REVISTA NORTE MINEIRA DE ENFERMAGEM
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INTRODUÇÃO
Os fungos representam um grupo de seres eucariontes, vasto e
complexo, cada vez mais reconhecidos como ameaças emergentes, uma vez que podem
atuar como modificadores do estado de saúde.1 As leveduras do gênero
Malassezia estão presentes na
microbiota da pele e mucosa de humanos e em uma variedade de outros animais,
sendo isolados principalmente de animais homeotérmicos.2,3,4,5
Essas leveduras são comensais da pele, mas também são associadas a
vários distúrbios cutâneos e invasivos, como as infecções na corrente
sanguínea.2 Sabe-se que na pele saudável esses fungos extraem
nutrientes essenciais para o crescimento sem causar doença, mas quando esse
processo é alterado podem causar alterações demartológicas.6
As complicações dermatológicas causadas por esses fungos incluem à
pitiríase versicolor, dermatite seborreica, foliculite, dermatite atópica e
psoríase.4,6 Já as infecções invasivas ocorrem sobretudo em
pacientes com nutrição parenteral total, imunocomprometidos, com longa
permanência de internação hospitalar, em especial em Unidades de Terapia
Intensiva; em bebês prematuros e com baixo peso (<1500 g), cuja disseminação
e prognóstico podem ser influenciados pelo estado imunitário do indivíduo.6,7
A fisiopatologia das dermatoses desencadeadas por leveduras desse
gênero é pouco conhecida e não há diretrizes aprovadas internacionalmente para
o diagnóstico e tratamento de doenças de pele relacionadas à Malassezia spp.8
Único gênero na classe Malasseziomycetes, inclui 18 espécies
documentadas, cuja espécie mais recente foi isolada a partir da pele de
morcegos, e que se caracterizam por serem lipofílicas e de crescimento
fastidioso,5,6,9 sendo M.
Pachydermatis a única espécie não lipodependente,9,10 o que
dificulta seu cultivo e manejo em laboratório, bem como sua detecção em meios
de cultura habituais, sem suplementação lipídica. Nesse sentido, cabe destacar
a necessidade de se realizar um diagnóstico rápido e assertivo, sobretudo das
infecções fúngicas relacionadas a assistência à saúde que estão associadas a
altas taxas de morbidade e mortalidade, com intento de se iniciar uma terapia
rápida e efetiva.11
O objetivo do estudo foi analisar a produção científica sobre
suscetibilidade a antifúngicos comerciais de espécies de leveduras do gênero Malassezia isoladas em humanos.
MÉTODOS
Estudo bibliográfico, descritivo, tipo revisão integrativa,
desenvolvido em seis etapas distintas, a saber: (I) identificação do tema e
seleção questão de pesquisa; (II) estabelecimento de critérios para inclusão e
exclusão dos estudos; (III) definição das informações a serem extraídas dos
estudos selecionados; (IV) avaliação dos estudos incluídos; (V) interpretação
dos resultados; e (VI) síntese do conhecimento.12
A revisão integrativa permite sintetizar resultados obtidos em
pesquisas sobre um tema ou questão, de maneira sistemática, ordenada e
abrangente. Fornece amplas informações sobre um assunto, combinando dados de
literatura teórica e empírica, propiciando uma compreensão completa do tema de
interesse.13 Nesse sentindo, a questão norteadora dessa revisão foi
“Qual o perfil de suscetibilidade antifúngica das espécies de Malassezia relatado na literatura?”.
As buscas dos estudos foram realizadas, em maio de 2018, na Base
de Dados de Enfermagem (BDENF), Sistema Online de Busca e Análise da Literatura
Médica (MEDLINE), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
(LILACS), por meio da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Scopus e Web of Science,
através do Portal de Periódicos CAPES. Utilizaram-se os Descritores em Ciências
da Saúde (DeCS) em inglês Malassezia
e a palavra-chave antifungal
susceptibility intercalados pelo operador booleano AND. O uso dos
descritores em língua inglesa justifica-se por ampliar os resultados, quando
compara-se ao montante de estudos resgatados a partir das suas traduções em
português e espanhol, ao passo que impede o resgate de publicações em
duplicata.14
Incluíram-se artigos científicos disponibilizados na integra e que
se avalia a suscetibilidade de leveduras do gênero Malassezia à antifúngicos comerciais. Excluíram-se estudos que
avaliaram a suscetibilidade antifúngica de espécies animais, não humanos, e
publicações em duplicata. Não houve recorte temporal e nem delimitação de
idioma dos estudos que foram resgatados.
