REVISTA NORTE MINEIRA DE ENFERMAGEM
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INTRODUÇÃO
A abordagem metodológica tem relação com
as etapas da pesquisa científica, a partir de um plano de trabalho elaborado
para ser executado visando a produção, ao se considerar as fases do
planejamento: delimitação do problema, tomada de decisão quanto ao uso do
método ao ser adotado, elaboração do plano de trabalho; organização e escrita
das ideias de modo sistematizado(1).
Assim, a metodologia é conceituada como
o estudo sobre o método, ou seja, a reflexão que os pesquisadores elaboram
acerca de estratégias, técnicas e categorias analíticas para o desenvolvimento
da sua pesquisa(2). O método, por sua vez, é compreendido
como o “caminho a ser construído e percorrido pelo pesquisador/investigador
para atingir os objetivos de sua pesquisa, abarcando as dimensões teóricas,
técnicas, éticas e criativas”(2:513).
Para que o método seja aplicado é
fundamental a delimitação do campo ou universo de pesquisa, onde é possível ao
pesquisador realizar uma leitura tridimensional da realidade, levando-se em
consideração o espaço para a aplicação das técnicas, o tempo necessário que
isso seja possível e as relações sociais entre os sujeitos envolvidos(1-2).
O facebook, um dos sítios
eletrônicos que podem ser utilizado como universo de pesquisa para coleta de
dados, é uma ferramenta utilizada em todo mundo, sobretudo no ocidente e entre
a população jovem. Cerca de 1 bilhão e 250 mil pessoas, em países
desenvolvidos, o número de usuários que utilizam essa rede social gira em torno
de 90%; quanto aos jovens, aproximadamente 75% deles usam constantemente a
ferramenta(3-4).
Qualquer
pessoa pode vincular-se ao facebook, a partir de interesses pessoais e/ou
motivações pessoais e profissionais, utilizando-se de ferramentas e aplicativos
que possibilitam os usuários dessa rede social5 “comunicar e
partilhar diversas informações, adicionar fotografias, vídeos, comentários,
ligações, enviar mensagens, integrar com outros websites, dispositivos móveis e
outras tecnologias”(5:172).
Assim, as redes sociais são ferramentas
desenvolvidas para a sociedade utilizá-la na transmissão e no compartilhamento
de informações(6). Logo, ao transversalizar com a Teoria
das Representações Sociais (TRS) e a enfermagem, redefine-se a rede como um importante
encontro entre o senso comum e o universo reificado, por meio de uma interação
constante e multifacetada, muito mais fluida e abrangente, do que aquela
analisada(7) na década de 60 do século passado, o
que possibilita aos profissionais de enfermagem detectar e analisar
conhecimentos e a sua influência nos comportamentos e práticas de saúde, para
implementar a assistência, através de ações de educação em saúde com diversos
grupos sociais
Salienta-se que a TRS se interessa por compreender
o novo conhecimento que se espalha e é apropriado por diversos grupos sociais.
À vista disso, a representação social, possibilita investigar o modo como o ser
humano compreende o mundo e como, em grupo, se relaciona com ele e o
operacionaliza em seu cotidiano(7-8), quer seja em espaços físicos e/ou
virtuais.
Nessas relações em rede, em que há a
formação de grupos de pertencimento, onde se compartilha ideias, símbolos,
fenômenos, crenças, aspectos semelhantes de vidas, há a produção de representações
sociais (RS). A formação do grupo de pertença está relacionada à identidade
social desenvolvida pelas pessoas em grupo(9).
Assim, este estudo proporciona relatar a
experiência acerca da utilização do facebook como ferramenta e lócus de
pesquisa para aplicação de multitécnicas delimitadas como estratégia para
coleta de dados, ao desenvolver uma
pesquisa em enfermagem aportada na TRS. A teoria, utilizada amplamente na
pesquisa social em saúde, sobretudo na enfermagem, proporciona investigar
determinado objeto e o modo como as representações orientam, organizam e
determinam comportamentos e práticas em saúde, auxiliando a enfermeira
reordenar/reorganizar no planejamento do cuidado(10). No âmbito da saúde, as redes sociais
têm sido utilizadas com várias finalidades, dentre elas na propagação e difusão
de informações, o que proporciona a prevenção de doenças(6).
