PRECARIZAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA NO CONTEXTO DE COVID-19

Autores

DOI:

10.46551/rssp.202206

Palavras-chave:

ATENÇÃO BÁSICA, PRECARIZAÇÃO, COVID-19

Resumo

O presente artigo tem por objetivo discutir sobre a precarização da atenção básica e seu agravamento no contexto de Covid-19. Como metodologia teve a revisão bibliográfica e documental acerca da temática, bem como, a sistematização de aspectos públicos da experiência como assistente social residente em uma Unidade de Saúde vinculada a Escola de Saúde Pública/RS, em Porto Alegre, no ano de 2020, contexto de pandemia de Covid-19. Como precarização entende-se o conjunto de condições precárias de vida e de trabalho oriundos do processo de agravamento da desigualdade social, especialmente com o advento do neoliberalismo e da Contrarreforma do Estado. Concluiu-se que os processos de privatização da atenção básica impactam e precarizam o cuidado na saúde na medida em que colocam os profissionais em situação de insegurança, prejudicando a criação de vínculos. Essa relação agravou-se no contexto de pandemia, visto que as pessoas estavam passando por novas privações objetivas e subjetivas como desemprego e insegurança financeira, falta de convivência social, medos e ansiedades, etc. A lógica de funcionamento empresarial reduz os atendimentos de saúde na atenção básica a números e metas e, aliado à rotatividade de profissionais, dificulta o vínculo, o acolhimento e a longitudinalidade do cuidado, evidenciando a disputa entre projetos de saúde: democrático conforme os preceitos da Reforma Sanitária e privatista conforme os interesses de mercado.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Natalia Espinosa Pasqualin, Escola de Saúde Pública do Rio Grande do Sul

Assistente Social. Graduação em Serviço Social pela Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul (FADERGS). Residente Multiprofissional em Atenção Básica em Saúde Coletiva pela Escola de Saúde Pública do Estado do Rio Grande do Sul (ESP/RS). Email:natipasqualin@live.com

Referências

BARICATI, Crysthiane C. A longitudinalidade do cuidado na atenção básica à luz da experiência dos usuários com hipertensão arterial. Universidade Estadual de Londrina, Tese de Doutorado. Londrina, 2016. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.uel.br/document/?code=vtls000204849>. Acesso em: 20/09/2021.

BEHRING, Elaine Rosseti; BOSCHETTI, Ivanete. Política Social: fundamentos e história. 9 ed. São Paulo: Cortez, 2011.

BENTO, Micheli Viegas. Análise sócio-histórica da institucionalização da Infância às medidas de proteção: o acolhimento institucional em Porto Alegre na realidade brasileira. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), Porto Alegre, 2019.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Centro Gráfico, 1988.

BRASIL. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília. Brasília, DF, 2017.

BRASIL. Lei no 8080 de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder Executivo, 1990, Set. 20.

BRAVO, Maria Inês Souza; MARQUES, Morena Gomes. Saúde e luta sindical: entre a reforma sanitária e o projeto de saúde privatista. In: BRAVO, Maria Inês Souza; MENEZES, Juliana Souza Bravo de (Orgs.). Saúde, serviço social, movimentos sociais e conselhos: desafios atuais. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2013. p. 197-227.

CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CFESS). Parâmetros para atuação de assistentes sociais na saúde. Brasília, 2010.

DRUCK, Graça. Trabalho, precarização e resistência: novos e velhos desafios. CADERNO CRH, Salvador, v. 24, n. 01, p. 37-57, 2011.

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ (FIOCRUZ). Saúde mental e atenção psicossocial na pandemia de Covid-19. Brasília, DF, 2020.

MACIEL, Sergiane M. Reforma (Contrarreforma) do Estado: reflexos na política de saúde. VIII Jornada Internacional de Políticas Públicas, São Luís - Maranhão, 2017.

MARX, Karl. O Capital. Crítica da Economia política. Volume II. O processo de circulação do Capital. Coord. Paul Singer. Editado por Friedrich Engels. Traduzido por Regis Barbosa e Flávio R. Kothe. Editora Nova Cultural, São Paulo, 1985.

MELO, Eduardo A. MENDONÇA, Maria Helena M. OLIVEIRA, Jarbas R. ANDRADE, Gabriella C. L. Mudanças na Política Nacional de Atenção Básica: entre retrocessos e desafios. Revista Saúde e Debate, V. 42, Número Especial, 1. P. 38-51, Rio de Janeiro, 2018.

MERHY, Emerson Elias. Saúde, a cartografia do trabalho vivo. São Paulo: Hucitec, 2002.

MONTAÑO, Carlos. Configurações da crise capitalista e incidências no mundo

do trabalho. In: CRESS-MG (Orgs) Revista Conexão Geraes ,n. 5, 2o semestre,

NOVAIS, Liliane C.C. SANTOS, Fernando R.S. Estrutura da Contrarreforma do Estado e seus impactos nas Políticas Sociais: o caso de Mato Grosso (2995-2006). VII Jornada Internacional de Políticas Públicas, São Luís, Maranhão, 2015.

SANTOS, Alexandre; RIGOTTO, Raquel. Território e territorialização: incorporando às relações produção, trabalho, ambiente e saúde na atenção básica à saúde. Trab. Educ. Saúde, Rio de Janeiro, v. 8 n. 3, p. 387- 406, nov.2010/fev.2011.

SARTI, Thiago D. LAZARINI, Wellington S. FONTENELLE, Leonardo F. ALMEIDA, Ana Paula S.C. Qual o papel da Atenção Primária à Saúde diante da pandemia provocada pela COVID-19?. Revista Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 2020.

SIMIONATO. Estado e sociedade civil em tempos de contrarreforma: lógica perversa para as políticas sociais. Revista Textos e Contextos, V. 10, p.G. 215-216, Porto Alegre, 2011.

SEIXAS, Clarissa T. MERHY, Emerson E. FEUERWERKER, Laura C.M. SANTO, Thiago B.E. A crise como potência: os cuidados de proximidade e a epidemia pela Covid-19. Disponível em:<https://doi.org/10.1590/interface.200379>. Acesso em: 04/09/2021

Downloads

Publicado

2022-01-14

Como Citar

Espinosa Pasqualin, N. (2022). PRECARIZAÇÃO DA ATENÇÃO BÁSICA NO CONTEXTO DE COVID-19. Revista Serviço Social Em Perspectiva, 6(01), 108–125. https://doi.org/10.46551/rssp.202206