A busca nos bancos de dados, a partir da estratégia de busca
pré-estabelecida, resultou no resgate de 164 estudos, distribuídos em número de
79 (48,17%) na Scopus, 52 (31,70%) na Web Of Science, 31 (18,90%) na Medline,
02 (1,21%) na LILACS e 0 (0,0%) na BEDENF. Após leitura flutuante dos títulos e
resumos, foram encaminhados para leitura integral dos textos apenas aqueles que
atendessem aos critérios estabelecidos, com o intuito de confirmar sua
inclusão. Selecionou-se 09 (5,48%) publicações, das quais as referências foram
analisadas criteriosamente a fim de identificar estudos que não tenham sido
contemplados a partir da estratégia da busca inicial, sendo selecionados 02
estudos.
Após sucessivas leituras seletivas dos artigos para coleta, para
análise e interpretação dos dados e informações dos estudos, utilizou-se um
instrumento, elaborado no programa Microsoft
Office Word® 2010 a partir dos tópicos de interesse definidos, contemplando
título; periódico e ano de publicação; objetivo do estudo; características do
isolamento das espécies testadas; quantitativo, espécies e antifúngicos
avaliadas; método de avaliação da suscetibilidade fúngica; principais
resultados; conclusão e nível de evidência.
Para classificação dos níveis de evidência considerou-se: Nível 1:
evidências resultantes da meta-análise de múltiplos estudos clínicos
controlados e randomizados; Nível 2: evidências obtidas em estudos individuais
com delineamento experimental; Nível 3: evidências de estudos
quase-experimentais; Nível 4: evidências de estudos descritivos
(não-experimentais) ou com abordagem qualitativa; Nível 5: evidências
provenientes de relatos de caso ou de experiência; e Nível 6: evidências
baseadas em opiniões de especialistas.15
A síntese do conhecimento foi realizada de forma descritiva por
meio da discussão dos achados, possibilitando aos autores uma análise crítica
dos estudos, comparação dos resultados e explorar lacunas no conhecimento e
necessidades de pesquisas futuras. Utilizou-se estatística básica para
caracterização dos estudos incluídos. Foram respeitados os aspectos éticos e
legais, assegurando a autoria dos artigos incluídos nessa revisão por meio da
citação e referência dos respectivos autores e estudos.
RESULTADOS
Incluíram-se 11 (100%) estudos, sendo 9 (81,82%) provenientes da
busca nos bancos de dados e 2 (18,18%) da busca manual na referência desses
artigos, totalizando 13 estudos. Destes 10 (90,90%) foram publicados em inglês
e 01 em espanhol (9,10%). Esses estudos foram realizados em países das
Américas, Ásia e Europa, sendo 02 (18,18%) trabalhos, por país, produzidos na
Argentina, Colômbia, Itália e Suíça, e 01 estudo realizado no Brasil, Índia e
Kuwait. Esses artigos distribuem-se, quanto ao ano de publicação, entre os anos
de 2006 e 2017, dos quais 04 (36,36%) artigos foram publicados em 2017, 3
(27,27) em 2014, 1 (9,10%) em 2013, 1 (9,10) em 2007 e 1 (9,10%) em 2006,
evidenciando um aumento nos estudos desse tema nos últimos 4 anos.
Os trabalhos foram publicados em 08 periódicos internacionais
diferentes. Considerando a classificação da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES) no quadriênio 2013-2017, 03 (27,27%) artigos
foram publicados em periódicos Qualis A1, 5 (45,45) em revistas Qualis A2, 2
(18,18) em Qualis B1 e 1 (9,10%) em Qualis B2.
