobre a presença, a frequência, os estilos, a execução, a necessidade, as dificuldades e o uso dos referenciais curriculares para o trabalho com a dança nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

No decorrer da pesquisa, respeitou-se o aspecto ético, observando-se as recomendações da Resolução número 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, que trata das diretrizes e normas que regulamentam pesquisas que envolvem seres humanos. Desse modo, o número do Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) é 70905223.9.0000.5146 e teve sua aprovação datada no dia 30/09/2023.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Educação Física é uma disciplina que exerce forte influência na realidade cotidiana dos alunos, entrelaçando um leque de experiências tanto dentro quanto fora da escola. No caso da dança, em especial, sua fruição no ambiente educacional se confunde, muitas vezes, com festas comemorativas, datas tradicionais ou ainda imitações de modelos da mídia. Conforme sugere Porpino (2006), o ensino da dança deve extrapolar esses eixos limitadores, promovendo novas possibilidades expressivas, permitindo, nesse sentido, a incorporação de um rol de originalidade presente no interior dessa manifestação.

Nas instituições públicas de ensino da cidade de Januária, cotejadas na pesquisa, os dados arrolados apontam para um resultado instigante: todos os professores entrevistados, conforme é possível depreender no gráfico abaixo, informaram desenvolver, em alguma medida, o conteúdo da dança em suas aulas. Mais do que isso, foi unânime a ocorrência de registros dizendo se tratar de uma atividade curricular que possibilita uma aprendizagem concreta e significativa para os alunos. 

 

Gráfico 1 – O conteúdo dança é desenvolvido nas aulas de Educação Física?

             Fonte: Próprio autor, 2023.

          Estudos datados de menos de uma década, revelaram, naquele momento, que o conteúdo da dança era desenvolvido de forma superficial, com um leque de estilos limitado, sendo relegada a um espaço inferior, sobremodo, quando comparado com os esportes coletivos, nomeadamente, futsal e voleibol. Segundo Nilza Sousa et. al., em pesquisa datada do ano de 2014, a dança escolar, com suas nuances valorativas vagarosas, angariava, no momento da publicação do estudo, uma presença pouco significativa nas aulas de Educação Física. Em outro exemplo, dessa vez um estudo que remonta ao ano de 2018, Denise Costa et. al., reforçam essa percepção que, aparentemente, se tornou um cânone instituído. Segundo os autores supracitados, os esportes constituem “o principal e as vezes o único conteúdo das aulas de Educação Física escolar” (p. 1).

          No cenário atual, diferentemente, percebe-se uma mudança de rumos em relação ao ensino da dança, pelo menos no curto recorte geográfico da cidade de Januária. No caso analisado, os professores não apenas se mostram mais propensos para sua utilização nas aulas, como também, percebem a importância da dança na vida do aluno. Consubstanciando essa nossa percepção, nos registros cotejados, um dos professores disse: “Costumo utilizar muito a dança em minhas aulas, é uma das práticas que os alunos mais gostam, e, além disso, consigo desenvolver bem o conteúdo”. Em outro registro, na mesma direção:

 

A dança se tornou uma aliada, pois sempre conseguimos encaixar em alguma medida nas aulas, independente do conteúdo, seja para iniciar um aquecimento, ou desenvolver alguma atividade dinâmica. Os alunos gostam muito, o que torna a aula mais agradável, com a participação de todos.

