REVISTA NORTE MINEIRA DE ENFERMAGEM
|
|
|
INTRODUÇÃO
Os avanços científicos, tecnológicos, farmacológicos e
imunogenéticos aplicados ao transplante de órgãos e tecidos, nas últimas
décadas, têm possibilitado alternativas potenciais e efetivas de tratamento e
melhoria da qualidade à vida humana. Essa modalidade terapêutica beneficia
usuários que necessitam de órgãos sólidos, tecidos e células por meio do
desenvolvimento e melhoria das técnicas e procedimentos cirúrgicos, avanços na
prática do cuidado, inovação de equipamentos de última geração e disposição de
medicamentos imunossupressores necessários para o êxito dessa terapia
alternativa(1).
O Ministério da Saúde (MS) define transplante como o procedimento
cirúrgico que consiste na reposição de um órgão (coração, pulmão, rim, pâncreas
e fígado) ou tecido (medula óssea, ossos e córneas) de um usuário/receptor, por
outro órgão ou tecido normal de um usuário/doador vivo ou morto (2).
O Transplante Renal (TR) tem sido descrito como o tratamento mais
efetivo para a Doença Renal Crônica (DRC) terminal, com melhora da qualidade de
vida e sobrevida do usuário a longo prazo (3). Além de
melhorar a qualidade de vida, o transplante bem-sucedido confere grandes
benefícios aos usuários com doença renal terminal entre os quais: melhora da
morbidade, diminuição da mortalidade entre os com doença renal terminal, em
detrimento daqueles que continuam com à Terapia de Substituição Renal (TSR) (4).
Nessa acepção, o TR possibilita mudanças no comportamento
do usuário transplantado, podendo significar além de uma melhora no seu modo de
viver, até mesmo, um caminho para a sua sobrevivência.
O TR gera algumas transformações comportamentais nos usuários,
associadas, principalmente, as relações familiares, os hábitos alimentares, as
medicações, aos projetos de vida, ou seja, interfere e influencia no modo de
viver do usuário transplantado. A mudança nesses fatores pode ou não contribuir
para a construção de um ambiente favorável ao
desenvolvimento de comportamentos de saúde, incluindo a aderência ao tratamento
e a sobrevivência do usuário (5).
Dentre a variabilidade de situações domiciliares que podem
interferir no comportamento, associado à terapêutica, salienta-se, a atuação do enfermeiro nos diferentes níveis de atenção à
saúde. O enfermeiro é o profissional capacitado a incentivar, alertar e
fornecer orientações no pré, trans e pós-transplante ao usuário acerca da
modificação de comportamentos necessários para o viver saudável, após o
procedimento cirúrgico(6).
Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos(ABTO)(7),
em seu protocolo de assistência de enfermagem ao usuário que se submeteu ao
transplante, o enfermeiro deve fornecer orientações para o cuidado domiciliar,
baseadas no protocolo institucional. Com base no exposto, objetivou-se analisar
as orientações providas pelo enfermeiro ao usuário de transplante renal e
averiguar as mudanças no seu comportamento no seu ambiente domiciliar, no
pós-transplante.
MÉTODO
Os princípios éticos, conforme prevê a Resolução nº 466 de 12 de
dezembro de 2012, foram respeitados durante essa investigação, e o trabalho foi
aprovado pelo Comitê de Ética da Área da Saúde (CEPAS) da Universidade Federal
do Rio Grande (FURG), RS, Brasil, sob o nº. 115/2018. Os participantes assinaram o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) em duas vias. O anonimato dos participantes foi garantido
pela sua identificação com as letras de Usuário Transplantado“UT”, seguida de um numeral arábico, de acordo com a ordem
cronológica crescente da realização das entrevistas, por exemplo, UT1, UT2 e,
assim, sucessivamente.
Estudo do tipo descritivo e exploratório, com abordagem
qualitativa, realizado com usuários pós-transplantes, cadastrados na Associação Sul Riograndense de Transplantados e Portadores
de Doenças Crônicas (ASTRADOC), no município de Pelotas, Rio Grande do Sul,
Brasil. ASTRADOC trata-se de Instituição sem fins lucrativos, fundada
por um usuário transplantado, situada na cidade de Pelotas, rua Cassiano nº
648. Ela atende usuários portadores de doenças crônicas e que utilizam
medicamentos especiais fornecidos pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul.
A população do estudo foram usuários que realizaram transplante
renal. Na seleção dos participantes foram observados como critérios de
inclusão: ser maior de 18 anos; ter realizado somente um transplante; ter
realizado o transplante há, no máximo, 10 anos, residir na região urbana de
Pelotas. Os critérios de exclusão foram: usuário com rejeição do órgão
transplantado. A coleta de dados ocorreu de julho a setembro de 2018.
