REVISTA NORTE MINEIRA
DE ENFERMAGEM
ISSN: 2317-3092
Recebido em:
24/10/2021
Aprovado em:
22/05/2022
Como citar este artigo
Costa FM, Cardoso LL, Gomes DC, Soares IC,
Veloso IGAL, Lafetá KRG, Silva PM, Carneiro JA,
Martins AMEBl. Imunidade contra hepatite B:
prevalência e fatores associados em acadêmicos
de cursos da área da saúde. Rev Norte Mineira
de enferm. 2021; 10(2):102-111.
Autor correspondente
Fernanda Marques da Costa
Centro Universitário FIPMoc/Afya
UNIFIPMoc/Afya de Montes Claros-MG
Correio eletrônico:
fernanda.costa@professor.unifipmoc.com.br
ARTIGO ORIGINAL
IMUNIDADE CONTRA HEPATITE B: PREVALÊNCIA E FATORES
ASSOCIADOS EM ACADÊMICOS DE CURSOS DA ÁREA DA SAÚDE
Immunization against hepatitis B: associated factors among
students in the health courses
Fernanda Marques da Costa1, Leonardo Lamêgo Cardoso2, Denio de Castro Gomes3, Igor Caldeira
Soares4, Isis Gabriella Antunes Lopes Veloso5, Katia Regina Gandra Lafetá6, Patricia Mameluque e
Silva7, Jair Almeida Carneiro8, Andréa Maria Eleutério de Barros Lima Martins9.
1 Professora do Centro Universitário FIPMoc/Afya UNIFIPMoc/Afya de Montes Claros-MG, Brasil.
fernanda.costa@professor.unifipmoc.com.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3008-7747.
2 Estudante de Medicina do Centro Universitário FIPMoc/Afya UNIFIPMoc/Afya de Montes
Claros-MG, Brasil, Brasil. leonardolamegoc@hotmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-
4087-0591.
3 Professor do Centro Universitário FIPMoc/Afya UNIFIPMoc/Afya de Montes Claros-MG.
deniocgomes@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0945-5645.
4 Professor do Centro Universitário FIPMoc/Afya UNIFIPMoc/Afya de Montes Claros-MG.
igor.soares@professor.unifipmoc.edu.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8632-0421.
5 Professora do Centro Universitário FIPMoc/Afya UNIFIPMoc/Afya de Montes Claros-MG.
isisgabriella@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5398-7134.
6 Professora do Centro Universitário FIPMoc/Afya UNIFIPMoc/Afya de Montes Claros-MG.
katia.gandra@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1331-0596.
7 Professora Centro Universitário FIPMoc/Afya UNIFIPMoc/Afya de Montes Claros-MG, Brasil.
patricia.silva@professor.unifipmoc.edu.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3554-381X.
8 Professor do Centro Universitário FIPMoc/Afya UNIFIPMoc/Afya de Montes Claros-MG, Brasil.
jair.carneiro@orientador.unifipmoc.edu.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9501-918X.
9 Professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Estadual de
Montes Claros-MG, Brasil. martins.andreamebl@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-
1205-9910.
DOI: https://doi.org/10.46551/rnm23173092202100211
Propõe-se avaliar a prevalência e os fatores associados à imunidade a HB entre os
acadêmicos da área da saúde vacinados contra hepatite B (HB). Avaliou-se uma amostra
de acadêmicos do primeiro período de cursos superiores da área da saúde. A situação
vacinal foi avaliada pelo cartão vacinal. Entre os que receberam pelo menos uma dose
da vacina nos últimos dez anos avaliou-se a imunidade por meio da dosagem do anti-
HBs sanguíneo. A associação entre a imunidade contra HB e as variáveis independentes
foi investigada por meio de análise bivariada e múltipla, utilizando a Regressão Logística.
Dos 960 acadêmicos, 690 (71,9%) possuíam cartão vacinal, 313 (32,6%) foram vacinados
contra HB nos últimos 10 anos e dosaram o anti-HBs. Dos 313, 224 (71,6%)
apresentaram um nível de anti-HBs acima de 10 mUI/ml, indicando imunidade.
Constatou-se associação entre o tempo decorrido pós-vacinação e imunidade contra a
HB, além de uma relação de dose resposta entre esquema vacinal e imunidade. A
imunidade foi menor entre os acadêmicos com mais tempo de estudo e maior entre
aqueles que possuíam filhos, cursaram outra faculdade e eram portadores de doença
sistêmica. necessidade de campanhas de vacinação assim como do teste de
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verificação da imunidade para confirmar a imunidade entre acadêmicos da área da
saúde.
DESCRITORES: Exposição Ocupacional, Hepatite B, Epidemiologia.
