RESUMO

A sarcopenia é um transtorno progressivo e degenerativo do músculo esquelético. Na sarcopenia há baixa massa muscular e baixa força muscular, o que resulta em perda de funções cotidianas e maior risco de quedas. A prevenção da ocorrência dessa condição é fundamental para garantia de maior qualidade de vida para os idosos. O objetivo deste trabalho é analisar a relevância da atividade física como meio de prevenção da sarcopenia. Trata-se de uma revisão sistemática conduzida conforme as diretrizes do Preferred Reporting Items for Systematic Review Protocols (PRISMA), buscando responder: qual a relevância da atividade física para a prevenção e controle da sarcopenia e quais as indicações? A prática de treinos de resistência, associada com treinos aeróbicos são necessários para a prevenção da sarcopenia na população. A revisão destaca a necessidade de estratégias de intervenção eficazes ainda na juventude, visando melhorar a qualidade de vida a longo prazo e mitigar o desenvolvimento da sarcopenia. Há necessidade de individualizar as recomendações de exercícios físicos, principalmente em relação aos diferentes gêneros ou condições associadas dos indivíduos, como obesidade. Ainda, a prevenção da sarcopenia está alinhada com a prevenção de outras condições degenerativas do processo de envelhecimento, como a osteoporose.

ABSTRACT

Sarcopenia is a progressive and generalized skeletal muscle disorder. In sarcopenia there is low muscle mass and low muscle strength, which results in loss of daily functions and increased risk of falls. Preventing the occurrence of this condition is essential to guarantee a higher quality of life for the elderly. The objective of this work is to analyze the relevance of physical activity as a means of preventing sarcopenia. It is a systematic review conducted according to the Preferred Reporting Items for Systematic Review Protocols (PRISMA) guidelines, seeking to answer: what is the relevance of physical activity for the prevention and control of sarcopenia and what are the indications? The practice of resistance training, associated with aerobic training, is necessary to prevent sarcopenia in the population. The review highlights the need for effective intervention strategies even in youth, aiming to improve long-term quality of life and mitigate the development of sarcopenia. There is a need to individualize physical exercise recommendations, especially in relation to different genders or associated conditions of individuals, such as obesity. Furthermore, the prevention of sarcopenia is aligned with the prevention of other degenerative conditions of the aging process, such as osteoporosis.

Keywords: Prevention. Control. Sarcopenia. Physical activity.

RESUMEN

La sarcopenia es un trastorno progresivo y degenerativo del músculo esquelético. En la sarcopenia hay baja masa muscular y baja fuerza muscular, lo que se traduce en pérdida de funciones diarias y mayor riesgo de caídas. Prevenir la aparición de esta afección es fundamental para garantizar una mayor calidad de vida a las personas mayores. El objetivo de este trabajo es analizar la relevancia de la actividad física como medio para prevenir la sarcopenia. Esta es una revisión sistemática realizada de acuerdo con las directrices de la Preferred Reporting Items for Systematic Review Protocols (PRISMA), buscando responder: ¿cuál es la relevancia de la actividad física para la prevención y control de la sarcopenia y cuáles son sus indicaciones? La práctica del entrenamiento de resistencia, asociado al entrenamiento aeróbico, es necesaria para prevenir la sarcopenia en la población. La revisión destaca la necesidad de estrategias de intervención efectivas incluso en los jóvenes, con el objetivo de mejorar la calidad de vida a largo plazo y mitigar el desarrollo de sarcopenia. Existe la necesidad de individualizar las recomendaciones de ejercicio físico, especialmente en relación con diferentes géneros o condiciones asociadas de los individuos, como la obesidad. Además, la prevención de la sarcopenia está alineada con la prevención de otras afecciones degenerativas del proceso de envejecimiento, como la osteoporosis.

INTRODUÇÃO

A sarcopenia pode ser definida como um transtorno progressivo e generalizado do músculo esquelético que está associado à probabilidade de diversos resultados adversos, incluindo quedas, fraturas, incapacidade física e mortalidade (Sung et al., 2022). Na sarcopenia há baixa massa muscular, que se traduz em baixa força muscular e perda de funções cotidianas.