As entrevistas foram
norteadas por um instrumento elaborado pelas pesquisadoras, contendo questões referentes ao perfil sócio demográfico: sexo, idade, tempo
de doença renal crônica, tempo de terapia renal substitutiva e de transplante
renal. As questões abertas admitiram capturar inquietações, desafios,
facilidades e dificuldades, bem como, novas possibilidades advindas dos
participantes envolvidos, como também as orientações
do enfermeiro, realizadas durante a internação hospitalar, ao transplantado
renal, para o cuidado domiciliar.
A análise e interpretação dos
dados foram realizadas pela técnica da Análise Temática de Minayo(8).
Pré-análise que consiste na ordenação dos dados obtidos nas entrevistas,
incluindo: transcrição, leitura e organização do material e dos objetivos
iniciais da pesquisa; Exploração do material que diz respeito, essencialmente,
a uma classificação dos dados: sendo dividido em três etapas de forma não
seqüencial:a) Leitura exaustiva e repetida dos dados oriundos das entrevistas.
Com possibilidade da apreensão das estruturas de relevância, as idéias centrais
que tentam transmitir e os momentos chave de suas existências sobre as ações e
serviços do enfermeiro no TR. O resultado deste processo definiu as categorias
empíricas. b) Retomada da revisão de literatura sobre a temática em questão. c)
Constituição de um ‘corpus’ que foi
recortado e reagrupado de acordo com as categorias empíricas definidas. O
tratamento dos resultados obtidos e interpretação é o momento em que o
pesquisador propõe inferências e realiza interpretações inter-relacionando-as
com o quadro teórico desenhado inicialmente (8).
RESULTADOS
Foram 13
participantes que atendiam aos critérios de inclusão e todos foram encontrados
em sua residência no endereço fornecido. A partir da análise dos depoimentos
dos participantes, relacionados às orientações recebidas no pré e
pós-transplante, emergiram duas categorias: Orientações do enfermeiro ao
usuário após transplante renal para o cuidado domiciliar e Mudanças no
comportamento do usuário pós-transplante renal, com base nas orientações do
enfermeiro, no ambiente domiciliar.
Orientações
do enfermeiro ao usuário após transplante renal para o cuidado domiciliar
Ao mencionar os cuidados específicos com as restrições
alimentares, a maioria dos entrevistados fez referência ao consumo de sal,
gorduras e refrigerantes, com a finalidade de prevenir complicações que possam
comprometer a sobrevida do órgão transplantado, como evidenciado nos discursos:
Me falaram
que o transplante não era uma cura e sim um tratamento [...] que eu teria que
cuidar o sal, comidas fortes, o cigarro, a bebida. O rim, se bem cuidado, pode
durar muito tempo [...] eu poderia falecer sem perder esse rim e sim por outras
doenças [...] por isso tinha que se cuidar muito.(UT2)
Depois do
transplante me deram umas receitas, tipo uma cartilha do que eu poderia fazer e
comer pra evitar as calorias, as gorduras e a quantidade de sal. Sempre
disseram para evitar sal e refrigerante.(UT4)
Não andar no
sol [...] cuidar dos dentes e unhas. Nada de bebida alcoólica e diminuir o sal.(UT6)
Ao fazer referência aos cuidados inerentes a não rejeição do
enxerto renal, os participantes mencionaram:
Antes da
cirurgia me falaram da medicação para tomar por toda vida.(UT5)
No dia do
transplante o médico da equipe me deu remédio pra não rejeitar. Recebi a
orientação que deveria tomar os remédios todo dia até o fim da vida.(UT9)
O uso das medicações imunossupressoras, de modo a evitar a
rejeição do órgão transplantando, foi ressaltado pelos entrevistados como um
dos cuidados a serem adotados para a manutenção do transplante renal, fato que
também foi evidenciado pela literatura(9).
Os depoimentos evidenciam que houve necessidade de seguir as
orientações quanto ao uso de remédios, restrições alimentares e cuidados de
higiene, tendo como finalidade diminuir os riscos de rejeição envolvidos após o
TR.
[...] quanto
ao bichinho de estimação, a minha cachorrinha [...] me disseram que não pode,
mas a doutora deixou claro que eu poderia ficar com ela desde que houvesse
higiene [...] a higiene já existia quando eu fazia à peritoneal, então a
cachorrinha já vivia dentro de casa só não podia entrar no meu quarto, nesse
sentido em casa não mudou nada, porque eu já vinha cuidando.(UT1)
Se cuidar
sempre [...] com a alimentação, higiene, relação sexual, porque a gente fica
com imunidade baixa.(UT2)
Recebi uma
cartilha com várias orientações [...] também com relação à alimentação,
higiene, uso dos medicamentos.(UT4)
Após o TR manter comportamentos que minimizem a exposição aos
riscos de infecções, pela diminuição da imunidade, pode contribuir com a
manutenção do órgão transplantado e, assim com a sobrevivência do usuário.