It is proposed to identify between health care academic vaccinated against hepatitis B
(HB) the prevalence and factors associated with immunity to HB. We evaluated a sample
of students from the first period of higher education in the health area. The vaccination
was evaluated in vaccine design, among those who received at least one dose of vaccine
in the last ten years evaluated the immunity through the blood anti-HBs dosage. The
association between immunity against HB and the independent variables was
investigated by bivariate and multivariate analysis using logistic regression. Of the 960
students, 690 (71.9%) had a vaccination card, 313 (32.6%) were vaccinated against HB in
the last 10 years and dosed anti-HBs. Of the 313, 224 (71.6%) presented an anti-HBs
level above 10 mIU / ml, indicating immunity. It found an association between the
elapsed time post-vaccination and immunity against HB, plus a dose response
relationship between vaccination schedule and immunity. Immunity was lower among
students with more study time and higher among those who had children, attended
another college and were suffering from systemic disease. There is need for vaccination
campaigns as well as the immunity of the verification test to confirm immunity among
health care academics.
Keywords: Occupational exposure, Hepatitis B, Epidemiology.
INTRODUÇÃO
A hepatite B (HB) é considerada um problema de saúde pública mundial. É a mais frequente forma de hepatite infecciosa. Mais
de 240 milhões de pessoas no mundo são portadores da infecção crônica, sendo que 780 mil pessoas morrem anualmente
devido as consequências agudas ou crônicas da HB1. No Brasil, a maior parte deles nas regiões Sudeste e Sul. Ressalta-se que
dos casos notificados no Brasil, 78,3% eram da forma crônica2. A HB é uma condição assintomática em muitos indivíduos, mas
pode apresentar-se como uma doença fulminante, aguda ou crônica. Essa última forma pode evoluir para complicações graves,
tais como cirrose e carcinoma hepatocelular1.
Esses dados apontam para uma situação de vulnerabilidade entre brasileiros. Entretanto, grupos específicos como
trabalhadores e acadêmicos da saúde representam uma população com maior risco de se infectar pelo Vírus da Hepatite B
(VHB). Essa maior vulnerabilidade se deve a duração e frequência do contato dessas pessoas com material biológico de
pacientes que podem apresentar positividade para AgHBs3. Além disso, acadêmicos e profissionais de saúde podem
representar um importante elo na cadeia de transmissão da HB, podendo tanto se infectar como transmitir a doença aos seus
pacientes, principalmente, se apresentarem lesões em membros superiores4.
A vacina contra a HB representa a melhor e mais eficaz forma de prevenir a infecção pelo VHB. No Brasil, foi introduzida em
regiões endêmicas em 1989 e em 1998 foi incluída no calendário vacinal infantil. Atualmente também está disponível para
população adulta até os 49 anos2. Para os trabalhadores e acadêmicos da saúde, a vacinação é indicada para 100% dos
indivíduos, independente da faixa etária e deve ser administrada em três doses, respeitando os períodos de zero, um e seis
meses de intervalo entre as doses2. Recomenda-se ainda que para adultos que receberam a vacina na infância, ao ingressarem
em trabalho na área da saúde devem realizar o teste sorológico para dosagem do anti-HBs, caso não estejam imunes (anti-
HBs< que 10ml/UI) devem receber novo esquema vacinal5.
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A vacina após o esquema completo pode induzir alto grau de imunidade, contudo, aproximadamente, 5% a 10% dos vacinados,
não alcançam os títulos protetores de anticorpos6. A eficácia da vacinação depende de vários aspectos, tais como sexo, idade,
estado nutricional, presença de inflamação, redução dos níveis de eritropoietina e da baixa atividade de leucócitos T e B.
Adicionalmente, os títulos anti-HBs podem cair ao longo do tempo podendo ser indetectáveis após 10 anos de vacinação7, o
que pode estar relacionado aos hábitos de vida e à idade em que se recebeu o esquema vacinal6-8.
Estudos prévios conduzidos entre acadêmicos da área da saúde no Brasil quanto à imunidade contra a HB9,10 têm demonstrado
uma alta prevalência de vacinação (superiores a 70%). Estudos entre esses acadêmicos poderão nortear mudança na conduta
das Instituições de Ensino Superior (IES), que devem promover e estimular a vacinação com verificação da imunidade entre
eles, ou ainda, oferecer a dosagem sorológica no momento do ingresso no curso da área saúde. O estudo pode contribuir ainda
para a implementação dos esforços para campanhas de imunização em cursos da área da saúde. Neste contexto, o objetivo
deste estudo foi avaliar a prevalência e os fatores associados à imunidade a hepatite B entre os acadêmicos da área da saúde
vacinados.
