A atenção primária como porta de entrada para o sistema de saúde: a visão do usuário
Résumé
A Atenção Primária é a porta de entrada do
sistema de saúde e deve funcionar como ferramenta
organizadora e reguladora da assistência. Pois, é um local onde
o cidadão pode encontrar apoio em um serviço de saúde
acessível, resolutivo e articulado. Essa atenção articulada e
efetiva evita gastos adicionais com os níveis secundários e
terciários e desafoga o sistema, sendo uma ferramenta
organizadora e reguladora do processo de atenção à saúde.
Objetivo: Conhecer a percepção dos usuários do Ponto Socorro
do Hospital Aroldo Tourinho a respeito da atenção primária
como porta de entrada do Sistema Único de Saúde. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo transversal de abordagem qualitativa, usando de uma entrevista semi-estruturada aplicada a 10 usuários do Hospital Aroldo Tourinho de Montes Claros-MG. A análise de discurso foi feita na modalidade temática, que consiste no agrupamento de falas em núcleos de significado por temas. Depois do arranjo em temas, foi feita uma nova leitura para a reorganização em tópicos que se destacaram nas entrevistas. Resultados e Discussão: Os entrevistados compõem um grupo etário entre 18 e 82 anos, predominando a faixa etária dos adultos jovens, com seis participantes. O gênero feminino é o predominante com oito entrevistados, o masculino teve dois entrevistados. A maioria dos entrevistados reside nos bairros da região do Grande Santos Reis. Quanto ao grau de instrução, os entrevistados variam entre analfabetos e graduados em curso superior; a maioria enquadra-se entre ensino fundamental e médio. Todos os entrevistados possuem renda menor que dois salários mínimos. A análise dos dados evidenciou que a ESF distanciou-se dos princípios norteadores que fundamentam suas ações. Os entrevistados relataram que as barreiras de acesso dificultam o vínculo da ESF com a comunidade. Citaram que o funcionamento restrito ao horário comercial e a longa espera pelo atendimento como o principal dificultador do acesso, criando assim, uma demanda focal que exclui a população economicamente ativa, assistindo principalmente uma população eletiva de programas de saúde Materno Infantil. Outro entrave relatado pelos entrevistados é a falta de um sistema referência/contrarreferência. Conclusão: Na visão dos usuários a ESF não funciona como facilitadora do acesso à saúde, pois se distanciou de seus princípios norteadores e filosóficos. Configura-se ainda como uma ferramenta centrada no modelo biomédico e que prioriza o atendimento das campanhas do Ministério da Saúde em detrimento da assistência à saúde, a família e a comunidade.
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