Ainda com relação às orientações do enfermeiro ao usuário após TR,
no período de internação, para o cuidado domiciliar, um dos participantes
relata:
Antes do
transplante fui orientado sobre tudo que teria que mudar [...] da equipe,
médica e enfermeiro principalmente[...] hábitos de higiene, consumo de
alimentos, bebidas [...] eu tomo cuidado
e sigo o que o enfermeiro me orientou.(UT4)
As orientações do enfermeiro aos usuários transplantados, durante
o período de internação e no momento da alta, são importantes para o
planejamento da alta hospitalar e, principalmente para os cuidados, adesão ao
tratamento e mudanças de comportamentos a serem observados no domicílio.
Diante da importância das orientações sente-se a necessidade de um
protocolo norteador do Ministério da Saúde que padronize, pelo menos de modo
geral, os cuidados a serem observados no ambiente domiciliar, abarcando áreas
temáticas como: alimentação, ingesta medicamentosa, utilização do tabaco,
relações sexuais, entre outros.
Mudanças
no comportamento do usuário pós-transplante renal, com base nas orientações do
enfermeiro, no ambiente domiciliar
Diante das falas dos participantes foi possível
observar as mudanças que acontecem no modo de viver do usuário que se submeteu
a TR. Os discursos evidenciam que essas mudanças ocorrem baseadas nas
orientações que receberam durante a internação hospitalar e no momento da alta
pós-transplante. Por conseguinte, é possível inferir que as orientações do
enfermeiro refletem em mudanças de comportamento e esses influenciam na
sobrevivência desse usuário.
O comportamento alimentar relacionado às orientações recebidas
evidencia mudanças após transplante renal, conforme os relatos:
[...] consumo
muito pouco sal e gordura[...] antes eu comia muita comida forte. Na época da
diálise não era nada saudável porque antes a máquina tirava e agora eu tenho
que manter esse rim funcionando. Agora é muita alface, frutas, legumes.(UT2)
Não tomo
vinho, cerveja, vou ao churrasco e não como aquelas quantidades, tudo tem que
ter moderação. É obrigada a ter, a gente recebe essa orientação.(UT4)
[...] chegava
a comer sal escondido. Hoje eu gosto de
tudo com pouco sal.(UT6)
Não tenho
restrição, fui orientada a diminuir a carne vermelha, então eu evito. Mas como
uma vez por semana. Só não tomo refrigerante e suco de caixinha.(UT12)
Com vistas à prevenção das possíveis complicações, a adesão a uma
dieta com baixo teor de sódio, açúcar e gorduras permanece uma necessidade de
mudança para uma prática nutricional saudável nos hábitos alimentares e no seu
comportamento, ainda não satisfeita nos usuários após TR.
Já o uso do tabaco não foi demonstrado pela maioria dos
participantes. Entretanto, quatro depoimentos chamam atenção, pela prática
consciente do comportamento negativo para a manutenção da sobrevivência do
usuário transplantado renal.
Antes não
fumava [...] agora parece que só pra complicar eu comecei [...] mas estou
parando [...] porque os profissionais dizem que é ruim e traz prejuízos para o
meu rim.(UT2)
Minha esposa
fuma e isso me incomoda um pouco, sei que não posso ter contato com cigarro.(UT10)
Fumei por 25
anos. Quando comecei a dialisar eu consegui parar, para entrar na lista de
espera, me orientaram que seria importante abandonar o fumo.(UT11)
Desde os
treze anos eu fumo. Eu me lavo bem as mãos para manter a higiene e não ter
cheiro de cigarro. Mas sempre fumei.(UT13)
O comportamento relativo as medicações fica evidente nas falas dos
usuários e destaca-se, também a diferença presente nos discursos.
Horários dos
medicamentos devem ser cumprido [...] não atrasar, tenho muito cuidado com isso
[...] preciso cuidar desse rim.(UT1)
A vida depois
do transplante é cheia de mudanças [...] como a quantidade de remédios por dia
e a função da higiene.(UT3)
Cheguei a
tomar 23 comprimidos por dia, hoje eu reduzi bastante. Tomo 3 de manhã e 3 de
noite. Mas não sigo muito os horários, eu tomo a hora que lembro, tomo a hora
que acordo. Não tem hora certa.(UT8)
Em relação às orientações e cuidados, os depoimentos
apontam as mudanças no modo de relacionarem-se com as pessoas frente às
restrições/limitações impostas pós-transplantes:
[...] não ter
contato com as pessoas [...] nos primeiros tempos nem um abraço [...] evitar
gente te agarrando as mãos [...] toda hora lavar as mãos direitinho em todo
contato[...] eu fiquei uns quantos meses sem abraçar minha filha.(UT1)
Antes eu
vivia na rua, assava um leitão em casa e tomava umas cervejas [...] os amigos
me ligavam convidando pra sair e eu amanhecia na rua. Agora eu dou uma cuidada
nisso. Pra manter meu rim [...] recebi orientação e sigo os cuidados.(UT4)
Não podia
beijar, nem abraçar. Usei máscara por 6 meses. Foi bem rigoroso.(UT11)
Tive
restrição de contato, mas nunca fiz. Nesse caso eu nunca fui muito obediente.