O maior fator de risco para a ocorrência da sarcopenia é o próprio envelhecimento, uma vez que a massa muscular diminui aproximadamente 3-8% por década após os 30 anos de idade, diminuindo em uma taxa ainda maior após os 60 anos (Veen et al., 2021).  Além desse principal fator de risco, o sedentarismo, em qualquer idade, é um grande fator que pode levar à sarcopenia (Mena-Montes et al., 2021).

A população acima dos 60 anos é estimada em 11% da população atualmente, sendo esperado dobrar esse número até 2050, atingindo 22% da população (Aragon; Tipton; Schoenfeld, 2023). Tal fato se torna um fator preocupante quando analisado que com o aumento do envelhecimento da população, há maior incidência de doenças crônicas que levam à morbidade, sendo a sarcopenia uma das mais estudadas atualmente e reconhecida pela Classificação Internacional de Doenças (CID-10M62.84) da Organização Mundial de Saúde (OMS) desde 2016.

A sarcopenia em si aumenta significativamente o risco de transtornos e eventos adversos, impactando a saúde das pessoas como um todo (Boccardi, 2024). Porém, ainda não há um tratamento farmacológico aprovado para uso em pacientes com disfunção muscular. Logo, assim que se desenvolve, a sarcopenia se torna desafiadora para contrariar a perda de músculo e queda progressiva funcional (Choe et al., 2022). Assim, com o aumento expressivo da taxa de envelhecimento da população, aliada à iminência de sarcopenia nessas pessoas e redução funcional, a prevenção se torna a primeira resposta necessária para melhoria da qualidade de vida.

Atualmente, sabe-se que a prática de atividade física é a principal forma de prevenção, controle e tratamento da sarcopenia de acordo com os protocolos do American College of Sports Medicine. A adequação da dieta é importante para complementar a prevenção da evolução da sarcopenia, porém é a prática de exercícios que possui maior resposta no aumento da massa muscular e da taxa metabólica (Choi; Kim; Bae, 2021).

Assim, o presente estudo possui como objetivo revisar os estudos atuais acerca da relevância da prevenção da sarcopenia por meio da atividade física, sintetizando os principais resultados e fornecendo uma visão ampliada dessa forma de prevenção.

MÉTODO

O estudo consiste em uma revisão sistemática, um método de investigação científica observacional e retrospectivo. Para maior rigor metodológico, o estudo foi conduzido pelas normas do Preferred Reporting Items for Systematic Review Protocols (Protocolo PRISMA 2020), se atentando em responder qual a relevância da atividade física para a prevenção e controle da sarcopenia e quais as indicações?

A busca dos artigos foi realizada em julho de 2024 nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Pubmed. Para a pesquisa foram utilizados os seguintes descritores combinados “Sarcopenia”, “Prevention and control” e “Exercise”. Todos os descritores são reconhecidos como termos no Medical Subject Headings (MeSH) ou Descritores em Ciências da Saúde (DeCS).

Os filtros utilizados na plataforma BVS após a utilização de todos os descritores associados ao operador booleano “AND” foram: texto completo, assunto principal Sarcopenia, idioma inglês ou português e intervalo de publicação entre 2021 e 2024, resultando em 98 artigos para análise inicial. Já na Pubmed foram filtrados os estudos encontrados utilizando os mesmos descritores e operador booleano “AND”, pelos filtros: intervalo de tempo entre 2021 e 2024, texto completo e gratuito em idiomas inglês e português, resultando em 123 artigos para análise.

Os estudos selecionados para o processo de revisão após a aplicação dos filtros se basearam na análise dos artigos e busca de dados relevantes que complementassem a pesquisa. Inicialmente foram analisados os títulos e resumos e, caso se destacassem como relevantes para o objetivo do estudo, os artigos seriam selecionados para a leitura íntegra. Assim, tal triagem foi realizada por dois revisores independentes.