MÉTODO
Estudo transversal conduzido entre os ingressantes em cursos superiores da área da saúde de Instituições de Ensino Superior
(IES) de Montes Claros, MG. Foi avaliada uma amostra não probabilística para população infinita, com estimativa de
proporções da ocorrência dos eventos em 50% da população, grau de confiança de 95%, erro de 5,5%, perfazendo um total de
318 acadêmicos que ingressaram nos cursos da área da saúde (enfermagem, farmácia, medicina e odontologia), foram
acescidos 20% para compensar as possíveis perdas. A cada semestre, durante dois anos, os ingressantes nos citados cursos
foram convidados a participar do estudo até o momento em que a amostra estimada foi alcançada. A escolha dos cursos dos
quais os acadêmicos foram selecionados se deu em decorrência de que no Brasil, a vacinação contra a HB é recomendada
universalmente para recém-nascidos, adultos até 49 anos e para pessoas com risco acrescido para adquirir a infecção, entre
elas os acadêmicos e trabalhadores da saúde11.
Os dados foram coletados por meio da avaliação do cartão de vacinação e aplicação de um questionário previamente testado
entre acadêmicos de outros períodos não considerados no estudo. Os instrumentos de pesquisa foram aplicados por duas
vezes. Foram alcançados níveis de concordância kappa 0,61 para todas as perguntas. Os estudantes foram previamente
contatados e foi solicitado a eles que portassem o cartão vacinal. O cartão foi conferido no momento da aplicação dos
questionários.
Após a autorização das instituições e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, as entrevistas foram
realizadas na sala de aula. Os participantes responderam os questionários, que foram preenchidos pelos entrevistadores. O
questionário utilizado foi composto de questões fechadas contemplando aspectos socioeconômicos e demográficos,
acadêmicos e comportamentais. A prevalência de vacinação foi avaliada a partir da análise do cartão de vacina com a
contagem das doses de vacinas recebidas. Para a verificação do estado imunológico, foram considerados apenas os
acadêmicos que receberam pelo menos uma dose da vacina nos últimos 10 anos, conforme registro no cartão de vacinação.
Amostras de sangue foram coletadas dos entrevistados que aceitaram participar dessa etapa. As análises laboratoriais foram
feitas em laboratório devidamente certificado. Após a coleta de sangue foi verificada a dosagem de anti-HBs, cuja titulação
considerada protetora foi 10 mUI/ml, valores inferiores referiram-se à imunidade latente ou ausência de imunidade12. Para a
definição de imunização, considerou-se a titulação de anti-HBs sendo considerados não imunes (variável dependente), aqueles
com antiHBs < 10 mUI/ml e imunes com antiHBs > 10 mUI/ml
Avaliou-se a associação da imunidade contra HB com as variáveis independentes agrupadas da seguinte forma: aspectos sócios
econômicos e demográficos, aspectos acadêmicos, saúde geral e comportamentos relacionados à saúde. As variáveis relativas
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aos aspectos socioeconômicos e demográficos foram: sexo; idade em anos; situação conjugal (com companheiro/sem
companheiro); com quem mora (familiares e ou cônjuge/ com amigos ou sozinho); cidade de origem (Montes Claros/outra
cidade); possui filhos (sim/não); trabalha além de estudar (sim/não); anos de estudo do pai e da mãe (o ponto de corte foi a
média e apresentavam uma distribuição simétrica). Quanto aos aspectos acadêmicos: anos de estudo (o ponto de corte foi a
média e apresentavam uma distribuição simétrica); cursou outro curso superior. Em relação a saúde geral: peso em quilos;
altura em metros (auto relatados a partir dos quais foi calculado o índice de massa corporal - < 18,5 = baixo peso, 18,5 a 25,0 =
peso adequado, > 25,0 = sobrepeso)13, presença de doença (s) sistêmica (s) diagnosticada (s) por médico (não/sim); uso de
medicamentos prescritos por médico (não/sim); tatuagem e transfusão de sangue (não/sim).
As variáveis contínuas idade e escolaridade foram categorizadas (o ponto de corte foi a média e apresentavam uma
distribuição simétrica). Quanto aos aspectos comportamentais, as variáveis foram: uso de anticoncepcional; parceiro sexual
(sim/não); orientação sexual (heterossexual/homossexual); vida sexual ativa; uso de preservativo masculino; contato anterior
com portadores de HB ou contato com perfurocortantes. Foram ainda avaliadas atividade física, dieta, tabagismo, uso de
bebidas alcóolicas. Essas variáveis foram avaliadas empregando a “Escala de Estilo de Vida Fantástico” que traz as questões em
escala de Likert:
- Atividade física (não, menos de uma vez por semana, 1 a 2 vezes por semana, 3 a 4 vezes por semana e mais de 5 vezes por
semana), categorizada em não (menos de uma vez por semana) e em sim (1 a 4 vezes por semana e mais de 5 vezes por
semana);
- Dieta: Categorizada em dieta balanceada (definida conforme a quantidades e grupos de alimentos necessários para a idade)
ou dieta prejudicial à saúde (ingestão de alimentos prejudiciais à saúde tais como sal, açúcar, gordura animal e salgadinhos);
- Tabagismo: em fumante ativo ou passivo: fumante ativo foi definido pelo uso e quantidade de cigarros que fuma
diariamente14; fumante passivo quando o estudante possuía contato permanente com fumantes por pelo menos uma hora ao
dia; não fumantes como aqueles que não fumam no momento e nunca fumaram antes.
