REVISTA NORTE MINEIRA
DE ENFERMAGEM
ISSN: 2317-3092
Recebido em:
17/11/2021
Aprovado em:
01/04/2022
Como citar este artigo
Bráulio TIC, Gomes EB, Matos JHF, De Oliveira
CJ, Alencar AMPG, Cruz RSBLC. Influência
paterna no aleitamento materno: uma revisão
de escopo. Rev Norte Mineira de enferm. 2021;
10(2):57-67.
Autor correspondente
Thaís Isidório Cruz Bráulio
Universidade Regional do Cariri
Correio eletrônico: thais-cruz02@hotmail.com
ARTIGO DE REVISÃO
INFLUÊNCIA PATERNA NO ALEITAMENTO MATERNO: UMA
REVISÃO DE ESCOPO
Paternal influence on breastfeeding: a scoping review
Thaís Isidório Cruz Bráulio1, Emiliana Bezerra Gomes2, José Hiago Feitosa De Matos3, Célida Juliana
De Oliveira4, Ana Maria Parente Garcia Alencar5, Rachel De Sá Barreto Luna Callou Cruz6.
1 Mestranda pelo Programa de Mestrado Acadêmico em Enfermagem Universidade Regional do
Cariri, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Crato-CE, Brasil. ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-2596-9454. Email: thais-cruz02@hotmail.com.
2 Pós-Doutora em Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde pela Universidade Estadual do Ceará
UECE. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3834-8120 Email: emiliana.gomes@urca.br.
3 Mestrando pelo Programa de Mestrado Acadêmico em Enfermagem Universidade Regional do
Cariri, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Crato-CE, Brasil. ORCID:
https://orcid.org/0000-0001-8473-7269. Email: jose.hiago3@gmail.com.
4 Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará UFC. ORCID:
https://orcid.org/0000-0002-8900-6833. Email: celida.oliveira@urca.br.
5 Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Ceará UFC. ORCID:
https://orcid.org/0000-0003-0459-4291. Email: ana.parente@urca.br.
6 Doutora em Saúde Materno Infantil pelo Instituto de Medicina Professor Fernando Figueira
IMIP. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4596-313X. Email: rachel.barreto@urca.br.
DOI: https://doi.org/10.46551/rnm23173092202100207
Objetivo: Sistematizar as evidências sobre a influência paterna no aleitamento
materno. Método: Scoping review realizada conforme as recomendações do
The Joanna Briggs Institute, nas bases de dados MEDLINE, CINAHL, BIREME e
WEB OF SCIENCE. Resultados: A busca resultou em 21 estudos publicados entre
os anos de 2015 a 2019, nos idiomas português e inglês. O maior número de
publicações foi em 2018, apresentando 33,3% do total. A produção científica
obteve maior percentual no Brasil (28,6%), seguida do Canadá (19,04%) e
apresentando maior predomínio de estudos de revisão da literatura (24%).
Conclusão: O envolvimento paterno na promoção da amamentação trouxe
efeitos positivos na intenção, exclusividade e duração do aleitamento materno,
além disso, o apoio da figura paterna auxiliou no fornecimento de suporte
emocional, proteção ao binômio e motivação para continuidade do aleitar.
Descritores: Aleitamento Materno; Pai; Promoção da Saúde; Gravidez.
Objective: Systematize the evidences on paternal influence on breastfeeding.
Method: Scoping review conducted according to The Joanna Briggs Institute´s
recommendations, in the MEDLINE, CINAHL, BIREME and WEB SCIENCE
databases. Results: The search found 21 studies published between the years
Influência paterna no aleitamento materno: uma revisão de escopo
58
Rev Norte Mineira de enferm. 2021;10(2): 57-67.
of 2015 and 2019, in Portuguese and in English. The largest number of
publications was in 2018, representing 33.3% of all studies. The scientific
production had the highest percentage in Brazil (28, 6%), followed by Canada
(19, 04%) and the literature review studies were predominant (24%).
Conclusion: The father´s involvement in the promotion of breastfeeding had
positive effects on intention, exclusivity and duration of breastfeeding. In
addition, the support of the father figure helped to provide emotional support,
protection to the binomial and motivation to continue breastfeeding.
DESCRIPTORS: Breastfeeding. Father. Health Promotion. Pregnancy.
