REVISTA NORTE MINEIRA DE ENFERMAGEM
|
|
|
INTRODUÇÃO
O
paradigma que influencia a atenção ao parto e nascimento até os dias atuais construiu-se,
historicamente, a partir do século XVIII, com a inserção da Medicina.(1)
Atualmente, percebe-se um processo contínuo de transição desse modelo de
assistência à mulher em busca de um modelo humanizado, tendo como perspectiva o
resgate da sua autonomia e do seu corpo, visto que o modelo tecnocrático anulou
esses direitos ao tornar o parto um evento patológico e institucionalizado, que
precisava ser submetido a inúmeras intervenções, tendo como pano de fundo um
processo ideológico para a garantia da segurança do parto.(2)
Essa
tentativa cada vez mais crescente de instituir o processo de parto como um
evento de risco, culminou na anulação do processo fisiológico, além do aumento
gradativo, ao longo dos anos, de diversas intervenções no cotidiano obstétrico(3),
elevando os índices de cesarianas que alcançou um total de 55% nas instituições
públicas de saúde, chegando a 90% nas instituições particulares, mostrando a
realidade desfavorável em que o país se encontra.(4) Considerando
que a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a taxa de cesarianas não
ultrapasse 15% dos partos realizados, na tentativa de reduzir esta verdadeira
“epidemia” de cesáreas, o Brasil tem sido orientado a utilizar a classificação
de Robson como um importante instrumento de monitoramento dessas taxas.(3)
Ressalta-se
que a utilização das boas práticas no parto normal, recomendadas em 1985 pela
OMS, favorecem a desconstrução do modelo tecnocrático em favor da humanização.
Desse modo, quaisquer condutas obstétricas devem ser baseadas em evidências
científicas, segundo os seus critérios de utilidade, eficácia e risco.(5)
Nesse
sentido, essas recomendações originaram as seguintes categorias de práticas na
assistência ao parto normal: A - práticas, demonstradamente úteis, que devem
ser encorajadas; B - práticas claramente prejudiciais ou ineficazes, que devem
ser eliminadas; C - práticas sem evidências para apoiar sua recomendação,
devendo ser utilizadas com cautela até que novas pesquisas esclareçam a
questão; D - práticas frequentemente utilizadas inadequadamente.(5)
Com
o incentivo para a aplicabilidade dessas recomendações, como estratégias para
reforçar a importância da Enfermagem Obstétrica e sua atuação em relação ao
modelo obstétrico vigente, em paralelo promoveu-se a inserção das enfermeiras
obstétricas nesse campo, conforme as diretrizes da OMS, além da qualificação
dos profissionais de saúde para fornecer um cuidado integral, seguro e
qualificado frente às necessidades das mulheres.(6)
Assim,
em 2018, a OMS atualizou essas diretrizes em consonância com as evidências
científicas, fato que culminou na revisão de processos de cuidados obstétricos
e na redução de intervenções desnecessárias no cotidiano do parto e nascimento(7,8),
destarte contribuindo para a implantação do modelo humanizado, tendo como foco
o respeito, a coparticipação e a corresponsabilidade do cuidado da equipe de
saúde quanto às altas taxas ocasionadas pelo excesso de intervenções
desnecessárias.(6)
Nesse
sentido, este estudo teve como objetivo analisar a perceptividade das mulheres
acerca do cuidado realizado pelas enfermeiras obstétricas no campo do parto e
nascimento.
MÉTODOS
Estudo descritivo, exploratório, com abordagem qualitativa,
realizada com 15 (quinze) mulheres em puerpério, atendidas em um Hospital
Universitário, localizado na Região Metropolitana II do Estado do Rio de
Janeiro. Essa Unidade hospitalar integra o Sistema Único de Saúde (SUS) para
atendimento de mulheres grávidas consideradas de alto risco.
Realizou-se o convite às mulheres internadas, em puerpério,
para participarem da pesquisa e, em caso de aceite, ficaram as mesmas
submetidas aos seguintes critérios de inclusão: serem maiores de dezoito anos;
em puerpério imediato; em condições físicas e em estado de lucidez para
participar do estudo. Foram excluídas aquelas em processo de abortamento ou
alta hospitalar.
Após a aplicações desses critérios, as participantes
selecionadas assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE),
sendo-lhes assegurado o sigilo e o anonimato das respectivas falas, mediante
utilização de código alfanumérico: P (de Puérpera), seguido de numeral,
conforme a ordem de realização das entrevistas (P1 a P15).