Os estudos selecionados para análise foram incluídos na revisão ao atender os seguintes critérios: texto completo disponível nos idiomas inglês e português, publicados entre 2021 e 2024 e possuindo como assunto principal a atividade física como forma de prevenção da sarcopenia.

A partir disso foram excluídos estudos que não estivessem entre os idiomas selecionados, cujo texto não estava disponível integralmente de forma gratuita ou que fossem publicados anteriormente ao ano de 2021, artigos que não possuíam como assunto principal a atividade física como forma de prevenção da sarcopenia, artigos que estivessem duplicados nas bases de dados e artigos que possuíam como foco a prevenção da sarcopenia pela nutrição.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A pesquisa feita utilizando os descritores e sem os filtros resultou em 256 estudos na BVS e 665 na plataforma Pubmed, com um total de 921 estudos encontrados. Após a aplicação dos filtros, a BVS apresentou um total de 98 artigos e na plataforma Pubmed foram encontrados 123 artigos.

Após a leitura dos títulos e resumos, extraiu-se 40 artigos para leitura integral e análise, sendo 29 artigos da plataforma BVS e 11 encontrados na Pubmed. Dos 98 artigos encontrados primeiramente na pesquisa da BVS, oito não estavam disponíveis gratuitamente e 61 não abordavam o assunto central selecionado para o presente estudo. Já relacionado aos 123 artigos encontrados na plataforma Pubmed, 22 estavam duplicados em relação aos selecionados na plataforma BVS e 90 não possuíam o assunto central selecionado para o estudo, assim foram selecionados 11 artigos da Pubmed.

Após a leitura dos 40 artigos selecionados, ainda foram excluídos mais 10 artigos, cinco da BVS e cinco da Pubmed por não apresentaram a sarcopenia como assunto principal do texto e das conclusões. Sendo assim, foram inclusos 30 artigos para o presente estudo.

Figura – Fluxograma de identificação, triagem e inclusão dos estudos selecionados:

Os estudos inclusos no presente artigo foram analisados de forma integral e completa. O quadro sintetiza os resultados encontrados após a leitura crítica dos artigos selecionados:

Quadro – Artigos analisados e selecionados para a revisão sistemática.

O processo da sarcopenia é caracterizado tanto pela perda de massa muscular quanto de força. Em função disso, o Grupo de Trabalho Europeu sobre Sarcopenia em Pessoas Idosas estabeleceu três níveis de sarcopenia: quando há perda apenas da massa muscular, quando ocorre perda da força e massa, e quando a força e performance sofrem redução (Rodrigues et al., 2022). Qualquer dos três níveis de sarcopenia ainda podem levar à prejuízos funcionais, como redução na qualidade de vida, risco de quedas, enfraquecimento da musculatura respiratória e até mesmo comprometimento cognitivo (Agostini et al., 2023).

Atualmente, as principais formas de prevenção de perda de massa muscular são a suplementação alimentar adequada para as necessidades de cada indivíduo, com ênfase na suplementação proteica, e a realização de atividade física. (Shefflette; Patel; Caruso, 2023). Os indivíduos que conseguem aliar essas duas principais formas de prevenção possuem resultados melhores na redução do risco de sarcopenia (Zhang et al., 2023).

Uma das teorias mais aceitas sobre o processo de envelhecimento é a teoria dos radicais livres de Harman que sugere que o envelhecimento está associado ao acúmulo de danos oxidativos em proteínas, lipídios e DNA, comprometendo a função mitocondrial e a produção de ATP. Dessa forma, a atividade física é uma ferramenta importante para restaurar a saúde mitocondrial e prevenir a sarcopenia em adultos mais velhos (Harper; Gopalan; Goh, 2021), uma vez que o exercício físico consegue diminuir significativamente os níveis de espécies reativas de oxigênio nos músculos que foram acumulados durante o processo de envelhecimento (Sun et al., 2023).