Nos primeiros dias usei a máscara quando as pessoas iam me visitar, mas em
seguida parei de usar.(UT12)
A restrição de contato é uma importante mudança no comportamento
que emergiu no depoimento dos participantes. Essa prática é recomendada no
pós-transplante a fim de evitar complicações imunológicas que acarretam no
surgimento de infecções.
As mudanças no comportamento do usuário que se submeteu a TR
permeiam vários aspectos do seu modo de viver, incluindo as relações sexuais,
como surgem nos depoimentos a seguir. As falas remetem a algumas mudanças
inesperadas, mas que recebem orientação posterior, e também orientações que
anteveem uma mudança.
[...] estava
ciente que depois do transplante eu teria que mudar. A gente vai pra revisões e
eles te chamam te explicam sobre as vacinas, relação sexual [...] mesmo passado
tanto tempo a gente recebe essas informações.(UT4)
Estou tendo
um problema, uma disfunção erétil. Já recebi orientação e tudo lá no hospital
do médico e da enfermeira, mas eu estou com bastante medo disso continuar [...]
depender de remédio pra ter relação.(UT8)
Apesar das restrições
[...] me envolver com outras pessoas é preciso ter cuidado. [...] orientaram
que não posso me arriscar em relação sexual, não posso me expor.(UT11)
É possível observar o comportamento relativo ao ambiente
domiciliar, baseado em orientações que visam minimizar o contato do usuário
transplantado com objetos e seres vivos que possam promover a proliferação de
bactérias, fungos e vírus e também melhorar a higiene no domicílio.
[...] retirei
tapetes e cortinas por orientação que recebi antes do Transplante, do
enfermeiro da equipe operatória do hospital. Antes de fazer a cirurgia o
enfermeiro me chamou e conversamos, ele me disse para evitar o contato com
aves, animais de estimação, tapetes e cortinas [...] que retirasse de casa,
assim eu fiz.(UT4)
Tiramos
tapetes e cortinas. Higiene em tudo, não podia entrar com calçado da rua dentro
de casa. Meu material de higiene era só meu, a cama era só pra mim, cuidado com
relação sexual com minha esposa. Eu evito pegar em dinheiro e ambientes
fechados, também não compartilho chimarrão com outras pessoas.(UT11)
Eu queria
viver, por isso queria o transplante. Eu fui orientada a mudar o comportamento
em várias coisas, mas sempre tive a convicção que não mudaria em nada.(UT13)
DISCUSSÃO
As mudanças comportamentais dos usuários pós-transplante renal,
alicerçadas nas orientações recebidas pelo enfermeiro para o cuidado
domiciliar, são identificadas a partir dos discursos, com algumas fragilidades
na adesão dos usuários às condutas esperadas para a manutenção do enxerto
transplantado. Nesse estudo, o comportamento pode ser entendido como às
mudanças de postura dos usuários transplantados, variando em movimentos ou
ações em relação a um determinado ambiente(10).
Conforme os depoimentos dos participantes do presente estudo
observa-se que as mudanças no comportamento do
usuário pós-transplante renal encontram-se inter-relacionadas às orientações
fornecidas pelo enfermeiro ao usuário, no período de internação, para o cuidado
domiciliar. Os participantes identificam que as orientações foram
importantes no sentido de rever seus hábitos alimentares (UT2, UT4, UT6, UT12)
higiene (UT1, UT2), uso de tabaco (UT2, UT10, UT11, UT13) restrição de contato
(UT1, UT4, UT11, UT12), dependência da medicação imunossupressora (UT1, UT3,
UT8), relação sexual (UT4, UT8, UT11) e das questões referentes ao ambiente
domiciliar (UT4, UT11, UT13), entre outros aspectos que inferiram nas mudanças
de comportamento e/ou adequações do usuário em seu processo de adaptação ao
enxerto funcional.
Em relação aos hábitos alimentares, os participantes fazem
referência aos cuidados com o consumo de sal, gorduras, refrigerantes e bebida
alcoólica. Neste estudo, os participantes não relataram nada a respeito das
orientações em relação as quantidades a serem consumidas e ou restringidas na ingesta desses alimentos na sua dieta.