A coleta das informações ocorreu por
meio de entrevistas semiestruturadas, realizadas de julho a agosto de 2018 em
uma sala reservada para este fim no alojamento conjunto. Os dados foram
gravados em aparelho digital com prévia autorização das participantes,
transcritos integralmente pela pesquisadora principal e submetidos à análise de
conteúdo na modalidade temática(9) que prevê três fases
fundamentais: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados,
sendo utilizada a Unidade de Registro (UR) a partir da temática, como
estratégia de organização do seu conteúdo. A colorimetria permitiu a
identificação e o agrupamento de cada Unidade, assim possibilitando uma visão
geral da temática.
As entrevistas originaram as seguintes
UR: práticas humanizadas no parto, liberdade da mulher, métodos não farmacológicos
de alívio da dor, toque vaginal, acompanhante e tratamento. Essas UR
fundamentaram a construção da seguinte categoria temática: A assistência
obstétrica durante o processo parturitivo.
Atendendo à Resolução do Conselho Nacional de
Saúde (CNS) n°466, de 12 de dezembro de 2012, o estudo foi aprovado em 19 de
junho de 2018 pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal Fluminense, sob Protocolo nº 2721.342/2018.
RESULTADOS
A assistência obstétrica durante o
processo parturitivo
É notório que muitas mulheres acabam procurando outros hospitais por
meios próprios, assim deixando a sua rede de apoio por temer um atendimento de
qualidade duvidosa durante o seu processo parturitivo, como fizeram duas participantes
cujos relatos foram os seguintes:
Entrei pela
emergência mesmo, fiz o pré-natal no convênio, mas tinha carência, mas me
falaram que se eu chegasse ganhando poderia ter aqui, eu queria aqui porque
falaram que é bom. Eu estava com muito medo das maternidades do local onde
moro. (P1)
Não me referenciaram
para esse hospital, aqui é hospital de alto risco, minha conhecida teve bebê
aqui e me falou. Quando senti dores vim, porque sei que é bom. (P8)
As participantes disseram que foram estimuladas por terceiros a procurar
o hospital durante o trabalho de parto, tendo como justificativas: liberdade de
posição para o parto, estímulos para deambulação, poder desfrutar de banho
morno e da bola suíça, consideradas técnicas que favorecem a fisiologia do
trabalho de parto, culminando em um cuidado seguro e qualificado.
Fiquei na bola,
alternando, até dancei. Amei o parto! Foi um momento mágico, que recebi a
atenção, foi maravilhoso. (P1)
Eles me
mandavam andar, podia tomar banho, ir na bola, mas eu preferia ficar quietinha,
mas eles sempre me estimulavam. (P4)
Foi bom, ótimo,
me colocaram para fazer os exercícios com a bola, caminhando (...) gostei dos
exercícios, porque facilitou mais e foi rápido na hora do parto, auxiliou
bastante, e vi que eles me ajudaram muito. (P5)
A perspectiva da mulher em relação à livre movimentação, à autonomia
sobre o próprio corpo e à decisão acerca da posição em que se sente mais segura
e confortável para o parto, mostra que a posição ginecológica ainda é a
principal posição adotada para o nascimento da criança, por ter sido
estabelecida pelo modelo hegemônico e biomédico que preza a autoridade do
médico a respeito de onde e como deve ser realizado o parto. A propósito,
seguem-se depoimentos das participantes:
Não tinha sonho
de posição. Foi deitada, o médico me ajudou a segurar no ferro, eu acho que nem
daria pra mudar de posição. (P1)
Tinha médica e
uma enfermeira, foi deitada eles me colocaram na salinha. É normal, não penso
em nada diferente, a posição de nascer é essa. (P8)
Foi deitada
mesmo, não deu tempo de nada, quase nasceu lá fora, quase não dá pra chegar.
Tinha sonho de nada, na verdade eu programei ele para cesárea, era arriscado
ter ele normal. (P10)
Quanto aos toques vaginais, percebe-se que as participantes
apontaram tais práticas como sendo normativas de avaliação das condições fetais
e do trabalho do parto. Em seus depoimentos, relataram os “muitos toques” recebidos e as situações em que foram
realizados:
Recebi diversos
toques, muitos. No início eu fiquei meio assim, no final já nem ligava. (P3)
Sim, umas 4 vezes, de
médicos diferentes, mas avisavam, não tocaram em outros lugares, não. Nem me
senti invadida, porque eu sei que é para o meu bem. (P5)
Cheguei, a médica deu
um toque, só uma pessoa (...) as enfermeiras deram toque. A bolsa estourou já.