Os processos patológicos celulares que levam à sarcopenia são baseados na redução da síntese proteica muscular. Com o envelhecimento, há uma perda de até 75% das fibras musculares do tipo II, reduzindo a mobilidade funcional e poder muscular. O poder de contração voluntário em idosos fica comprometido e o equilíbrio também (Rodrigues et al., 2022). A junção neuromuscular (NMJ) é crucial para a comunicação entre nervos e músculos, e sofre alterações significativas com o envelhecimento. A deterioração da NMJ pode preceder a degradação das fibras musculares e potencializar o caminho patofisiológico para a sarcopenia (Pratt et al., 2021). Além disso, a perda de músculo resulta em diminuída disponibilidade de energia para todo o corpo, impedindo a recuperação de doenças, lenta cicatrização e perda de qualidade de vida (Boccardi, 2024).

Para facilitar o processo de prevenção da sarcopenia é necessário investigar precocemente os indivíduos que possuem fatores de risco para a condição degenerativa. Essa análise pode ser feita por meio de Tomografia Computadorizada (TC), Bioimpedância Elétrica (BIA), medida da circunferência da panturrilha, Teste Levantar Sentar (TLS) e testes de força de aperto de mão (Maier et al., 2023). Muitas vezes esses testes apenas conseguem diagnosticar os indivíduos que já possuem a sarcopenia em curso, sendo necessário investigar novas formas de investigação precoce da sarcopenia. Em um estudo realizado a análise da expressão diferencial de quatro microRNAs (miRNAs) em ratos e a modulação de seis genes associados desempenham um papel crucial na progressão da sarcopenia. Esses miRNAs e genes podem servir como potenciais biomarcadores para o diagnóstico contra a atrofia muscular induzida pelo envelhecimento (Liang et al., 2023). As intervenções com atividades físicas não só mitigam a atrofia muscular, mas também influenciam a expressão de miRNAs e vias de sinalização chave.

Em um estudo realizado em camundongos foi notado que quando iniciado na juventude, a atividade física previne as atividades autofágicas que ocorrem no músculo ao envelhecer, além de também prevenir atrofia muscular, se comparado com grupos que iniciaram a prática de atividade física mais tarde na vida (Gao et al., 2021). Logo, a prevenção da sarcopenia deve ser iniciada cedo na vida de todos os indivíduos, promovendo a ideia de vida saudável para um consequente envelhecimento saudável, de acordo com a Comissão Europeia.

Atualmente, a principal forma de atividade física recomendada para a prevenção da sarcopenia são os treinos de resistência, conhecidos também como treinos de força. Esse tipo de exercício possui vantagens por conseguir aumentar a massa muscular e força muscular de forma, inibindo o processo de atrofia muscular (Aragon; Tipton; Schoenfeld, 2023). Outras formas de atividades físicas que podem ser empregadas são o pilates, que demonstrou melhora no peso corporal e força muscular, e a ginástica que possui um efeito positivo na função cardiorrespiratória e energia (Lim et al., 2024). Tais atividades físicas possuem suas qualidades e vantagens, porém para a hipertrofia muscular e consequente prevenção da sarcopenia os treinos de resistência possuem maior vantagem.

O próprio treino de resistência possui algumas variações que podem apresentar diferenças para a construção de músculos. Essas variações estão na intensidade da carga e das repetições, podendo ser adequadas se o indivíduo é iniciante ou intermediário nesse tipo de treino. A forma que mais demonstrou resultados é o treino com baixa carga e restrição de fluxo sanguíneo (Yasuda, 2022), porém esta forma de treino ainda não é muito conhecida fora do Japão. A realização de treinos de força em máquinas possui grande eficácia, pois os idosos possuem maior estabilidade na realização dos exercícios, principalmente em treinos de membros inferiores (Mende et al., 2022).