INTRODUÇÃO
O Aleitamento Materno (AM) é definido como um processo que vai além de nutrir a criança, necessitando da interação
significativa entre o binômio mãe-filho.1, 2 Para que seja obtido êxito neste processo de aleitar e os benefícios sejam adquiridos
pelo binômio, inúmeros fatores podem influenciar, principalmente ao que se refere à rede de apoio às puérperas, onde os
agentes que a constituem (companheiro, familiares ou profissionais da saúde) são essenciais tanto para o estabelecimento,
quanto para manutenção da amamentação.3
Neste sentido, a presença paterna interfere na decisão da mãe em amamentar e dar continuidade a esse processo, pois o
homem enquanto pai e companheiro esdiretamente envolvido, podendo auxil-la e contribuindo para que esse processo
ocorra mais facilmente e de forma efetiva.4,5 Ademais, o desenvolvimento de intervenções educacionais e aconselhamento
durante visitas domiciliares, podem aumentar o envolvimento paterno e proporcionar a iniciação e o Aleitamento Materno
Exclusivo (AME) no primeiro, quarto e sexto mês de vida do recém-nato.6
Importante destacar que na compreensão materna, a promoção de conhecimentos para os pais referente à amamentação,
pode promover atitudes benéficas, como sua participação ativa nos cuidados ao recém-nascido, realização de atividades
domésticas, apoio emocional e auxílio diante das dificuldades enfrentadas na continuidade da amamentação, já que, a taxa de
AM sofre influência quanto ao envolvimento dos pais, e a satisfação das mães quanto a participação paterna, auxilia na eficácia
do aleitamento.7, 8, 9
Nesse contexto, torna-se oportuno considerar os dados obtidos pela II Pesquisa de Prevalência em Aleitamento Materno
realizado nas capitais brasileiras e Distrito Federal, desenvolvida em 2008. Segundo tal pesquisa, a prevalência do AME em
menores de 6 meses foi de 41% nas capitais brasileiras, sendo a região Norte a que apresentou maior prevalência (45,9%),
seguida das regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste, que apontaram 45%, 43,9% e 39,4%, respectivamente. Ademais, a região
Nordeste demonstrou o menor percentual (37%).10 Diante da problemática, aspectos como a utilização da chupeta,
mamadeira, além da oferta de outros tipos de alimentos, poderiam ser reduzidos mediante a presença efetiva do pai orientado
quanto ao AM, fortalecendo questões associadas a nutrição e incluindo a figura paterna nesse processo.11
Nesse contexto, torna-se oportuno considerar os dados obtidos pela II Pesquisa de Prevalência em Aleitamento Materno
realizada nas capitais brasileiras e Distrito Federal, em 2008. Segundo essa pesquisa, a prevalência do AME em menores de 6
meses foi de 41% nas capitais brasileiras, sendo a região Norte a que apresentou maior prevalência (45,9%), seguida das
regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste, que apontaram 45%, 43,9% e 39,4%, respectivamente. Ademais, a região Nordeste
Influência paterna no aleitamento materno: uma revisão de escopo
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Rev Norte Mineira de enferm. 2021;10(2): 57-67.
demonstrou o menor percentual (37%).10 Diante da problemática, aspectos como a utilização da chupeta, mamadeira, além da
oferta de outros tipos de alimentos, poderiam ser reduzidos mediante a presença efetiva do pai orientado quanto ao AM, o
que fortaleceria questões associadas a nutrição e incluiria a figura paterna nesse processo.11
Portanto, tendo em vista a complexidade da referida temática e as possíveis influências que os pais podem desempenhar,
propõe-se com esta pesquisa sistematizar as evidências sobre a influência paterna no AM, para que seja possível identificar tais
aspectos e contribuindo para o desenvolvimento e implementação de estratégias que visem a inserção do pai no processo de
aleitar, assim como, propiciar à família e sociedade um olhar diferenciado quanto a importância da participação ativa deste no
manejo da amamentação, favorecendo assim, melhoria de aspectos que elevem índices de prevalência do AME.
MÉTODO
Trata-se de uma revisão de escopo, desenvolvida em oito das nove etapas consecutivas do protocolo proposto pelo Instituto
Joanna Briggs (IJB)12: definição e alinhamento do objetivo e pergunta; desenvolvimento e alinhamento dos critérios de inclusão
com o objetivo e pergunta; descrição da abordagem planejada para pesquisa, seleção, extração e criação de evidências;
procura de evidência; seleção da evidência; extração da evidência; tracejo da evidência; resumo das evidências em relação ao
objetivo e questão; consulta de cientistas da informação, bibliotecários e/ou especialistas.