Com respeito ao toque. (P8)
As participantes também mencionaram que os toques foram
realizados por distintos profissionais, configurando situações em que a
privacidade da gestante talvez não tenha sido preservada adequadamente, seja
qual for o motivo da sua ocorrência, até mesmo para explicar uma questão de
ensino/aprendizagem:
Bastante exame de
toque. Foram vários profissionais diferentes. (P11)
Recebi, levei mais de
12 exames de toque. Várias, uma médica, 2 professores, 1 na ultra, 3
estagiários, 3 meio dia, 3 seis da manhã. Levei uns 12 toques. Acho que por
isso que estou sentindo essa dor. (P13)
Cabe ressaltar que, na atualidade, evidências científicas consideram não
ser necessário que os toques vaginais continuem ocorrendo, o que só se
justifica pela carência de conhecimento por parte das gestantes a respeito,
carência esta que permite entendê-los como importantes no processo de parto e
nascimento e, assim, não podendo negá-los.
Em relação à alimentação, as mulheres relataram que foram
ofertados alimentos e líquidos durante o trabalho de parto, mostrando práticas
que devem ser implementadas no cuidado obstétrico, sem prejuízo às gestantes:
Me alimentei antes e
durante me ofereceram suco e biscoito, foi muito bom porque a gente se sente
muito fraca. (P1)
Ofereceram, mas não
estava com vontade (P3)
Ofereceram, mas não
estava com vontade. Nem almocei direito, só tomei água. (P5)
De acordo com as entrevistadas, a Unidade hospitalar promove o contato
pele a pele logo após o nascimento, favorecendo a criação do vínculo inicial,
em conformidade com as diretrizes da OMS e do Ministério da Saúde (MS).
Seguem-se depoimentos a respeito:
Colocaram ele
logo em cima de mim, foi lindo! Ele (companheiro) até cortou o cordão. Eu tinha
sonho de ter normal, eu li muito sobre o parto humanizado. (P1)
Tirou, já
colocou ele (bebê) em cima de mim, é uma sensação única. (P8)
Botaram ele
(bebê) em cima de mim, ele mamou logo. Dá uma sensação tão especial, a gente
fica muito feliz de ver. (P10)
Em relação ao acompanhante de livre escolha previsto em Lei, as
participantes relataram que este direito lhes foi assegurado no momento do
parto:
Minha avó
estava comigo. Ela não assistiu porque eu não quis. Ela foi avisada, não queria
ninguém me olhando não. (P8)
Podia entrar
sim, eles chamam. Foi uma correria, mas deu tempo de ver. Queria sim, que ele
estivesse comigo na hora. (P10)
Assistiu, não
ligo muito porque era uma cesárea, se fosse um parto normal, talvez fosse mais
importante. A gente fica mal, grogue. (P14)
Em se tratando de parto cesáreo, chama atenção o fato de que
o(a) acompanhante somente foi chamado(a) no momento do nascimento do bebê,
conforme relatos das participantes:
Assistiram sim, na
verdade eles chamam quando estava nascendo, assim que sai. (P9)
Minha mãe entrou
comigo, só entra quando vai tirar o bebê, fala: chama a acompanhante que vai
entrar. Eu queria que ela fosse. Até entra quando a gente vai na maca, mas fica
numa sala. Na sala de operação quando é chamada. (P15)
Assim, corrobora-se
que a assistência obstétrica é repleta de práticas remanescentes do modelo
tecnocrático, contudo, já há uma lógica de cuidados embasados nas evidências
científicas de resgate dos preceitos do modelo humanizado, havendo intensa
mobilização para que ocorra uma revisão dos cuidados obstétricos.
DISCUSSÃO
O
atendimento à mulher deve ser determinado por uma rede de serviços à saúde, que
se relacionam com os distintos níveis de atenção e devem ser vinculados entre
si, tendo em vista a obtenção de uma cooperação para oferecer um cuidado
especializado, contínuo, integral, de forma humanizada e com responsabilidade.(10)
Por meio das redes de atenção à saúde promove-se um cuidado mais especializado
para a garantia do direito da mulher e a criação do vínculo com a maternidade
para a qual a gestante foi referenciada, destarte contribuindo para que não
ocorra a peregrinação da gestante. Para tanto, são necessários investimentos no
que se refere à vinculação da gestante à maternidade de referência.