Os indivíduos que praticam atividade aeróbica durante a vida já possuem vantagem daqueles sedentários para reduzir o risco de ocorrência de sarcopenia. Isso porque o exercício aeróbico induz a adaptação mitocondrial e provoca mudanças nos níveis do fator de crescimento no tecido muscular esquelético em direção ao equilíbrio positivo da renovação proteica, reduzindo a miostatina, aumentando o fator de crescimento semelhante à insulina-1 (IGF-1), inibindo a via AMPK de degradação proteica e levando a supressão do declínio da massa muscular (Liang et al., 2021).

Assim, aqueles indivíduos que praticam exercícios aeróbicos combinados com exercícios de força apresentaram força de aperto de mão (FAM) preservada em idosos acima de 60-70 anos em um estudo na Coreia do Sul (Sung et al., 2022). Dessa forma, a combinação das duas formas de atividade física demonstra ser a melhor forma de se manter ativo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.

Para obter resultados satisfatórios na manutenção da massa muscular e hipertrofia, é necessário a realização de treinos de resistência pelo menos duas vezes na semana por pelo menos 50 minutos (D’Onofrio et al., 2023). Apesar das indicações gerais, os treinos de força podem ser adaptados de acordo com a necessidade de cada indivíduo e da sua capacidade de física ao iniciar os treinos, sendo importante ter acompanhamento por um profissional da área para melhor indicar as alterações possíveis ou necessárias para cada paciente (Veen et al., 2021).

Ainda assim, sabe-se que a realização de treinos de resistência de forma intensa possui melhores resultados em testes de força, se comparado aqueles que realizam atividade física de forma moderada ou leve intensidade (Seo; Lee, 2022). Além disso, os treinos intensos também estão relacionados com maiores gastos energéticos, um indicador que foi correlacionado com menor risco de o indivíduo desenvolver sarcopenia (Kemp; Piber; Ribeiro, 2021).

Quando investigado a realização de atividades físicas por meio da internet para prevenção da sarcopenia o resultado não foi satisfatório. A maior parte dos idosos não conseguiu completar o plano, pois abandonavam ou os realizavam de com baixa intensidade e forma, resultando em um Índice de Massa Corpórea (IMC) sem alterações quando comparado ao do início do estudo (Wang et al., 2022). Assim, é indicado que os exercícios físicos sejam feitos com ajuda profissional ou supervisão familiar para incentivar a continuidade nos planos e garantir maior eficácia na prevenção da sarcopenia.

Quando a sarcopenia é acompanhada de obesidade, a condição é chamada de obesidade sarcopênica. Esta é mais perigosa em idosos, uma vez que muitas vezes é acompanhada de problemas de saúde ainda mais severos, como problemas cardiorrespiratórios (Lim et al., 2024). Por conta disso, nesses casos estão indicados os exercícios de força de leve intensidade, pois promovem o rejuvenescimento da proteína GDF-11 que possui propriedades antioxidantes. As rotinas de baixa intensidade estão relacionadas com redução na gordura e inflamação corporal em indivíduos com baixa performance física (Mena-Montes et al., 2021).

A prevenção da sarcopenia pode se apresentar de forma distinta de acordo com o gênero. Quando comparadas a necessidade de atividade física para remissão da sarcopenia foi percebido que em homens a adequação de uma rotina de treinos de força duas vezes por semana já conseguia mitigar a sarcopenia, enquanto em mulheres houve necessidade de treinos de força de alta intensidade, além da adequação de uma dieta rica em proteína para melhores resultados de manutenção da massa muscular (Choe et al., 2022). Em um estudo com 51 participantes mulheres foram necessários treinos de alta intensidade por seis meses para que a sarcopenia entrasse em remissão em pelo menos 50% das pacientes, ainda que o restante das participantes conseguiu diminuir a severidade da condição (Flor-Rufino et al., 2023).

Muitas vezes a sarcopenia está associada a outras condições degenerativas, como a osteoporose e osteoartrite, também associadas a perda de função e aumento do risco de fraturas. Embora seja preciso de diferentes quantidades de exercício físico para a prevenção de cada uma das condições degenerativas, todas se beneficiam da atividade física como prevenção (Papadopoulou et al., 2021).

