AS CONTRIBUIÇÕES DO PROGRAMA RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA PARA FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA LICENCIATURA: A PERSPECTIVA DOS RESIDENTES
THE CONTRIBUTIONS OF THE PEDAGOGICAL RESIDENCE PROGRAM FOR TRAINING IN PHYSICAL EDUCATION GRADUATE: THE RESIDENTS’ PERSPECTIVE
LOS APORTES DEL PROGRAMA DE RESIDENCIA PEDAGÓGICA PARA LA FORMACIÓN DE LICENCIADOS EN EDUCACIÓN FÍSICA: LA PERSPECTIVA DE LOS RESIDENTES
Ana Vivian Araújo Farias
Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes
E-mail: anafarias5579@gmail.com
Erivelton Rodrigues da Silva
Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes
E-mail: vettosilva72@gmail.com
Lucas Lima Barbosa
Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes
E-mail: lucaslimabarbosa17@gmail.com
Maria Luísa Silva Santos
Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes
E-mail: marialuisa12508@gmail.com
Jiulliano Carlos Lopes Mendes
Escola Estadual João de Freitas
E-mail: jiulliano.mendes@unimontes.br
Fernanda de Souza Cardoso
Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes
E-mail: fernanda.cardoso@unimontes.br
O Programa de Residência Pedagógica (PRP) é uma das ações que integram a Política Nacional de Formação de Professores e tem por objetivo induzir o aperfeiçoamento da formação prática nos cursos de Licenciatura, promovendo a imersão do licenciando na escola de educação básica, a partir da segunda metade de seu curso (CAPES, 2020). A inserção dos residentes no referido Programa tem sido um momento fundamental para os alunos do curso de Educação Física Licenciatura, uma vez que os aproxima ainda mais do contexto escolar, os preparando para o efetivo exercício da profissão docente. De acordo com Sousa et al. (2020), Programas como o Residência Pedagógica, assumem papeis essenciais na formação de um professor; garantindo a ele: suporte, compreensão, verificação da realidade, experiência, noção, troca de saberes, apropriação do exercício de prática, dentre muitos outros fatores que podem contribuir positivamente com os futuros profissionais da educação. Enquanto uma iniciativa voltada para a formação inicial de professores, o PRP oportuniza que licenciandos vivenciem a profissão de forma dinâmica, propiciando um conhecimento mais preciso sobre a escola, desenvolvendo habilidades de um professor reflexivo e atuante (FREITAS; FREITAS; ALMEIDA, 2020, p. 2). Um aspecto que merece ser destacado é a necessidade de serem estabelecidas cada vez mais alianças entre a universidade e as escolas, expandindo o envolvimento do contato entre os residentes, preceptores, coordenadores e profissionais da educação. Para Panizzolo (2012), as propostas da universidade devem superar os desafios entre os discentes e docentes, para que todos se responsabilizem em contribuir com a formação dos estudantes. Neste sentido, a universidade precisa ampliar o alcance de suas propostas quando falamos nos múltiplos desafios enfrentados hoje, pelas escolas públicas, pois somos todos responsáveis pelas mudanças sociais que se fazem necessárias. E é buscando esse enfrentamento que propomos neste texto discorrer sobre as contribuições do Programa Residência Pedagógica para nossa formação enquanto acadêmicos do curso de Educação Física Licenciatura da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes. Justificamos este relato pela importância em colaborar para um olhar mais atento da sociedade sobre as Licenciaturas e ainda provocar o reconhecimento de Programas como este, já que o PRP tem se mostrado uma política efetiva para o aperfeiçoamento da formação docente, incluindo a Educação Física, na reformulação de suas práticas pedagógicas e na preparação de educadores competentes.