A rede de
atenção tem por objetivo garantir à mulher a integralidade do cuidado, com uma
atenção integrada e harmônica, assim evitando a sua peregrinação durante o
anteparto e o parto, como já referido, estando obrigada a assegurar-lhe o
transporte e a transferência para outra maternidade onde ela poderá ter
acolhimento e cuidado na perspectiva de vaga certa.(11) Cabe ressaltar que, na iminência do
parto, a gestante poderá ser acolhida e atendida, mas isto não invalida o fato
de ser importante ter em mente que para evitar a sua peregrinação, torna-se
necessário o seu vínculo com a Unidade de referência, como preconizado pelas
diretrizes da Rede Cegonha/MS, a fim de permitir-lhe maior tranquilidade, além
de um cuidado obstétrico satisfatório e de qualidade, com base nos princípios
da segurança da mulher e de seu concepto.
Deve-se permitir que a mulher
participe do seu processo de parir, consentindo que escolha a posição mais
confortável, prevenindo a dor iatrogênica, informando-a sobre todos os
procedimentos e suas finalidades, assim preservando os seus direitos de
cidadania relacionados à segurança do parto.(12) Nesse sentido, a
liberdade de movimentos é uma prática de cuidado obstétrico a ser realizado com
a utilização de métodos não farmacológicos para alívio da dor, com o banho
morno, a bola suíça e a deambulação, que visa favorecer o cuidado humanizado, o
respeito à mulher e o direito a um parto em que ela seja a figura central.
Dar à luz “deitada de costas com as
pernas levantadas”, na posição litotômica, é prejudicial à fisiologia do
nascimento e contribui para a ocorrência de novos estímulos dolorosos durante o
parto. Todavia, ainda assim, configura-se como processo normativo na rotina
protocolar das diversas instituições de saúde, sustentando-se no modelo
tecnocrático da parturição.(13) Nesse sentido, por desconhecerem as
alternativas para o processo de parir, como as posições mais verticalizadas, as
participantes consideraram como algo “normal” a posição litotômica, o que
reforça a necessidade de mudanças nos modelos hegemônicos instituídos, a fim de
proporcionar às gestantes o direito à melhor opção de escolha do processo de parir.
O principal meio de avaliação
utilizado pelos profissionais de saúde para a progressão do parto, é o toque
vaginal. Apesar de se constituir em intervenção que auxilia essa avaliação, a
sua forma de execução, muitas vezes sem a devida privacidade da mulher ou mesmo
sem a sua autorização, pode caracterizar um desrespeito a ela, além do fato de
que muitos profissionais de saúde não seguem criteriosamente as recomendações
da OMS/MS quanto a esse procedimento, que deve ocorrer a cada quatro horas ou
quando há parada de progressão.(7,8) Mesmo com as evidências
científicas, muitos desses profissionais não seguem tais recomendações,
demonstrando um cuidado que valoriza a própria autonomia e a prática de saber
instituída, embora desatualizada frente às novas diretrizes do cuidado
obstétrico, manipulando o corpo da mulher como se fosse um objeto e mantendo em
vigor um dos princípios do modelo tecnocrático de cuidado.
A oferta de alimentos e líquidos,
durante o trabalho de parto, foi observada pelas participantes como um cuidado
positivo. Houve a constatação de que a ingesta de alimentos, naquele momento,
além de não causar nenhum transtorno durante o parto, propiciou às mulheres a
reposição energética necessária e melhores condições físicas para o período
expulsivo do concepto. Nota-se que a ingestão hídrica e alimentar não constitui
qualquer risco para a mulher, como no caso de broncoaspiração, já que a oferta
de alimentos e líquidos configura a promoção do modelo humanizado centrado na
mulher e nas suas necessidades.(7,8,14)
Quanto à Iniciativa Hospital Amigo
da Criança (IHAC), o quarto passo dessa iniciativa recomenda aos profissionais
de saúde que coloquem o recém-nascido em contato com a pele de sua mãe
imediatamente após o nascimento por, no mínimo, uma hora, ajudando-a a
reconhecer quando o bebê está pronto para a amamentação, oferecendo-lhe ajuda,
se necessário.(15) Esse cuidado é fundamental para promover a
interação inicial e o vínculo entre mãe e filho, além do incentivo ao
aleitamento materno, como recomendado pela OMS/MS, determinantes para a
promoção do cuidado humanizado.