Para a prevenção da sarcopenia foram exigidos 150-1800 minutos de atividade física por semana, enquanto a prevenção da osteoporose ocorreu apenas no grupo mais ativo com mais de 1800 minutos de atividade física por semana (Perez-Lasierra et al., 2022). Além disso, a prática de exercícios multidomínio, ou seja, várias modalidades, consegue prevenir doenças cognitivas, como a doença de Alzheimer que muitas vezes está associada a sarcopenia (García-Llorente et al., 2024).

Alimentos ricos em nutrientes que garantem a ingestão suficiente de energia, proteínas e micronutrientes são importantes para prevenir a fragilidade e a sarcopenia e promover a atividade física. Entretando, os estudos têm demonstrado que não houve efeitos adicionais de intervenções nutricionais quando combinadas com treinamento de resistência sobre a massa e força muscular (Choi; Kim; Bae, 2021).

O único suplemento que possui resultados satisfatórios quando alinhado com os treinos de força é a creatina. Apesar de não demonstrar resultados na massa muscular, quando utilizada por pelo menos 12 semanas, a creatina auxiliou na força muscular (Dos Santos et al., 2021). Assim, é importante analisar a creatina como um fator auxiliar na manutenção da força muscular, podendo ser um importante suplemento na prevenção da sarcopenia, juntamento com a atividade física de força.

É importante considerar medidas de ações urgentes para aumentar a conscientização sobre a saúde muscular e melhorar a prevenção e o diagnóstico da sarcopenia em todo o processo de cuidado. Sabe-se que é necessário estabelecer educação em saúde o suficiente para o entendimento de que práticas vitalícias de atividade física promovem resultados a longo prazo (Maier et al., 2023). Assim, é necessário incentivar e facilitar o compromisso vitalício com a atividade física, não apenas nos adultos mais velhos, mas em toda a população, desde a infância até a idade adulta, para uma prevenção precoce e efetiva da sarcopenia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir da pesquisa é possível perceber a grande gama de estudos que trazem a sarcopenia como assunto central e que fornecem resultados importantes e confiáveis sobre o papel imprescindível da prática de atividade física na prevenção da sarcopenia. Percebe-se que vários dos estudos são revisões sistemáticas o que sugere um interesse na procura de informações e de conhecimento sobre o tema.

Um aspecto comum entre as pesquisas era a análise das recomendações da frequência e intensidade de exercício necessária para resultados consideráveis para prevenir a sarcopenia. Os estudos trazem a necessidade de duas vezes por semana sendo o mínimo para uma medida eficaz na prevenção da sarcopenia, além da necessidade de associar a prática com uma nutrição adequada.

Além disso, diversas pesquisas procuraram trazer as diferenças entre os gêneros para a prática de atividade física, o que sugere a necessidade de individualizar as recomendações das práticas de atividades físicas.

Apesar da importância do papel da atividade física para a prevenção da sarcopenia já estar elucidado, os estudos ressaltam a baixa adesão dos idosos para a prática. Assim, os estudos revelam a grande necessidade de investimento e incentivo para que a prevenção da sarcopenia se inicie ainda enquanto jovens para a promoção da saúde vitalícia e aumento da qualidade de vida dos idosos.

AGRADECIMENTOS

Agradecimento ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica da Unimontes (BIC-UNI) da Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES).

Apoio Financeiro: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica da Unimontes (BIC-UNI).  

REFERÊNCIAS

AGOSTINI, D.; et al. An Integrated Approach to Skeletal Muscle Health in Aging. Nutrients. Nutrients, v.15, n.8, p.1-31, 2023. https://doi.org/10.3390/nu15081802.

ARAGON, A. A.; TIPTON, K. D.; SCHOENFELD, B. J. Age-related muscle anabolic resistance: inevitable or preventable? Nutrition reviews. Nutrition Reviews (Medline), v.81, n.4, p.441-454, 2023. https://doi.org/10.1093/nutrit/nuac062.