- Uso de drogas ilícitas consideradas maconha ou cocaína;
- Consumo de bebidas alcoólicas: mensurado pela média de ingestão de doses de bebida alcoólica por semana. As doses de
álcool foram definidas como - 1 dose = 1 lata de cerveja (340 ml) ou 1 copo de vinho (142 ml) ou 1 curto (42 ml). Foi
categorizada em: uso não prejudicial de bebida alcoólica (consumo de 0 a 7 doses por semana) ou uso prejudicial de bebida
alcoólica (consumo acima de 8 doses por semana)14.
As análises estatísticas foram realizadas utilizando o software PASW® (Predictive Analytics Software) versão 18.0 for Windows.
Os dados foram submetidos a uma análise descritiva. A associação entre a imunidade contra HB e as variáveis independentes
foi investigada por meio de análise bivariada e múltipla, utilizando a Regressão Logística. Inicialmente, foram incluídas na
análise múltipla, as variáveis associadas a imunidade na análise bivariada com valor p < 0,20. Depois cada uma das variáveis foi
incluída uma a uma para ajuste do modelo final. Para análise do ajuste do modelo final utilizou-se o teste Hosmer and
Lemeshow. Adotou-se um nível de significância de 5% (p≤ 0,05). O estudo atendeu os princípios éticos da Resolução do
Conselho Nacional de Saúde (CNS) n°466/12 e foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa (CEP/ SOEBRAS n°01758).
RESULTADOS
Do total de 960 acadêmicos convidados a participar do estudo, 690 (71,9%) possuíam cartão vacinal. Dentre os que possuíam
registro de, pelo menos, uma dose da vacina (605), 490 aceitaram realizar a coleta de sangue para dosagem do anti-HBs.
Dentre esses, 313 vacinaram há menos de 10 anos (64,0%), que foi a amostra considerada para a definição da imunização.
Dessa amostra, 221 (70,6%) receberam o esquema completo contra HB, 224 (71,6%) apresentaram imunidade, com sorologia
de anti-HBs acima de 10 mUI/ml, nos demais foram encontrados valores de anti-HBs que variaram de 0,00 a 9,99 mUI/ml.
Os acadêmicos que foram excluídos do estudo por não apresentarem o cartão de vacinal eram em sua maioria do sexo
feminino (n=219; 81,1%); tinham até 22 anos de idade (n=148, 54,8%); não possuíam companheiro (n=222; 82,2%); residiam
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com familiares (n=211,78,1%); não possuíam filhos (n=203; 75,2%); não trabalhavam (n=178, 65,9%) e vieram de outras
cidades para estudar em Montes Claros-MG (n=144;53,3%). Além disso, não haviam cursado outra faculdade na área da saúde
(n=251; 93%) e nem em outra área (n=238;88,1%); nunca tiveram contato com perfurocortante (n=222; 82,2%); os pais
possuíam, em média, até 8 anos de estudo (n=148; 54,8%); e as mães, em média, mais de 10 anos (n=162; 60%). Eles não
apresentavam tatuagem (n=161; 60%); não possuíam doença sistêmica (n=225; 83,3%); não faziam uso de medicamentos
(n=219; 81,1%) e nem anticoncepcional (n=118; 43,7%); estavam dentro da faixa de IMC considerada eutrófica (n=174; 64,4%);
possuíam parceiro sexual (n=201; 74,4%); não usavam preservativo (n=207; 77,7%); não praticavam atividade física (n=190;
70,4%); não mantinham uma dieta balanceada (n=198; 73,3%) e ingeriam alimentos prejudiciais (n=209; 77,4%); nunca tiveram
casos de HB na família (n=163; 60,4%). Esses acadêmicos, embora não apresentaram o cartão vacinal, foram questionados
sobre a vacina contra HB e apenas 32 (12,0%) afirmaram ter recebido o esquema vacinal completo.
Entre os estudantes vacinados (n=313), constatou-se maior proporção de indivíduos imunes entre os que receberam o
esquema completo quando comparado aos receberam uma ou duas doses. Além disso, quanto maior o tempo decorrido após
a vacinação menor a proporção de imunidade (Tabela 1).