         

          Por conseguinte, no que diz respeito à frequência com que o conteúdo aparece nas aulas dos professores entrevistados, as respostas foram difusas, podendo, de maneira geral, inferir que todos os professores, ao serem inqueridos, relataram, de diferentes formas, em diferentes intensidades, ministrarem o conteúdo da dança dentro do cronograma institucional proposto, bem como de forma intercurricular, ou seja, em diálogo com outras práticas corporais, seja para iniciar uma atividade lúdica, ou um aquecimento, ou ainda em festivais e projetos desenvolvidos na escola. Desta feita, um dos professores disse: “A dança se trabalhada da forma correta, pode agregar e muito na vida do aluno, em minhas aulas, costumo alinhar a dança, a outros conteúdos curriculares, lógico que sempre dialogando com o conteúdo programado”. Em sentido ligeiramente parecido, sintetizando essa nossa avaliação, outro professor disse: “Geralmente sigo os referenciais curriculares, desenvolvendo a disciplina de acordo com o que está proposto, mas sempre há exceções, já que a escola desenvolve projetos que sempre englobam algo relacionado a dança”.

          Um dos pontos que chama atenção nas respostas dos professores no escopo temático trabalhado acima, é o uso dos referenciais curriculares como baliza norteadora da organização e materialização do ensino da dança nas aulas. Conforme exposto no gráfico abaixo, os 8 (100%) professores cotejados afirmaram seguir as indicações do Currículo Referência de Minas Gerais para o conteúdo de Educação Física, desenvolvendo os estilos rítmicos em conformidade, nas palavras de um professor, “com as habilidades e competências estabelecidas para cada faixa etária”. Essa percepção, em outro exemplo, foi explicitada da seguinte forma: “É por meio dos referenciais curriculares, que temos uma base, e em minha disciplina costumo seguir e desenvolver de acordo, o que acaba facilitando a nossa vida”.

 

Gráfico 2 - Você utiliza o Currículo Referência de Minas Gerais para nortear as danças que são ministradas nas aulas?


               Fonte: Próprio autor, 2023.

 

Em relação aos estilos de dança trabalhados nas escolas, todos os professores relataram acompanhar as especificidades temáticas dos documentos institucionais, estimulando movimentos e gestos corporais, bem como promovendo o conhecimento e percepção do corpo. Nas respostas, nada obstante, não foram especificados os nomes das danças, tendo sido encontradas referências vagas, a exemplo de “danças culturais”, “folclore”, ou ainda “festa junina”. De outra parte, porém, um ponto convergente nas respostas foi a adequação do currículo aos projetos, datas comemorativas e manifestações do calendário regional, cujos desideratos curriculares foram transferidos para as aulas e eventos em questão. Nas palavras de um professor: “Depende muito da época do ano, conseguimos ir adequando, por exemplo, no mês de junho, com a festa junina, mês de agosto com o folclore, além de outras datas que aparecem no nosso cronograma”. Em outro registro, a título de outro exemplo: 

 

O conteúdo é ministrado seguindo o que está proposto, ou seja, sendo trabalhada de acordo com o bimestre. No entanto, sempre temos datas específicas que temos a presença da dança, seja uma data comemorativa como o dia das mães, as festas juninas no mês de junho, entre outros projetos.

 

          Vis-à-vis, na esteira do debate sobre a presença, a frequência, os estilos e os currículos institucionais, os professores incorreram reflexões em torno da aplicabilidade da dança nas aulas de Educação Física, isto é, em outras palavras, se a dança é uma prática de fácil execução no ambiente escolar. Em que pese todos os professores terem relatado ser a dança um conteúdo “tranquilo” e até mesmo, em algumas respostas, “fácil” de trabalhar, alguns registros apontaram para a necessidade de uma boa estratégia, ou mesmo de uma dinâmica que seja agradável para os alunos. Conforme relatou um dos professores: “A dança é uma prática muito tranquila de se trabalhar, os alunos gostam muito, o que facilita o desenvolvimento da aula, então, de certa forma, acaba se tornando uma prática de fácil execução”. Já outro registro, com um aspecto de complementariedade:

 

A dança é uma prática fácil, depende muito da forma como é desenvolvida também, temos que nós atentarmos e desenvolvermos a disciplina, da melhor forma possível, para que assim, os alunos possam criar interesse pela aula, e, automaticamente, tornando-os mais participativos. Então quando necessário, o professor tem que criar estratégias para que haja um bom desenvolvimento do conteúdo.