BOCCARDI, V. Sarcopenia: A dive into metabolism to promote a multimodal, preventive, and regenerative approach. Mechanisms of Ageing and Development, v.219, n.14, p.1-7, 2024. https://doi.org/10.1016/j.mad.2024.111941.

CHOE, H. J.; et al. Gender differences in risk factors for the 2-year development of sarcopenia in community-dwelling older adults. Journal of Cachexia, Sarcopenia and Muscle, v.13, n.3, p.1908–1918, 2022. https://doi.org/10.1002/jcsm.12993.

CHOI, M. K.; KIM, H.; BAE, J. Does the combination of resistance training and a nutritional intervention have a synergic effect on muscle mass, strength, and physical function in older adults? A systematic review and meta-analysis. BMC Geriatrics, v.21, n.1, p1-16, 2021. https://doi.org/10.1186/s12877-021-02491-5.

D’ONOFRIO, G.; et al. Musculoskeletal exercise: Its role in promoting health and longevity. Progress in Cardiovascular Diseases, v.77, n.3, p.25-36, 2023. https://doi.org/10.1016/j.pcad.2023.02.006.

DOS SANTOS, E. E. P.; et al. Efficacy of creatine supplementation combined with resistance training on muscle strength and muscle mass in older females: A systematic review and meta-analysis. Nutrients, v.13, n,11, p.1-12, 2021. https://doi.org/10.3390/nu13113757.

FLOR-RUFINO, C.; et al. Fat infiltration and muscle hydration improve after high-intensity resistance training in women with sarcopenia. A randomized clinical trial. Maturitas, v.168, p.29–36, 2023. https://doi.org/10.1016/j.maturitas.2022.09.001.

GAO, H. E.; et al. Lifelong Exercise in Age Rats Improves Skeletal Muscle Function and MicroRNA Profile. Medicine and Science in Sports and Exercise, v.53, n.9, p. 1873–1882, 2021. https://doi.org/10.1249/MSS.0000000000002661.

GARCÍA-LLORENTE, A. M.; et al. Multidomain interventions for sarcopenia and cognitive flexibility in older adults for promoting healthy aging: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Aging Clinical and Experimental Research, v.36, n.47, p.1-11, 2024. https://doi.org/10.1007/s40520-024-02700-2.

HARPER, C.; GOPALAN, V.; GOH, J. Exercise rescues mitochondrial coupling in aged skeletal muscle: a comparison of different modalities in preventing sarcopenia. Journal of Translational Medicine, v.19, n.71, p.1-17, 2021. https://doi.org/10.1186/s12967-021-02737-1.

 KEMP, V. L.; PIBER, L. DE S.; RIBEIRO, A. P. Can physical activity levels and relationships with energy expenditure change the clinical aspects of sarcopenia and perceptions of falls among elderly women? Observational cross-sectional study. Sao Paulo Medical Journal, v.139, n.3, p.285–292, 2021. https://doi.org/10.1590/1516-3180.2020.0602.R1.0402021.

LIANG, J.; et al. Lifelong aerobic exercise alleviates sarcopenia by activating autophagy and inhibiting protein degradation via the ampk/pgc-1α signaling pathway. Metabolites, v.11, n.5, p.1-16, 2021. https://doi.org/10.3390/metabo11050323.

LIANG, J.; et al. MicroRNA profiling of different exercise interventions for alleviating skeletal muscle atrophy in naturally aging rats. Journal of Cachexia, Sarcopenia and Muscle, v.14, n.1, p. 356–368, 2023. https://doi.org/10.1002/jcsm.13137.

LIM, H. S.; et al. Effect of a 12-Week Multi-Exercise Community Program on Muscle Strength and Lipid Profile in Elderly Women. Nutrients, v.16, n.6, p.1-11, 2024. https://doi.org/10.3390/nu16060813.

MAIER, A. B.; et al. Strengthening Muscle Health of Community-Dwelling Older Adults in Singapore: Evidence Towards Clinical Implementation. Journal of Frailty and Aging, v.12, n.4, p.258–266, 2023. http://dx.doi.org/10.14283/jfa.2023.31.