Utilizou-se a estratégia mnemônico Population, Concept e Context (PCC) para formular a seguinte pergunta norteadora: Quais
as evidências científicas dispostas na literatura sobre a influência paterna na amamentação? Sendo definidos a Population
pais de lactentes, Concept a influência do pai na amamentação e Context aleitamento materno.
Quanto aos critérios de inclusão, utilizou-se estudos gratuítos com texto completo disponível na íntegra, nos idiomas
português, inglês e espanhol, publicados entre os anos de 2015 a 2020. Empregou-se como recorte temporal o ano de 2015
devido a criação do Guia do Pré-Natal do Parceiro para Profissionais da Saúde, uma ferramenta que contextualiza a
importância do envolvimento paterno no que tange ao período gestacional, parto e puerpério. Foram excluídos os estudos que
não responderam à questão de pesquisa.
A realização das buscas na literatura ocorreu entre os meses de abril e maio de 2020 de forma pareada, objetivando a redução
de possíveis viéses de coleta e seleção dos estudos. No entanto, não foram identificadas divergências entre os resultados
encontrados pelos dois pesquisadores. Na sua primeira etapa, utilizou-se os descritores breast feeding e father, sendo estes
identificados também como MeSH, acessados pelo Portal de Periódicos da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de vel Superior), nas bases Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE) e The Cumulative
Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL) (via plataforma EBSCO).
Inicialmente, foram analisadas as palavras contidas nos títulos, resumos e descritores, em que, de acordo com os estudos
selecionados, foram extraídos outros descritores para criação das chaves de busca, sendo estes: father-child relation, social
support e paternal behavior, identificados também como MeSH. Posteriormente, foram também realizadas buscas nas bases
de dados Centro Latino-Americano e do Caribe de Informações em Ciências da Saúde (BIREME) e Web of Science. Para a
construção das chaves de busca, utilizou-se o operador booleano AND, sendo delimitados os seguintes cruzamentos: (1) breast
feeding AND father, (2) breast feeding AND father-child relations, (3) breast feeding AND father AND social support e (4) breast
feeding AND paternal behavior. As estratégias de busca segundo cada base de dados estão apresentadas no Quadro 1.
Influência paterna no aleitamento materno: uma revisão de escopo
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Quadro 1. Estratégia de busca nas bases de dados e resultados encontrados. Crato, CE, Brasil, 2021.
ESTRATÉGIA DE BUSCA
MEDLINE
BIREME
WEB OF
SCIENCE
TOTAL
Breast feeding AND father
49
119
5
223
Breast feeding AND father-child
relations
1
18
0
19
Breast feeding AND father AND
social support
6
37
1
49
Breast feeding AND paternal
behavior
0
92
0
98
TOTAL
56
266
6
389
Fonte: dados da pesquisa.
Posteriormente, foi realizada a leitura na íntegra dos artigos selecionados, procurando também nas suas referências, possíveis
estudos que pudessem ser inseridos na revisão de acordo com sua relevância para a questão estudada.
Para extrair evidências, realizou-se uma caracterização da amostra com auxílio de um quadro elaborado pelos autores,
extraindo as variáveis: título, país de origem/ano, periódico/instituição, objetivo, tipo de estudo e nível de evidência,
participantes e principais resultados. A redação deste estudo foi guiada pelo checklist PRISMA-ScR indicado para revisões de
escopo.13
A classificação dos estudos quanto ao nível de evidência se deu com base no Oxford Centre Evidence Based Medicine, que
estabelece: 1A − revisão sistemática de ensaios clínicos controlados randomizados; 1B − ensaio clínico controlado randomizado
com intervalo de confiança estreito; 1C resultados terapêuticos do tipo “tudo ou nada”; 2A revisão sistemática de estudos
de coorte; 2B estudo de coorte (incluindo ensaio clínico randomizado de menor qualidade); 2C observação de resultados
terapêuticos ou estudos ecológicos; 3A − revisão sistemática de estudos caso-controle; 3B− estudo caso-controle; 4 − relato de
casos (incluindo coorte ou caso-controle de menor qualidade); 5 − opinião de especialistas.14
Por o envolver seres humanos, não houve necessidade de apreciação ética, porém, ressalta-se que foram preservados os
princípios éticos, assim como os direitos autorais, através da citação dos estudos e seus respectivos autores.