Considerando os aspectos trazidos até
aqui, ao utilizar-se de novas tecnologias, para apreender os significados
acerca do processo saúde/doença, este estudo justifica-se, uma vez que,
possibilita a enfermeira compreender como grupos sociais se relacionam para
além do mundo físico - no mundo virtual das redes socais. Nesse sentido,
emergiu o seguinte problema: como utilizar o facebook, enquanto universo de
pesquisa e estratégia para coleta de dados em pesquisa multimétodos para a TRS
e na enfermagem? Para responder a tal questionamento, neste artigo traçou-se
como objetivo analisar o uso do facebook, considerando-o como lócus de
pesquisa e estratégia para aplicação de técnicas e instrumentos de coleta de
dados.
MÉTODOS
O método e os aspectos éticos essenciais
que nortearam o presente manuscrito, também o fizeram na dissertação
intitulada: “A influência da religião católica entre os/as jovens sobre o
exercício da sexualidade e a prevenção do HIV/aids”(11), que utilizou o facebook como
cenário de estudo e deu origem a este manuscrito.
A experiência foi possibilitada pela
realização de uma pesquisa multitécnicas e multimétodos, cujo objetivo fora
apreender as representações sociais de jovens católicos/as sobre o exercício da
sexualidade e as formas preventivas para o Vírus da Imunodeficiência
Humana/Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (HIV/aids). A investigação
ocorreu no facebook, na ferramenta disponibilizada para diálogo entre
pessoas, chamada de ‘caixas de bate-papo’.
Participaram da pesquisa 84 jovens
católicos/as praticantes, com idade compreendida entre 18 a 24 anos, que
participaram da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em 2013 no Rio de
Janeiro-BR, integrantes da Renovação Carismática Católica e tornaram-se membros
da do grupo virtual no facebook vinculado ao site da JMJ. Esse grupo ou
página oficial da JMJ no facebook é composto por católicos que
‘curtiram’ a página. Desse total de pessoas, nem todos participaram do evento.
Para serem considerados membros do grupo
da JMJ no facebook os/as jovens deveriam ter clicado na palavra ‘curtir’[1] na página oficial da rede. O termo
‘curtir’ é muito utilizado nas redes sociais e transmite a ideia de aceitação e
concordância com o que foi postado e/ou compartilhado; é o ato de mostrar para
as pessoas, que estão vinculadas na rede, que gostaram de algo observado ou
lido.
Os/as jovens com tais características
foram convidados por meio de uma publicação oficial na página da JMJ e através
de convites nas páginas particulares de cada um. Foram convidados/as 132 dos
quais 84 se dispuseram contribuir. Como a pesquisa valeu-se de três etapas, nas
duas primeiras participaram todos que aceitaram contribuir com a pesquisa e que
se inseriram dentro dos critérios pré-estabelecidos; na terceira etapa os
participantes eram convidados para continuar na pesquisa e contou com 19
entrevistados/as.
O projeto foi aprovado pelo Comitê de
Ética e Pesquisa da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia sob o
no de protocolo 878.042/2014.
Nos encontros on-line, nas ‘caixas de
bate papo’, foram explicitados os objetivos do projeto e sua importância, assim
como, a entrega e a explanação do termo de consentimento livre e esclarecido
(TCLE), onde garantiu-se o sigilo das informações e o anonimato dos
participantes. As ferramentas da rede social, permitiram a troca e o envio de
documentos através da caixa de bate-papo. Através desse espaço, o TCLE foi
encaminhado aos/às participantes, e, após a leitura e explanação das dúvidas
pertinentes a pesquisa, eles declararam que aceitariam participar e contribuir
com a pesquisa. Essa declaração foi digitada (escrita) pelo próprio
participante que estava do outro lado da rede, na ferramenta destinada ao
diálogo, e, que funcionou como uma espécie de assinatura digital, com a qual
afirmaram que concordavam e queriam participar da pesquisa on-line.
Esses cuidados partiram da obediência
aos requisitos éticos determinado pela Resolução n°466/2012 do Conselho
Nacional de Saúde (CNS) a respeito das pesquisas envolvendo os seres humanos,
como a beneficência, o respeito à dignidade humana e a justiça. Os/as participantes
da pesquisa foram informadas sobre os objetivos e a relevância da mesma, assim
como a livre escolha em participar, sem nenhum prejuízo, caso optassem pela
desistência, seja qual fosse o momento. Todo/as tiveram orientações sobre o
procedimento a ser realizado para obtenção das informações mediante a Técnica
de Associação Livre de Palavras (TALP)(12) e a Entrevista em Profundidade, como
também dos benefícios esperados e dos possíveis riscos. O anonimato foi
garantido aos/às participantes, cujos nomes eram substituídos pelo uso da letra
E (entrevistado/a) sequenciado por um número de identificação. Além disso,
tiveram orientações em relação ao não benefício financeiro.