Tabela 1 Frequência de acadêmicos imunes ou não imunes de acordo com o número de doses e o tempo de vacinação contra HB e distribuição do número
de doses por tempo entre acadêmicos ingressantes em cursos da saúde, Montes Claros-Minas Gerais. (n=313)
Variáveis
Imune
Vacina contra HB
n(%)
1 dose
7 (16,70)
2 doses
12 (24,0)
3 doses
205 (92,8)
Tempo de Vacinação
Número de doses da vacina
1
2
3
Até 1 ano
99 (94,3)
11(10,5)
12 (11,4)
82 (78,1)
Entre 1 e 2 anos
76 (91,6)
7 (8,4)
0 (0,00)
76 (91,6)
Entre 2 e 3 anos
29 (70,7)
6 (14,6)
7 (17,1)
28 (68,3)
Entre 3 e 4 anos
12 (46,2)
6 (23,1)
8 (30,8)
12 (46,1)
Entre 4 e 5 anos
3 (15,8)
2 (10,5)
13 (68,4)
4 (21,1)
Entre 5 e 6 anos
2 (16,7)
5 (41,7)
3 (25,0)
4 (33,3)
Entre 6 e 7 anos
1 (11,1)
1 (11,1)
4 (44,4)
4 (44,4)
Entre 7 e 8 anos
2 (20,0)
1 (10,0)
3 (30,0)
6 (60,0)
Entre 8 e 9 anos
0 (0,0)
3 (42,9)
0 (0,0)
4 (57,1)
Entre 9 e 10 anos
0 (0,0)
11(10,5)
12 (11,4)
82 (78,1)
Na análise bivariada, variáveis pertencentes aos aspectos socioeconômicos, acadêmicos, saúde geral e comportamentais com
p≤0,20 foram consideradas elegíveis para a análise múltipla (Tabela 2).
Tabela 2 Caracterização dos acadêmicos da área da saúde que vacinaram há menos de 10 anos e alise bivariada dos fatores associados a imunidade contra
HB, Montes Claros (n=313).
Vacinados
IMUNIDADE
Variáveis
n (%)
Sim
Não
OR
IC 95%
Valor P
n
%
n
%
ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS E DEMOGRÁFICOS
Sexo
Masculino
65 (20,8)
43
66,2
22
33,8
1
Feminino
248 (79,2)
181
73,0
67
27,0
1,38
0,77-2,48
0,21
Idade
Até 22 anos
248 (79,2)
179
72,2
69
27,8
1
23 anos e mais
65 (20,8)
45
69,2
20
30,8
0,86
0,47-1,57
0,40
Situação conjugal
Com companheiro
25 (8,0)
20
80,0
5
20,0
1
Sem companheiro
288 (92,0)
204
70,8
84
29,2
0,67
0,22-1,67
0,11
Com quem mora
Com familiares e/ou cônjuge
233 (74,4)
164
70,4
69
29,6
1
Com colegas ou sozinho
80 (25,6)
60
75,0
20
25,0
1,26
0,71-2,25
0,27
Imunidade contra hepatite B em estudantes da área da saúde
107
Rev Norte Mineira de enferm. 2021; 10(2): 102-111.
Cidade de origem
Montes Claros
141 (45,0)
103
73,0
38
27,0
1
Outra cidade
172 (55,0)
121
70,3
51
29,7
0,86
0,53-1,38
0,31
Possui filhos
Não
280 (89,5)
196
70,0
84
30,0
1
Sim
33 (10,5)
28
84,8
5
15,2
2,40
0,89-6,42
0,08
Trabalha, além de estudar
Não
241 (77,0)
175
72,6
66
27,4
1
Sim
72 (23,0)
49
68,1
23
31,9
0,80
0,45-1,42
0,35
ASPECTOS ACADÊMICOS
Anos de estudo (média= 12 anos)
Menos de 12 anos
222 (70,9)
169
76,1
53
23,9
1
12 anos e mais
91 (29,1)
55
60,4
36
39,6
0,47
0,28-0,80
0,00
Cursou outro curso superior
Não
277 (88,5)
194
70,0
83
30,0
1
Sim
36 (11,5)
30
83,3
6
16,7
2,13
0,85-5,33
0,10
SAÚDE GERAL
IMC
< 18,99
29 (9,3)
17
58,6
12
41,4
1
Entre 19,00 e 24,99
220 (70,3)
157
71,4
63
28,6
1,75
0,79-3,89
0,16
> 25,00
64 (20,4)
50
78,1
14
21,9
2,52
0,97-6,50
0,06
Doença Sistêmica
Não possui doença
249 (79,6)
169
67,9
80
32,1
1
Sim tem ou teve doença
64 (20,4)
55
85,9
9
14,1
2,89
1,36-6,14
0,00
Uso de Medicamentos
Não
251(80,2)
179
71,3
72
28,7
1
Sim
62(19,8)
45
72,6
17
27,4
1,06
0,57-1,98
0,84
Tatuagem
Não
205(65,5)
152
74,1
53
25,9
1
Sim
108(34,5)
72
66,7
36
33,3
0,69
0,42-1,15
0,16
ASPECTOS COMPORTAMENTAIS
Faz uso de anticoncepcional
Não
134(42,8)
103
70,5
43
29,5
1
Sim
114(36,4)
98
76,6
30
23,4
1,56
0,92-2,66
Não se aplica, sou homem
65 (20,8)