Ao analisar o objetivo e delineamento dos estudos dessa revisão
inferiu-se que 100% dos estudos incluíram a avaliação in vitro de espécies de Malassezia
a antifúngicos comerciais, por pelo menos um método de determinação da
Concentração Inibitória Mínima (CIM), no entanto 2 (18,18%) estudos
preocuparam-se também, primariamente, em avaliar o desempenho dos meios de
cultura utilizados, enquanto 1 (9,10%) estudo também descreveu um caso de fungemia
em um recém-nascido prematuro.
Em relação a força de evidência, 10 (90,90%) estudos foram
classificados com nível dois, já que se tratavam de estudos com delineamento
experimental. No entanto, um estudo tratava-se de um relato de caso
classificando-se no nível cinco de evidência. A tabela 1 apresenta a
caracterização e síntese dos estudos incluídos nessa revisão, contemplando ano
e país de publicação, método de avaliação da suscetibilidade, amostra, espécies
e antifúngicos testados, síntese dos resultados e classificação do nível de
evidência.
Tabela 1- Síntese dos
estudos sobre a Suscetibilidade de Malassezia spp. à antifúngicos comerciais.
Ano e país do estudo |
Método de avaliação da suscetibilidade |
Amostras |
Espécies |
Antifúngicos |
Nível de evidência |
2017, Colombia16 |
Microdiluição em
caldo modificado (CLSI M27-A3) e Etest® |
Pacientes com
tinea versicolor, dermatite atópica e dermatite seborreica |
20 isolados
clínicos de M. fufur |
Anfotericina B,
itraconazol, cetoconazol e voriconazol |
II |
2014, Kuwait17 |
Etest® |
Cultura
sanguínea de 1 neonato pré-termo |
M. pachydermatis |
Anfotericina B,
voriconazol, posaconazol, fluconazol, flucitosina e caspofungina |
V |
2014,
Argentina18 |
Microdiluição em
caldo modificado (CLSI M27-A3) |
Pacientes
humanos com diferentes patologias dermatológicas |
73 isolados, 39 M. furfur, 20 M. sympodialis e 14 M.
globosa |
Fluconazol,
cetoconazol, miconazol, voriconazol, itraconazol e anfotericina B |
II |
2015, Itália19 |
Microdiluição em
caldo modificado (CLSI M27-A3) |
Hemocultura de
paciente com Infecção Sanguínea Sistémica |
84 isolados de M. furfur |
Anfotericina B
em formulações lipossômicas e de desoxicolato |
II |
2017,
Argentina20 |
Microdiluição em
caldo modificado (CLSI M27-A3) e difusão em disco |
Pacientes humanos
com diagnóstico de pitiríase versicolor, dermatite seborreica, foliculite e
dermatite atópica. |
50 isolados de Malassezia foram estudados, incluindo
30 Malassezia furfur, 10 M. globosa e 10 M. sympodialis |
Fluconazol,
voriconazol, cetoconazol, miconazol, itraconazol, anfotericina B e
terbinafina |
II |
2017, Suiça21 |
Microdiluição em
caldo modificado (CLSI M27-A3 e EUCAST) |
Pacientes
atendidos no Departamento de Dermatologia do Hospital Universitário de
Zurique, Suiça |
52 cepas de 13
espécies de Malassezia, sendo 24
cepas de M. sympodialis, 10 de M. slooffiae, 5 de M. furfur, 3 de M. globosa, 2 de M.
restringta, 2 de M. obtusa, 1
de M. dermatis, 1 de M. japonica, 1 de M. yamatoensis, 1 de M.
nana, 1 de M. pachydermatis, 1
de M. cuniculi e 1 M. caprae |
Anfotericina B,
caspofungina, griseofulvina, terbinafina, fluconazol, cetoconazol,
itraconazol, posaconazol, voriconazol, micafungina e anidulafungina |
II |
2017, India22 |
Microdiluição em
caldo modificado (CLSI M27-A3) |
Pacientes com
pitiríase versicolor |
M furfur (241), M.
globosa (27), M. restrita (8), M. obtusa (7), M. sympodialis (5), M.