As pesquisas aportadas na TRS se valem
de multimétodos e multitécnicas, uma vez que Moscovici, em 1961, fazia o uso da
combinação de métodos mistos em seu estudo pioneiro “A representação social da
psicanálise, sua imagem e seu público”(7-12). Portanto, as técnicas definidas para a
coleta de dados, e adaptadas para a aplicação online, foram a TALP e a
Entrevista em Profundidade.
Antes de iniciar de fato, todos os
instrumentos e a sequência deles foram testados em um teste piloto, realizado
com 19 pessoas, que possuíam perfis no facebook e, também, se encaixavam dentro
dos critérios de inclusão, a exceção feita foi que não haveria a necessidade de
terem participado da JMJ.
Tanto a TALP como a entrevista em
profundidade foram realizadas nas ‘caixas de bate-papo’, e, todo o diálogo era
digitado e posteriormente transportado para o software Microsoft Word 2007.
Existiu um risco de constrangimento durante a coleta de dados, uma vez que
foram questionados assuntos referentes à aids e a sexualidade, o que foi dito
aos/às jovens, caso se sentissem constrangidos/as, esta seria interrompida.
Foram utilizados softwares qualitativos
para a análise dos dados, a saber: ALCESTE, TRI-DEUX-MOTS e EVOC. Tais
softwares possibilitaram a análise lexical e semântica, análise fatorial de
correspondência e análise da estrutura das representações sociais com o núcleo
central.
RESULTADOS
Pondera-se
que o facebook, enquanto plataforma tecnológica é um ciberespaço de interação
entre os usuários, que contém ferramentas importantes na difusão de
informações, cujos recursos são disponibilizados para acelerar e facilitar a
troca de mensagens de texto (desde interações emocionais e sexuais),
comentários, notícias, vídeo, áudio, fotos e informações pessoais, juntamente
com a oportunidade de formar grupos com base em interesses comuns(4).
Com intuito de buscar evidências do
universo semântico e cognitivos dos participantes e, sobretudo, fugir de
respostas elaboradas e politicamente corretas, foi aplicado primeiramente a
TALP, uma técnica projetiva adaptada à Psicologia Social. Outro fator
preponderante que fez com que a TALP fosse à primeira técnica utilizada, se
deve ao corrompimento das respostas que poderia ocorrer nos conteúdos latentes
do inconsciente, a partir, das informações oriundas das demais técnicas(12-13).
Através de técnicas projetivas, como a
TALP, as pessoas delineiam como queriam ser, o que gostariam de ser, o que não
querem ser ou como queriam que os outros fossem ou agissem em relação a elas.
Elas são indicadas em investigações com pessoas ou grupos que enfrentam
problemas de ordens psicológicas ou fisiológicas em uma pesquisa de abordagem
com métodos mistos(8). Os estímulos escolhidos para a
associação foram: Exercício da sexualidade (e1); catolicismo e exercício da
sexualidade (e2); aids (e3); catolicismo e aids (e4). Tais estímulos produziram
por parte dos sujeitos palavras e/ou expressões que vinham à sua mente no
momento que foram questionados/as.
Todos/as que participaram do TALP foram
convidados/as para contribuir com a fase de entrevistas. O roteiro com dados
sócio-demográficos para a caracterização dos participantes foi aplicado e em
seguida a técnica da Entrevista em Profundidade (EP) após convites aos
participantes, à medida que um participante não aceitava, novos convites eram
feitos a outros até que se atingisse a saturação das respostas.
O roteiro para entrevista em
profundidade constituiu-se de três questões principais e mais quatro
inferências, condizentes com a temática que foi explorada, sendo uma para a
primeira questão, uma para a segunda questão e duas outras para a terceira
questão. Essas inferências foram necessárias para que fosse possível obter
coerência, consistência e profundidade nas respostas/informações.
A TALP e a entrevista em profundidade
ocorreram individualmente nas caixas de diálogo particular[2] do perfil individual[3] de cada participante. Ressalta-se que
essas ferramentas de diálogo virtual, também conhecidas como ‘caixas de
bate-papo pessoais’ são ferramentas disponibilizadas pelo facebook, onde as
pessoas podem conversar, trocar ideias, compartilhar sua vida com seus amigos
da rede. Além disso, as informações trocadas nas respectivas ‘caixas’ podem ser
particulares e sigilosas se for entre duas pessoas ou abertas se ocorrer nas
caixas em grupo.