MÉTODO
Trata-se de um relato de experiência cujo caminho metodológico consiste em descrever (na perspectiva dos residentes de Educação Física da Unimontes) as contribuições do Programa Residência Pedagógica na formação de professores da referida área. Neste relato, focamos, principalmente, no Módulo I do PRP, uma vez que este já foi concluído, tendo durado de novembro de 2022 a abril de 2023, na Escola Estadual João de Freitas Neto, localizada na cidade de Montes Claros – MG. O referido Módulo consiste em uma etapa fundamental para preparar os residentes para sua atuação no Programa. Os dias e horários em que os residentes se encontram na escola são os mesmos em que o preceptor ministra aulas: segunda e terça-feira. Os alunos atendidos pelo PRP, neste núcleo, são dos anos iniciais do ensino fundamental e do ensino médio.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao iniciarmos nossas atividades no PRP, fomos contatados pela docente orientadora e o nosso preceptor, sendo inicialmente criados dois grupos no aplicativo WhatsApp: um foi destinado a todos os participantes do subprojeto coordenado pela docente orientadora, e o outro grupo exclusivo para os residentes da Escola Estadual João de Freitas Neto e seu preceptor. Esse recurso facilitou o repasse de avisos, informações mais pontuais, envio de materiais pedagógicos e outros, possibilitando uma rápida comunicação entre todos. Temos reuniões coletivas, com a presença dos três núcleos, organizadas pela docente orientadora, sempre às quartas-feiras, das 17h30 às 19h00. Em algumas ocasiões são realizadas reuniões por núcleo, estas organizadas pelos preceptores de cada escola campo, de acordo com as necessidades específicas. Em ambas, temos a oportunidade de esclarecer dúvidas, receber informações importantes e promover debates e discussões sobre artigos relevantes, planejamento, a fim de construir uma base teórica sólida para a elaboração de atividades a serem aplicadas, posteriormente, nas aulas de Educação Física. De maneira geral, toda equipe do subprojeto de Educação Física tem: atividades de estudo; reuniões para orientações diversas, por parte do preceptor e da docente orientadora; familiarização com a escola campo e com a atividade docente, participando, inclusive, de outras atividades propostas pela instituição; descrição em caderno de registro das ações realizadas; elaboração de planos de aula; avaliação das intervenções. Portanto, estamos rodeados de tarefas e atividades que visam contribuir para o entendimento de nossa responsabilidade, nos preparando para os desafios e para as propostas que serão desenvolvidas na escola campo. Segundo, Tardif e Claude (2005), o contexto do trabalho interativo cotidiano permite atingir as características cognitivas inerentes da docência, e não o oposto. Vale ressaltar que os debates e diálogos proporcionados entre os grupos de trabalho; a partilha de experiências entre residentes, preceptores e docente orientadora, o acompanhamento das aulas do professor de Educação Física/preceptor, as intervenções pedagógicas realizadas na escola, contribuem, sobremaneira, na formação crítico-reflexiva e competente do acadêmico. Concordamos com Carvalho e Ferreira (2018, p. 3), quando estes argumentam que “a realidade da escola, sua arquitetura, normas, saberes, linguagens e práticas suscitam um constante processo de questionamento”. E é este fazer e refazer que vai desenvolvendo melhores e efetivas práticas pedagógicas. Desta maneira, a etapa da regência, que é a culminância de todos esses processos, nos evidencia ainda mais sobre o fazer docente, sobre enfrentamentos e conquistas presentes na rotina da escola. Vale ressaltar que a regência tem sido acompanhada pelo preceptor na escola campo nas segundas e terças-feiras, de 7h00 às 11h40 (ensino médio); e de 13h00 às 15h30 (anos iniciais do ensino fundamental). Neste sentido, apontamos mais uma contribuição a nossa formação docente, que é a mediação e apoio que os residentes possuem para imersão na escola campo. Assim, concordamos com Monteiro et al. (2020), que em seu estudo destaca que um dos fatos que facilitou a prática pedagógica dos residentes foi a mediação que o Programa proporcionou aos mesmos durante as aulas regidas. Os residentes da pesquisa em questão evidenciaram como essencial a relação de proximidade com as preceptoras; ressaltando o fato de o PRP ser conduzido por um grupo de pessoas, incluindo professores de longa carreira, sendo um dos principais fatores que auxiliou o bom desenvolvimento das aulas durante o projeto (MONTEIRO et al., 2020). E essa proximidade com o nosso preceptor, somada ao estudo do material pedagógico e a preocupação com o planejamento, fazem com que tenhamos mais autonomia para atuarmos na Residência, reconhecendo novas metodologias de ensino para o desenvolvimento da aula de Educação Física. Salientamos, desta maneira, a função do preceptor como de suma importância para materializar a relação teoria e prática, já que este auxilia e estimula os residentes no alcance de seus objetivos e de sua identidade docente; como também revela para os licenciandos a realidade escolar, com todas suas atribuições e dificuldades. “Para quem lida com a formação de professores, esse Programa, juntamente com os Estágios Supervisionados e com outros programas que atuam na relação com a realidade da Educação Básica, permite inserir os licenciandos no “olho do furacão” único lugar possível se quer formar um professor” (BRITO, 2016, p. 106). E por fim, trazemos também como destaque e contribuição, as relações construídas e o entendimento de que formar crianças e jovens é um trabalho complexo e coletivo. Para Monteiro et al. (2020, p. 9) “as relações humanas proporcionadas pelo Programa Residência Pedagógica se tornam fundamentais para o processo de desenvolvimento docente dos residentes”. As experiências adquiridas na observação e na participação conjunta dos professores preceptores, na relação com os estudantes e com os próprios companheiros da Residência, constituem um processo de identidade profissional dos licenciandos (MONTEIRO et al., 2020). Tudo isso se desdobra em uma melhora no desenvolvimento do trabalho proposto pelo PRP, o que consequentemente, qualifica os acadêmicos para inserções futuras no espaço escolar, tanto relacionadas ao seu componente curricular Educação Física, como também, e antes de tudo, enquanto professores, que devem, portanto, se envolver com todos os processos da instituição, contribuindo com a formação do aluno.