No Brasil, desde a aprovação da Lei
nº 11.108, de 07 de abril de 2005, mais conhecida como “Lei do Acompanhante”,
está determinada nos âmbitos no Sistema Único de Saúde (SUS) e da rede privada,
a presença do acompanhante de livre escolha da gestante durante o período de
trabalho de parto, parto e puerpério imediato, desconsideradas as questões de
gênero, etnia, idade ou condição social e econômica. Assim, a regulamentação trouxe
a garantia do direito da mulher ao acompanhante e, sobretudo, seguiu as
recomendações estabelecidas para contribuir com o modelo de cuidado humanizado
no campo obstétrico.(16,17)
Não é demais lembrar que a presença
do acompanhante contribui para a segurança e a tranquilidade da mulher durante
o parto, uma vez que a sua ausência pode gerar sentimentos negativos diante da
perspectiva de anulação de um direito, culminando em insatisfação e insegurança
que poderão se refletir negativamente no concepto.(16,18)
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Demonstrou-se a importância de um olhar mais amplo a respeito
do cuidado centrado da mulher, focalizado no modelo humanizado do cuidado na
atenção ao parto e nascimento. Apesar de ser um modelo de transição, deve-se
considerar a necessidade de profissionais de saúde e gestores atuarem na
produção de estratégias para a discussão do cuidado obstétrico, em prol do
direito a um parto com qualidade, tendo como objetivo a diminuição, no
cotidiano das maternidades, das intervenções obstétricas consideradas desnecessárias
face às evidências científicas.
Faz-se importante refletir a respeito de como a assistência
tem sido levada a efeito, mesmo observando-se um grande esforço para que a sua
realização ocorra de forma humanizada. A reflexão pode levar os profissionais
de saúde à analise de todos os aspectos acerca do assunto e permitir,
sobretudo, que as gestantes sejam ouvidas para que possam fazer valer o direito
de participação ativa em todas as questões relacionadas com a assistência que
lhes será prestada durante o parto e nascimento, salvo aquelas consideradas
rigorosamente técnicas.
Como limitação, o estudo apresentou a dificuldade das
mulheres em conversar a respeito do cuidado obstétrico que receberam, assim
demonstrando que não compreendem a forma como são cuidadas, o que leva a
inferir que há necessidade de ampliar a discussão a respeito, tendo em vista um
maior entendimento entre elas e a equipe profissional em busca do cuidado
humanizado a que todas fazem jus.
Desse modo, constata-se a necessidade de novos estudos que
suscitem a reflexão a respeito do cuidado obstétrico e dos modelos de atenção
ao parto e nascimento, capazes de viabilizar a promoção de estratégias de
aprimoramento da qualidade assistencial às gestantes, além de um cuidado
centrado nas suas necessidades.
REFERÊNCIAS
1.
Amaral RCS, Alves
VH, Pereira AV, Rodrigues DP, Silva LA, Marchiori GRS. The insertion of the nurse midwife in
delivery and birth: obstacles in a teaching hospital in the Rio de Janeiro
state. Esc Anna Nery. 2019
[citado em 2019 Jun. 14]; 32(1): 1-9. Disponível
em: http://www.scielo.br/pdf/ean/v23n1/1414-8145-ean-23-01-e20180218.pdf
2. Amaral, RCS, Alves VH, Pereira AV, Rodrigues DP, Silva LA, Marchiori GRS. A enfermagem obstétrica e sua interface com o modelo obstétrico brasileiro. Revista Enfermagem Atual In Derme. 2019 [citado em 2020 Mar. 09]; v. 87, p. 1-8. Disponível em: https://revistaenfermagematual.com.br/index.php/revista/article/view/224
3.
Oliveira VJ, Penna CMM. Every birth is a
story: process of choosing the route of delivery. Rev Bras Enferm. 2018 [citado em 2019 Jun. 14];
71(suppl. 3): 1-9. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reben/v71s3/0034-7167-reben-71-s3-1228.pdf
4.
Federação Brasileira das Associações
de Ginecologia e Obstetrícia. Alta taxa de cesariana no Brasil é tema de
audiência pública. São Paulo: Federação Brasileira das Associações de
Ginecologia e Obstetrícia; 2018 [citado em
2019 Jun. 14]. Disponível em: https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/728-alta-taxa-de-cesareas-no-brasil-e-tema-de-audiencia-publica
5.