Para a manutenção do órgão transplantado, os cuidados com a
alimentação são importantes, tendo em vista a necessidade de reduzir os fatores
de risco e perda do enxerto em receptores de transplante renal. Em consonância,
o estudo(11) que teve como objetivo identificar os cuidados
realizados pelas pessoas com o transplante renal, para a manutenção do órgão
transplantado, a pesquisa realizada com 20 usuários, pondera que uma ingestão
demasiada de sódio e de gordura na dieta poderá comprometer a função renal.
O mesmo estudo(11) evidencia que a pessoa com o TR,
consciente de que é possível perder o enxerto, assume cuidados que considera importante,
tornando-se protagonista de sua saúde e co-responsável pelas ações do cuidado.
Portanto, o comportamento alimentar é considerado um fator de mudança de
comportamento importante no tratamento e sobrevida no pós-transplante.
Ao relatar as mudanças de comportamento alimentar, destinados à
manutenção do transplante renal, os participantes manifestaram ter modificado o
seu consumo de sal e gorduras e, somente um participante referiu o aumento na
ingesta de alface, frutas e legumes. Outro participante relata não tomar vinho
e cerveja, bem como, relata comer churrasco com moderação. Ainda, outro nos
fala sobre as restrições alimentares, quanto ao consumo de carne vermelha e a
não tomar refrigerantes e suco de “caixinha”.
Assevera-se que a sobrevida do órgão transplantado, depende, em
grande parte, dos cuidados com a alimentação, porque uma dieta que não cumpre
com as orientações para o consumo de sódio, gorduras, carboidratos, entre
outros alimentos, poderá comprometer o tratamento e a sobrevida do transplante
renal. Ao estabelecer o suporte nutricional necessário para prevenir a
obesidade, a hiperlipidemia, a hipertensão, o diabetes e a osteoporose, que são
os efeitos adversos associados ao uso de drogas imunossupressoras, as
orientações do enfermeiro são estratégias capaz de repercutir, positivamente,
na prevenção e promoção da saúde ao usuário transplantado renal, que ao
modificar o seu comportamento alimentar e adquirir hábitos saudáveis,
convergirá para manter a saúde e maximizar a sobrevida do enxerto(12).
Deste modo, o comportamento do usuário transplantado renal
representa as mudanças de postura observadas por meio de suas ações no
domicilio, após a alta hospitalar. Essas ações podem influenciar na
sobrevivência do usuário, como evidencia o estudo(13) ao indicar que
as principais causas de óbito dos usuários transplantados são as doenças
cardiovasculares associadas a fatores de risco comportamentais como
sedentarismo, obesidade e alimentação com alto teor de gordura, bem como as
infecções, que se relacionam com a terapia imunossupressora, práticas
inadequadas de higiene e o tabagismo.
A despeito dos cuidados de higiene corporal e do domicilio, tendo
como finalidade diminuir os riscos de infecções e rejeição do enxerto renal, os
participantes relatam que receberam informações que impactaram mudanças de
comportamento para a manutenção e sobrevida do enxerto renal. Dentre os
cuidados com a higiene, somente dois dos participantes fizeram referência a
lavagem das mãos. Quanto ao contato com animais de estimação, referiram algumas
restrições e adequações, a fim de manter a higiene do domicilio e a
proliferação de patógenos. Neste aspecto, os participantes referiram: retirada
de tapetes e cortinas, não compartilhar chimarrão, não entrar em casa com
calçados usados na rua e evitar ambientes fechados.
Ainda, no que tange ás limitações
impostas no pós-transplante, elencaram algumas das orientações a serem
seguidas, tais como: contato físico e social com as pessoas e uso de máscara,
a fim de evitar exposição e risco de infecções. Desse modo, a prevenção e o
controle de infecção exigem medidas técnicas e comportamentais rigorosas à
manutenção do enxerto renal. Estudo(14) que revisa a disfunção do
aloenxerto e a sobrevida do usuário após o transplante, evidencia a necessidade
de cuidados rigorosos, uma vez que os receptores de transplante de rim
encontram-se sob regimes de imunossupressores complexos que os tornam
suscetíveis à infecção, neoplasia maligna e doença cardiovascular. Além disso,
os pacientes geralmente apresentam múltiplas comorbidades como causa de doença
renal em estágio final subjacente.
No presente estudo, um participante
revela que, mesmo tendo recebido orientações do enfermeiro, não modificou seu
comportamento no modo de viver, após o transplante renal. Quanto a essa atitude
o estudo(15) ressalta a relevância de avaliar o comportamento do
transplantado diante das orientações dos profissionais de saúde, com o objetivo
de identificar o limiar da não aderência às condutas estabelecidas no contexto
do transplante renal.
Em contrapartida, estudo(16) evidencia que após o
transplante renal, a adesão às recomendações de mudanças de estilo de vida -
tomar medicação, prevenção de infecção, automonitoramento de sinais de
rejeição, alimentação saudável, exercícios físicos e proteção solar, são fundamentais
para o prognóstico de sobrevida do enxerto funcional.