CONCLUSÃO
As contribuições do Programa Residência Pedagógica para a formação em Educação Física Licenciatura são diversas e abrangem tanto a ampliação da experiência profissional como a formação humana. A partir de nossas experiências, especialmente no Módulo I, podemos destacar que todas as atividades e tarefas das quais participamos no PRP vêm nos preparando para as possibilidades e os desafios que surgem todo tempo no contexto da escola: do estudo à elaboração dos planos de aula, das relações construídas à (re)avaliação dos processos vividos. Evidenciamos ainda que tudo isso, especificamente a fase de regência, concretiza todo esse preparo e tem na figura do preceptor/professor de Educação Física, uma referência docente, que nos apoia nas dificuldades, nos impulsiona no processo de amadurecimento para nossa profissão futura, apresentando a realidade da escola. Portanto, a condução e mediação do preceptor são fundamentais para que alcancemos resultados satisfatórios em nossa imersão na escola e nos identifiquemos com a carreira docente. Assim, o Programa Residência Pedagógica desempenha um importante papel na formação em Educação Física Licenciatura, ao propiciar oportunidades de (re)conhecer práticas pedagógicas responsáveis e efetivas, a partir do preceptor. Desta maneira, temos neste, uma referência, e conseguimos justapor teoria e prática a partir do que observamos e vivenciamos junto a este profissional da educação; o que facilita nossa tarefa de valorizar a Educação Física como um componente curricular, que como todos os outros, deve contribuir com a formação dos alunos.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, pelo apoio financeiro e oportunidade de inserção no Programa Residência Pedagógica.
REFERÊNCIAS
BRITO, L. D. Contribuições de um programa de iniciação à docência à formação de futuros professores de Ciências. Revista Iberoamericana de Educación, v. 72, n. 2, p.103-120, nov., 2016.
CAPES. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Residência pedagógica. Edital N0 1. 2020. Disponível em: https://www.gov.br/capes/pt-br/centrais-de-conteudo/06012020-edital-1-2020-residencia-pedagogica-pdf. Acesso em: 10 de agos. 2023.
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FREITAS, M. C. de; FREITAS, B. M. de; ALMEIDA, D. M. Residência pedagógica e sua contribuição na formação docente. Ensino em Perspectivas, v. 1, n. 2, p. 1–12, 2020. Disponível em: https://revistas.uece.br/index.php/ensinoemperspectivas/article/view/4540. Acesso em: 14 ago. 2023. Acesso em: 10 de agos. 2023.
MONTEIRO, J. H. de L. et al. O programa residência pedagógica: dialética entre a teoria e a prática. HOLOS, v. 3, p. 1–12, 2020. DOI: 10.15628/holos.2020.9545. Disponível em: https://www2.ifrn.edu.br/ojs/index.php/HOLOS/article/view/9545. Acesso em: 20 de ago. 2023.
PANIZZOLO, C. et al. Programa de Residência Pedagógica da Unifesp: avanços e desafios para a implantação de propostas inovadoras de estágio. In: Políticas de Formação Inicial e Continuada de Professores. XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino. Campinas, Anais... p. 266-277, 2012.
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TARDIF, M.; CLAUDE, L. O trabalho docente: elementos para uma teoria da docência como profissão de interações humanas. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, p. 32-33. 2005.