A coleta de informações aconteceu em
horários agendados com a disponibilidade de horário de cada jovem. A média de
duração do TALP foi de quatro minutos e meio para cada participante, sendo que
o/a participante tinha um minuto para que pudesse responder cinco palavras para
cada estímulo. Consideramos este tempo, levando em consideração os problemas
técnicos da internet que porventura poderiam interferir na emissão da resposta.
As evocações emitidas eram desconsideradas após o primeiro minuto, e passávamos
para o próximo estímulo; cada estímulo foi digitado um após o outro, para que
as respostas não fossem processadas no inconsciente e evitasse as respostas
politicamente aceitas.
Por sua vez, as Entrevistas em
profundidades tiveram a duração média de uma hora, e, nesta etapa os/as
participantes tinham liberdade e tempo livre para responder a cada uma das
perguntas feitas. As perguntas eram feitas uma após outra, e entre cada uma,
eram realizadas outras perguntas fundamentadas nas respostas dos participantes
que não estavam claras ou possuíam alguma dubiedade.
No que se refere às informações que
foram obtidas, estas tornaram-se pertinentes à construção do conhecimento sobre
as representações sociais dos/as jovens católicos/as, uma vez que foi da
interação on-line que captou-se os significados, os conceitos, o rompimento com
os estigmas e a (re)significação de paradigmas acerca da sexualidade e as aids.
DISCUSSÃO
A restrição do grupo não é suficiente
para generalizar os resultados do cotidiano vivenciado por outros/as jovens
católicos, mesmo que a metodologia adotada e aplicada no facebook atingisse uma
população maior. Ainda assim, destaca-se que o grupo possuiu homogeneidade nas
representações, pois a religião católica, com seus discursos e dogmas, tem se
utilizado das ferramentas de redes sociais na internet para compartilhar e
difundir informações acerca da sua religião entre os seus fiéis, o que
contribui para a o agrupamento das pessoas e a formação de representações
sociais.
A confirmação do grupo de pertencimento
e, principalmente, do consenso entre os/as participantes do estudo tornou-se
relevante, do ponto de vista do processo de formação das representações sociais
do grupo de pertença, sobre o objeto em questão. Pois, as significações
apresentadas pelo grupo, partem de objetivações ancoradas em conhecimentos e
informações difundidas, propagadas e compartilhadas no facebook(14).
O facebook tem sido uma plataforma
essencial para a divulgação e propagação de informações entre amigos e contatos
on-line dos usuários em seu grupo de amigos, diminuindo o tempo de difusão da
notícia/informação. O círculo de amigos de cada usuário pode ser muito
abrangente, variando desde as origens culturais e sociais e pertencentes a
gerações - antigas, atuais, colegas, parentes – os quais podem comungar de
interesses e conteúdos em comum(15-16).
Nessas relações em rede há a formação de
grupos de pertencimento, que compartilham de ideias, símbolos, fenômenos,
crenças e religiões, aspectos semelhantes de vidas, favorecendo, portanto, a
produção de representações sociais. As redes sociais são definidas como a
representação de um conjunto de participantes autônomos que unem ideias e
recursos em torno de valores e interesses compartilhados(9). Estes motivos foram preponderante para
compreender o grupo de pertencimento que participou do estudo.
Destaca-se que a variável procedência,
item delimitado para caracterização e posteriormente utilizado no processamento
de dados em softwares, pouco influenciou nas opiniões, uma vez que o grupo
formado por homens e mulheres, com raça autodeclarada distintas, apresentaram
discursos e opiniões homogêneas. Essa evidência corrobora com a função das
redes sociais em propagar informações rapidamente, formando grupos de
pertencimento e promovendo uma “cultura cibernética” o que, consequentemente,
acultura os grupos.
Essa característica também reforça a
contribuição da internet, e nesse caso, da rede social facebook, para a
construção do conhecimento das pessoas, que podem mudar ou reforçar opiniões,
ideias, significados e a formação de representações sociais. Por conseguinte,
no que se refere aos “[...] espaços de produção/circulação discursiva, não
podemos negligenciar a participação massiva que tem a rede social facebook na
sociedade atual. A heterogeneidade dos campos que aí se apresenta é enorme:
publicidade, debates sobre as minorias étnicas, entretenimento”(15:349).