slooffiae (1) e M. japonica (1) |
Anfotericina B,
cetoconazol, fluconazol, itraconazol e voriconazol |
II |
2014, Itália23 |
Microdiluição em
caldo modificado (CLSI M27-A3) |
Hemocultura de
neonatos e pacientes pediátricos com Infecção Sanguínea Sistêmica |
36 isolados
de M. furfur |
Anfotericina B,
fluconazol, itraconazol, posaconazol e voriconazol |
II |
2013, Suiça24 |
Microdiluição em
caldo modificado (CLSI M27-A3) |
Pacientes com
lesões de pitiríase versicolor |
M. globosa (n = 29), M.
furfur (n = 20), M. sympodialis
(n = 18), M. slooffiae, (n = 2) e M. restrita (n = 1) |
Sulfeto de
selênio, piritiona de zinco, amorolfina miconazol, ciclopiroxolamina,
tioconazol, cetoconazol, bifonazol, clotrimazol, terbinafina, voriconazol,
posaconazol, albaconazol, ravuconazol, itraconazol e fluconazol. |
II |
2007, Brasil25 |
Microdiluição em
caldo modificado |
Pacientes com
pitiríase versicolor |
M. furfur (74), M. sympodialis (11), M. obtusa (8) e M. globosa (2) |
fluconazol,
itraconazol, cetoconazol e voriconazol |
II |
2006, Colombia26 |
Microdiluição em
caldo modificado |
77 pacientes
(vírus da imunodeficiência humana positivos e negativos) com patologias
dermatológicas e 33 voluntários saudáveis. |
200 isolados, 74
identificados como M. globosa, 50 M. sympodialis, 52 M. furfur, 16 M. restrita, 6 M. obtusa
e 2 M. pachydermatis |
Voriconazol,
itraconazol e cetoconazol |
II |
Fonte:
autores, 2019
Ao analisarem-se as
características de determinação das Concentrações Mínimas de Inibição,
constatou-se que 10 (90,90%) dos estudos usaram o teste de microdiluição em
caldo modificado baseados nas diretrizes do Instituto de Normas Clínicas e
Laboratoriais (CLSI), divulgadas no documento M23-A31.27 Um desses
estudos baseou-se além, dessas diretrizes, nas recomendações do Comitê Europeu
de Testes de Susceptibilidade Antimicrobiana (EUCAST). Essas instituições ainda
não padronizaram os testes de suscetibilidade de Malassezia spp., dadas as suas especificidades.19-20,21,23
Dois estudos avaliaram as CMI por meio do Etest® e um estudo pelo método de
difusão em disco. Em dois estudos a sensibilidade aos antifúngicos foi avaliada
por dois métodos concomitantes, o primeiro trabalho fez uso do método de microdiluição
e Etest®,16 enquanto o segundo avaliou por meio do teste de
microdiluição e difusão em disco.20
Modificações no método de
avaliação da CIM proposto pelo CLSI, que normatiza a avaliação da
susceptibilidade antifúngica in vitro
das espécies do gênero Candida e Cryptococcus neoformans, foram
necessárias devido às suas complexas necessidades nutricionais e de
características de crescimento das espécies de Malassezia.18-20,22,26 A
ausência de padronização das condições apropriadas para realização dos testes
de suscetibilidade leva ao registro de variações significativas nos
resultados das CIM, dificultando a comparação entre diferentes estudos podendo
resultar em classificação errônea de suscetibilidade e impedindo que se
discrimine isolados com e sem resistência a drogas.19,21,22-23 As
diferenças nos resultados de diferentes estudos pode ser atribuído ao uso de
meios de cultura e suplementos de lipídeos diferentes que podem alterar o
crescimento dos microrganismos e também permitir uma maior ou menor difusão dos antifúngicos no caso do
Etest®.16
Em relação à origem das espécies
testadas, todos os estudos fizeram isolamento de Malassezia spp. em seres humanos, dos quais 8 (72,72%) trabalhos
fizeram o isolamento a partir de amostras cutâneas de pacientes doentes (tinea
vesiculor, dermatite atópica, dermatite seborreica e foliculite) e saudáveis,
os outros 3 (27,27%) estudos isolaram os microrganismos testados a partir de
hemoculturas de pacientes com infecções sanguíneas sistêmicas. Um estudo
(9,10%) integrou em sua amostra espécies de M.
pachydermatis isoladas a partir de lesões de otite em cães, não sendo
consideradas nessa revisão.