RESULTADOS
A busca nas bases de dados resultou em 389 artigos. Destes, 276 foram excluídos a partir da análise dos títulos e 12 pelo
resumo por não se adequarem à temática, 67 por duplicação, resultando em 34 artigos selecionados para leitura na íntegra, a
fim de responder à pergunta de pesquisa. Destes, foram selecionados 20 artigos para compor a revisão, sendo adicionado o
Guia do pré-natal do parceiro para profissionais de saúde na terceira etapa, totalizando 21 estudos.
O processo de busca e seleção dos estudos desta revisão esapresentado no fluxograma da Figura 1. Ele foi elaborado de
acordo com as recomendações do JBI12 e tomou como base o checklist adaptado do Preferred Reporting Items for Systematic
Review and Meta-Analys extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR).13
Influência paterna no aleitamento materno: uma revisão de escopo
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Rev Norte Mineira de enferm. 2021;10(2): 57-67.
Figura 1. Fluxograma do processo de seleção dos estudos coforme recomendações do PRISMA-ScR13 e do Joanna Briggs
Institute.12 Crato, CE, Brasil, 2021.
Fonte: Dados da pesquisa.
Os 21 estudos selecionados foram publicados entre os anos de 2015 a 2019 nos idiomas português e inglês, sendo distribuídos
nos continentes da seguinte forma: Americano (57%), Asiático (24%), Europeu (9%), Africano e Oceania (5%) cada. Houve
predomínio de estudos com baixos níveis de evidência (52%) e dos tipos: revisão da literatura (24%), seguido dos descritivos,
quase experimental e de coorte, todos apresentando percentual equivalente de 14%. Nem todos os estudos tinham somente a
figura paterna como participantes, alguns avaliaram a visão materna sobre a participação do parceiro, outros investigaram a
influência de familiares de modo geral no processo de aleitar destacando a figura paterna, assim como, os fatores que
interferiam neste processo. O Quadro 2 e o Quadro 3 descrevem as demais características dos estudos.
Quadro 2. Estudos encontrados conforme título, origem, ano de publicação, periódico/instituição e objetivo do estudo. Crato,
CE, Brasil, 2021.
CÓDIGO
TÍTULO
PAÍS
E ANO
PERIÓDICO/
INSTITUIÇÃO
OBJETIVO
1
Community-based father education intervention on
breastfeeding practice-Results of a quasi-
experimental study15
Vietnã
;
2019
Maternal &
Child Nutrition
Avaliar um sistema integrado de intervenção educacional
visando os pais em períodos de nascimento, parto e pós-natal
para apoiar a amamentação nas práticas do Vietnã.
2
Effectiveness of breastfeeding interventions
delivered to fathers in low and middle-income
countries: A systematic review16
Austrá
lia;
2018
Maternal &
Child Nutrition
Analisar o conhecimento existente e resumir a eficácia das
intervenções em amamentação, focado nos pais/parceiros para
início precoce, exclusividade e duração da amamentação em
países de baixa e média renda.
3
Effectiveness of targeting fathers for breastfeeding
promotion: systematic review and meta-analysis17
Sri
Lanka;
2018
BMC Public
Health
Analisar a eficácia da promoção da amamentação envolvendo
os pais.
Influência paterna no aleitamento materno: uma revisão de escopo
62
Rev Norte Mineira de enferm. 2021;10(2): 57-67.
4
Relationships between types of father breastfeeding
support and breastfeeding outcomes18
Canad
á;
2017
Maternal &
Child Nutrition
Analisar que ações influenciam nos resultados desejados da
amamentação.
5
Practical support from fathers and grandmothers is
associated with lower levels of breastfeeding in the
UK millennium cohort study19
Inglat
erra;
2015
PLOS ONE
Investigar a relação entre o apoio práticos de familiares e o AM.
6
Father’s involvement and its effect on early
breastfeeding practices in Viet Nam20
Vietnã
;
2016
Maternal &
Child Nutrition
Avaliar uma intervenção educacional visando pais e seu
envolvimento no apoio à boas práticas da amamentação.
7
When fathers are perceived to share in the maternal
decision to breastfeed: Outcomes from the Infant
Feeding Practices Study II21
Estad
os
Unido
s;
2018
Maternal and
Child Health
Journal
Investigar a influência das preferências alimentares conjuntas
da mãe e do pai na iniciação e duração da amamentação.
8
Perception and support given by father in
maintenance of breastfeeding22
Brasil;
2015
Revista de
Enfermagem
UFPE
Analisar a participação do pai durante o período de
amamentação, bem como sua percepção quanto a importância
do apoio nessa fase.