51
68,0
24
32,0
0,88
0,48-1,61
0,09
Orientação Sexual
Heterossexual
302(96,5)
238
71,3
96
28,7
1
Homossexual
11 (3,5)
14
93,3
1
6,7
4,11
0,51-3,60
0,18
Vida sexual ativa
Sim
223 (71,2)
182
73,7
65
26,3
1
Não
90 (28,8)
70
68,6
32
31,4
0,77
0,45-1,31
0,34
Uso de Preservativo masculino
Sim
76(24,3)
63
72,4
24
27,6
1
Não
147(47,0)
123
74,4
126
25,6
1,16
0,61-1,99
0,62
Não possuo vida sexual ativa
90(28,8)
71
68,6
106
31,4
0,85
0,44-1,56
0,64
Atividade física
Sim
146(46,6)
81
74,3
28
25,7
1
Não
167(53,4)
171
71,2
69
28,8
0,85
0,51-1,43
0,58
Dieta Balanceada
Sim
88(28,1)
70
72,2
27
27,8
1
Não
225(71,9)
182
72,2
70
27,8
0,92
0,53-1,60
0,77
Ingere alimentos prejudiciais a saúde
Sim
78(24,9)
67
77,9
19
22,1
1
Não
235(75,1)
185
70,3
78
29,7
0,63
0,34-1,15
0,13
Fumante ativo
Não
273(87,2)
218
71,2
88
28,8
1
Sim
40(12,8)
34
79,1
9
20,9
1,42
0,65-3,31
0,37
Fumante passivo
Não
174(55,6)
136
69,7
59
30,3
1
Sim
139(44,4)
116
75,3
38
24,7
1,33
0,82-2,13
0,25
Uso de drogas ilícitas
Não
287(91,7)
231
71,7
91
28,3
1
Sim
26(8,3)
21
77,8
6
22,2
1,37
0,53-3,52
0,33
Ingere bebida alcoólica
Não
158(50,5)
128
71,9
50
28,1
1
Sim
155(49,5)
124
72,5
47
27,5
1,03
0,64-1,64
0,49
Contato com portadores de HB
Imunidade contra hepatite B em estudantes da área da saúde
108
Rev Norte Mineira de enferm. 2021; 10(2): 102-111.
Não
290(92,7)
232
71,6
92
28,4
1
Sim
23(7,3)
20
80,0
5
20,0
1,58
0,57-4,35
0,25
Contato com perfurocortantes
Não
253(80,8)
213
74,5
73
25,5
1
Sim
60(19,2)
39
61,9
24
38,1
0,62
0,34-1,12
0,11
Na análise múltipla, constatou-se que maior frequência de imunidade entre os acadêmicos que possuíam filhos, cursaram
outro curso superior e eram portadores de doença sistêmica diagnosticada por médico e foi menor entre os que relataram ter
mais de 12 anos de estudo (Tabela 3).
Tabela 3: Modelo final dos fatores associados à imunidade contra HB entre acadêmicos da área de saúde. Montes Claros.
Variáveis Independentes
OR ajustada
IC 95%
p valor
Possui filhos
Não
1
Sim
2,84
1,01-8,12
0,05
Anos de estudo
Até 12 anos
1
Mais de 12 anos
0,30
0,16-0,55
0,00
Cursou outra faculdade
Não
1
Sim
3,67
1,35-9,92
0,01
Doença Sistêmica
Não
1
Sim
2,82
1,30-6,14
0,00
DISCUSSÃO
Considerando que os acadêmicos da área da saúde são, potencialmente, os profissionais do futuro a prevalência de 70,6% de
esquema vacinal completo é preocupante. É recomendado 100% de vacinação contra HB entre profissionais2. Esse baixo
percentual de esquema vacinal completo também é relevante, pois a vacinação foi menor se comparada a estudo realizado
entre acadêmicos da área da sde de São Paulo-SP e João Pessoa-PB que encontraram 77,4% e 74,7% de vacinação completa,
respectivamente9,10. Os acadêmicos da área da saúde devem seguir essa recomendação, pois a vacina é comprovadamente
segura e a maneira mais eficaz na prevenção da infecção pelo VHB2. Além da vacinação, a aderência às medidas de precaução
padrão e o cuidado por parte dos acadêmicos são fundamentais para evitar a transmissão do vírus nos serviços de saúde
durante as atividades práticas curriculares15. Vale ressaltar também a importância da verificação da soroconversão. Após três
doses intramusculares da vacina, aproximadamente 10% de adultos jovens não desenvolvem respostas adequadas de
anticorpos e esse percentual pode aumentar com a idade5.