Somando as amostras de todos os
estudos, 971 isolados de treze espécies de Malassezia
foram testadas quanto a suscetibilidade a 22 fármacos diferentes. As espécies
mais avaliadas foram: M. fufur
(09/81,81%), M. sympodialis (6/54,54%)
e M. Globosa (6/54,54%), seguidas por
M. slooffiae (3/27,27%), M. restrita (3/27,27%), M. obtusa (3/27,27%), M. pachydermatis (2/18,18%) e M. japônica (2/18,18%). Já M. yamatoensi, M. nanda, M. cuniculi, M. caprae e M. dermatis, cada uma dessas espécies, foram avaliadas em apenas um
estudo (1/9,10%). Em relação aos fármacos, o mais testado foi voriconazol
(10/90,90%), seguido por itraconazol (9 /81,81%), anfotericina B (8/72,72%),
cetoconazol (8/72,72%), fluconazol (8/ 72,72%), posaconazol (4/36,36%),
miconazol (3/27,27%), terbinafina (3/27,27%) e caspofugina (18,18%).
Flucitosina, griseofulvina, micafungina, anidulafugina, sulfeto de selênio, piritiona
de zinco, amorolfina, ciclopiroxolamina, tioconazol, bifonazol, clotrimazol,
abaconazol e ravuconazol, cada um deles foi testado em apenas um estudo
(1/9,10%).
Quanto a suscetibilidades dessas
espécies e ao desempenho dos antifúngicos avaliados, percebeu-se que a maioria
dos compostos azólicos apresentaram melhores desempenhos, com baixas
concentrações de inibição pelos métodos de microdiluição e Etest® e bom desempenho
pelo método de difusão em disco, para M.
fufur,16,18,20,21,23,24,25,26 M. pachydermatis,17,21,26 M. sympodialis, 18,20,21,24,25,26 M. globosa,18,20,21,24 M. slooffiae, 21,24, M. restrinta,21,24 M. obtusa,21,26
M. dermatis,21 M. japonica, 21 M. yamatoensis,
21 M. nana, 21 M. cuniculi21 e M.
caprae21. Os fármacos com melhor desempenho desse grupo foram
itraconazol, cetoconazol, voriconazol e posoconazol.16-24
Fluconazol é a grande excessão dos derivados azólicos, pois foram
necessárias altas concentrações para inibição fúngica pelo método de
microdiluição em caldo.17-24 No entanto, esse fármaco apresentou os
melhores resultados, quando comparado à outros fármacos, pelo testo de difução
em disco, pois o fluconazol mostrou os maiores diâmetros de zona de inibição.20
Os altos valores de CMI para o fluconazol podem ser resultado da natureza
hidrofílica da droga o que pode reduzir sua permeabilidade em Malassezia células, cujas membranas são
muito ricas em lipídios.23 Resultados semelhantes foram encontrados
para a micafungina que no teste de difusão em disco apresentou bom desempenho,
mas pelo método de microdiluição apresentou alta CMI.18,20 A
terbinafina foi outro fármaco que apresentou altas concentrações para CMI, no
entanto foi o único antifúngico eficaz contra a espécie M. caprae.21
A anfotericna B mostrou resultados desfavoráveis,16,18,20,23
tanto pelo método de microdiluição como pelo o Etest®, embora um estudo
sinalize que esse fármaco pode ser uma alternativa ao tratamento de M. pachydermatis resitente. Observou-se
que essa espécie foi susceptível à anfotericina B, voriconazol, posaconazol,
mas mostrou sensibilidade reduzida ao fluconazol, flucitosina e caspofungina.17 M. pachydermatis deve ser observada com
atenção já que é capaz de crescer em meios de cultura convencionais sem o
enriquecimento de lipídeos, podendo ser identificada erroneamente como Candida spp.17
Ademais, os resultados de um estudo in vitro sugerem que a Anfotericina B
lipossomal foi a formulação mais ativa contra M. furfur, quando comparada a formulação com desoxicolato.19
O uso clínico dessa formulação é relatado na literatura,17 sobretudo
para infecçãoes fúngicas
invasivas, por serem menos nefrotóxicas quando comparadas ao desoxicolato AmB.19
O bom desempenho da anfotecina B lipossomal pode ser explicado pela
presença ambundante de lipídios na parede celular e na cápsula de Malassezia spp.,
facilitando a sua entrada.19
As equinocandinas anidulafungina, caspofungina e micafungina, bem como a griseofulvina,
apresentaram valores muito elevados de CIM para todas as cepas testadas
sugerindo uma resistência intrínseca de Malassezia
spp.21 Essa resitência já é relatada na literatura.17
Ainda nesse estudo, duas espécies, M.
