Entre as unidade da federação, Minas Gerais (37,9%) e Rio de Janeiro (35,9%) representam as maiores porcentagens do
gênero masculino, internados por pneumoconiose. Percebe-se uma variação do maior número de internações por ano
entre as unidades da federação, com São Paulo (41,9%) em 2017, Minas Gerais (35,6%) em 2018, Rio de Janeiro (36,0%)
em 2019 e Minas Gerais (38,1%) novamente em 2020 (Tabela 1). O número total de internações veio crescendo de 2017
a 2019, e em 2020 percebe-se uma redução.
DISCUSSÃO
Neste estudo verificou-se alto indice de internações por pneumoconioses na região sudeste. Em outro estudo6 que
avaliou as internações por essa condição no período de 2007 a 2016 em todo Brasil a região sudeste apresentou o mais
alto índice com um total de 82,3% do total de internações por pneumoconiose no país. Neste estudo, assim como na em
outra6 investisgação observou-se o predomínio dos estados de Minas Gerais e São Paulo. As altas taxas de internação na
região sudeste, mais especificamente em Minas Gerais pode estar associado a atividade de mineração que é expressiva
no estado5.
Identificou-se maior percental de internação entre os homens. Situação semelhante foi verificada também em outro
estudo6 que apresentou um percental de 95,4% de internações por peneumoconiose em homens. A explicação para esse
resultado refere-se ao fato de que por ser uma doença relacionada ao trabalho e nesses nichos com condições propícias
para o desenvolvimento da doença há predominantemente trabalhadores do sexo masculino.
Na presente investigação a faixa etária predominante foi entre 60 e 69 anos. Esse achado foi semelhante ao encontrado
na literatura6,7 que mostra um maior percentual entre pessoas maiores de 60 anos. É realmente esperado maior número
de internações em idosos tendo em vista as características de complicações progressivas das penumoconioses. A
pneumoconiose é uma doença pulmonar progressiva e irreversível que pode ser causada pela deposição pulmonar crônica de
poeira com partículas advindas da mineração como a sílica, o asbesto, o carvão e o amianto8. Dessa forma medidas de
acompanhamento dos portadores de pneumoconiose podem gerar impacto positivo na redução da morbimortalidade da
população, evitando as exacerbações, o agravamento da doença e consequentemente a piora da qualidade de vida7.
Em relação a cor, embora a taxa de não informado tenha sido importante a cor predominante foi a branca. Resultado
semelhante ao encontrado em outros estudos6.
Verificou-se aumento progressivo dos casos de 2017 a 2019, entretanto em 2020 houve redução. O aumento progressivo
da doença pode refletir uma falha nas medidas preventivas de proteção individual e coletiva7. Já menor taxa observada em
2020 pode, provavelmente, ser decorrente do advento da pandemia pelo COVID-19, quando diversas atividades laborais
foram paralisadas como tentativa de conter a disseminação do vírus9.
A partir da análise dos dados, e tendo em vista que as pneumoconioses representam um importante problema de saúde
pública7 constata-se que são necessárias ações de controle e prevenção das doenças respiratórias no ambiente de
trabalho, principalmente direcionadas ao público de maior risco.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ações de prevenção e promoção da saúde do trabalhador podem ser implantadas a partir do conhecimento das características
encontradas neste estudo. O gênero masculino, a faixa etária entre 60 e 69 anos e as três unidades da federação mais
populosas, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, apresentaram maiores porcentagens de internações hospitalares por
pneumoconioses durante o período de janeiro de 2017 a dezembro de 2020.