Como fator de risco potencial para a sobrevida do enxerto, o uso
do tabaco pelos participantes evidencia práticas conscientes de comportamentos
prejudiciais a saúde e, principalmente, à sobrevivência do enxerto renal. O
estudo(17) identifica que a continuidade do tabagismo está associada
a aumento acentuado do risco de todas as causas e mortalidade não
cardiovascular, bem como um risco 50% maior de perda do enxerto quando
comparado aos não fumantes e àqueles que deixaram de fumar. Corroborando com
esses dados, outro estudo evidencia, ainda, que a cessação do tabagismo provou
melhorar a sobrevida do enxerto e, em menor grau, a sobrevivência do receptor(18).
Na mesma linha de pensamento, o impacto do hábito de fumar na
probabilidade de eventos cardiovasculares no seguimento de receptores de
transplante renal é clinicamente relevante, pois provocam implicações
consideráveis para a prevenção de riscos associados a perda do enxerto(19).
Assim, estratégias para reduzir a morbimortalidade devem incluir melhorias na
educação, situação socioeconômica, conscientização sobre os riscos do tabagismo
e a necessidade de adesão aos hábitos saudáveis e mudanças de comportamentos.
Em conformidade com as orientações, destaca-se o uso da medicação
imunossupressora. Embora esse aspecto apareça nos discursos das orientações,
quando se trata de comportamento, alguns usuários referiam não praticar o que
foi orientado, como o horário da ingesta medicamentosa. Em sentido oposto,
estudo(11) realizado com 20 pessoas transplantadas renais, observou
que os participantes conheciam o mecanismo de ação dos medicamentos e a
importância de cumprir a rotina medicamentosa para garantir a manutenção do
órgão transplantado.
Com o advento da melhora da imunossupressão e da técnica
cirúrgica, as mortes decorrentes da doença cardiovascular tornaram-se uma causa
cada vez mais importante de perda do enxerto, particularmente, após o primeiro
ano pós-transplante(12). Outro estudo(20) que
teve como objetivo explorar o valor preditivo da adesão à medicação
imunossupressora em receptores no primeiro ano após o TR como determinante da
perda e mortalidade do enxerto até 12 anos (análise prospectiva) e sua
associação com fatores sociodemográficos, médicos e apoio social (análise
transversal), identificou que a baixa adesão foi associada a maior risco de
perda do enxerto e mortalidade em 12 anos. Sexo feminino, educação superior,
maiores efeitos colaterais dos corticosteróides, melhor percepção da função
cardíaca e renal e maior suporte social familiar percebido no primeiro ano
pós-transplante foram associados à adesão total ao tratamento imunossupressor.
Para a manutenção do órgão transplantado, é necessário o
acompanhamento periódico, objetivando a realização de exames para que a dosagem
das medicações imunossupressoras seja ajustada adequadamente, de modo que se
mantenha ação eficaz e segura, evitando a rejeição(21). Os usuários
com transplante renal, portanto, ainda são considerados portadores de uma
doença crônica(22).
Estudo(23) que teve como objetivo analisar as
percepções de enfermeiros e dos transplantados sobre a consulta de enfermagem
pré-transplante renal, com 10 enfermeiros e 20 usuários transplantados,
ressalta a relevância de avaliar o comportamento do transplantado diante das
orientações dos profissionais de saúde. Os resultados indicaram que, na
prática, a fase de pré-transplante constitui um momento rico e capaz de
favorecer abordagens educativas, esclarecimento de dúvidas, redução de
ansiedade e reafirmação de comportamentos de adesão à terapêutica na fase de
pós-transplantação, ou seja, componentes que retratam área de atuação do
enfermeiro e mostram-se essenciais para assegurar o êxito da terapêutica no
pós-transplante renal.
Tendo em vista o exposto, o comportamento pode influenciar
diretamente a sobrevivência do usuário. E esse comportamento pode ser
modificado, baseado em orientações, fornecidas pelo enfermeiro, durante o
período de internação e alta hospitalar após a realização do TR.
No que tange ao comportamento sexual, o mesmo foi elencado, na
presente pesquisa, em relação aos riscos de contrair doenças, na disfunção
erétil. Entretanto, há escassez de
pesquisas sobre a sexualidade em receptores de transplante de rim, bem como, de
estudos que avaliem a longo prazo as consequências do transplante na
sexualidade de homens e mulheres(23-24).
Em relação ao risco de contrair infecções, sexualmente
transmissíveis, pela população de transplantados é aumentado, devido ao grau de
imunossupressão. A função sexual é sensível à doença, ao sofrimento psicológico
e ao desequilíbrio das relações interpessoais. Dessa forma, a orientação para o
comportamento preventivo, quanto as relações sexuais, representa estratégia
importante para a função sexual de forma plena e com segurança(25).