Duarte MR, Alves VH, Rodrigues DP,
Souza KV, Pereira AV, Pimentel MM. Care technologies in obstetric nursing: contribution for the delivery
and birth. Cogitare Enferm. 2019
[citado em 2019 Jun. 14]; 24. 1-10. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/54164/pdf_en
6.
Amaral, RCS, Alves VH, Pereira AV, Rodrigues
DP, Branco, MBLR, Santos, MV, Guerra, JVV.
Inserção do enfermeiro obstetra no parto e nascimento. Revista de Enfermagem
UFPE on line. 2018 [citado em
2020 Mar. 09]; v. 12, p. 3089-3097.
Disponível em:
https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/234531/30513
7.
World Health Organization. WHO recommendations: intrapartum care for a
positive childbirth experience. Geneva: World Health Organization; 2018 [citado
em 2019 Jun. 14]. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/260178/9789241550215-eng.pdf;jsessionid=59D54BEA2E338A7117DA5BD172E565DA?sequence=1
8.
World Health Organization. Recomendaciones de la OMS para los cuidados
durante el parto, para una experiencia de parto positiva. Geneva: World Health
Organization; 2018 [citado em 2019 Jun. 14]. Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/272435/WHO-RHR-18.12-spa.pdf?ua=1
9.
Bardin L. Análise de conteúdo. 3. ed.
Lisboa: Edições 70; 2013.
10.
Rodrigues DP, Alves VH, Penna LHG,
Pereira AV, Branco MBLR, Silva LA. The pilgrimage in reproductive period: a
violence in the field of obstetrics. Esc Anna Nery. 2015 [citado em 2019 Jun. 14];
19(4): 614-20. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ean/v19n4/en_1414-8145-ean-19-04-0614.pdf
11.
Costa LRM. Perceptions of women who experienced the prebirth pilgrimage
in the public hospital network. Rev Baiana Enferm.
2018 [citado em 2019 Jun.
14]; 32: 1-11. Disponível em: https://portalseer.ufba.br/index.php/enfermagem/article/view/26103/17038
12.
Oliveira MC, Merces MC. Perceptions on obstetric violence in the
puerperas view. Rev Enferm UFPE on
line. 2017 [citado em 2019 Jun. 14]; 11(supl. 6): 2483-9.
Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/23415/19091
13.
Sousa JL, Silva IP, Gonçalves LRR,
Nery IS, Gomes IS, Sousa LFC. Perception of puerperas on the vertical position in childbirth. Rev
Baiana Enferm. 2018 [citado em 2019 Jun. 14]; 32: 1-10.
Disponível em: https://rigs.ufba.br/index.php/enfermagem/article/viewFile/27499/17087
14.
Brasil. Ministério da Saúde.
Diretrizes nacionais de assistência ao parto normal: versão resumida. Brasília:
Ministério da Saúde; 2017 [citado em
2019 Jun. 14]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/diretrizes_nacionais_assistencia_parto_normal.pdf
15.
Santos LM, Silva JCR, Carvalho ESS,
Carneiro AJS, Santana RCB, Fonseca MCC. Vivenciando o contato pele a pele com o
recém-nascido no pós-parto como um ato mecânico. Rev Bras Enferm. 2014 [citado em 2019 Jun. 14];
67(2): 202-7. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reben/v67n2/0034-7167-reben-67-02-0202.pdf
16.
Rodrigues DP, Alves VH, Penna LHG,
Pereira AV, Branco MBLR, Sousa RMP. Non-compliance with the companion law as an
aggravation to obstetric health. Texto & Contexto Enferm. 2017 [citado em 2019 Jun. 14];
26(3): 1-10. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v26n3/en_0104-0707-tce-26-03-e5570015.pdf
17.
Brüggemann OM,
Ebsen ES, Ebele RR, Batista BD. Possibilidades de
inserção do acompanhante no parto nas instituições públicas. Cien Saude Colet.
2016 [citado em 2019 Jun.
14]; 21(8): 2555-64. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/csc/v21n8/1413-8123-csc-21-08-2555.pdf
18.
Araújo RCB, Alves VH, Rodrigues DP,
Ferreira EA, Paula E, Santos MV. Programa cegonha carioca: percepção das
puérperas a respeito da assistência pré-hospitalar do enfermeiro. Rev Enferm
Atual. 2018 [citado em 2019 Jun.
14]; 86(esp.): 1-14. Disponível em: https://revistaenfermagematual.com.br/index.php/revista/article/view/127/44