9
Perceived roles of fathers in the promotion, support
and protection of breastfeeding23
África
do
Sul;
2018
Africa Journal of
Nursing and
Midwifery
Explorar e descrever os papéis percebidos pelos pais no apoio,
proteção e promoção ao AM.
10
Fathers and breastfeeding: attitudes, involvement
and support24
Irland
a;
2017
British Journal
of Midwifery
Revisar a literatura existente sobre as atitudes dos pais em
relação a amamentação e seu envolvimento/apoio às mães
neste período.
11
Perinatal breastfeeding interventions including
fathers/partners: A systematic review of the
literature25
Canad
á;
2019
Elsevier
Determinar os efeitos de intervenções educacionais e
psicossociais inclusivas para parceiros no início, duração e
exclusividade da amamentação.
12
Maternal perceptions of paternal investment are
associated with relationship satisfaction and
breastfeeding duration in humans26
Canad
á;
2018
Journal of
family
psychology
Examinar possíveis associações entre amamentação e
satisfação materna no relacionamento, envolvimento paterno e
paridade.
13
Aleitamento materno: percepção do pai sobre seu
papel27
Brasil;
2018
Revista de
Enfermagem do
Centro-Oeste
Mineiro
Compreender de que modo o pai percebe seu papel em relação
ao AM.
14
The role of paternity acknowledgment in
breastfeeding noninitiation28
Estad
os
Unido
s;
2017
Journal of
Human
Lactation
Investigar a relação entre a não iniciação da amamentação e o
reconhecimento da paternidade.
15
Family members’ infant feeding preferences,
maternal breastfeeding exposures and exclusive
breastfeeding intentions29
China;
2017
Midwifery
Examinar a associação entre as preferências alimentares,
exposições ao AM e intenções de amamentar exclusivamente.
16
Opinião de mulheres sobre a participação do pai no
aleitamento materno30
Brasil;
2016
Arq. Ciênc.
Saúde UNIPAR
Conhecer a participação do pai no processo de AM, segundo as
puérperas.
17
Father’s role in breastfeeding promotion: Lessons
from a quasi-experimental trial in China31
China;
2016
Breastfeeding
Medicine
Avaliar a efetividade de uma intervenção educacional
envolvendo pais sobre o início da amamentação e
exclusividade, além de explorar as percepções maternas sobre
o apoio dos parceiros na amamentação.
18
Paternidade e amamentação: mediação da
enfermeira32
Brasil;
2016
Acta Paulista de
Enfermagem
Identificar como o pai percebe sua contribuição no apoio e
estímulo à amamentação com base no aprendizado e verificar
como a companheira comprendeu sua participação.
19
Dificuldades na amamentação: sentimentos e
percepções paternas33
Brasil;
2018
Journal of
Nursing and
Health
Compreender a percepção paterna frente às dificuldades no
AM.
20
Coparenting breastfeeding support and exclusive
breastfeeding: a randomized controlled trial34
Canad
á;
2015
Journal
Pediatrics
Avaliar a eficácia de uma intervenção coparental no AME entre
mães e pais primíparos.
21
Guia do pré-natal do parceiro para profissionais de
saúde35
Brasil;
2015
Coordenação
Nacional de
Saúde do
Homem
CNSH/Ministéri
o da Saúde
Contextualizar a importância do envolvimento consciente e
ativo dos homens em todas as ações voltadas ao planejamento
reprodutivo e, ao mesmo tempo, contribuir para a ampliação e
a melhoria do acesso e acolhimento desta população aos
serviços de saúde, com enfoque na Atenção Básica.
Influência paterna no aleitamento materno: uma revisão de escopo
63
Rev Norte Mineira de enferm. 2021;10(2): 57-67.
Nota: *NE- nível de evidência
Fonte: Dados da pesquisa.
Quadro 3. Estudos encontrados conforme tipo de estudo, nível de evidência, participantes/amostra e principais resultados.
Crato, CE, Brasil, 2021.
CÓDIGO
TIPO DE
ESTUDO
NE*
AMOSTRA/
PARTICIPANTES
PRINCIPAIS RESULTADOS
1
Estudo quase
experimental
4
802 casais com mulheres em
idade gestacional de 12 a 27
semanas. O grupo intervenção
foi composto por 390 casais e o
grupo controle 412.
Mães cujos companheiros participaram do programa de promoção da amamentação,
relataram início precoce do AM e AME aos 1, 4 e 6 meses.