         

          Outro ponto que chama atenção na pesquisa, é a ambiguidade encontrada na resposta acima, quando confrontada com a questão que indagou os professores sobre possíveis dificuldades no trato com a dança na escola. Por um lado, todos os registros disseram ser uma prática “tranquila” de ser trabalhada. Por outro, a totalidade dos professores expuseram, em diferentes motivações, algum aspecto dificultador da efetivação plena do conteúdo da dança nas aulas ministradas. Em síntese, os professores apontaram para a falta de materiais e espaços apropriados, o desinteresse por parte dos alunos, bem como a dificuldade de domínio do tema e das turmas.  

          Por fim, os professores entrevistados foram chamados a oferecer uma reflexão de possíveis lacunas e caminhos que possam endereçar o ensino da dança para uma fruição plural, inclusiva e com qualidade. Aqui, em sintonia com a questão que abordou possíveis dificuldades, todos os professores expuseram barreiras e elementos limitadores, embora também foram oferecidas perspectivas alvissareiras, traduzidas na forma de atualizações de abordagens e abertura para o trabalho criativo. Com efeito, entre os registros cotejados, os professores abordaram a necessidade de buscar novas metodologias, e atualizações, por parte dos docentes, especialmente por meio de escolas de danças privadas e cursos institucionalizados.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

          Os dados arrolados na pesquisa sugerem, no recorte das turmas do Ensino Fundamental I, da cidade de Januária, que a dança, talvez mais do que se supunha, mostra-se presente, com alguma efetividade, nas aulas de Educação Física. Prova disso, todos os professores cotejados disseram desenvolver, de alguma forma, a prática da dança em suas aulas. Na mesma esteira, constatou-se alguma diversificação das danças na escola, que se faz presente nas datas comemorativas, no calendário festivo regional, no conteúdo regular bimestral, ou mesmo em sintonia com outras atividades corporais, embora, nessa abordagem, as especificidades dos estilos não foram mencionadas.

Algumas dificuldades também foram apontadas para o ensino da dança, não obstante, notando-se uma certa ambivalência, posto a totalidade das respostas alegou se tratar de uma atividade “fácil” e “tranquila” de ser ministrada. Outro aspecto diagnosticado pela pesquisa foi o uso disseminado, entre todos os professores, do Currículo Referência de Minas Gerais, como documento balizador da organização e materialização das aulas. Já no último quesito, que indagou as lacunas e caminhos para o ensino das danças na escola, os professores elencaram a tarefa de atualizações e busca de novas formações.

 

REFERÊNCIAS

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COSTA, Denise Ferreira da, et. al. A Educação Física vai além do esporte. Revista Científica Semana Acadêmica, v. 1, n. 128, 2018. 

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FERREIRA, Saralívia Salum. Dança na escola: um processo de criação. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2009.

MERRIAM, Sharan B. Qualitative research and case study applications in education 2. ed., rev. e ampl. San Francisco: Jossey-Bass, 1998.

MINAS GERAIS. Currículo Referência de Minas Gerais. Minas Gerais, 2018. Disponível: https://drive.google.com/file/d/1MWIv4JKcei5_OMhpMFF10ENdhgpsH0FW/view

OLIVEIRA, Iara Militão de. Considerações sobre a presença da dança na escola: relato de professores de Educação Física. Monografia (licenciatura em Educação Física) – Universidade de Brasília, Buritis, 2014.

TAVARES, Isis Moura. Educação, corpo e arte. Curitiba: IESDE, 2005.

PORPINO, Karenine de Oliveira. Dança é educação: interfaces entre corporeidade e estética. Natal: EDUFRN, 2006.

SOUSA, Nilza Coqueiro Pires de, et. al. O ensino da dança na escola na ótica dos professores de Educação Física e de Arte. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 28, n. 3, 2014.