A qualidade do pré-natal na atenção primária
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Rev Norte Mineira de enferm. 2023; 12(2):23-32.
Devido aos elevados números de mortalidade materna e perinatal, as políticas públicas no Brasil foram implantadas,
permitindo uma assistência de qualidade à saúde da mulher gestante (3). Nesse sentido, instaurou-se a Política Nacional de
Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM) no século XX com o intuito de promover as melhorias das condições de vida e a
saúde das mesmas. Visa à garantia do direito às mulheres e crianças ao acolhimento, ao atendimento qualificado e, o acesso às
informações, proporcionando condições seguras para o parto e para o desenvolvimento infantil (4).
Ademais, com os desafios de implantação das políticas, o Ministério da Saúde (MS) estipulou leis e portarias que
compreendem a saúde da mulher, tais como: planejamento familiar, notificação compulsória de violência contra mulher,
humanização no pré-natal e no parto, e o atendimento aos casos de aborto ilegal (5).
Nesse sentido, ressalta-se que a assistência pré-natal, representa, muitas vezes, o primeiro contato das mulheres com o serviço
de saúde na atenção primária, e por isso, deve ser organizada de forma a atender todas as suas necessidades, por meio da
utilização dos conhecimentos técnico-científicos e dos recursos no contexto de humanização (6).
Para tanto, as consultas de pré-natal realizadas na Atenção Primária à Saúde (APS) são indispensáveis para uma gestação
tranquila e sem complicações, e tem que ser iniciado imediatamente após o resultado positivo de gravidez, realizado de forma
periódica, com ações preventivas e curativas (1). É durante as consultas de pré-natal que o profissional de saúde tem o espaço
para educação em saúde, possibilitando a orientação para que a mulher se prepare para ser mãe, vivenciar a gestação e ao
parto com tranquilidade, praticar o autocuidado, e os cuidados com o bebê, de forma integradora, positiva, com saúde e
segurança (1-7).
Nas consultas de pré-natal a gestante deve ser acolhida e conduzida por uma assistência humanizada e de qualidade, sem
intervenções desnecessárias, com ações que integrem os níveis de atenção: promoção, prevenção, e assistência à saúde da
gestante e do recém-nascido (5). Essa assistência deve ser integrada abrangendo avaliação clínica, solicitação e/ou
interpretação de exames laboratoriais, exame físico e orientações como alimentação, vacinação, preparo para o parto, sinais e
sintomas que podem significar uma emergência, aleitamento materno, avaliação da idade gestacional, batimentos cardiofetais,
altura uterina, e suplementação de ferro e ácido fólico (8).
A coleta dos dados vitais, medidas antropométricas e o registro das consultas na caderneta da gestante são muito importantes
para assistência pré-natal, levando um cuidado contínuo e completo, assegurando a qualidade da assistência, promovendo a
mãe e ao bebê uma gestação e parto saudáveis (1-9).
Logo, o presente estudo objetivou conhecer a atuação da equipe de enfermagem para o alcance de uma assistência qualificada
no ciclo gravídico de baixo risco nas Estratégias de Saúde da Família (ESF) com base no conhecimento e dificuldades
enfrentadas por estes profissionais.
MÉTODO
Trata-se de uma pesquisa de campo, descritiva de corte transversal e abordagem qualitativa realizada com com enfermeiros
atuantes na APS. Primeiramente, fez-se um levantamento de 5 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do município de Janaúba,
Minas Gerais. Estas foram selecionadas aleatoriamente, sendo elas: UBS Zacarias Farias, UBS Dr. Maurício Oscar Porto e UBS
Parteira Maria Neves.
As UBSs que foram investigadas neste estudo têm, regularmente, de duas a quatro equipes de ESF, sendo que destas, 9
compõem o público alvo deste trabalho. Porém, apenas 6 enfermeiros se propuseram a aceitar participar da pesquisa.