2
Revisão
sistemática
da literatura
2A
8 estudos
Implementar ações envolvendo os pais na amamentação aumenta o início precoce do
AM e no AME. O apoio dos parceiros exerce influência significativa na amamentação na
primeira hora de vida e na continuidade durante o período recomendado pelo
Ministério
da Saúde.
3
Revisão
sistemática
da literatura
2A
8 estudos
Ter como alvo os pais na promoção da amamentação aumentou as taxas de AME e
reduziu a utilização da fórmula. Além disso, o conhecimento e as atitudes maternas
melhoraram quando as intervenções envolveram os pais.
4
Revisão
narrativa da
literatura
5
2 estudos
A percepção paterna de que seu apoio resulta em uma amamentação satisfatória é um
fator importante para eficácia deste processo e fortalece a paternidade. O aumento da
satisfação materna se tornou mais evidente com a presença/envolvimento do pai na
amamentação.
5
Estudo de
coorte
2B
18.827 mães de crianças com
cerca de 9 meses de idade.
O contato frequente da a e do pai estava associado a níveis mais baixos do AM,
sugerindo uma relação negativa entre o apoio prático e a amamentação. O suporte
emocional paterno está associado ao início precoce do AM.
6
Estudo quase
experimental
4
492 casais com mulheres em
idade gestacional de 7 a 30
semanas de gestação.
Os pais e seu envolvimento ativo durante a gravidez e parto podem reduzir a utilização
de compostos lácteos e elevar os níveis de AME.
7
Estudo
longitudinal,
quantitativo
2B
2.903 gestantes e puérperas.
Mães que perceberam que os pais preferiam AME tinham maiores probabilidades de
iniciar a amamentação e menores riscos de interromper o AM em qualquer momento.
8
Estudo
transversal,
qualitativo
2B
20 pais de crianças entre 3
meses a 1 ano de idade.
Na perspectiva materna, a presença do pai é o apoio mais relevante para amamentar,
pois auxilia na manutenção da amamentação, proporciona períodos de descanso para a
mãe e fortalece o vínculo mãe/pai/filho.
9
Estudo
exploratório,
qualitativo
5
12 pais de crianças com menos
de 6 meses.
Os pais percebem que a amamentação é a melhor opção para nutrição adequada do
bebê e que esta também apresenta benefícios à mãe. O apoio emocional, financeiro,
proteção do binômio e assistência aos cuidados à saúde emergiram como os principais
papéis dos pais durante o AM.
10
Revisão
narrativa da
literatura
5
48 estudos
A atitude, o envolvimento e apoio positivo dos pais influenciam na decisão e no
comprometimento da amamentação. Além disso, está associado ao aumento das taxas e
duração do AM.
11
Revisão
sistemática
da literatura
2A
12 estudos
Houve aumento significativo nas taxas de AM com a presença/apoio paterno, incentivo
à continuação da amamentação, assim como maior satisfação da mãe neste processo.
12
Estudo de
coorte
2B
222 mães
Mães satisfeitas com o envolvimento paterno influenciavam positivamente na
continuidade da amamentação, que passaram de três para até seis meses, ou seja,
quanto mais precoce o envolvimento do pai, melhores os resultados do AM e a
satisfação materna.
Influência paterna no aleitamento materno: uma revisão de escopo
64
Rev Norte Mineira de enferm. 2021;10(2): 57-67.
13
Estudo
descritivo,
qualitativo
5
14 pais que tinham contato
diário com a companheira e
recém-nascido.
O incentivo, apoio e auxílio nas dificuldades vivenciadas durante a amamentação foram
identificadas pelos pais como facilitadoras no AM.
14
Estudo
transversal,
quantitativo
2B
1.127.861 binômios mãe-filho.
Mães que não receberam apoio paterno tiveram taxas de AM reduzidas e a falta de
assistência financeira atuou como fator contribuinte ao retorno ao trabalho e desmame
precoce.
15
Estudo de
coorte
2B
1.287 binômios mãe-filho.
Os parceiros foram identificados como a figura mais importante na determinação das
intenções das genitoras amamentarem.
16
Estudo
descritivo,
exploratório
e
quantitativo
5
115 mulheres com filhos de 2 a
8 meses de idade.
Grande parte das puérperas consideraram que a participação do pai é vista como
desejável, aliviando a sobrecarga que a amamentação acarreta.
17
Estudo quase
experimental
4
72 casais cujo grupo de
intervenção foi composto por
36 homens e suas companheiras
e o grupo controla com 36
gestantes.