Os cuidados com o processo do TR necessitam ser gerenciados pelo
usuário e sua família de forma pró-ativa, porém, nem sempre evidenciados no
percurso de transplante. As incertezas quanto ao atendimento pré, trans e
pós-cirúrgico, as complicações, suas reações e sua sobrevivência, entre outras,
nem sempre são consideradas pelos profissionais de saúde(5-13).
Portanto as orientações, como processo relacional interativo de informação e
esclarecimentos são fundamentais para o ajustamento de um comportamento
saudável e responsável, promovendo a
aderência ao tratamento, aos resultados do TR e qualidade de vida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados desse estudo, com base nas orientações recebidas
pós-transplantes, evidenciam que alguns usuários modificaram seu comportamento
no ambiente domiciliar e representaram importantes adaptações e/ou mudanças
para os usuários dessa pesquisa, a fim de manter o rim transplantado e sua
função preservada.
Para tanto, essas orientações devem ser feitas de maneira objetiva
e clara para melhor entendimento e, consequentemente, adesão ao tratamento
proposto. Essa forma de compartilhar as informações possibilita ao usuário de
TR o gerenciamento de sua própria saúde com participação proativa à adoção de
cuidados que possam impactar de forma positiva na mudança de comportamento e
adaptações necessárias a sobrevida do enxerto renal.
É possível afirmar que este estudo é importante para a
enfermagem/saúde, uma vez que, identificou lacunas nas orientações do
enfermeiro ao usuário transplantado renal. Essa constatação abre possibilidades
para novos estudos que possam reorientar o cuidado com foco em educar, prevenir
complicações e promover a saúde. Assim, a incorporação de evidências nas
práticas do cuidado serão capazes de ancorar mudanças no comportamento do
usuário transplantado renal imprescindíveis a sua sobrevivência e,
consequentemente, melhoria no seu modo de viver.
REFERÊNCIAS
1.Mendonça AE, Torres GV, Salvetti MG,
Alchieri JC, Costa IK.Changes in Quality of Life after kidney transplantation
and related factors. Acta Paul. Enferm. 2014;27( 3 ):
287-292. DOI:http://dx.doi.org/10.1590/1982-0194201400048
2.Brasil. Ministério da Saúde. [Acesso 05 Fev 2019] Disponível em:
http://www.saude.gov.br/acoes-e-programas/farmacia-popular/adesao-e-credenciamento/valores-de-referencia-para-medicamentos/693-acoes-e-programas/40035-doacao-e-transplante-de-orgaos
3.Mota LS, Oliveira CMC, Junior Pinheiro
FML, Santos LCO, Nóbrega DG, Fernandes PFBC et al.Comparative study between
kidney transplantation with deceased donor expanded criteria and donor standard
criteria in a single center in Brazil. J. Bras. Nefrol. 2016; 38( 3
): 334-343. DOI:http://dx.doi.org/10.5935/0101-2800.20160051
4. Tabriziani H, Lipkowitz MS, Vuong N.
Chronic kidney disease, kidney transplantation and oxidative stress: a new look
to successful kidney transplantation. Clinical Kidney Journal.2018; 11(1):
130-35. DOI:https://doi.org/10.1093/ckj/sfx091
5. Silva LC, Freitas TS, Maruyama SAT,
Silva DRS, Silva FC.The renal
transplantation in view of the transplanted person. Cienc.Cuid.Saúde.
2013;12(2): p356-64. DOI:http://dx.doi.org/10.4025/cienccuidsaude.v12i2.17215
6. Ramírez PC, Solano RM. A construção social da experiência de
viver com uma doença renal crônica. Rev. Latino-Am. Enfermagem.2019;26:e3028. DOI:https://doi.org/10.1590/rlae.v26i0.154298
7. Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).
Assistência de enfermagem ao paciente submetido ao transplante renal. Protocolo
de cuidados de enfermagem em Transplante.2008.[Acesso 12 Dez 2018];Disponível
em: http://www.abto.org.br/abtov03/Upload/file/Biblioteca_Teses/Textos/Assist%C3%83%C2%AAncia_de_Enfermagem_ao_pcte_Transpl_Renal.pdf
8. Minayo MCS. O desafio do conhecimento – pesquisa qualitativa em
saúde. 12° ed. São Paulo: Huitec, 2014.
9. Brito D, Paula A, Grincenkov F, Lucchetti G, SandersPH. Analysis of the changes and difficulties arising from
kidney transplantation: a qualitative study. Rev.
Latino-Am. Enfermagem. 2015; 23(3 ): 419-426.
DOI:http://dx.doi.org/10.1590/0104-1169.0106.2571
10. Maturana HR, Varela FJ. A árvore do conhecimento: as bases
biológicas da compreensão humana.São Paulo: Palas Athenas, 9ª Edição, 2011.