obtusa e M. caprae, pareciam ser
resistentes à maioria dos antifúngicos.21 Embora outro estudo mostre
que M. obtusa, assim como M. sympodialis, M. slooffiae e M. japonica,
foram mais suscetíveis a derivados azólicos e a anfotericina B, enquanto M. furfur, M. globosa e M. restricta
compreenderam o grupo menos suscetível.22 Em concordancia, M.
globosa e M. restrita também mostram-se menos sensíveis a derivados azólicos em
um estudo anterior.26
Ao compara a CIM de antifúgicos tópicos e sistemêmicos, um trabalho inferiu
que as substâncias tópicas também foram ativas, mas fornecem maiores CIMs do
que os compostos para uso sistêmico.24 Esse fato pode estar
relacionado com as falhas terapêticas no tratamento antifúngico das dermatoses
associadas à Malassezia que não é
clinicamente eficaz em até um terço dos pacientes.21
É importante ressaltar que o tratamento tende a ser ineficaz, devido à
natureza crônica e recorrente das infecções associadas a Malassezia spp., que geralmente inclue fármacos orais e tópicos,
simutanêamente.16 No esquema terapeutico antifungico para o
tratamento de doenças associadas a M.
furfur, por exemplo, é recomendado uso de azóis tópicos ou orais, conforme
quadro clínico, e para infecções sistêmicas o uso de cetoconazol, itraconazol,
fluconazol ou anfotericina B.24 Cabe lembrar que anfotericina B e
fluconazol não obtiveram bom desempenho quanto a CIM nos estudos analisados
nessa revisão.
A limitação de informações sobre a suscetibilidade das espécies de Malassezia aos diversos agentea
antifúngicos e ausência de estudos que correlacionem a suscetibilidade in vitro e in vivo justificam a necessidade de adequações nos testes e mais
estudos sobre o tema, sobretudo estudos multicêntricos, com o intento de
desenvolver-se diretrizes terapêuticas.18-19,21,23 Além disso, os
mecanismos moleculares de resistência de Malassezia
spp. devem ser abordados.19 Esses estudos são de extrema
importância, pois Malassezia spp.
permanece provavelmente subdiagnosticada, por não cresce rotineiramente nas
culturas usuais.28
Esse estudo limita-se, pois os resultados analisados são provenientes de
diferentes metódos de avaliação, com adpatações metodológicas diversas,
impedindo comparações rigorasas dos valores de Concentração Miníma Inibitória
para cada substância e espécie.
CONCLUSÃO
Embora ecassa, a literatura analisada nessa revisão incluiu estudos
produzidos na última década nos continentes americanao, europeu e asiatico,
sobre a avaliação da suscetibilidade in
vitro Malassezia spp. à
antifúngicos comerciais, por três métodos de determinação da Concentração
Inibitória Miníma. Esses trabalhos evidenciam o bom desempenho dos compostos
azolicos frente às diferentes espécies do gênero, com excessão do fluconazol
que aprenta altas concentraões inibitória. A anfotericna B mostrou resultados
desfavoráveis, embora a sua formulação lipossomal tenha sido mais ativa. Essas
leveduras parecem possuir resistência instrinseca as equincanidinas.
Cabe destacar a dificuldade encontrada de
compara-se os seus resultados da suscetibilidade dessas espécies de gênero, uma
vez que não há uma padronização dos testes de suscetibilidade. Nesse contexto,
pondera-se que a limitação
de informações justifica a necessidade de adequações nos testes e a
intensivicação de estudos sobre o tema.
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