MENA-MONTES, B.; et al. Low-Intensity Exercise Routine for a Long Period of Time Prevents Osteosarcopenic Obesity in Sedentary Old Female Rats, by Decreasing Inflammation and Oxidative Stress and Increasing GDF-11. Oxidative Medicine and Cellular Longevity, v.1, p.1-17, 2021. https://doi.org/10.1155/2021/5526665.

MENDE, E.; et al. Progressive machine-based resistance training for prevention and treatment of sarcopenia in the oldest old: A systematic review and meta-analysis. Experimental Gerontology, v.163, n.1, p.1-13, 2022. https://doi.org/10.1016/j.exger.2022.111767.

PAPADOPOULOU, S. K.; et al. Exercise and nutrition impact on osteoporosis and sarcopenia—the incidence of osteosarcopenia: A narrative review. Nutrients, v.13, n.12, p.1-14, 2021. https://doi.org/10.3390/nu13124499.

PEREZ-LASIERRA, J. L.; et al. Association of physical activity levels and prevalence of major degenerative diseases: Evidence from the national health and nutrition examination survey (NHANES) 1999–2018. Experimental Gerontology, v.158, p.1-7, 2022. https://doi.org/10.1016/j.exger.2021.1116.

PRATT, J.; et al. Neuromuscular Junction Aging: A Role for Biomarkers and Exercise. Journals of Gerontology - Series A, v.76, n.4, p.576-585, 2021. https://doi.org/10.1093/gerona/glaa207.

RODRIGUES, F.; et al. A Review on Aging, Sarcopenia, Falls, and Resistance Training in Community-Dwelling Older Adults. International Journal of Environmental Research and Public Health, v.19, n.2, p.1-11, 2022. https://doi.org/10.3390/ijerph19020874.

SEO, J. H.; LEE, Y. Association of physical activity with sarcopenia evaluated based on muscle mass and strength in older adults: 2008–2011 and 2014 − 2018 Korea National Health and Nutrition Examination Surveys. BMC Geriatrics, v.22, n.1, p.1-17, 2022. https://doi.org/10.1186/s12877-022-02900-3.

SHEFFLETTE, A.; PATEL, N.; CARUSO, J. Mitigating Sarcopenia with Diet and Exercise. International Journal of Environmental Research and Public Health, v.20, n.17, p.1-15, 2023. https://doi.org/10.3390/ijerph20176652.

SUN, C. C.; et al. Exercise intervention mitigates zebrafish age-related sarcopenia via alleviating mitochondrial dysfunction. FEBS Journal, v.290, n.6, p.1519–1530, 2023. https://doi.org/10.1111/febs.1663.

SUNG, J. H.; et al. The association of aerobic, resistance, and combined exercises with the handgrip strength of middle-aged and elderly Korean adults: a nationwide cross-sectional study. BMC Geriatrics, v.22, n.1, p.1-11, 2022. https://doi.org/10.1186/s12877-022-03293-z.

VEEN, J.; et al. Engagement in muscle-strengthening activities lowers sarcopenia risk in older adults already adhering to the aerobic physical activity guidelines. International Journal of Environmental Research and Public Health, v.18, n.3, p. 1–8, 2021. https://doi.org/10.3390/ijerph18030989.

WANG, Z.; et al. Effects of Internet-Based Nutrition and Exercise Interventions on the Prevention and Treatment of Sarcopenia in the Elderly. Nutrients, v.14, n.12, p.1-12, 2022. https://doi.org/10.3390/nu14122458.

YASUDA, T. Selected Methods of Resistance Training for Prevention and Treatment of Sarcopenia. Cells, v.11, n.9, p.1-12, 2022. https://doi.org/10.3390/cells11091389.

ZHANG, Y.; et al. Physical Activity, Sedentary Behavior, Fruit and Vegetable Consumption, and Sarcopenia in Older Chinese Adults: A Cross-Sectional Study. Nutrients, v.15, n.15, p.1-11, 2023. https://doi.org/10.3390/nu15153417.