11. Santos BP, Lise F, Feijó AM,
Garcia RP, Schwartz E. Care carried out by people with renal transplants
for organ maintenance. Rev. Enferm. UFPE. [Internet]. 2017; 11(8): 3108-21.
[Cited 2018 Nov 17]; DOI: 10.5205/reuol.11064-98681-4-ED.1108201716
12. Hong SH, Kim EM, Rha MY. Nutritional Intervention Process for
a Patient with Kidney Transplantation: a Case Report Clin Nutr Res. 2019 Jan;
8(1): 74–78. DOI: 10.7762/cnr.2019.8.1.74
13. Tabriziani H, Lipkowitz MS, Vuong N.
Chronic kidney disease, kidney transplantation and oxidative stress: a new look
to successful kidney transplantation, Clinical Kidney Journal.[Internet] 2018;
11(1):130-35. [Cited 2019 Feb 8]; DOI: https://doi.org/10.1093/ckj/sfx091
14. Chandraker A, Yeung MY. Overview of
care of the adult kidney transplant recipient. Literature review current
through. 2019. [Cited 2019 Feb 8]. Available from: https://www.uptodate.com/contents/overview-of-care-of-the-adult-kidney-transplant-recipient
15. Santos CM, Kirchmaier FM, Silveira WJ, Arreguy-Sena C.
Perceptions of nurses and clients about nursing care in kidney transplantation.
Acta Paul Enferm. 2015; 28(4):337-43.
DOI:http://dx.doi.org/10.1590/1982-0194201500057
16. Hedayati
P, Shahgholian N, Ghadami A. Nonadherence behaviors and some related factors in
kidney transplant recipients. Iranian J Nursing Midwifery Res.
2017;22:97-101.DOI: 10.4103/ijnmr.IJNMR_220_15
17. Weinrauch LA,,Claggett B, Liu J, Finn
PV, Weir MR, Weiner DE, et al. Smoking and outcomes in kidney transplant
recipients: a post hoc survival analysis of the FAVORIT trial. Int J Nephrol
Renovasc Dis. 2018 Apr 27;11:155-164. DOI: 10.2147/IJNRD.S161001
18. Aref A, Sharma A, Halawa A. Smoking in
Renal Transplantation; Facts Beyond Myth. World J Transplant.
2017;7(2):129–133. DOI:10.5500/wjt.v7.i2.129
19. Pita-Fernández S,
Seijo-Bestilleiro R, Pértega-Díaz S, Alonso-Hernández A, Fernández-Rivera C.
Cao-López M, et al. A
randomized clinical trial to determine the effectiveness of CO-oximetry and
antismoking brief advice in a cohort of kidney transplant patients who smoke:
study protocol for a randomized controlled trial Trials. 2016
Apr 1;17:174. DOI: 10.1186/s13063-016-1311-7
20.
Prihodova L, Nagyova I, Rosenberger J, Majernikova M, Roland R, Groothoff JW,
et al. Adherence in patients in the first year after kidney transplantation and
its impact on graft loss and mortality: a cross-sectional and prospective
study. J.Adv. Nurs.2014;70 (12):2871-83. [Cited 2019 Feb 6]; DOI: https://doi.org/10.1111/jan.12447
21. Morais RFC,
Sardinha AHL, Costa FDN, Câmara JJC, Viegas VLA, Santos NM. Adesão à terapia
imunossupressora em receptores de transplante renal. Cienc. Cuid. Saude.
2016;15(1):141-7. DOI:10.4025/cienccuidsaude.v15i1.28029
22 Wang W, Lint CLV, Brinkman WP,
Rövekamp TJM, Dijk SV, Boog PJMVD, et al. Renal transplant patient acceptance
of a self-management support system. BMC Medical Informatics and Decision
Making. 2017; 17:58. DOI 10.1186/s12911-017-0456-y
23. Huyghe E, Kamar N, Wagner F, Yeung SJ,
Capietto AH, El-Kahwaji L, et al. Erectile dysfunction in liver transplant
patients. Am J Transplant. 2008;8(12):2580- 9.DOI:
10.1111/j.1600-6143.2008.02424.x
24. Wang G, Yang J, Li M, Liu B, Jiang N,
Fu B, et al. Liver transplant may improve erectile function in patients with
benign end-stage liver disease: single-center Chinese experience. Exp. Clin.
Transplant. 2013;11(4):332-8.[Cited 2019 Feb 07];Available from:https://pdfs.semanticscholar.org/109e/1b4fcf2cc3ded4ea33f35d82ebeb16517562.pdf.DOI:10.6002/ect.2012.0102
25. Magro JTJ, Mendes KDS, Galão CM. Sexual aspects of liver transplant candidates and
recipients: evidence available in the literature. Rev.
Latino-Am. Enfermagem. 2018;26:e3033.
DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.2744.3033