O apoio, o comprometimento e o envolvimento dos pais no cuidado de outras crianças e
com as atividades domésticas, bem como o suporte emocional elevam as taxas de AME.
18
Estudo
qualitativo
5
8 gestantes e seus
companheiros.
Os pais demonstram satisfação em prestar cuidados aos filhos e apoiar as genitoras no
processo de amamentação. Estas ações são vistas com satisfação pelas companheiras e
estimulantes para continuidade do AM.
19
Estudo
descritivo,
qualitativo
5
12 pais que possuíam filhos
nascidos na maternidade em
janeiro de 2017 e que o binômio
mãe/filho apresentavam alguma
dificuldade na amamentação.
A prática da amamentação pode ser influenciada pelo conhecimento dos pais sobre os
benefícios e seu apoio nos cuidados ao recém-nascido e afazeres domésticos.
Sentimentos de preocupação, tristeza e apreensão foram referidos pelos pais diante de
dificuldades vivenciadas pelas esposas e ausência de conhecimento para auxiliá-las.
20
Ensaio clínico
randomizado
2B
214 casais; 107 mães e seus
companheiros no grupo
intervenção e 107 do grupo
controle.
Os pais do grupo intervenção tiveram aumento significativo nos escores de autoeficácia
da amamentação e satisfação materna.
21
Não se aplica
5
Não se aplica.
O envolvimento consciente dos parceiros em todas as etapas do planejamento
reprodutivo e da gestação pode ser determinante para a criação e/ou fortalecimento de
vínculos afetivos entre eles, suas parceiras e s eu s filhos, além de fornecer
orientações ao pai/parceiro sobre como este pode estimular e favorecer a
amamentação.
Fonte: Dados da pesquisa.
Com relação aos principais resultados, houve predomínio de focos que retrataram a figura paterna como aquela que apresenta
forte influência na decisão da mãe amamentar e dar continuidade a este processo, podendo auxiliá-la nos afazeres domésticos,
assim como no cuidar de outros filhos para que a genitora possa amamentar. Além disso, nota-se que a promoção de
informações ao parceiro fortalece o AM, pois ele pode encorajar a mãe diante das dificuldades existentes e
consequentemente promover maior duração do AME.
DISCUSSÃO
Diante das evidências, o envolvimento paterno na promoção da amamentação trouxe efeitos positivos na intenção,
exclusividade e duração do AM15, 16, 17, 20, 23. Além disso, o apoio da figura paterna auxilia no fornecimento de suporte
emocional, proteção ao binômio e motivação para continuidade do aleitar.18, 23, 27, 30, 32
O conhecimento paterno, assim como suas atitudes, são fatores que influenciam nas decisões maternas relativas à
amamentação24, 30, 33. Por isso o desenvolvimento de intervenções que visem a inserção do parceiro neste processo desde o
pré-natal até o puerpério são aspectos que devem ser trabalhados pelos profissionais de saúde31, 33, 34, 35 a fim de elevar não
somente as taxas de AME, mas também de acolher o parceiro nesse processo e superar as dificuldades que possam ser
vivenciadas pela mãe.
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Segundo a visão materna, investir na participação do pai no processo de aleitar é tarefa essencial, que ao perceberem tal
envolvimento, estas sentem-se mais acolhidas e encorajadas a amamentar por um período de tempo maior, além de se
sentirem satisfeitas quanto ao apoio do seu parceiro. A participação e o envolvimento do pai podem ser fatores importantes
para o sucesso do AME e a consequentemente redução do desmame precoce23, 24, 25 , pois como retratado em um dos
estudos21, as mães tendem a amamentar por mais tempo quando ela e seu parceiro compartilham o mesmo posicionamento.
Conforme a visão paterna, a amamentação é tida como a melhor opção no que diz respeito à nutrição e desenvolvimento
infantil e que seu envolvimento/apoio funcionam como incentivo para a saúde da criança e prevenção de doenças22, 23, 27,
sendo necessário que os profissionais criem um ambiente propício para sua participação/inserção desde o pré-natal até o
período puerperal.23, 29, 33
O reconhecimento da paternidade também foi retratado28 como fator preditor no que diz respeito ao aleitamento, que
mães cujos filhos não foram reconhecidos pelos pais precisam de apoio de profissionais, como consultores de amamentação,
no intuito de auxiliar no estabelecimento de práticas alimentares adequadas ao neonato.