Constatou-se que a prevalência de imunidade na presente investigação foi inferior à registrada em estudos prévios. No
presente estudo foi verificado que 71,6% dos acadêmicos apresentavam anti-HBs superior a 10mUI/ml. Estudo com
universitários italianos da área da saúde verificou que 82,7% eram imunes16. A taxa de anti-HBs registrada representa um fato
inquietante, uma vez que sugere a necessidade de oferta de informação o quanto antes na graduação. Tanto a vacina quanto a
verificação da imunidade deveriam ser disponibilizados por meio de serviços de apoio ao estudante que poderiam estar
presentes nas IES. Também é importante que seja feita a avaliação da efetividade das salas de vacina do município e região.
A importância da realização da dosagem de anti-HBs após a vacinação é reconhecida, visto que a resposta à vacina depende de
cada organismo e existe o risco de não se atingir níveis protetores de anticorpos e que novas doses de reforço podem ser
necessárias. Essa situação deve ser avaliada caso a caso entre acadêmicos e trabalhadores de saúde e a conduta a ser seguida
deve ser determinada por um serviço de referência em saúde do trabalhador17. O teste sorológico determina as dosagens de
Imunidade contra hepatite B em estudantes da área da saúde
109
Rev Norte Mineira de enferm. 2021; 10(2): 102-111.
anti-HBs após contato ou vacinação pelo VHB, e é o único meio para monitorar o êxito da vacinação contra essa doença.
Embora recomendado, esse exame não está disponível gratuitamente na rede de saúde pública para os profissionais e
acadêmicos da saúde10. Tal situação sinaliza um paradoxo na atenção à saúde do trabalhador que determina a vacinação a
100% dos trabalhadores e acadêmicos da saúde, distribui a vacina sem custos para os usuários e também recomenda a
verificação da imunidade, mas não oferece o teste na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, muitos acadêmicos
alegam desconhecer a aplicabilidade e necessidade do teste sorológico para dosagem do anti-HBs16.
Como esperado, constatou-se que existe relação dose resposta, ou seja, os acadêmicos que receberam o esquema completo
estão mais imunes (92,8%) se comparados aos que receberam uma (16,7%) ou duas doses (24,0%). Essa relação dose resposta
também foi encontrada em estudo prévio entre acadêmicos de Taiwan na China. Foi observada imunidade em 20,5% dos
acadêmicos que receberam uma dose da vacina, 75,6% entre os que receberam duas doses e 94,5% entre os que receberam o
esquema completo18.
O fato de que a prevalência de imunidade ter sido maior entre os acadêmicos que referiram possuir alguma doença sistêmica
causou foi intrigante. Esse evento pode ser explicado pelo fato de acadêmicos, sabidamente, portadores de doenças sistêmicas
podem ter sido mais estimulados a cuidar da saúde e por isso procuraram mais completar o esquema vacinal estando mais
imunes. Entretanto, esse resultado difere do observado na literatura que aponta evidências de que interferência negativa
das doenças sistêmicas na imunidade. foi demonstrado que a vacina contra HB, embora induza a produção de altos títulos
protetores de anti-HBs, essa imunidade pode ser insuficiente ou durar menos em indivíduos fumantes, com sobrepeso ou
obesos19 e em portadores de doenças crônicas20. A falha na resposta à vacina contra HB tem sido associada a alguns tipos de
deficiência de C4 por deleção ou mutações inativadoras no gene C4A, e a alterações na ativação de células T com menor
produção de citocinas ativadoras do sistema21. Vale ressaltar que tanto o fumo quanto o sobrepeso foram investigados neste
estudo, mas não estiveram associados a imunidade.
Alguns indivíduos com níveis indetectáveis de anti-HBs, após esquema de vacinação completo, passam, posteriormente a dose
adicional da vacina contra o VHB, a ter esses títulos detectáveis, mostrando que o seu sistema imunitário foi estimulado. Uma
hipótese para esse fato seria que esses indivíduos, aparentemente não respondedores, poderiam ter desenvolvido, após
vacinação primária, resposta imunológica humoral insatisfatória, embora havendo produção de anticorpos, mas em níveis não
detectáveis, os quais aumentariam com a dose de reforço da vacina alcançando os títulos protetores (≥ 10 mUI/ml)22.
O fato de possuir filhos e cursar outro curso superior estiveram associados à maior imunidade, o que pode ser explicado pelo
fato de que, possivelmente, esses acadêmicos tiveram mais oportunidades de serem vacinados, talvez, pela percepção da
necessidade somente após a gestação23 e acompanhamento de filhos para vacinação. O fato de ter cursado outro curso
superior pode estar relacionado a mais acesso a informação, maior sensibilização e, portanto, maior conhecimento quanto a
necessidade de se vacinar e por isso esses acadêmicos estavam mais imunes24.