Ao proporcionar a formação de
comunidades de amigos, colegas, cientistas, acadêmicos, no qual participam de
debates, trocam informações relevantes sobre diversas áreas do saber, o
facebook permite de forma interativa, o fortalecimento das relações
interpessoais no ciberespaço e favorece a comunicação entre os indivíduos(17).
Nesse processo de trocas
intraindividual, interindividual e intergrupal, que se delimita em um
determinando contexto histórico e social, acontecem fusões ou conflitos e,
portanto, certa organização social, estrutural e de legitimidade e
estabilidade. Logo, tais pressupostos facilitam a compreensão da identidade
social associada ao sentimento de pertença, com o qual se formam os grupos de
pertencimento(7-9).
A identificação do grupo de
pertencimento legitima também o trabalho da enfermagem em espaços ‘extra muros’
das instituições de saúde, incluindo o ciberespaço onde há diversas pessoas,
pois possibilita a transmissão e difusão de conhecimentos e informações
pertinentes à prevenção de agravos e a promoção da saúde, facilitando ações de
educação em saúde.
Salienta-se que os cuidados condizentes
às atividades de educação em saúde, fazem parte do trabalho da enfermeira, e
deve ser realizado em todos os espaços disponibilizado na sociedade, e, no
mundo atual e tecnológico, incluem não só hospitais, Estratégias de Saúde da
Família, escolas e ambulatórios, mas também os espaços virtuais, onde estão
inseridas as redes sociais, dentre elas, o facebook, com grupos de pessoas
(pacientes), que se encontram em diversas situações de saúde, os quais depende
de informações que possivelmente não os alcançam das formas mais tradicionais(18).
CONCLUSÃO
A participação na Jornada Mundial da
Juventude possibilitou a formação do grupo no facebook, aproximando diversos/as
jovens. Os ciberespaços de informações constituídos pela identidade religiosa
propiciaram discussões que revelaram consensos e/ou dissensos relacionados ao
sexo, raça e faixa etária desses/as jovens, de diferentes locais do Brasil,
acerca da temática HIV/aids.
Destarte, o facebook, utilizado como
suporte nessa pesquisa, teve o intuito de possibilitar o conhecimento das RS de
um objeto, uma vez que propaga de forma rápida e fácil a informação e forma as
pertenças sociais, revelando-se uma ferramenta útil para pesquisas ancoradas na
TRS.
Ao entender como se formam/processam as
representações sociais, na internet, os profissionais de saúde, sobretudo as
enfermeiras, compreendem o conteúdo presente no sistema de cognições humanas
que se integram e concatenam na vivência do cotidiano social e virtual, onde
estão inseridos/as, como em uma via de duplo sentido. Ampliando, assim, seu
espectro de entendimento das subjetividades humanas e, consequentemente, o
domínio do que estas revelam no (in)visível do ambiente virtual.
Ao conhecer a experiência de uma
pesquisa desenvolvida no facebook, as enfermeiras podem refletir o universo
cognitivo que compreendem as RS de vários grupos, e desse modo, planejar suas
práticas de cuidado fundamentadas no conhecimento que o grupo possui sobre o
objeto investigado, que extrapola as paredes dos consultórios da atenção
primária e do ambiente hospitalar. Assim, ela se aporta de novas tecnologias e
de ferramentas disponibilizadas que possibilitam adentrar novos espaços de
diálogos e educação em saúde.
AGRADECIMENTOS: CAPES –
Bolsa de Mestrado
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[1] Curtir
no Facebook é um modo fácil de dizer ao seu amigo virtual que você gostou de
algo que ele publicou, sem deixar um comentário. É como um comentário, porém o
fato de você ter gostado é assinalado abaixo do item. Disponível em:
<https://www.facebook.com/help/110920455663362>.
[2] As caixas de diálogos particulares no facebook
se encontram na barra lateral de ‘bate papo’, a qual permite que você contate
rapidamente alguns dos amigos com os quais você mais conversa. Basta clicar no
nome de um amigo para abrir uma janela virtual que permitirá a conversação.
Disponível em: <https://www.facebook.com/help/260938680677469/>.
[3] O perfil individual é uma página no facebook individual e pessoal. Nenhuma empresa, negócio, grupo ou marca pode ser incluído nesta categoria. Esse perfil tem um limite de amigos, até 5.000. Disponível em: <http://www.webmarketingpt.com/social-media/facebook-pagina-vs-perfil/#axzz37YvWNxYa>.