Desse modo, evidencia-se a importância de estimular e valorizar a participação do parceiro, além de envolvê-los ativamente
neste processo de gestação, parto e pós-parto. Isso pode ser feito por meio de ferramentas essenciais como o Guia do Pré-
natal do Parceiro, pois este pode efetivar a participação do pai na amamentação e tornar-se um relevante aliado como porta
de entrada para este homem nos serviços de saúde, o que ratificaria uma mudança no paradigma binômio para o trinômio
mãe-pai-filho.33, 35
Ademais, como forma de modificar as ações relativas ao aleitamento e em busca da inserção do parceiro neste processo,
torna-se essencial refletir a respeito da formação dos profissionais da saúde, visto que durante sua formação acadêmica as
temáticas associadas à amamentação englobam somente o binômio. Essa lacuna também é percebida na atuação desses
profissionais nos serviços de saúde, onde não são desenvolvidas capacitações para receber e assistir a figura paterna. Essa
situação deve ser repensada no desenvolvimento de políticas de educação permanente e continuada dos serviços de saúde.32
Conforme o Guia do Pré-Natal do Parceiro, existem etapas que devem ser desempenhadas pelos profissionais de saúde no
intuito de favorecer este processo de inclusão do pai em todo este seguimento, quais sejam: o acolhimento, quando os
profissionais devem ouvir as expectativas, discutir e planejar sua participação no período do pré-natal, parto e pós-parto; a
realização de exames, de testes rápidos e de vacinação, informando-os sobre a importância de cada um deles;
acompanhamento e avaliação das consultas de pré-natais, a fim de manter o diálogo sobre possíveis intercorrências ou
estressores relativos à gravidez, além de explicar questionamentos que possam surgir; e o envolvimento dos homens no parto
e puerpério, respeitando o direito da mulher ao acompanhante.35
Entende-se que para isso, o fortalecimento de ações relativas ao acolhimento dos pais, preparo e capacitações dos
profissionais de saúde são necessários para que estes sintam-se aptos para envolvê-los e inseri-los como figuras importantes
em todo processo gravídico-puerperal.22 Além disso, o planejamento de estratégias pela equipe de saúde pode favorecer a
participação efetiva e contínua do companheiro na realização de diferentes tarefas que possam favorecer à amamentação.16
Mediante a realização desta revisão de escopo, evidencia-se que a participação paterna no processo da amamentação é fator
essencial para o fortalecimento, implementação e continuidade do AM. Essas evidências podem estimular o desenvolvimento
de estratégias que visem a inserção deste desde a concepção até o crescimento e desenvolvimento infantil, o que fortaleceria o
estabelecimento do nculo entre o binômio e implicaria positivamente nas taxas de AME.
Como limitação do estudo, cita-se a inclusão de artigos publicados apenas nos idiomas inglês, português e espanhol,
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disponíveis na íntegra e gratuitos, bem como a não realização da nona etapa da revisão de escopo.
Percebe-se que estudos adicionais com maiores níveis de evidência necessitam ser realizados, buscando abordar os fatores
que promovam à inserção do parceiro na amamentação bem como sua participar de forma efetiva durante a gestação e
período puerperal. Além disso, é indispensável investigar a visão dos profissionais da saúde quanto à participação destes nas
consultas e de que forma a comunicação entre profissional, genitora e parceiro pode ser favorecida.
CONCLUSÃO
Depreende-se que o desenvolvimento deste estudo possibilitou sistematizar as principais evidências dispostas na literatura
acerca da influência da figura paterna quanto ao processo de aleitamento materno. Foi identificado que a participação do pai
na amamentação pode funcionar de maneira positiva, visto que estes podem auxiliar a mãe no cuidado com os outros filhos ou
nos afazeres domésticos, assim como no apoio emocional para superar as possíveis dificuldades que possam ser enfrentadas
pela genitora. Além disso, ao serem percebidos a participação e o apoio do pai neste processo, as mães tendem a amamentar
por um período relativamente maior quando comparado com aquelas que não contam com essa cooperação.
Portanto, nota-se a importância de incluir o pai, desde a concepção até o crescimento e desenvolvimento infantil, sendo
indispensável a capacitação dos profissionais de saúde para aquisição de um olhar integrador acerca do pai, que estes
encontram-se em contato direto com o binômio, podendo auxiliar e vivenciar este processo de forma efetiva, como também
fortalecer o vínculo e a continuidade da amamentação.
Declaramos que não há conflitos de interesse.
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