Acadêmicos com mais tempo de estudo apresentaram menor prevalência de imunidade. Esse achado pode ser analisado
segundo a idade, ou seja, os acadêmicos com mais tempo de estudo podem ter repetido algum ano escolar ou por ter
participado de outros cursos e provavelmente são mais velhos. Por serem mais velhos podem não ter recebido a vacina contra
HB ao nascer, se nasceram antes de 1998, quando a vacina tornou-se obrigatória na rede blica. Além disso, a capacidade de
se tornar imune diminui com o aumento da idade25. Embora nessa investigação o se encontrou associação significativa
diretamente com a variável idade a relação inversa entre os níveis de produção de anticorpo e a idade dos vacinados foi
demonstrada em uma meta-análise25 a qual também revelou que somente após os 30 anos de idade essa diferença na
imunogenicidade pode ser notada. É importante ressaltar que o percentual de não-respondedores aumenta
consideravelmente após os 50 anos de idade. Outro estudo também mostraram o efeito da idade em profissionais da área da
saúde, indicando que a resposta imune à vacina é, significativamente, inferior em indivíduos com mais de 35 anos26.
Imunidade contra hepatite B em estudantes da área da saúde
110
Rev Norte Mineira de enferm. 2021; 10(2): 102-111.
Na presente investigação o tempo decorrido pós vacinação esteve diretamente associado à imunidade, tanto que foram
considerados apenas os acadêmicos com menos de 10 anos de vacinação. Tal fato deve ser levado em consideração, uma vez
que estudo prévio evidenciou a perda da imunidade e ou diminuição das dosagens de anti-HBs entre voluntários vacinados
contra a HB12.
Em relação ao tempo de duração da imunidade decorrente da vacinação, estudo longitudinal realizado no Alaska com a
finalidade de testar a proteção conferida pela imunidade primária constatou que depois de 22 anos 60% dos participantes
apresentavam um nível de anti-HBs 10mIU/l, após vacinação com esquema completo. Para os que apresentavam anti-HBs
menor que 10mIU/l, foi administrada uma dose de reforço; desses 87% atingiram níveis protetores de anti-HBs. Assim,
concluiu-se que a proteção conferida pela imunidade primária por meio da vacina contra HB durante a infância dura, pelo
menos, 22 anos, considerando-se que as doses de reforço não são necessárias. E nos casos em que a vacina pode ser
comprovada, mas o anti-HBs é inferior a 10mIU/l, possivelmente, o organismo encontra-se em imunidade latente e após
contato com o VHB ou dose de reforço, os níveis de anti-HBs sobem conferindo imunidade em aproximadamente 90% dos
individuos. Esse estudo do Alasca mostrou ainda que 13% das pessoas investigadas não responderam à dose de reforço da
vacina, permanecendo com titulos de anti-HBs inferiores a 10mIU/l e provavelmente não imunes. Tal fato provalvemente está
associado a fatores individuais de cada sujeito12.
Nesse contexto, estudos com dados longitudinais são adequados para a avaliação contínua de estratégias de saúde pública e
programas de vacinação. São diretamente relevantes para os profissionais de saúde, podendo explicar porque tantos
profissionais que referem vacinação completa não apresetam titulos protetores em uma dosagem ocasional de anti-HBs
desconsiderando o tempo de vacinação12. Entre 1.658 pessoas vacinadas após 10 anos, concluiu-se que mesmo não tendo
níveis considerados protetores, não seria necessária uma dose de reforço devido à possível presença de memória imunológica,
pois mais de 90% dos que receberam a dose de reforço responderam com aumento da titulação de anti-HBs superior a
10mIU/l 27. No presente estudo o fator tempo foi considerado para seleção da amostra, portanto não foi incluído no modelo
final ajustado como forma de controle para expressão de variáveis ainda pouco estudadas.
As limitações do estudo são relacionadas ao fato de que o processo que relaciona a avaliação do estado imunológico e as
variáveis investigadas é dinâmico. Portanto, causas e efeitos certamente variam ao longo da vida e, sendo este um estudo
transversal, não é possível estabelecer uma relação temporal entre as associações observadas. Além disso, as variáveis peso e
altura foram auto-relatadas e, portanto, podem não representar a realidade.
CONCLUSÃO
A imunidade contra HB foi de 71,6%, 70,6% dos acadêmicos receberam o esquema completo da vacina, 16% receberam duas
doses e 13,4% uma dose. A imunidade foi associada à situação sociodemográfica, acadêmica e às condições de saúde geral.
Recomenda-se a necessidade de campanhas de vacinação; maior esclarecimento acerca da relevância dessa vacina para essa
clientela e a realização do teste de verificação da imunidade para confirmar a soroconversão entre acadêmicos da área da
saúde.
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